A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
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sábado, 15 de fevereiro de 2014

António Carlos Carvalho, para a NOVA ÁGUIA 13 | O Balanço de Abril, 40 anos depois

Nunca acreditei naquilo – nem sequer nos primeiros acontecimentos, a que assisti porque estava lá na minha condição de repórter de serviço: no Largo do Carmo e nas ruas adjacentes; no quartel da Pontinha, nessa madrugada de 25 para 26 (onde ouvi um dos chamados capitães de Abril, depois da famosa conferência de Imprensa da Junta de Salvação Nacional, a dizer a outro camarada que aquilo de acabar com a PIDE não era uma boa ideia...); depois na manifestação de 1 de Maio, etc.
Nunca acreditei que aquilo fosse uma revolução (era evidentemente um golpe militar) ou que uma revolução fosse necessariamente uma coisa boa (tinha estudado cuidadosamente a Revolução Francesa e a Revolução Russa); em 1974 já levava quatro anos de estudos intensos sobre a obra de René Guénon, que vieram confirmar a minha descrença nas soluções políticas, militares ou outras desta fase cíclica a que os hindus chamam «Kali-Yuga»; sabia muito bem como multidões ou massas como as que vira, exultantes, no dia 25 e seguintes, são facilmente manipuláveis, agindo ao sabor dos «ventos da História» como um perfeito catavento. Sabia isso e muito mais.
E tudo se confirmou em 1974-75, sendo eu testemunha da nova censura nos jornais (agora feita por camaradas jornalistas, zelosos militantes partidários, em vez de patéticos tenentes e coroneis); dos inacreditáveis «saneamentos» políticos nas empresas por suspeita de complicidade com o regime deposto; das prisões com mandados em branco feitas pela rapaziada do COPCON (incluindo a apreensão de perigosas armas como pistolas de pederneira do século XIX e de canos entupidos que figuravam por cima da lareira enquanto elementos de decoração...) e que encheram novamente as celas de Caxias; das tentativas tenazes para fazer disto uma espécie de satélite soviético; do saneamento dos 24 no «Diário de Notícias» em que então mandava José Saramago, militante comunista e impoluto defensor das liberdades; das barreiras populares nas estradas que revistavam os carros do povo em busca de armas; desse terrível «Verão quente» de 75 em que senti fisicamente medo pela sorte da minha família, etc, etc.
E, sem surpresa, testemunhei depois a politização de tudo (os militares cederam rapidamente os lugares do poder aos políticos profissionais), o silenciamento das vozes livres (exemplo convenientemente esquecido: Francisco de Sousa Tavares demitido às ordens da quase canonizada Maria de Lurdes Pintasilgo), o polvo das estruturas partidárias a estender os tentáculos mesmo aos lugares mais remotos – na minúscula aldeia da minha mãe, em plena Beira Alta, duas tias minhas que nunca tinham ouvido falar de «política» e que até então eram como unha com carne, descobriram-se de repente simpatizantes de partidos diferente e zangaram-se a sério. Ridículo, risível mas significativo da demência que se alastrou pelo país... até hoje. 
