A Águia, órgão da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

Albufeira, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.

domingo, 10 de dezembro de 2023

NOVA ÁGUIA nº 32: Capa, Editorial e Índice...

 

No trigésimo segundo número da NOVA ÁGUIA, começamos por celebrar a memória viva – e amiga – de Adriano Moreira, recordando a sua tão extensa quanto valiosa colaboração na nossa Revista, em que publicou mais de duas dezenas e meia de textos. Em todos esses textos, avultam as preocupações de sempre de Adriano Moreira – em particular, a sua preocupação com o presente e – sobretudo – o futuro da Lusofonia.

Daí a sua assumida cumplicidade com este projecto – como ele próprio assinalou publicamente, por mais de uma vez, os Congressos da Cidadania Lusófona, promovidos pela NOVA ÁGUIA e pelo MIL (Movimento Internacional Lusófono), há já mais de uma década, são o retomar, no século XXI, dos Congressos das Comunidades de Cultura Portuguesa, que ele próprio organizou nos anos sessenta, tentando então consolidar a Comunidade Lusófona, numa base de Liberdade e de Fraternidade. Um ano após a sua partida, celebramos, pois, mais do que uma figura, um sonho: o nosso sonho comum, ainda por cumprir.

Publicamos ainda neste número da NOVA ÁGUIA os textos apresentados no II Congresso Internacional “Eça de Queiroz, 150 anos”, que se realizou em 2021, igualmente por iniciativa da NOVA ÁGUIA e do MIL – em parceria com outras entidades académicas e culturais. Recorde-se, a este respeito, que no vigésimo oitavo número da nossa Revista haviam já sido publicados os textos apresentados no I Congresso Internacional “Eça de Queiroz, 150 anos”, decorrido em 2019.

De seguida, conforme o prometido, publicamos os textos apresentados na segunda mesa-redonda “Repensar Portugal, à luz de Portugal, Razão e Mistério”, que decorreu em Novembro de 2022, na Fundação António Quadros, já no âmbito das comemorações do centenário de nascimento deste vulto maior da cultura de língua portuguesa, em que a NOVA ÁGUIA participa. Neste número, evocamos igualmente António Marques Bessa, um ano após a sua partida, publicando três textos apresentados numa sessão em sua expressa Homenagem, que decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa, no Auditório Adriano Moreira, em Abril do corrente ano.

Evocamos ainda neste número da NOVA ÁGUIA outros onze vultos da cultura lusófona – nomeadamente, dois centenários (Eugénio de Andrade e Mário Cesariny) e um tri-centenário (Teodoro de Almeida) –, e publicamos mais de uma dúzia de “Outros voos”. Em “Extravoo”, publicamos um inédito de António Telmo (“Os Leonardinos”). Em “Periódicos Eternos”, recordamos a Minerva Lusitana, e, no “Bibliáguio”, damos destaque a mais de meia dúzia de obras, começando por mais um monumental livro de António Braz Teixeira (A reflexão ética luso-brasileira), nos dias de hoje, de forma indisputável, “o maior hermeneuta vivo do nosso universo filosófico e cultural, não só português mas, mais amplamente, lusófono”.

A Direcção da NOVA ÁGUIA

Post Scriptum: Dedicamos este número a António Manuel Couto Viana, que faria igualmente 100 anos em 2023. No próximo ano, iremos aqui recordá-lo, a par de Agostinho da Silva, por ocasião dos 30 anos da sua partida.

NOVA ÁGUIA Nº 32: ÍNDICE

Editorial…5

TEXTOS DE ADRIANO MOREIRA NA NOVA ÁGUIA

26 EXCERTOS…7

II CONGRESSO EÇA DE QUEIROZ, 150 ANOS

“UM RISO QUE PELEJA”: NOS 150 ANOS D’AS FARPAS DE EÇA E RAMALHO | Álvaro Costa de Matos…18

CONFIGURAÇÕES IDENTITÁRIAS NA FICÇÃO QUEIROSIANA | Annabela Rita…24

A VERTENTE INTIMISTA E A FRATERNIDADE UNIVERSAL NA PROBLEMÁTICA RELIGIOSA DE EÇA DE QUEIROZ | Brunello Natale De Cusatis…27

