A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
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domingo, 24 de maio de 2009

Homenagem é UM POETA

(POETAS

Só Deus os faz, só Deus e a Natureza,
só Deus faz os Poetas, essa raça
de Orfeus discriminados pela graça
de terem um lugar à sua mesa!

Submissos ou rebeldes, desde o berço
trazem consigo o estigma dos eleitos,
cabendo-lhes, a todos os respeitos,
questionar o Homem no universo,

Essa missão, permitam-me dizê-lo,
não flui por inerência do capelo
pela Universidade conferido.

Os lentes, de saber reconhecido,
fazem juristas, médicos, estetas,
o que jamais fizeram... foi Poetas!)

JOÃO DE CASTRO NUNES

sábado, 2 de maio de 2009

Mostrai-Vos



«Giras sobre a tua própria luz, decantas as chamas sobre as silvas, no paúl. Vivo, me espanto que alvoreças entre os lençóis, nadas pelos sílexes, no cimo dos solários. Os reflexos da piscina ensombram o céu, o sol lima os toldos, no relvado. A sarça dos estores rasga a manhã, entre o ventre e o espasmo. Cíclame de fogo, acorre ao meu resgate, prata marinha tutela o meu abrigo, e vós, mostrai-me em sonhos o zagal, o zarcão.»
António Ferreira, O Comboio de Lúcifer

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Grande Guerra

«Podes roubar-me o pão!
A Fome, não.
A boca, sim: come, ou não come.
Porém, como roubar a inextinguível Fome?

Inextinguível, porque pede
Um pão que nos excede:
Um pão que ninguém dá
Nem tirará.

Podes furtar-me todos os proveitos,
Expropriar-me, até, dos meus direitos!
Aos ventos darei eu meus gritos e canções,
E os ventos lhes farão mil edições.

Podes calar-me com mordaças,
Tu, que és mortal... e passas.
Passas, ao passo que o meu grito
Percute ao longo do Infinito...

Podes acorrentar-me às rochas das montanhas,
Pôr abutres roendo-me as entranhas!
Como das flores espalha o pólen,
O vento espalhará o sémen do Homem...

Podes cobrir-me o nome de impropérios;
Tu, que és senhor de impérios,
Negar ao pobre o seu só bem: a fama.
Não brilha o sol na própria lama?

Podes tirar-me paz, saúde, e a própria vida.
Ai pedra sepulcral assaz fendida!
Que ao Cristo lhas tiraram.
Perderam-se e O ressuscitaram.

Podes, às minhas cinzas, recobri-las
De terra e pedras; difundi-las
Pelos desertos sem oásis!
Não sabes que é mortal tudo que fazes?

És sempre o mesmo, tu, cujas raízes supremas
São mordaças, grilhões, vendas, algemas.
Mártir, rebelde, poeta, - também eu
Sou sempre o mesmo Um que não morreu.

Porquê? Porque ao morrer, dos céus,
Lhe diz o próprio Deus:
"Filho, vem até mim!
A História principia onde eles põem: fim".»
José Régio, A Chaga do Lado

Pequena Sinfonia

«A vida é vária e larga!
Tua doutrina,
Qualquer que seja, é sempre humana e estreita.
Deixa-me entregue à minha maior sina.

Não canto para te agradar.
Humano, como todos nós,
Talvez me saibam bem teus bravos e louvores.
Mas por te ouvir louvar
O timbre à minha voz,
Não foi que entrei na roda dos cantores.

Canto, como nas praias toa o mar;
Como sussurra a linfa dos ribeiros;
Como, entre abismos e despenhadeiros,
Espumas e torrentes
Retumbam todo o dia;
Como o vento suspira, quando esfia
Os cabelos das árvores frementes...

Canto, como as feras rugem,
O sol aquece,
As tempestades estrugem,
Um cadáver arrefece,
A Lua dá seu luar,
E o rouxinol, tonto de amor, se exprime...

Por lei de Deus, assim redimo o nosso crime!
Não canto para te agradar.

Tua doutrina,
É boa, sim, seja qual for,
Se nela pões teu sonho e teu amor.
Mas, por boa que seja, é sempre humana - é estreita.
Pode vir outra maior!
Pode outra asa erguer-se mais direita...