Testemunhei também a subsequente rendição a uma Europa que não nos conhecia, uma entrega de mão beijada que viria a dar imenso jeito a muitos políticos e negociantes que se encarregaram de desviar os fundos europeus para os canais mais convenientes. E logo a seguir descobriu-se por cá que afinal «tudo é economia» (dando razão a Marx, o que não deixa de ser curioso...) e que não passamos de números para quem manda. E depois... foi o que se viu, o que se vê e sente na pele, agora.
Como nunca tive ilusões, também não as perdi ao longo destes 40 anos. Não gostava do Portugal de Salazar, tal como não gosto do Portugal de hoje, que tem como heróis ou modelos uns tipos que dão pontapés na bola ou umas criaturas que expõem monstruosidades em palácios reais.
A verdade é que vivemos num país à deriva, sem projecto de futuro, sem grandeza que não seja a dos números da dívida. É demasiado tarde para emigrar – mas há muito, na verdade desde sempre, que vivo no exílio, o pior, o interior.
Continuo a pensar que temos de re-pensar o que é isto de sermos Portugal e portugueses. Temos de o fazer contante e rapidamente. Antes que o país e este povo desapareçam de vez – como tantes vezes aconteceu ao longo da História. Creio, como Pascoaes, que ser português é uma arte, uma arte que se aprende a partir das raízes. Pergunto-me agora, quase cem anos depois de ser publicado «Arte de Ser Português» (o centenário passa em 2015), se alguém em Belém ou S. Bento ou nas sedes partidárias (e nas respectivas «juventudes») leu essa obra essencial de Teixeira de Pascoaes. E, no entanto, está lá quase tudo para a tal missão de repensarmos quem fomo, quem somos e, sobretudo, quem deveríamos ser.
Deveria ser obrigatório que cada novo governo e governante fosse levado em visita de estudo a lugares de peregrinação como os Mosteiros de Alcobaça, da Batalha e dos Jerónimos, ao Convento de Tomar, ao Museu de Arte Antiga (para meditar diante dos Painéis de Nuno Gonçalves), para se impregnarem todos eles desses símbolos e sonhos pátrios pensados e construídos por aqueles que queriam servir um país – e não servir-se dele. Feitos por gente sem inveja (o eterno mal nacional) e da linhagem dos que foram capazes de chegar à Índia, ao Brasil, à China, ao Japão, ao Tibete.
E também os deviam levar às aldeias desertificadas, aos lugares onde dormem os sem-abrigo, às cantinas onde vão comer os que passam fome, aos centros de emprego para ouvirem o desespero dos desempregados (porque eles, políticos, têm sempre emprego assegurado), aos aeroportos para ouvirem as razões dos que (ontem como hoje) são obrigados a emigrar, aos lares e aos hospitais onde os velhos são abandonados pelas famílias. Em suma, ao país real onde vivem aqueles a quem, há 40 anos, foi prometido amanhãs cantantes, vitória certa na unidade de todos, o fim dos vampiros que tudo comem, além das indispensáveis liberdade, igualdade e fraternidade. Mas não números. Pois é, o Guénon tinha razão: estamos em pleno Reino da Quantidade. Do qual só sairemos pelas mãos e corações dos homens bons de que falava Fernão Lopes numa outra época de crise que ele via como o início de uma nova era. Sem cravos – mas com flores-de-lis. E um dragão no timbre do brasão nacional, ligando a Terra ao Céu.