EÇA DE QUEIRÓS E “O DOM AUGUSTO DE RIR” | Carlos Nogueira…35

A IRONIA COMO FILOSOFIA EM FRADIQUE MENDES | César Tomé…45               

EÇA DE QUEIROZ NA “COLEÇÃO MESTRES DA LÍNGUA PORTUGUESA” | Jorge Chichorro Rodrigues…53

CHARLES BAUDELAIRE EM CARLOS FRADIQUE MENDES | La Salette Loureiro…57

“PANTEÍSMO CRÍSTICO”: O “PANTEÍSMO FANTÁSTICO” COMO REPRESENTAÇÃO DA MATERIALIDADE DE CRISTO | Manuel P. Fernandes…73

O ANTICLERICALISMO COMO UM PANO DE FUNDO NAS CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS | Manuel Gama…80

EÇA DE QUEIROZ NO CHILE: A OBRA DE JOAQUÍN EDWARDS BELLO | Maria do Carmo Cardoso Mendes…92

O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA, UM ROMANCE SINGULAR NA LITERATURA PORTUGUESA | Paula Oleiro…95

A QUESTÃO DE DEUS NA ESPIRITUALIDADE ROMÂNTICA E NATURALISTA DE EÇA DE QUEIROZ | Samuel Dimas…102

REPENSAR PORTUGAL, À LUZ DE PORTUGAL, RAZÃO E MISTÉRIO, DE ANTÓNIO QUADROS (II)                            

ALGUMAS NOTAS SOBRE A IDEIA DE PORTUGAL EM ANTÓNIO QUADROS | Manuel Cândido Pimentel…106

A TELEOLOGIA ESCATOLÓGICA DE ANTÓNIO QUADROS EM DIÁLOGO COM SAMPAIO BRUNO E LEONARDO COIMBRA | Samuel Dimas…108

DIVAGAÇÕES EM TORNO DE O MOVIMENTO DO HOMEM DE ANTÓNIO QUADROS | César Tomé…111

ANTÓNIO MARQUES BESSA, UM ANO APÓS A SUA PARTIDA

UM HOMEM LIVRE: ANTÓNIO MARQUES BESSA (1949-2022) | Jaime Nogueira Pinto…120

A UNIÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXACTAS NA TRADIÇÃO DE VINTILA HORIA | Duarte Branquinho…122

TEORIA E MÉTODOS DE ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA E DE POLÍTICA INTERNATIONAL NA PERSPECTIVA DE MARQUES BESSA | Nuno Morgado…125

OUTROS VULTOS

AMORIM DE CARVALHO | António Braz Teixeira…134

ANTÓNIO SALVADO | António José Borges…140

ANTÓNIO TELMO | Risoleta C. Pinto Pedro…141

BRUNO DE SOUSA | José Almeida…145

EUGÉNIO DE ANDRADE | António José Borges…148

HENRIQUE LEVY | Elter Manuel Carlos…150

JOSÉ MATTOSO | Nuno Sotto Mayor Ferrão…155

MÁRIO CESARINY | António José Borges…157

OLIVEIRA MARQUES | Nuno Sotto Mayor Ferrão…160

PAULO TUNHAS | João Maurício Brás…168

TEODORO DE ALMEIDA | Marta Mendonça…169 

OUTROS VOOS

A ÚLTIMA AULA | António Aresta…180

FILOSOFIA E ENSINO DA FILOSOFIA EM PERSPETIVA | Artur Manso…182

EDUCAÇÃO, FILOSOFIA, RELIGIÃO | Emanuel Oliveira Medeiros…190

NADA É O NOSSO LADO DE DEUS | João Seabra Botelho…198

OS DESCOBRIMENTOS A DESCOBERTO | Joaquim Domingues…201

SOBRE UMA PASSAGEM NO SÃO PAULO DE PASCOAES: O SENTIDO PAULINO DE “ATRAVÉS” | Luís de Barreiros Tavares…204

SOBRE BUDISMO E CRISTIANISMO (E ARISTOTELISMO?) | Luís Furtado…209

REENCONTROS | Mário Vieira…211

ΜΈΘΟΔΟΣ: POR ONDE E PARA ONDE IR | Paulo Ferreira da Cunha…218

DEAMBULAÇÕES PRÓ-LUSÓFONAS | Renato Epifânio…224

O ALQUIMISTA DO TÚMULO DE D. FERNANDO NO MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO | Rui Martins…227