Pedes-me a carne para os teus combates?
Leva-a, se aqueles por quem tu te bates
São meus irmãos, - os pobres,
Os humilhados, os vencidos, os aflitos...
Precisas do meu sangue e dos meus gritos?
Toma-os, se podem ser uma gotinha
No mar que era preciso alevantar
Para lavar o mundo!
Exiges o meu ódio? Dou-to! (Queima-me
Esta lava enterrada cá no fundo...)
Requeres as palavras dos meus versos,
Os nomes, as ideias, os motivos, as paixões,
Os próprios sons e ritmos de canções?
São teus, bem sabes.
Tudo que é meu é teu.

- Só o meu canto não, que não é meu!

Meu canto vem do longe das idades,
Das entranhas da terra,
Dos círculos do inferno,
Da vastidão do céu...
Lateja de esperanças sobre-humanas,
Escorre seculares metafísicas saudades...
O seu pretexto é o nada que me aterra,
O nada que me encanta,
O nada que me indigna,
O nada, sempre nada, a que o meu fado se resigna...
Mas não é isso que ele canta!

Que eu sou só um - meu canto não no é!
Meu canto arde na fé que nada mata,
E eu luto com a minha fé.
Eu, quer ame quer não, - sou pessoal.
Mas meu canto é amor universal
Que excede tudo quanto é nosso.
O meu canto perdoa a quem eu não posso,
Ama a quem amo e a quem odeio,
Não cabe em mim, rasga-me o seio,
Mata-me!, - para se elevar.
Na letra do meu canto é só de mim que falo.
Mas o meu canto diz tudo que a todos calo,
Sabe tudo que ignoro,
Condiz com tudo que me espanta...
Que o meu canto só canta!
E eu arrepanho-me, eu arranho-me, eu arrasto-me,
Eu esgarço-me,
Eu injurio, rio, choro...
Eu, que sou eu, só peso e meço,
Mais nada peço,
Pobre peso falaz, triste falaz medida!
Mas o meu canto não!, porque o meu canto é a Vida.

Não!, porque eu morro de hora em hora,
E a minha vida, nem eu sei que fora,
Se, para além de mim, meu canto não cantara
Seu imortal transporte,
Alando-se na luz da eterna manhã clara,
Por sobre a minha morte.

A vida é infinita!
Tua doutrina,
É boa, sim, seja qual for,
Se nela pões teu sonho e teu amor.
Também, porém, sempre será restrita;
Sempre será doutrina;
Poderá vir outra maior...

Muito embora a pretexto de aparências,
Deixa-me, pois, entregue à minha maior sina!
Galgar as nossas continências!
Rasgar os Livros Santos que tu lavras!
Obedecer a Deus!, - que me elegeu Cantor
Do seu Romance sem Palavras.

E se julguei ter de negar o mundo
Para cantar-Te sem mentira,
Perdoa-me, meu Deus! Já sei que basta ir mais ao fundo:
Ver tudo mais por dentro do que vira.»
José Régio, Mas Deus é Grande

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Seiva de Pascoaes, de Portugal

(Google - Rio Douro)
A Água é a Seiva da Serra

Tomai, e bebei! Este é o sangue de Portugal, o sangue da eterna nova Lusitânia! A Nossa Seiva de Sempre.

«Mas o Verbo divino, ao condensar-se
Em pobre corpo humano,
Não encarnou de todo, e nele vive.

Por mais que eu fale de outras pessoas, de viagens, das árvores (...) em última análise, o assunto da minha conversa sou eu próprio.

(...) o seu [do Homem] destino é interpretar e definir o Indefinido, talhar o informe, concluir, em outro plano, o mundo esboçado neste:
Concluir a imperfeita Criação
Que Deus iniciou.

A poesia espontânea só obedece ao ritmo da sua expansão natural. É instintiva. Despreza os modelos consagrados, porque ela contém a virtude de criar as leis que a regulam. É como as seivas das árvores, que trazem, no seio, quando afloram nas ramagens, o desenho futuro das folhas e das flores.