sábado, 18 de maio de 2013

18 DE MAIO, NA CASA DO BISPO: MIGUEL REAL E ANTÓNIO CARLOS CARVALHO APRESENTAM OS SEUS NOVOS LIVROS


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“Sinais dos Tempos”, significativamente, é o mote da sessão a realizar no próximo dia 18 de Maio, pelas 15:30, na Casa do Bispo, no âmbito da programação do Círculo António Telmo para esse mês. Entre o presente e o futuro, entre a filosofia e a religião, entre o pensamento e a profecia, dois nomes marcantes da cultura portuguesa e membros da família télmica regressam a Sesimbra para falar dos seus mais recentes livros. Miguel Real dá a conhecer a Nova Teoria da Felicidade, acabada de publicar com a chancela da Dom Quixote, e, depois, António Carlos Carvalho apresenta A Profecia dos Papas de São Malaquias, volume saído a lume pela Zéfiro e que conta com uma aprofundada introdução da sua autoria.

sábado, 9 de março de 2013

De António Carlos Carvalho, para a NOVA ÁGUIA 11

AQUI À ESCUTA COM O MAR AO FUNDO 

Costumo dizer, sem arrogância, apenas confessionalmente, que aprendi a escrever e a pensar lendo Vergílio Ferreira, desde Aparição ao resto das suas obras. Por isso mesmo me surpreendeu muito essa frase dele, agora tantas vezes citada, «Da minha língua vê-se o mar.» Frase, essa, refira-se, proferida em Bruxelas, a 1 de Outubro de 1991, quando lhe foi entregue o prémio Europália. Até então, pelo menos para mim, «da língua de Vergílio Ferreira» via-se mais o labirinto das ruas e das casas de Évora, da cidade cenário da descoberta da existência, assim como as vozes da terra, das pedras (penedos e granitos) da sua Beira natal. Mas eis que, chegado a esse momento da sua vida, e perante esse palco europeu de Bruxelas (onde Portugal espantou os belgas e outros europeus com as imagens da sua grandeza passada e da sua profunda diferença), Vergílio Ferreira veio dizer, ou lembrar, que «a alma do meu país teve o tamanho do mundo» e que «Uma língua é o lugar de onde se vê o mundo e de ser nela pensamento e sensibilidade. Da minha língua vê-se o mar. Na minha língua ouve-se o seu rumor como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi em nós a da nossa inquietação. Assim o apelo que vinha dele foi o apelo que ia de nós. E foi nessa consubstanciação que um novo espírito se formou.» E ainda: «E do meu país vislumbrava-se o infinito que nos acenava de além do mar.» De repente, no coração da Europa e num momento, raríssimo, de exaltação da História e da Cultura portuguesa, o velho mestre, detestado (incompreendido) por quase todos à direita e à esquerda, eterno exilado em Lisboa, vinha sublinhar o essencial da nossa razão de ser enquanto povo e nação e falantes da «minha doce língua portuguesa». E também de repente, nessa alocução, Vergílio Ferreira parecia subitamente (estranhamente…) próximo de alguém que ele não amava muito mas que admirava muitíssimo: Fernando Pessoa

(excerto)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Este Sábado: "RENÉ GUÉNON E A TRADIÇÃO INICIÁTICA"

Curso

RENÉ GUÉNON

E A TRADIÇÃO INICIÁTICA

Da Metafísica do Ocidente e do Oriente até“A Crise do Mundo Moderno”
com ANTÓNIO CARLOS CARVALHO
8 Dezembro, 15h-19h (Sábado)
Inscrições Limitadas: casadofauno@gmail.com
Embora nem todos o conheçam ou reconheçam ainda, não é possível que alguém que se debruce seriamente sobre as origens da crise do nosso tempo deixe de «tropeçar», mais cedo ou mais tarde, na obra e no pensamento de René Guénon (1886-1951).
Em Portugal, estão publicados os seguintes títulos da sua autoria: «A Crise do Mundo Moderno», «São Bernardo», «O Esoterismo de Dante», «O Rei do Mundo», «O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos». Os primeiros três foram editados pela Vega, na colecção Janus que dirigimos entre 1976 e 1978 (havia a intenção de se publicar mais obras de Guénon, porém o projecto foi interrompido); os outros dois foram editados, respectivamente, pela Minerva e Edições 70, e pela Dom Quixote.
Embora as obras completas de Guénon totalizem duas dezenas de títulos, bastam os acima referidos para que se possa ter uma ideia da importância deste autor, que foi um «separador de águas», separando o trigo do joio na vaga de «ocultismo» e interesse pelas coisas orientais que invadiu o Ocidente na sua época – e que prossegue na nossa.
Neste curso breve pretendemos realçar as linhas desse pensamento, resultado de um percurso de estudo e aprofundamento das questões essenciais da metafísica ocidental e oriental – da Tradição – que Guénon levou a cabo durante toda a sua vida, algumas vezes em diálogo com outros como Ananda Coomaraswamy ou Julius Evola, de quem falaremos também.
Também não deixaremos de examinar estranhas lacunas nesse mesmo pensamento, como a ausência de Portugal e da nossa Ordem de Cristo na abordagem do papel dos Templários, ou a da arte tradicional.
E, como veremos, muito do que Guénon escreveu é hoje absolutamente essencial para entendermos melhor este final de ciclo.
António Carlos Carvalho editou e traduziu as obras de René Guénon na editora Vega, e é autor do prefácio e notas de «A Crise do Mundo Moderno», 1977.