AUTOBIOGRAFIA 12 (CONTINUAÇÃO) | Samuel Dimas…230

CIDADANIA E IDENTIDADES SOCIOCULTURAIS | Susana R. Bravo…245

EXTRAVOO

OS LEONARDINOS | António Telmo…248

PERIÓDICOS ETERNOS

MINERVA LUSITANA | Pedro Vistas…256

BIBLIÁGUIO

A REFLEXÃO ÉTICA LUSO-BRASILEIRA | Renato Epifânio…262

TEIXEIRA DE PASCOAES, POESIA I | José Almeida…263

A GLÓRIA DA INVENÇÃO: UMA APROXIMAÇÃO AO PENSAMENTO INICIÁTICO DE ANTÓNIO TELMO | José Faro…264

A LUZ DOS LUSOS: ENSAIOS DE FILOSOFIA FILOSOFANTE A PROPÓSITO DE LUMINARES DA CULTURA PORTUGUESA | Renato Epifânio…266

IDEIAS SEM CENTRO: ESQUERDA E DIREITA NO POPULISMO CONTEMPORÂNEO | José Almeida…267

FRAGAS: HOMENAGEM A MIGUEL TORGA NOS 25 ANOS DA SUA MORTE | António José Borges…268

ENSAIOS DE ESPELHO | José Almeida…270   

POEMÁGUIO

OS AMANTES SEM DINHEIRO | Eugénio de Andrade…7

RECOLECTOR | Manuel Dugos Pimentel…17

ARTESANATO | Joel Henriques…105

BOIAM LEVEMENTE OS VENTOS; ADORMECIA NUMA PERNA DELA EM APENAS UMA DÉCIMA | António José Borges…118-119

BIMYO | José Rui Teixeira…133

COM O SOL À CABECEIRA | Jaime Otelo…178-179

DOURADA ESPIGA | Marta David…246

DESBASTANDO O POEMA | Maria Luísa Francisco…247

OURO E PRATA | Luísa Costa Macedo…254

O POETA; REIVINDICAÇÃO | Delmar Maia Gonçalves…255

MÁRIO CESARINY, O MORTO VIVO; CESARINY NA MORTE; O CAVALEIRO SEM CORAÇÃO; ELOGIO DO IMPERADOR D. PEDRO I | Jesus Carlos…260-261

MORADAS: CADERNO POÉTICO E VISUAL

BRAÇO DE PRATA | Luísa Borges…272

MEMORIÁGUIO…280

MAPIÁGUIO…281

ASSINATURAS…281

COLECÇÃO NOVA ÁGUIA…284

De António Braz Teixeira: "A reflexão ética luso-brasileira"



Nascido em 1936, António Braz Teixeira é, actualmente, como nós próprios já tivemos a oportunidade de sinalizar, “o maior hermeneuta vivo do nosso universo filosófico e cultural, não só português mas, mais amplamente, lusófono” (in  Jornal de Letras, Artes e Ideias, 1-15 de Dezembro de 2021, p. 29). Tendo cunhado o conceito de “razão atlântica” – para, precisamente, sinalizar o chão comum do pensamento filosófico luso-brasileiro –, ele próprio, como também já tivemos a oportunidade de escrever, esclareceu entretanto “que esse era um conceito, em grande medida, ‘ultrapassado’; e que, hoje, mais do que de uma ‘razão atlântica’ (circunscrita ao espaço luso-brasileiro ou, quanto muito, luso-galaico-brasileiro), se deve falar, cada vez mais, de uma ‘razão lusófona’, senão mesmo de uma ‘filosofia lusófona’, porque aberta a todo o pensamento expresso em língua portuguesa, por muito que esse pensamento mais filosófico ainda não tenha realmente desabrochado em todo o espaço lusófono” (in António Braz Teixeira: Obra e Pensamento, coordenação de Celeste Natário, Jorge Cunha e Renato Epifânio, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto/ Bairro dos Livros, 2018, p. 547). Tese que, paradigmaticamente, subjaz a uma das mais recentes obras – A saudade na poesia lusófona africana e outros estudos sobre a saudade (2021) –, onde, a propósito da expressão poética da saudade na poesia lusófona africana, mostra bem o quanto está nela ínsita uma filosofia, como já acontece, de forma clara, no pensamento português, galego e brasileiro.

