Donde vimos, para onde vamos...

Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
11 de Outubro: Apresentação da Revista NOVA ÁGUIA nº 30 & Pascoaes "Mestres da Língua Portuguesa”
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
7 de Novembro: Vídeo-Conferência sobre Pascoaes...
A melhor definição de
metafísica que conhecemos é de José Marinho – nas suas palavras “por metafísica
designa-se não só e apenas o que está para além do físico, mas antes e
primordialmente o que lhe é íntimo e nele se supõe”. Apesar de ter sido
redigida numa obra sobre Leonardo Coimbra (“O Pensamento Filosófico de Leonardo
Coimbra: introdução ao seu estudo”, Porto,
Livraria Figueirinhas, 1945), essa definição aplica-se, por inteiro, ao
pensamento de Teixeira de Pascoaes.
Eis o que o próprio Marinho
reconhece ao falar, num outro texto, da “luz súbita que recebeu de Pascoaes” –
nas suas palavras: “Durante alguns anos, eu, como a muitos outros tem
acontecido em nossos dias, dentro e fora de Portugal, fui acusado de metafísico
e a acusação entendia-se neste sentido: de que eu, e outros, desatendíamos o
Tempo e o Homem para nos referirmos incessantemente à Eternidade, a Deus, ao
Absoluto. Pois bem, no momento em que assim me acusavam, eu fazia justamente o
caminho contrário”.
Como acrescenta: “Descobrira
que só é possível encontrar o sentido da Eternidade pelo aprofundamento do
sentido do Tempo e que Deus só se revela plenamente a quem cumpriu a sua
humanidade, descobrira que se o Absoluto, como firmemente creio, e o Poeta crê
comigo, está para além de toda a relação, é necessário viver e pensar a relação
plenamente para o sentido do Absoluto, passar da ideia abstracta, que é menos
ideia, para a ideia concreta, que é plenamente ideia./ Se vos falo desta
experiência é para vos tornar compreensível a luz súbita que recebi de
Pascoaes, e que veio, sob um certo aspecto, confirmar a iluminação gradual que
me veio do estudo da obra de Leonardo Coimbra”.
A esse respeito, Marinho não
poderia, com efeito, ter encontrado melhor Mestre. Em Pascoaes, o Absoluto é,
simultaneamente, o mais distante – o para além de toda a relação – e o mais
próximo – o verdadeiro ser de todo o ser. E por isso, como o próprio Marinho
reiteradamente referiu, foi, de facto, Pascoaes um “poeta da natureza”, um
“poeta cósmico”, “de mais amplo e abissal sentido cósmico”, um poeta
“panteísta”, sendo o seu panteísmo “produto duma comunhão íntima com os seres”
– nessa medida, um poeta “profundamente terrestre sem pertencer à terra”, um
“poeta materialista no sentido mais fundo do termo”.
Renato Epifânio
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
8 Fevereiro | PASCOAES: DO SOLAR DE GATÃO AO UNIVERSO...
quinta-feira, 23 de junho de 2016
quarta-feira, 20 de maio de 2015
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
sexta-feira, 4 de abril de 2014
quarta-feira, 1 de maio de 2013
terça-feira, 9 de outubro de 2012
De António Carlos Carvalho, sobre a «Arte de Ser Português», de Teixeira de Pascoaes, e a «História Secreta de Portugal», de António Telmo
Ambas as obras [a «Arte de Ser Português», de Teixeira de Pascoaes, e a «História Secreta de Portugal», de António Telmo] foram publicadas em momentos decisivos da nossa História: a primeira em 1915, cinco anos depois de implantada a República, com tudo o que esta tinha significado de tentativa de re-fundação do País; a segunda em 1977, três anos depois de uma suposta revolução que prometia concretizar todas as esperanças e dar nova vida a um país totalmente mergulhado na decadência e à deriva no mar da História. António Telmo salientava então: «Fala-se ainda de Pátria, mas já ninguém sabe o que ela é»
Excerto do prefácio à reedição de «História Secreta de Portugal», de António Telmo
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Sobre Pascoaes, nos 100 anos de "O Saudosismo": de António Cândido Franco, para o próximo nº da NOVA ÁGUIA...
sábado, 28 de abril de 2012
28 de Abril: “TEIXEIRA DE PASCOAES –VICENTE RISCO: DO SAUDOSISMO AO ATLANTISMO”

ACTOS INAUGURACIÓN EXPOSICIÓN
“TEIXEIRA DE PASCOAES –VICENTE RISCO: DO SAUDOSISMO AO ATLANTISMO”
A exposición que baixo o título “TEIXEIRA DE PASCOAES –VICENTE RISCO: DO SAUDOSISMO AO ATLANTISMO”, pretende achegar ao público, especialmente estudantado galego, a relación intelectual e persoal entre Vicente Risco e os intelectuais portugueses ao longo da década do 1920. Partindo da correspondencia e das dedicatorias do libros, faremos unha aproximación aos movementos culturais portugueses (nomeadamente Renasceça Portuguesa e o seu órganos e expresión A Äguia, así como a Seara Nova)
Faremos fincapé no saudosismo e a súa incidencia na construción do pensamento risquián respecto do atlantismo.
A inauguración da exposición terá lugar o sábado 28 de abril na sede da Fundación Vicente Risco, e se complementará cos seguintes actos.
19:00 horas. Ofrenda Floral ao P. Feijoo na alameda de Allariz. Recitadod e poemas de Teixeira de Pascoaes.