Valor: 20 € | Grupos de 2 ou mais pessoas: 15 € / pessoa
Inscrições: casadofauno@gmail.com

terça-feira, 9 de outubro de 2012

De António Carlos Carvalho, sobre a «Arte de Ser Português», de Teixeira de Pascoaes, e a «História Secreta de Portugal», de António Telmo



Ambas as obras [a «Arte de Ser Português», de Teixeira de Pascoaes, e a «História Secreta de Portugal», de António Telmo] foram publicadas em momentos decisivos da nossa História: a primeira em 1915, cinco anos depois de implantada a República, com tudo o que esta tinha significado de tentativa de re-fundação do País; a segunda em 1977, três anos depois de uma suposta revolução que prometia concretizar todas as esperanças e dar nova vida a um país totalmente mergulhado na decadência e à deriva no mar da História. António Telmo salientava então: «Fala-se ainda de Pátria, mas já ninguém sabe o que ela é»

Excerto do prefácio à reedição de «História Secreta de Portugal», de António Telmo

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

De António Carlos Carvalho, sobre Manuel Laranjeira: para o próximo nº da NOVA ÁGUIA

Pelo meu lado, e conhecendo bem as afinidades existentes entre Portugal e o Japão (outro «país de suicidas»), não posso deixar de me lembrar dos suicídios de dois grandes escritores japoneses, Yukio Mishima e Yasunari Kawabata, respectivamente em 1970 e 1972.
Sem querer ir mais além nesta anotação, recordo apenas estas palavras de Mishima, no seu discurso desesperado às Forças de Auto-Defesa do Japão, momentos antes de se suicidar ritualmente: «Onde está hoje o vosso espírito nacional? Os políticos não se preocupam com o Japão. Têm a ganância do poder.» Laranjeira disse o mesmo, fez o mesmo apelo no seu tempo. Quem os ouviu…?
(excerto)

domingo, 8 de janeiro de 2012

António Carlos Carvalho: para o próximo nº da NOVA ÁGUIA


Um Resto de Portugal...

No princípio era a esperança. E nós devemos acrescentar: no princípio e no fim de toda a espera.

Se queremos subsistir mais cem anos, pelo menos, se queremos cumprir o nosso destino (Pessoa fala disso na «Mensagem»), guardemos na nossa Arca o essencial e enfrentemos os novos dilúvios.

(excerto)

domingo, 6 de março de 2011

Próximos Eventos Culturais na Casa do Fauno, Sintra


PRÓXIMOS EVENTOS CULTURAIS
CASA DO FAUNO, SINTRA

PALESTRAS:
Entrada Livre


AS SOCIEDADES SECRETAS | Jorge de Matos
16 Março, 21h (4ªf)

SCRYABINE, O ACORDE MÍSTICO E O SEU MYSTERIUM | Paulo Brandão
31 Março, 21h (5ªf) - Entrada Livre


CURSOS:
Inscrições Limitadas

A ATLÂNTIDA - MAIS DO QUE UM MITO | Manuel J. Gandra
27 Março, 14h30-19h (Dom)

LER NAS PEDRAS | António Carlos Carvalho
2 e 9 Abril, 15h-18h (Sáb)

KABBALAH: TEORIA E PRÁTICA | Paulo Brandão
Primeira 3ªf de cada mês
Início: 5 Abril, 20h-22h (3ªf)

GEOMÂNCIA OCIDENTAL | Manuel J. Gandra
30 Abril, 14h30-19h (Sáb)

Mais Informações: www.zefiro.pt/eventos_culturais_net.htm

Local: Casa do Fauno, Sintra (Quinta dos Lobos, Caminho dos Frades - a 500 m da Quinta da Regaleira)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Esta quarta

Sociedade da Língua Portuguesa

Instituto de Cultura

Instituição de Utilidade Pública

Membro-Honorário da Ordem do Infante D. Henrique

Lisboa, 8 de Novembro de 2010

Prezado/a Amigo/a

Vimos convidá-lo/a a assistir à conferência A inquisição vista por Alexandre Herculano, proferida pelo Dr. António Carlos Carvalho no dia 10 de Novembro, 4ª feira, às 18.30 horas na sede da SLP.

A entrada é livre.