Já neste ano de 2023, António Braz Teixeira confirma essa tese – e esse estatuto –, com mais uma obra: A Reflexão Ética Luso-Brasileira (igualmente editada com a chancela do MIL: Movimento Internacional Lusófono). Trata-se de uma obra monumental, verdadeiramente enciclopédica, onde António Braz Teixeira reconstitui, com singular erudição e finura, as principais correntes e figuras da reflexão ética luso-brasileira desde o século XVIII – a saber: Ética Ecléctica: Nuno Marques Pereira, Martinho de Mendonça, Manuel de Azevedo Fortes, Luís António Verney, Matias Aires, Feliciano de Sousa Nunes, António Soares Barbosa, Tomás António Gonzaga, Teodoro de Almeida, Inácio Monteiro, José Agostinho de Macedo, Frei Francisco de Mont’Alverne, Diogo António Feijó e José da Silva Lisboa; Ética Utilitarista: Joaquim José Rodrigues de Brito, Silvestre Pinheiro Ferreira e António Henriques da Silva; Ética Espiritualista: Eduardo Ferreira França, Domingos Gonçalves de Magalhães, Joaquim Maria da Silva, Amorim Viana, Cunha Seixas, Antero de Quental e Ferreira Deusdado; Ética Tomista: José Soriano de Sousa e Tiago Sinibaldi; Moral Sociológica: Teófilo Braga e Sílvio Romero; Ética Cósmica: Guerra Junqueiro, Farias Brito e Sampaio Bruno; Ética Ontológica: Leonardo Coimbra, Manuel Barbosa da Costa Freitas e Joaquim Cerqueira Gonçalves; Ética Racionalista: Raul Proença, António Sérgio, Newton de Macedo e Roque Spencer Maciel de Barros; Ética da Força; Ética Neo-utilitarista: Sílvio Lima, Edmundo Curvelo e Mário Sottomayor Cardia; Ética Neo-tomista; Lúcio Craveiro da Silva, Roque Cabral e Henrique Lima Vaz; Ética Neo-idealista; Teoria da Experiência Ética: Renato Cirell Czerna, Miguel Reale e António Paim; Ética Fenomenológica; e Ética Existencial: Vicente Ferreira da Silva, Gerd Bornheim e Luís de Araújo.

Num tempo em que tanto se questiona o chão comum (no plano cultural, filosófico e até linguístico…) entre Portugal e o Brasil, eis, em suma, uma obra maximamente pertinente.

Renato Epifânio

"A reflexão ética luso-brasileira", Lisboa, MIL/ DG Edições, 2023, 386 pp.

ISBN: 978-989-35021-2-9

Para encomendar: info@movimentolusofono.org

Casais Monteiro: Filosofia e Literatura

 

Casais Monteiro: Filosofia e Literatura, coordenação de Maria Celeste Natário, Renato Epifânio e Rui Lopo, Porto, IF-UP, 2023, 133 pp.

PREFÁCIO | Maria Celeste Natário

O PAÍS DO ABSURDO EM 2022 | Carlos Leone

ADOLFO CASAIS MONTEIRO: UM POETA DO(S) SONHO(S) (IN)CRIADO(S) | Joaquim Pinto e Luísa Borges

CASAIS MONTEIRO: PENSAMENTO ESTÉTICO E AUTONOMIA DA CRÍTICA DA ARTE | José Carlos Pereira

A QUE SOLO VÃO BEBER AS RAÍZES DA POESIA? | Luís Carlos Vicente Ramos

A MÚSICA DISSONANTE DE ADOLFO CASAIS MONTEIRO | Mário Vítor Bastos

UM ADOLFO CASAIS MONTEIRO, POR AGOSTINHO DA SILVA | Renato Epifânio

ADOLFO CASAIS MONTEIRO: FORMAÇÃO DE UM POETA (1929-1937) | Rodrigo Michell Araujo