(...) a Dor, síntese do Amor e da Morte, é a própria essência da Poesia lusitana. As lágrimas duma Pátria caem sempre no coração dos seus poetas, para que eles as redimam nos seus cantos. Todo o canto é redentor. (...)
Eram tudo memórias... Sim... tudo é lembrança para o amor que deseja oculta a incerteza do futuro na certeza do que passou (...).
Há palavras que são estrelas. (...)
In principio erat verbum... e o Verbo é a Saudade. (...)
As cousas e os seres vivem mais na nossa memória que diante dos nossos olhos. Existir não é pensar: é ser lembrado. E para ser lembrado, é preciso amar. Só o amor cria a substância imperecível em que a nossa imagem se desenha.

D. Sebastião é o Desejado e o Encoberto ou antes o desejo encoberto da alma pátria, essa nuvem indecisa (...) o autor de D. Sebastião é o Povo, o poeta do Cancioneiro. O autor do D. Quixote é um homem. (...)
D. Sebastião é uma vaga existência divinizada e absorta no seu remoto encantamento. A sua acção pessoal não é presente, como no D. Quixote, mas futura, porque ele há-de vir numa incerta manhã de nevoeiro, e a esperança é o áureo fulgor da sua coroa...
D. Quixote é. D. Sebastião há-de ser. (...)
O português é indeciso e inquieto, como as nuvens em que as suas montanhas se continuam e as ondas em que as suas campinas se prolongam... É uma tendência do Passado para o Futuro, uma ansiedade sobre o Além, uma ave sentimental nas garras da Tentação, descrevendo um voo incerto e doloroso. (...) Alma que foge de ser corpo, insatisfeita e perdida numa existência vaga, sem limites. Tem um fundo de feminina ternura. A sua sombra é de mulher no pressentimento de um filho esperado em vão. É uma lembrança que chora, grávida de misteriosas esperanças: a eterna promessa de uma dádiva, um eterno crepúsculo amanhecente...
O Verbo, feito homem, espera a hora do seu regresso a Portugal...
Não regressou ainda, mas já sabemos o que ele sente, pensa e quer.
A alma portuguesa tinha de encarnar num ser individual e transcendente, a fim de encontrar o instrumento da sua actividade patriótica e religiosa.
Foi por isso que D. Sebastião, aplaudido por Camões, caminhou, aureolado de sonho, para a morte. E foi por isso também que se criou a Lenda, que é mãe de personagens vivos e não de simples e isolados sentimentos.

- A serpente que outrora se enroscou
Na árvore do Paraíso, seduzindo
Nossos Primeiros Pais.

Nem Hércules, nem o Anjo Gabriel,
Nem S. Jorge puderam destruí-la.
Foi ela que traçou, na escuridão,
Com a ponta da cauda traiçoeira,
As órbitas dos mundos.

Era a cobra o sinal do seu Império
A cobra e o riso eterno dos seus lábios:
Riso que anima as plantas e as estrelas
E que percorre o corpo humano - e é sangue
!

Aqui, no Inferno, neste sítio lúgubre,
As almas das criaturas são imagens
Vivas de corpos mortos e desfeitos,
(...)
A criatura expia o velho crime
De se ter entregado às mãos da Morte,
Havendo sido dada à luz da Vida.
Eis o crime sem fim, primordial...

Aqui, no País do Drama, nossos Pais
Desde a noite dos tempos têm vivido
A vida demoníaca e nocturna...
Quem de nada se lembra nada espera.

Aqui, no País da Sombra,
Da Saudade da Vida
, as criaturas
Sofrem a dor da sua imperfeição...
... e até parece
Haver turvado a misteriosa fonte
da Luz originária...

Mas a alma ressuscitará sem prejuízo do corpo. Há entre ele e ela um mal-entendido, que necessita de findar.

Cada alma tem seu medo...
O seu segredo
Que Deus lhe disse, ao nascer,
Para ela o não dizer...


É a Palavra misteriosa
Que faria eterna luz,
Na escuridão da Natura.
Mas nem a disse Jesus,
Nem Sibila fabulosa...
E só baixinho murmura,
Ou na lágrima primeira
Ou derradeira...
Di-la o primeiro vagido
E o derradeiro gemido...