Informações pelos telefones 213 533 458 / 213 573 204, das 13.30 às 19.30 horas, de 2ª. a 6ª. feira, ou pelo correio electrónico soclingport@gmail.com

Com os nossos cumprimentos

A Presidente da Direcção

Dra. Elsa Rodrigues dos Santos

R. Mouzinho da Silveira, 23 1250-166 Lisboa Telef. 213 533 458

www.slp.pt soclingport@gmail.com

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Diário da NOVA ÁGUIA: 25 de Setembro


Foi uma sessão muito estimulante a de Sábado, em Alcochete. Após um agradável almoço, o Presidente da Autarquia, Luís Franco, abriu o Colóquio onde o António Carlos Carvalho e o Pedro Martins se debruçaram sobre o centenário da República. Não ficou pedra sobre pedra, como na capa do próximo número da NOVA ÁGUIA…

Antes do moscatel da praxe, houve ainda tempo para apresentarmos o quinto número da NOVA ÁGUIA e o segundo número dos CADERNOS DE FILOSOFIA EXTRAVAGANTE…

Depois de amanhã, em Bragança, será o último lançamento da NOVA ÁGUIA nº 5. A nº 6 já está mesmo a chegar...

sábado, 19 de junho de 2010

Sobre Saramago

Lamento muito mas não posso alinhar no coro angélico que pretende canonizar José Saramago, agora que morreu lá em Lanzarote onde se tinha auto-exilado. Sei que é uma coisa típica portuguesa: sempre que alguém morre por cá passa automaticamente a ser uma excelente pessoa, com lugar garantido no Céu.

Já tinha acontecido o mesmo com Álvaro Cunhal (que pretendeu transformar Portugal num satélite do Sol soviético) e agora repete-se com outro camarada.

E se falo de Cunhal agora é também porque Saramago teve -- convém lembrar -- comportamentos estalinistas públicos:

- primeiro em 1975, quando fez parte da direcção do «Diário de Notícias» e«saneou» (expressão característica dessa época sinistra) 24 jornalistas desse mesmo jornal, onde fora colocado para actuar como comissário político -- e nessa altura, eu, que nunca tenho participação política por descrer da mesma, desci à rua e juntei-me à manifestação na Avenida da Liberdade para protestar contra os tais saneamentos;

- depois quando mandou apagar (à boa maneira estalinista) o nome daquela a quem devia tanto -- a escritora Isabel da Nóbrega, uma grande senhora e excelente escritora que lhe ensinara a comer à mesa e lhe abrira portas do mundo literário -- nas dedicatórias dos livros que escrevera no tempo em que viveram juntos e os substituiu, nas reedições, pelo nome da nova mulher, Pilar del Rio, que nem sequer conhecia quando escreveu e publicou «Levantado do Chão», «Memorial do Convento» e outras obras.

Aliás, valia a pena analisar a obra de Saramago tendo em vista os livros que escreveu no tempo de Isabel da Nóbrega e os que escreveu depois, no tempo de Pilar del Rio. Só para perceber as diferenças e tirar as necessárias conclusões…

E já agora convém igualmente lembrar esses livros lamentáveis deste último período, «O Evangelho segundo Jesus Cristo» e «Caim», iniciativas de marketing para chamar a atenção, através do escândalo provocado, sobre a própria obra. Certamente foi Pilar del Rio que lhe forneceu os temas e os materiais para tais iniciativas. Nada melhor do que um escândalo ou uma polémica para «dar vida» às vendas nas livrarias.

E a manobra resultou, como sabemos. O Homem é como uma árvore, e, tal como a árvore, reconhece-se pelos frutos. Não se pode separar o Homem e a obra como se fossem os compartimentos estanques de um submarino.

Na nossa avaliação de um escritor, creio nisso absolutamente, tem sempre de entrar em linha de conta o ser humano que ele é, ou foi, e o que ele fez do dom que recebeu de Deus. E claro que, para além desta poeira dos dias de hoje, o que resta, e permanecerá, é o Juízo Final -- e esse não pertence aos homens, mas a Deus. De quem, aliás, Saramago disse e escreveu tudo o que sabemos. E que nos envergonha.


António Carlos Carvalho

http://filosofia-extravagante.blogspot.com/2010/06/anotacoes-pessoais-41.html#comments

sábado, 2 de janeiro de 2010

Sobre a situação cultural de hoje...