ENSAIO DE LEITURA DE TRÊS CARTAS DE RAUL LEAL PARA ADOLFO CASAIS MONTEIRO | Rui Lopo

A NOÇÃO DE «CRIACIONISMO IRRACIONALISTA» NA ESTÉTICA MODERNISTA DE ADOLFO CASAIS MONTEIRO | Samuel Dimas

ADOLFO CASAIS MONTEIRO E O PROBLEMA DA UNIDADE. COMO SITUAR FERNANDO PESSOA ENTRE SEUS PARES? | Wanderley Dias da Silva


De Carlos Aurélio: "O bom combate: textos católicos de hoje fora de moda"

 

Quando se entra numa casa convém passar pela porta, de assalto é violação. No caso presente este prólogo “o que se diz ou escreve antes” – é portada aberta à diversidade do que se escreveu, mostrando a arquitectura coerente na estrutura da casa. A coerência é simples: o quem antecipa o como, ou seja, quem aqui escreve, escreve como católico numa pátria que está a deixar de o ser. De o ser, como país e mais ainda como pátria católica, numa travessia em terra de ninguém entre trincheiras de agressão e miragens de gente febril. Isto que parece mau pode ser bom e só será péssimo se se fugir da luta, se por medo dos homens não se guardar o temor a Deus, dom do Espírito Santo e berço da Sabedoria. Diz São Paulo: «Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.» Não se admire o leitor se estes textos pelo «bom combate» e editados nos últimos dez anos lhe parecerem fora de moda. São-no de facto, a moda engana.    

Quem escreve para quem escreve? Fiz-me esta pergunta ao recolher os textos para este livro, agora coligidos depois de editados em alguns semanários e revistas da imprensa portuguesa. Dir-se-á, resposta óbvia, que se escreve para quem for ler. Todavia não basta o evidente, interessa saber se quem escreve, quando escreve, tem um leitor prefigurado, se há um rosto do outro lado do papel, se o monólogo exige diálogo imaginado. Devo dizer que sim, estes textos olham leitores amigos e outros que ainda o não são, sendo que poderão vir a sê-lo, ou seja, almas disponíveis para se conversar imediatamente acima da poeira dos dias. Mais: também escrevi frente à sinceridade no cara-a-cara possível e especular da verdade, assim como entravam as coisas na minha infância, de rompante e sem licença. Não por acaso Jesus chama a si os infantes os que ainda não falam quando as palavras aparecem depois da realidade. A linguagem e as palavras vivem num paradoxo: moldam o que somos, mas sem elas nem perceberíamos que éramos moldados.

Na ampla profundidade do mistério de cada pessoa convivem três ângulos que se conjugam em graus diferentes: somos um pouco do que queremos ou imaginamos ser, somos muito o que os verdadeiros amigos vêem em nossos defeitos e virtudes e, acima de tudo, somos absolutamente como Deus nos conhece, mistério que por sê-lo só a eternidade desvendará. Já se vê que me é decisiva a perspectiva de Jesus Cristo na resposta à inquirição farisaica sobre o sentido da Lei religiosa, ou seja, o amor que liga terra e céus, homens e Deus: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» (Lc 10,27).

Escrevi religiosamente, ou seja, propondo explicitamente o ponto de vista religioso, ora buscando, como diz Aristóteles, os que escolhem e partilham as mesmas coisas que nós, e esses são os verdadeiros amigos, ora levando-as a outros para fazer amigos em sinal de digna amizade, outra nobre expressão do amor. Resumindo, o intento, conseguido ou frustrado, de saber para quem escrevi implicando nisso o quê é amor a Deus para melhor amar os amigos. Escrevi, pois, para amigos feitos e outros a fazer, nisso expressando a causa e a meta dessa amizade. Falta responder ao modo como fiz.