Emana um fumo d'alma o crepitar do lume...
O incêndio duma flor dá a cinza do perfume...
A luz envolve a chama e a chama envolve a lenha...
Sensível musgo cobre uma insensível penha,
E sobre o musgo paira o aroma espiritual...
Mistério... Num aroma a pedra é imaterial!
E todavia são a mesma vida pura
O claro aroma, o verde musgo, a penha dura!...
A terra é a mãe da Alma, a terra deu à luz
O perfume da flor e a alma de Jesus
!...
No Poeta comovido há a loucura do vento;
A nuvem é um delírio, a água um sentimento...
A fonte que através dum areal se perde,
As suas margens vai vestindo de cor verde,
Lançando nessa terra estéril, ressequida,
Num beijo sempiterno, a semente da Vida...

Todos os robles dão, ardendo, a mesma luz...
Um tronco sobre um lar é um Cristo numa cruz!
E é calor que agasalha e facho que alumia
O que é em Cristo amor, piedade, harmonia...
E tudo o que é no poeta emoção e delírio
É luz no sol, canto nas aves, cor no lírio!...
E tudo o que é em nós Bondade é num rochedo
Viçoso musgo e santa sombra no arvoredo!...
E, enquanto dou a um pobre um bocado de pão,
O sol enche a luz o saco da amplidão!
E, qual Samaritana, a nuvem religiosa
Dá de beber a toda a terra sequiosa...
E enquanto eu sou a morte, ó velho e frio inverno,
Perante o sol - Jesus, és um Lázaro eterno...
E as verdes ervas são versículos sagrados
Que os ribeiros e o sol escrevem sobre os prados...
E uma pedra contém a história verdadeira
Do Génesis, da Luz e da Mulher primeira!...
E a mais estéril terra ainda recorda e chora
O tempo em que beijou teus lábios d'oiro, aurora.
Pela primeira vez, ardente de paixão!...
E nos olhos da terra ainda fulgura a imagem
Através da penumbra infinda do Mistério,
Até desabrochar num coração etéreo!
Há nos olhos da terra a imagem desse olhar
Que a saudade transforma, às vezes, em luar...

Deus disse à luz do sol o segredo da Vida.
Desvendemos a Luz amada e preferida!...
Vejamos a razão suprema da existência
E o que ela tem d'amor, de espírito e de essência,
O que nela é real, eterno e inconfundível
...
Que o nosso olhar penetre o mundo do invisível,
Os páramos do Sonho, a amplidão da Quimera,
Onde já se descobre a etérea Primavera, (...)
A nova Criação que está para surgir
Do caos do Amanhã, do beijo do Porvir
!...

E a nova Vida, numa onda a resplende,
Aflora à superfície ideal do novo ser.
Um novo Apolo vai tocar a nova Lira...
E na água que se bebe e no ar que se respira,
Nas nuvens onde dorme a clara luz dos céus,
Palpita um novo amor, murmura um novo Deus...

Vemos Deus pelos olhos da Saudade

Quero viver a Vida na Morte; beijá-las num só beijo...

E vejo erguer-se o rio cristalino,
Transfigurado em sonho, em nevoeiro,
E faz-se eterno espírito divino
Aquele corpo de água prisioneiro.

Ó láctea emanação! Ó névoa densa!
Ó água aberta em asa! Ó água escura!
Água dos fundos pégos no ar suspensa.
Vestida como um Anjo, de brancura.»
Teixeira de Pascoaes, Cânticos, O Homem Universal, Os Poetas Lusíadas, Regresso ao Paraíso, Terra Proibida, Para a Luz, Verbo Escuro, A Arte de Ser Português

domingo, 19 de abril de 2009

Ordem e Progresso, ou Amor e Liberdade?

«(...) o Útil e o Inútil estão sempre em referência (...) à nossa vida (...) o Objectivo e o Subjectivo são uma e a mesma coisa visto serem os nossos próprios olhos a verem e doutra maneira não existirem as coisas; e que não há o Mais Intelectual e o Mais Emotivo porquanto todo o sensível é inteligível, todo o inteligível é sensível (...). Todo o Objecto é Emocional - toda a Emoção é Objectiva.