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A Pele e a Terra

Se me perguntam qual é a situação cultural em Portugal neste momento, respondo com outra pergunta: a que é que chamamos cultura, hoje?
Porque essa palavra, esse conceito, não tem o mesmo significado para todos – sobretudo hoje, em que se ouve falar de «cultura de responsabilidade», «de civismo», «de transparência», disto e daquilo, como se afinal tudo fosse ou pudesse ser cultura. Como se a cultura fosse um somatório de comportamentos ou de princípios morais e éticos.
O que não é forçosamente errado – é simplesmente diferente da noção de cultura que nos foi incutida desde o século XIX: a cultura era sobretudo o campo das artes, das letras e das ciências; culto era o sujeito capaz de se deixar encantar com um certa ária de ópera, uma cantata de Bach, um soneto de Camões, uma página de Cervantes, Balzac ou Eça, uma escultura grega, um quadro de Rembrandt, etc. – e de os saber reconhecer e identificar.
A cultura é uma invenção europeia, como quase tudo, e também ela teve de sofrer as vicissitudes da História deste nosso continente. Convém lembrar aos mais esquecidos que em Outubro de 1914, com a I Guerra Mundial já a mostrar a sua inédita capacidade de destruição, um jornal de Berlim publica um célebre manifesto no qual noventa e três sábios de renome mundial, entre eles diversos prémios Nobel, defendiam a causa alemã como sendo a que representava a «Kultur», em contraste com as tendências corruptoras da «Zivilisation» moderna, mecânica e sem alma, representada nesse conflito pelas forças aliadas contra a tal Alemanha culta.
É igualmente oportuno lembrar o que escreveu George Steiner num livrinho precioso intitulado «No Castelo do Barba Azul – Algumas Notas para a Redefinição de Cultura»:
«Poucas tentativas se fizeram no sentido de ligar o fenómeno de primeira grandeza da barbárie do século XX a uma teoria mais geral da cultura. Foram raros os que puseram ou sondaram a questão das íntimas relações existentes entre as formas do inumano e a matriz ambiente contemporânea da civilização avançada. Mas o certo é que a barbárie que sofremos reflecte, em numerosos pontos precisos, a cultura de onde brotou e quis profanar. A arte, as investigações intelectuais, o desenvolvimento das ciências da natureza, múltiplos sectores de actividade universitária floresceram numa estreita proximidade espacial e temporal relativamente aos campos de extermínio. (...) Porque é que as tradições humanistas e os modelos de comportamento correspondentes se revelaram defesas tão frágeis contra a bestialidade política? De facto, seriam uma defesa, ou será mais realista identificarmos na cultura humanista apelos expressos ao autoritarismo e à barbárie? Não vejo como um debate sobre a definição de cultura e sobre a viabilidade da ideia de valores morais possa evitar estas questões. Uma teoria da cultura, uma análise da nossa situação de hoje, que não logre considerar no seu eixo as modalidades do terror que levou à morte, por meio da guerra, da fome e do massacre deliberado, cerca de setenta milhões de seres humanos na Europa e na Rússia, entre o início da Primeira Guerra Mundial e o fim da Segunda, não pode deixar de me parecer irresponsável.»
«Compreendemos hoje que as manifestações extremas da histeria colectiva e da selvajaria de massa podem coexistir com uma conservação e até um desenvolvimento simultâneos das instituições, organismos burocráticos e códigos profissionais da alta cultura. Por outras palavras, as bibliotecas, museus, teatros, universidades, centros de investigação, nos quais e através dos quais a transmissão das humanidades e das ciências tem fundamentalmente lugar, podem prosperar na vizinhança dos campos de concentração.»
E o mesmo Steiner a lembrar-nos que os torcionários e manipuladores das câmaras de gás eram muitas vezes conhecedores ávidos ou mesmo executantes das composições de Bach e Mozart, ou admiradores e estudiosos de Goethe e Rilke.