O modo adveio da perspectiva da qual escrevi ao longo de uma década, portada de acesso às salas ou textos de aparência diversa. Todos são de substância religiosa, sendo que alteram pelas categorias acidentais adaptadas naturalmente às circunstâncias. Tanto podem visar alterações climáticas ou a pandemia covid, o estado em que decai o espírito pátrio ou se alcança uma geografia metafísica da Europa cristã; outras vezes, sondam as súplicas do Pai-Nosso, buscando nunca deixar Deus ausente da vida porque, nisto creio, sem Ele nem humanos somos: quando o sofrimento nos toca e, um por um a todos toca, fiquemos atentos à escuta, Ele dará sinal porque é na cruz que se nos revela, assim resplandeceu no Calvário antes da Ressurreição. Depois, há que ser gratos, eis a nossa maior humanidade. Daí, só pode advir alegria pelo “bom combate” capaz de guardar a fé, não em polémicas entrincheiradas em causas de impossível e néscia imposição, mas apenas caminhantes, fazendo vida no caminho: Deus é a Vida, nele vivemos. A fé é firme espera nesse amor de onde viemos e ao qual voltaremos, anel inalienável de um Deus que nunca abandona. 

O conjunto dos textos está dividido em quatro capítulos: 1) Ser Cristão no Mundo; 2) Portugal e o Cristianismo; 3) Pai-Nosso; 4) Europa Cristã. A proposta de leitura é um itinerário possível de diálogo entre quem escreve e os amigos de hoje, outros vindouros, pois o tempo não é obstáculo de percurso. «Não é bom que o homem esteja só», seja em família ou em comunidade consagrada, preceito divino que cada vez mais deveria importar à pólis saudável, à civilidade que vemos afundar-se em similar queda do mundo antigo e clássico. A religião não pode ficar nos arredores da Cidade, Deus não pode ficar arredio na solidão do homem. Aí sim, reside a mais dramática periferia.   

Os primeiros dois capítulos deste livro 1) Ser Cristão no Mundo; 2) Portugal e o Cristianismo visam a inserção religiosa dos homens entre si, ou seja, aquilo que os pode religar sob a perspectiva cristã que, em Portugal, é ainda a católica, enquanto que os dois restantes, não por acaso, emergem do Pai-Nosso, oração que desde o amor a Deus permite e aprofunda amar o próximo. O capítulo final, Europa Cristã, é a revisitação de um livro anterior Mapa Metafísico da Europa, edição de 2003 – que aqui se acentua e se determina em perspectiva então não completamente evidente, ou seja, o propósito católico e, portanto, universalista de compreender o destino espiritual da Europa como geneticamente cristão. O texto final, mais longo, é o único não editado, versa sobre um tema que a Igreja Católica debate há mais de dois séculos e muitos, talvez por critério admissível desejam adiar, outros por astúcia querem ocultar, aqui tomado como necessário, quiçá urgente, até pelo que diz respeito a Portugal: Um caminho de devoção portuguesa: da Imaculada Conceição à Corredenção.

Eis a portada aberta para o que se escreveu, para quem e de que modo o fez. É apenas um livro: via de livre amizade e comunhão entre espíritos próximos ainda que longínquos no espaço e no tempo, um diálogo presente ou para futuro, na senda quem me dera! – do filósofo Álvaro Ribeiro o qual, porventura tão desapontado quanto esperançoso, dizia «escrever para longe». É um livro, agora perto, à espera da alma atenta de um amigo. Só falta entrar. Benvindo!


- "O bom combate: textos católicos de hoje fora de moda", Lisboa, MIL/ DG Edições, 2023, 276 pp.

ISBN: 978-989-35021-3-6



Para encomendar: info@movimentolusofono.org

MILhafre: um olhar lusófono sobre o mundo...



Já com mais de 826 MIL visitas:
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sábado, 9 de dezembro de 2023

De Pedro Vistas: “A Luz dos Lusos: Ensaios de Filosofia Filosofante a propósito de Luminares da Cultura Portuguesa”


Pedro Vistas é, claramente, um dos espíritos filosóficos mais potentes da mais jovem geração. Alguns dos seus textos que conhecíamos – como os publicados na Revista NOVA ÁGUIA – já o indiciavam suficientemente. Este livro – A Luz dos Lusos: Ensaios de Filosofia Filosofante a propósito de Luminares da Cultura Portuguesa – prova-o cabalmente.

O título e o subtítulo da obra são, a esse respeito, particularmente adequados. Trata-se, com efeito, de uma “filosofia filosofante”, ou seja, de uma “filosofia viva”. O autor dialoga aqui com outros autores “de igual para igual” – o que, se noutros casos seria apenas pretensioso, neste caso é tão-só a melhor forma – melhor dito, a única forma – de mais os iluminar.