O mal do tempo não é da Tolerância nem da Intolerância, sei que ambas navegam o mesmo Mar, como não podia deixar de ser e creio que o pior é o fruto de pensar-se se devemos ou não ser tolerantes. Tudo é e não é alternadamente, ou tudo é o mesmo com aspectos diferentes. Se toda a medalha tem reverso, ao homem corresponde o santo e o assassino, a fúria e a paciência, o crime e a bondade, o ódio e o amor, a arrogância e a humilhação, o mau e o bom. Tudo é ambivalente. Acreditar em Deus é acreditar-se num Eu que existe em nós na medida em que se acredita, acreditar-se no Diabo é ainda ser-se Diabo, subir-se a montanhas e descer-se a vales é também ser-se montanha e vale, adorar a Pedra é ser Pedra!

A vida Pretendida não é outra do que a que perdemos na Infância - roubada na própria Infância! - esse Mundo da Fantasia (...) de Imaginativos e Travessos e Amorosos de qualquer espécie, que a todo o momento constroem um Mundo Infinito-Completo-Complexo-Simples, sempre harmonioso, até no choque, e sempre desejado - que o homem perde e nunca mais encontra depois de ultrapassada a porta da Revolta na Adolescência.
Está este (homem dito grande) numa enorme crise com a sua ânsia de harmonia forçada, de estabilidade, de ordem e de progresso nisto tudo. No Mundo das Crianças a autoridade alheia é inadmissível e o homem comum um sujeito que não existe. Não há compromissos entre o Capital e o Trabalho; os compromissos tomados são doutra ordem, e no Poeta são os únicos que acontecem até ao fim: o AMOR e a LIBERDADE - pois o compromisso é com o AMOR, o acto um acto LIVRE e o Tempo ÚNICO.

Precisamente: não pretendo legislar, mas encontrar. E se venho falar-vos é porque isso é ainda uma forma de encontro. (...)
Necessária se torna não esta linguagem física, que é a nossa, não esta que serve para comunicar e é uma aderência estranha ao Corpo, que funciona com autonomia e podemos considerar como um corpo só que adere, mas não pertence, mas aquela que é completação do próprio Corpo, que é sua manifestação profunda e não algo exterior de que se serve; não esta humana que aponta e traça uma longa geometria sobre que joga e é um utensílio de comunicação, mas outra que seja precisamente não um substituto, mas o próprio movimento da realidade em troca desta que a indica, que a fixa, mas não a contém.
Eu ouço: é o som que contém o corpo, não as palavras (...).»
António Maria Lisboa, Poesia

Agradecida pela paciência que me tiveram, e pela impaciência.

And Start to Move, or Move to the Star-t:



Love is here to stay : «permanecendo, permanecendo*»
(*Verbo no Ger'ún-dio)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Oriente da Alma

Homenagem ao Nosso Poeta do Arquipélago dos Amores,
que Amanhã e (para) Sempre celebrará o seu Nascimento.

«A contemplação inerte não pode ser o ar que o espírito do homem pede para respirar! O ar da vida é outro... A vida! no seu voo para o céu, na sua sublime ambição ideal, foi isso que esqueceu ao Cristianismo - a terra, a vida.

VII
Viver! ser homem! Que mais alta ambição pode um coração conceber?
Círculo de ilimitado desejo que abraça a terra, o horizonte até onde o olhar se perde, o espaço até onde se some a fantasia!
São as esperanças do céu e os cuidados da terra. Os ardentes amores do mundo, e as vagas aspirações de além túmulo. O finito deste momento que se sente, e o infinito da duração que se adivinha. O que as Religiões da Natureza podem dar à vida de calor e força, e o que podem inspirar de lânguido e místico as Religiões do Espírito. É pensar, crer, pressentir e amar! Erguer-se para cima, sem por isso desprezar o palmo de terra aonde se firmam os pés. Inclinar a cabeça sobre o brando regaço da realidade, sem esquecer o áspero caminho do ideal por onde tem de se seguir. Aonde há aí lei, religião, código que contenha no abraço ambicioso maior porção de verdade, da vida universal? A certeza do roteiro, que, para guiar-nos, nos dão esses pilotos de mares encobertos some-se, esvai-se na orla do horizonte que abrangem com os olhos. Para lá é o desconhecido; o oceano do possível - e os caminhos estão todos por abrir!
Uma bússola só, por fatídico condão, aponta o Norte e o Sul. Mas não é a civilização dum ou outro século, a tradição desta ou daquela raça, o absoluto que uns sonham para que outros acordem em face do nada - um código ou uma religião -. É o secreto instinto da vida! a revelação natural! a voz da lei humana!