A essas observações, escritas em 1971 mas que continuam actualíssimas, podemos nós acrescentar que nesses mesmos anos 40, mas do outro lado da barricada, se inventou o «bombardeamento cultural» («cultural bombing») -- os bombardeiros aliados arrasaram sistematicamente alvos culturais alemães, como a Biblioteca Nacional de Munique (500 mil livros destruídos) ou a biblioteca universitária de Hamburgo (625 mil livros) – no total, cerca de oito milhões de livros consumidos pelo fogo. Apenas alguns exemplos desse catastrófico cenário de destruição, a que a cultura não escapou.
E tudo isso faz parte da nossa herança, por mais que nos doa. Ou por mais que tudo façamos para o ocultar na «cultura de amnésia» hoje vigente -- porque a memória só é exigida aos nossos computadores... Os mesmos computadores em que brincamos com jogos de guerra, aliás. Isto porque, já agora, também vigora hoje uma «cultura de virtualidade» em que nada é real (até nos tocar na pele) e tudo é «faz de conta».
A grande vencedora dos dois maiores conflitos mundiais foi a cultura americana. E um dos dados dessa mesma cultura é o espectáculo, sob as formas do cinema e da televisão, obviamente, mas também das outras artes e sobretudo dos nossos comportamentos: não preciso de ser realmente isto ou aquilo, basta que pareça (e apareça) assim aos olhos dos outros, numa cultura em que tudo se mostra e deve ser mostrado («público» e «privado» confundem-se). Se eu não aparecer na televisão, nos jornais, nas revistas, na Internet, é como se não existisse: estou social e culturalmente morto. Apareço (e pareço), logo existo...
Outra vencedora, e de matriz americana, do violento século XX foi a informação, tantas vezes confundida com a cultura. E confundindo mesmo os espíritos mais perspicazes, como o mediático Umberto Eco: «Cultura não é saber quando morreu Napoleão. Cultura significa saber como vou descobrir isso em dois minutos» ... Mas, digo eu, esse saber não é sabedoria nem é cultura, continua a ser informação. Uma informação omnipresente na nossa sociedade maioritariamente urbana, através da televisão, da rádio, dos jornais (cada vez menos), da Internet, da publicidade – palavras e imagens competindo entre si para nos darem conta do que se passa à nossa volta. Mas dentro de nós, quem nos diz como somos e estamos?
Todos nós conhecemos pessoas famosas por serem «cultas», exemplares nos diversos ramos da cultura erudita, mas que, quando nos aproximamos delas, se revelam seres humanos pouco edificantes, às vezes execráveis, ou simplesmente tão desinteressantes que nos levam a perguntar: mas como é que uma pessoa assim conseguiu criar uma obra tão bela...? Pessoalmente, tendo passado por demasiadas experiências penosas desse tipo, considero que estamos perante um dos enormes mistérios da criação...
É como se a tal cultura fosse apenas uma pele, ou uma capa, um acessório alugado num guarda-roupa cultural, e destinado a figurar neste baile de máscaras global.
«Global» -- aí está outra palavra que faz parte do nosso vocabulário cultural contemporâneo. E com toda a razão: a cultura que temos hoje é sobretudo global, ou seja, de matriz americana. Tal como outrora todos os caminhos (aliás, estradas romanas) iam dar a Roma, também hoje os nossos modelos vêm da América – mesmo o «multiculturalismo» veio de lá ...
Nesse aspecto a informação disponível é muito útil para fazermos estas comparações e sabermos a quantas andamos e o que nos querem impingir sob a capa da «originalidade». E que alimenta a chamada «indústria cultural», expressão horripilante que também nos chegou dos EUA, evidentemente (ainda está por fazer o rol dos malefícios da industrialização ...)
Um dos modelos culturais que hoje impera é o do horror disfarçado com o rótulo de «arte» e vendido por bom preço, graças ao nome que aparece na assinatura (os nomes, hoje, não têm significado espiritual – têm valor de mercado!) Sempre que me acontece entrar numa galeria ou até mesmo em casa de alguém e deparar-me com essas monstruosidades, além da dor que isso me provoca, dou por mim a perguntar: como é que se pode ter uma coisas destas diante dos olhos e não gritar, não adoecer, não ficar furioso com a humanidade...?