José Marinho, o mais potente espírito filosófico de todo o século XX português, escreveu que “quando expomos um pensador devemos dar toda a força ao seu pensamento” – como defendeu ainda, citando Schopenhauer, “tal atitude é, em relação a eles, a mais adequada e é, para o nosso próprio pensamento, a mais proveitosa”. E, por isso, a respeito do seu Mestre, acrescentou enfim: “…certo que na obra de Leonardo Coimbra há sombras. Mas a tarefa da crítica não foi nunca a de diminuir o mais elevado até à altura do mais baixo.”.

Neste seu reluzente livro, Pedro Vistas prova de igual modo ser, nesse aspecto, plenamente marinhiano – pois que também ele “dá toda a força”, ou toda a luz possível, aos autores com quem aqui mais dialoga, nomeadamente: Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Pessoa, Teixeira de Pascoaes, António Quadros, Agostinho da Silva, Domingos Sequeira e Raul Leal.

Dizemos “mais dialoga” porque, não obstante serem esses os autores de referência deste livro, e que justificam as suas oito partes, muitos outros autores (sobretudo, mas não apenas, da História da Filosofia, a começar pelos Gregos) são igualmente convocados, o que denota bem a sua sólida formação. Em suma: com este seu reluzente livro, Pedro Vistas faz o seu “baptismo de fogo” e prova (aos mais distraídos) que temos entre nós mais um Filósofo. Porque não há muitos – com F maiúsculo –, saudemos pois efusivamente este “nascimento”. A Filosofia Portuguesa – ou Lusófona, como preferimos dizer – bem (de ti) necessita.

Renato Epifânio

- "A Luz dos Lusos: Ensaios de Filosofia Filosofante a propósito de Luminares da Cultura Portuguesa", Lisboa, MIL/ DG Edições, 2023, 254 pp.

ISBN: 978-989-35021-6-7

Faça já a sua encomenda...

Para encomendar: info@movimentolusofono.org


Repertório da bibliografia filosófica portuguesa

Volume V d'A Via Lusófona...

Coligem-se aqui mais de meia centena de textos, todos eles, de forma mais ou menos directa, sobre a temática lusófona, textos que escrevemos nos últimos dois anos e que foram sendo publicados, de forma dispersa, em diversos jornais e revistas, bem como em outras plataformas digitais em que regularmente colaboramos. No seu conjunto, estes textos retratam bem – julgamos – os diversos planos em que a Lusofonia se deve cumprir: no plano cultural, desde logo, mas também nos planos social, económico e político. Só assim, cumprindo-se em todos estes planos, a Lusofonia – é nossa convicção – se cumprirá realmente e deixará de ser apenas um mote retórico e inconsequente, como ainda – importa reconhecê-lo – em grande medida é.


Para encomendar: info@movimentolusofono.org

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/filosofia-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

Plataforma de Associações Lusófonas


No âmbito dos sete Congressos da Cidadania Lusófona já realizados, foi lançada a PALUS: Plataforma de Associações Lusófonas, visando agregar as Associações da Sociedade Civil (independentes nos planos governativo, partidário e religioso) de todo o Espaço da Lusofonia. Como já foi mil vezes reiterado, todos teremos a ganhar com a afirmação da Sociedade Civil. A nosso ver, essa afirmação será tanto mais forte quanto mais se realizar em rede, à escala de todo o Espaço da Lusofonia. Assim se afirmará, em última instância, a Sociedade Civil Lusófona, grande desígnio estratégico do Século XXI.  

Para mais informações:

21 Autores para a Filosofia Portuguesa do Século XXI



“21 Autores para a Filosofia Portuguesa do Século XXI”, in Letras ComVida: Literatura, Cultura e Arte, nº 4, 2º Semestre de 2011, pp. 18-66. 
https://2b434bd660.cbaul-cdnwnd.com/55972ade0135b6dbe03920fef94235b8/200000129-b9dcebad7f/Dossi%C3%AA%20Tem%C3%A1tico.pdf

COLECÇÃO NOVA ÁGUIA: JÁ COM MAIS DE 60 TÍTULOS