(...) como se explica o próprio facto do movimento, que deste modo está em toda a parte sem estar em parte alguma? que é por toda a parte efeito, sem ter causa em parte alguma? como se concebe esse modo de ser, que, não tendo autonomia em nenhum dos pontos onde se realiza e realizando-se universalmente, parece ser e não ser ao mesmo tempo?

A causa do fenómeno está na mesma natureza do ser onde ele se dá, ou antes, do qual ele é essencial modalidade. "No fundo, a verdadeira causa dos fenómenos reside no ser dos mesmos fenómenos, cujo fim último é a afirmação plena de si mesmo." (Comentário de Leonel Ribeiro dos Santos)
(...) na espontaneidade inconsciente da matéria está a raiz do que na consciência e na razão se chama verdadeiramente liberdade.»
Antero de Quental, Filosofia

«Se há só seres, como existe o bem, a harmonia e a beleza?
(...) O Absoluto e o Relativo não são opostos irreconciliáveis como o não são a Razão e a Realidade; mas encontram-se na Experiência, como, e igualmente, na Memória se encontra o idêntico e o diverso, o subsistente e o transitório.»
Leonardo Coimbra, O Pensamento Filosófico de Antero de Quental

«As religiões antigas não faziam da alma humana prisioneira dum dogma imutável. Sentiam ser ela mesma o verdadeiro dogma. Abriam o seio a cada palavra inspirada e transformavam-na em sangue do coração...»
Antero de Quental, Prosas da Época de Coimbra

«Deixemo-nos de nénias - enterremos
As antigas paixões!
É d'ar puro e de luz que nós vivemos...
E nossos corações
De luminoso amor, d'amor contente,
Disso querem viver eternamente!

Viver de flores, como insecto alado...
E, como ave, de cantos
Viver de beijos, de prazer sagrado..
Sim, de prazeres santos,
Como homem que embala noite e dia
O fecundo regaço da alegria!

Serena fonte, que nos banha a vida
Em dulcíssimas águas:
E, através da existência dolorida,
Nos lava as velhas mágoas...
A alma parece nova: e limpa e bela,
Brilha em face de Deus, como uma estrela!

Brilha em face do mundo! Resplandece
Como lúcida aurora!
É o sol da ventura, que alvorece!
Vale e monte colora
Co'as mil cores do íris da bonança...
E as mil do íris d'alma - a esperança!

Amor que espera e crê... amor ditoso...
Quer Deus que se ame assim!
Dormir no mundo o sono mavioso
De prazeres sem fim...
Passar como em triunfo, em mago enleio,
Mãos unidas e seio contra seio...

Põe teus olhos nos meus, para que veja
Luz melhor que a do céu...
O que dentro em teu peito rumoreja
Tudo, é tudo meu!
Meus são teus ais e minha essa harmonia
A que chamas amor, e eu poesia.

Poesia não são lágrimas... são beijos...
E abraços também...
Paixões não são suspiros... são desejos...
Quantos a vida tem!
Compõe com tuas mãos minha poesia
De paixão e de beijos e alegria.

Vem comigo na vida! Hei-de levar-te
Por caminhos de flores...
Cantará para ti, por toda a parte,
Um viveiro d'amores...
Eu sei o que é amor! estes conselhos
Amor tos dá - deixa falar os velhos!

Deixa, deixa-os dizer, os velhos sábios,
Que só sabem chorar!
Mulher bela, se Deus te pôs nos lábios
Botão de flor sem par,
Flor de luz e ventura... é por que o riso
A abra e transforme em flor do Paraíso!»
Antero de Quental, Primaveras Românticas

«Mete-se a mão no coração e fala-se - são palavras de vida as que assim se proferem. Que importa a tradição, o caminho trilhado, a ordem velha? Longe, nas últimas brumas, se perdem as extremas orlas do antigo continente. Incerto crepúsculo! e nenhuma carta diz o rumo que indicam as estranhas constelações desse hemisfério, pela vez primeira avistadas! Mas, lá para o Oriente, vê-se um brilho pálido no céu, como reflexo de luzes à distância. Para lá se inclina a alma. Para esse lado, o lado da luz, há (...) um novo mundo a descobrir!»
Antero de Quental, Prosas da Época de Coimbra

domingo, 29 de março de 2009

UniVerso(s)

Este universo é afinal finito;
é semelhante a uma pequena célula,
que, compõem,
como triliões de biliões de milhões de outras,
um dos tecidos da alma de Deus.