19:45 horas. Inauguración da exposición na sede da Fundación Vicente Risco e conferencia A simpatía, do padre Feijoo a Teixeira, a cargo da Profª. Drª Luísa Malato Facultade de Letras da Universidade de Porto.
20:30 horas. Presentación da revista "Nova Águia".
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
quinta-feira, 9 de junho de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Amanhã: lançamento da NOVA ÁGUIA nº 6 na terra de Pascoaes
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Teixeira de Pascoaes, Escritor Português do Mundo, fala a "Lisbon Courier"
Não se pode ir lá de avião. Não há aeródromos nas imediações; é na serra, perto do Marão, que o poeta cantou em Versos imortais, a umas poucas milhas de Amarante. Vai-se por um caminho ladeado de sobreiros já antigos e frondosos que é mais caminho de carro de cavalos do que de automóveis, até a um pequeno terreiro onde há laranjeiras plenas de frutos ainda verdes. Do terreiro, por um largo portão brazonado, entra-se no pátio da casa onde vive o poeta. É uma casa solarenga, do século XVI ou XVII, remodelada depois, que guarda ainda o seu ar vetusto de velha casa senhorial e a nobreza clássica das suas linhas simples, austeras.
Nesse pátio já talvez um autogiro ou um helicóptero pudessem descer. Mas não aconselho o leitor - mesmo que ele tenha sido companheiro de La Cierva - a que tente a arriscada aventura.
Teixeira de Pascoaes ouviu o ruído do carro em que fomos e veio receber-nos à porta. É um homem baixo e magro, um pouco curvado, com uma cabeça já grisalha, revolta, a face angulosa e uns olhos profundos, penetrantes, cheios de riqueza e de vida. A sua austeridade é a de um monge , como é de monge a sua simplicidade e o encanto com que nos recebe na bela casa da sua família, mais velha ainda porventura do que esta, e onde vive como num convento que nos mostra tal como um bom frade desligado dos prazeres e interesses deste mundo.
Tentar apresentar a leitores, sejam eles portugueses ou estrangeiros, este homem, poderá quási parecer uma liberdade de que usa o jornalista, para, através do escritor, se apresentar ele próprio.
É que Teixeira de Pascoaes é bem o Patriarca da literatura portuguesa contemporânea - um patriarca amado dos fiéis e sobre cuja dignidade não há discussões. Os seus livros estão traduzidos para francês, alemão, espanhol, holandês, húngaro, tcheco, italiano.
O "Grande de Espanha" D.Miguel de Unamuno contou-o no número dos seus grandes amigos e o pensador russo, universalmente conhecido, Nicolau Berdiaeff considerou-o um dos mais notáveis autores do nosso tempo.
Isto é bastante, não é verdade, leitor?... Por isso mesmo o entrevistador se esconde sob um pseudónimo.
Nicolau Berdiaeff classificou um dia Pascoaes de "Poeta místico com temática religiosa"... Ora eu venho fazer-lhe uma entrevista sobre aviação... É pois natural que hesite antes de atacar o tema principal da nossa conversa.
Fala-se primeiro de poesia. Depois do que Unamuno chamou "o sentimento trágico da vida". Depois da morte e do existencialismo". Não! - Decididamente é perigoso ouvir este homem encantador falar do que lhe interessa; temo que a ouvi-lo, me esqueça do tema da entrevista, e depois que seja já impossível sair do beco onde estamos. Beco, está claro, porque não vejo a saída para o campo da aviação.
Por isso pergunto de chofre:
— Que pensa da Aviação?
Pascoaes sorri e responde:
— Penso que outrora os homens criavam os anjos e hoje.... os macaqueiam.
Há um silêncio. Não vou, evidentemente, perguntar a este homem se ele voou. Há em toda a sua obra uma altura que nenhum avião do mundo jamais atingirá. Mas insisto:
— Crê que a conquista do ar pela moderna aviação poderá trazer algo de novo a "visão do mundo" dos poetas ?...
A expressão de Pascoaes tornou-se agora vagamente irónica:
— Penso que a visão do mundo depende da altura a que se está."Nos aviões modernos, como se voa muito, muito alto, a "visão do mundo"...deve tornar-se tão vaga, tão imprecisa,que me arrisco a dizer que desaparece...
Uma criada trouxe-nos café e os maravilhosos doces de ovos de Amarante. Pascoaes, sorrindo, explica:
— Nunca percebi como Vergílio foi capaz de escrever a "Eneida", sem ter tomado uma chícara de café e sem fumar um cigarro.
Há neste homem profundamente triste, por mais paradoxal que isto pareça, um bom humor sadio. Um bom humor sem amargura ou ironia – que tem frescura e juventude.
O bom humor com que responde, já a finalizar a entrevista, quando lhe pergunto o que pensa do papel a desempenhar pela aviação no futuro:
— Não penso nada, ou melhor, não digo o que penso. Ainda não consegui limar a vaidade até o ponto de me não importar com o que pensarão de mim os que me lerem daqui a alguns anos - isto, bem entendido, se daqui a alguns anos ainda alguém me ler. Ora eu não quero que me aconteça o mesmo que aconteceu a Thiers quando, num momento de muito fraca inspiração, se lembrou de dizer do "caminho de ferro" que era uma invenção absurda e irritante que apenas servia a meia dúzia de loucos possuídos da mania das velocidades...
Publicado em:
http://retrovisor.blogs.sapo.pt/43760.html