Talvez o Steiner tenha razão quando comenta: «Se fitarmos o medonho com demasiada insistência, acabamos por nos sentir insolitamente atraídos pelo medonho. Por vias estranhas, o horror mobiliza-nos a atenção, e concede às nossas capacidades limitadas uma ressonância de artifício.»
Tudo isso se aplica naturalmente ao caso cultural do nosso País, acerca do qual se deve ainda perguntar se a cultura que temos é mesmo nossa, se contém algo que seja especificamente português, ou se é apenas «global», como agora é moda e imperativo.
Nestes cem anos da «Águia», vem a propósito referir o que um dos seus vultos maiores, Teixeira de Pascoaes, escrevia em «Arte de Ser Português»:
«Ser português é também uma arte, e uma arte de grande alcance nacional, e, por isso, bem digna de cultura. (...) O fim desta Arte é a renascença de Portugal, tentada pela reintegração dos portugueses no carácter que por tradição e herança lhes pertence, para que eles ganhem uma nova actividade moral e social, subordinada a um novo objectivo comum superior. Em duas palavras: colocar a nossa Pátria ressurgida em frente do nosso Destino.»
Pascoaes escreveu esta cartilha cívica para ser ensinada nas escolas fundadas pela República. Agora que se assinalam cem anos da implantação dessa mesma República, o que faremos com este testamento espiritual do poeta, até agora nunca posto em prática?
Um outro poeta da mesma geração, Pessoa, afirmou que a cultura é um fenómeno espiritual e que a pátria era a nossa língua. Face a esses dados que fazem parte do nosso legado, que pátria é a nossa, quando a língua que hoje temos está reduzida a um léxico mínimo e a uma invasão de palavras e expressões americanas, usadas no original ou traduzidas à letra? Exemplos: timing, opinion makers, media (lido como «mídia»), outdoors, glamour, target, staff, procedimentos, corporações, janela de oportunidade, ícone, agendas, basicamente, interacção, pró-activo, no fim do dia, postura – e assim por diante...
O Pascoaes (sempre ele!), na mesma obra de 1915, definiu as características da alma portuguesa como sendo: termos uma língua e instituições próprias, uma História e antepassados exemplares, paisagem, gastronomia, igualmente próprias, e uma relação particular com o mar. Ora a língua está gravemente ferida, as instituições foram copiadas dos outros, a História é desprezada ou mal ensinada, os antepassados são meros desconhecidos, os monumentos estão a cair, a gastronomia ainda resiste apesar de ameaçada pela «nova cozinha» vinda do estrangeiro, a relação com o mar só subsiste nos pescadores que nos restam. Esse mar que foi o nosso deserto de nómadas e através do qual chegámos aos Orientes ... E hoje? Onde vamos? Fazemos turismo (os que podem) ou emigramos (à força, outra vez). Nem sequer conhecemos este País nem o seu património, nem a sua História. Geralmente são estrangeiros aqueles que nos mostram as riquezas que temos – e depois nós ficamos muito admirados...
Creio que a cultura não pode ser desligada da agricultura, no sentido em que qualquer cultura nasce da relação com uma certa terra e aqueles que a habitaram antes e habitam agora, e que a lavram misturando o seu suor com o húmus. Cultiva-se o espírito como se cultiva a terra. A cultura de um povo constitui a identidade de um certo grupo humano situado num determinado território ao longo de um certo período.
Creio, igualmente, que a chamada cultura, sempre ligada com a curiosidade e com o gosto de aprender, é o que nos permite ligar todas as coisas entre elas até formarem um tecido – como quem faz tapeçaria. É um entrelaçado ou um acto de amor.
Creio, finalmente, que a Bíblia está certa quando apela ao homem justo, e não ao homem culto; ao estudo, e não à enciclopédia; ao coração amoroso, e não à biblioteca recheada. Porque a sabedoria vem do coração, é coisa íntima, e a cultura, como sabemos, é demasiadas vezes uma simples pele, fina e frágil.
Afinal de contas, de que me serve ser «culto» se não cultivar esta terra que eu sou? Cultivá-la de modo a que dê frutos que alimentem os outros, os que têm fome.
De que me serve a cultura se ela não fizer de mim um ser humano melhor?
Mas claro que ingénuos como eu nunca terão cotação no tal mercado global.

António Carlos Carvalho