Descubro num pequeno berlinde,
suspenso por minha mão,
entre dois de meus dedos,
também um grandioso universo;
de tantas e coloridas galáxias,
cristalizadas em vidro…
Mas capaz de explodir um dia,
de quebrar o feitiço
e de ser livre,
e muitos mais…

Sinto-me
o olhar de Deus
e também universo(s)…
A mão do (in)justo;
atirando o berlinde ao chão
e quebrando-o em mil pedaços.

José Heitor Santiago
http://diadosol.blogspot.com/

quinta-feira, 26 de março de 2009

Poema " A razão e o segredo dos silêncios!"

A razão e o segredo dos silêncios!

Aí estás!
Procurando a razão
e o segredo dos silêncios
-resignados -
na manhã profunda.

Sózinha estás...
com um traço de céu fugitivo
levantando pós antigos.
Soam os relógios do tempo
escamoteando os ventos
e, as vagas da tua alma...

Aí vais...
Dissipando as angústias
nessa cidade linda
mas suja, deserta e tórrida.
E, chegam-te resonâncias
antigas
exprimindo-se com força!

Ouves.
Um grito que chega
num rumor de luz,
a partilhar os sítios
numa relação estranha...

Pensas:
em qualquer coisa que procuras
mas, é preciso ter tempo
para ler tudo
o que em ti carregas!

O céu rasga-se
com o voo das gaivotas!
Perplexo o Tejo,
é um espelho de diamantes
a procurar o futuro
no azul das águas.

Quando eu te falo
-dizes não saber-
o peso dos campos do esquecimento
da Pátria e da Língua...


Pedes-me a chave
que eu já perdi!

Digo-te,
A pátria é a língua
saída da terra,
(nelas plantei a carne
e todo o meu sangue)!

Do alto do castelo
Olhamos os barcos no mar...
Ao longe o horizonte a ver
aquilo que nós vêmos
num sentido oposto!

Aqui há,
uma cultura congelada
no écran do nosso olhar.

Hoje,
é um tempo vazio
onde as palavras
são insubmissas
e, ficam coladas
à pirâmide do tempo
(do nosso tempo)!

Dobras o olhar ali,
rente ao chão...

Eu sei.
Houve um tempo em que
as carícias lentas
éramos nós,
deitados no corpo de um verão,
com Lisboa na língua
e, na Pátria inteira!

Levantas os olhos
à nossa memória
e, à memória colectiva!

Pronunciamos a palavra
numa terra lavrada
pelas nossas mãos...

Dos céus saiem lamentos
passeando nas nuvens!

Sabemos
que é bem tarde demais.

Procuramos a palavra
-tão cheia de luz-
nos resíduos do dia
e, no seio do orvalho.
Com o frémito das horas
enrolando-se na areia...

Ficamos ali
mesmo à porta
da nossa consciência!

Diz-me:
qual tem mais peso
o sentimento ou a razão?...
Rosario Duarte da Costa
25/03/2009
Copyright

segunda-feira, 23 de março de 2009

QUASI

VIII - Quasi

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído
Num grande mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor ! - quasi vivido ...


Quasi o amor, quase o triunfo e a chama,
Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ...
Mas na minh´alma tudo se derrama ...
Entanto nada foi só ilusão !

De tudo houve um começo ... e tudo errou ...
- Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou ...

Momentos de alma que desbaratei ...
Templos aonde nunca pus um altar ...
Rios que perdi sem os levar ao mar ...
Ânsias que foram mas que não fixei ...

Se me vagueio, encontro só indícios ...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios ...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí ...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi ...





Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe d´asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Paris 1913 - maio 13



Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos
Edição Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim

sábado, 21 de março de 2009

alma poética

Amo e vivo

Inigualavelmente

Quão intensa
A natureza vibra

O meu corpo prende

EXISTIR

Hoje, neste preciso instante, sou feliz. Feliz porque o sol despontou no horizonte como em todos os dias da minha vida lembrada. Nunca precisei de pedir para ele aparecer, nem nunca ele deixou de estar presente. É uma relação de dar sem nada pedir em troca. Eu e ele existimos, apenas isso é condição necessária: existir. Hoje, brindou-me com o seu toque quente, senti que me beijava. Sorri, sorrio, belo, maravilhoso. O mundo é maravilhoso. O ser humano, os animais, as plantas, enfim...tudo, tudo neste universo, quando apenas coexiste no existir, sem pretensões, é maravilho. Todos dão, sem o pressuposto da troca ou do retorno. No final, tudo corresponde, todos recebem, todos dão. A vida simples, ou simplificada pelo simples ser no universo que nos é dado, é bela! Há uma organização tão perfeita no existir, sendo, que o que menos importa é questionar. O Sol aparece todas as manhãs... eu vou aparecendo todas as manhãs... perfeito

sábado, 31 de janeiro de 2009

Meditação


INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
....................................................
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.

Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa :
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.

Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada :
Tens só teu corpo, que és tu.

Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
....................................................
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não 'stás morto, entre ciprestes.
....................................................

Neófito, não há morte.
(FERNANDO PESSOA)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

IN MENSAGEM de FERNANDO PESSOA/O ENCOBERTO



Obra de Ana Paula Roque"O Encoberto"


QUINTO / NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer--


Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogofátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,


Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.


Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!

Fernando Pessoa

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

DUALIDADES

Amo e vivo
Inigualavelmente
Quão intensa
A natureza
Vibra
O meu corpo sente.

Morro
Atroz mente
A cada bafo
Urdido em bocas
Loucas
Ditas Doutas.

Inexorável
O tempo
Escorre
Subtilmente.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Mil e tantos (militantes)


Mote

Mil e tantos militantes
Rumo a um destino puro
Sem mil saudades do antes
São militantes do futuro

Glosas

Somos poucos mas muitos
E se fores não te espantes
Porque somos todos juntos
Mil e tantos militantes

E não há que perder o tino
Se o destino se avizinha duro
Porque o rumo é o destino
Rumo a um destino puro

Façam-se só tuas vontades
E que teu hino sempre cantes
Do futuro cantes saudades
Sem mil saudades do antes

Mil (H) ares contra o vil
Mundo ímpio e impuro
Com um, com dez, com Mil
São militantes do futuro


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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

POBREZA




Os ricos sentem-se pobres;
ambicionam ser mais ricos.
Os pobres sobrevivem pobres,
e os que sonham ser ricos
à custa de outros pobres
continuarão pobres,
mesmo que se tornem ricos.
Os ricos serão mais ricos,
os pobres mais pobres,
e seremos todos ricos
de tanta pobreza.
Na minha Terra
morre gente,
por não haver rico
que se aproxime
de pobre.

joão m. jacinto

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ódio é ...

...



Ódio é água que molha sem molhar
é cegueira que enxerga mas não se vê
é uma felicidade de um infeliz porquê
é prazer em dor por não poder amar

É um querer muito o que não se quer
é ficar só por não ganhar o coração
é negar o bater sentido do querer
é ganhar nada por perder a razão

É desejar um desejo indesejado
é servir um prato frio de sal e sódio
é ser odioso por não ter amado

Mas como pode causar lugar no pódio
de um fado tão triste e malfadado
se tão semelhante a si é esse ódio?


Cantou o mestre a descrição sublime ao Amor e nós lembramos o alimento do mundo actual. Sodoma e Gomorra são meros e insignificantes exageros comparados com a realidade das nossas Pólis.

Porque são MIL as razões para a paz e Mil e uma para o Amor.

Algures num site perto de ti ...

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Urge!...

Se tudo tem o seu contratempo
Temos todo o tempo do mundo
Para num hérculeo passatempo
Podermos pois em pouco tempo
Mudar este mundo tão imundo.


JSL

Mil e um verso controverso.

Dedicado ao meu amigo Flávio pelo Urge.

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