A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Oriente da Alma

Homenagem ao Nosso Poeta do Arquipélago dos Amores,
que Amanhã e (para) Sempre celebrará o seu Nascimento.

«A contemplação inerte não pode ser o ar que o espírito do homem pede para respirar! O ar da vida é outro... A vida! no seu voo para o céu, na sua sublime ambição ideal, foi isso que esqueceu ao Cristianismo - a terra, a vida.

VII
Viver! ser homem! Que mais alta ambição pode um coração conceber?
Círculo de ilimitado desejo que abraça a terra, o horizonte até onde o olhar se perde, o espaço até onde se some a fantasia!
São as esperanças do céu e os cuidados da terra. Os ardentes amores do mundo, e as vagas aspirações de além túmulo. O finito deste momento que se sente, e o infinito da duração que se adivinha. O que as Religiões da Natureza podem dar à vida de calor e força, e o que podem inspirar de lânguido e místico as Religiões do Espírito. É pensar, crer, pressentir e amar! Erguer-se para cima, sem por isso desprezar o palmo de terra aonde se firmam os pés. Inclinar a cabeça sobre o brando regaço da realidade, sem esquecer o áspero caminho do ideal por onde tem de se seguir. Aonde há aí lei, religião, código que contenha no abraço ambicioso maior porção de verdade, da vida universal? A certeza do roteiro, que, para guiar-nos, nos dão esses pilotos de mares encobertos some-se, esvai-se na orla do horizonte que abrangem com os olhos. Para lá é o desconhecido; o oceano do possível - e os caminhos estão todos por abrir!
Uma bússola só, por fatídico condão, aponta o Norte e o Sul. Mas não é a civilização dum ou outro século, a tradição desta ou daquela raça, o absoluto que uns sonham para que outros acordem em face do nada - um código ou uma religião -. É o secreto instinto da vida! a revelação natural! a voz da lei humana!

(...) como se explica o próprio facto do movimento, que deste modo está em toda a parte sem estar em parte alguma? que é por toda a parte efeito, sem ter causa em parte alguma? como se concebe esse modo de ser, que, não tendo autonomia em nenhum dos pontos onde se realiza e realizando-se universalmente, parece ser e não ser ao mesmo tempo?

A causa do fenómeno está na mesma natureza do ser onde ele se dá, ou antes, do qual ele é essencial modalidade. "No fundo, a verdadeira causa dos fenómenos reside no ser dos mesmos fenómenos, cujo fim último é a afirmação plena de si mesmo." (Comentário de Leonel Ribeiro dos Santos)
(...) na espontaneidade inconsciente da matéria está a raiz do que na consciência e na razão se chama verdadeiramente liberdade.»
Antero de Quental, Filosofia

«Se há só seres, como existe o bem, a harmonia e a beleza?
(...) O Absoluto e o Relativo não são opostos irreconciliáveis como o não são a Razão e a Realidade; mas encontram-se na Experiência, como, e igualmente, na Memória se encontra o idêntico e o diverso, o subsistente e o transitório.»
Leonardo Coimbra, O Pensamento Filosófico de Antero de Quental

«As religiões antigas não faziam da alma humana prisioneira dum dogma imutável. Sentiam ser ela mesma o verdadeiro dogma. Abriam o seio a cada palavra inspirada e transformavam-na em sangue do coração...»
Antero de Quental, Prosas da Época de Coimbra

«Deixemo-nos de nénias - enterremos
As antigas paixões!
É d'ar puro e de luz que nós vivemos...
E nossos corações
De luminoso amor, d'amor contente,
Disso querem viver eternamente!

Viver de flores, como insecto alado...
E, como ave, de cantos
Viver de beijos, de prazer sagrado..
Sim, de prazeres santos,
Como homem que embala noite e dia
O fecundo regaço da alegria!

Serena fonte, que nos banha a vida
Em dulcíssimas águas:
E, através da existência dolorida,
Nos lava as velhas mágoas...
A alma parece nova: e limpa e bela,
Brilha em face de Deus, como uma estrela!

Brilha em face do mundo! Resplandece
Como lúcida aurora!
É o sol da ventura, que alvorece!
Vale e monte colora
Co'as mil cores do íris da bonança...
E as mil do íris d'alma - a esperança!

Amor que espera e crê... amor ditoso...
Quer Deus que se ame assim!
Dormir no mundo o sono mavioso
De prazeres sem fim...
Passar como em triunfo, em mago enleio,
Mãos unidas e seio contra seio...

Põe teus olhos nos meus, para que veja
Luz melhor que a do céu...
O que dentro em teu peito rumoreja
Tudo, é tudo meu!
Meus são teus ais e minha essa harmonia
A que chamas amor, e eu poesia.

Poesia não são lágrimas... são beijos...
E abraços também...
Paixões não são suspiros... são desejos...
Quantos a vida tem!
Compõe com tuas mãos minha poesia
De paixão e de beijos e alegria.

Vem comigo na vida! Hei-de levar-te
Por caminhos de flores...
Cantará para ti, por toda a parte,
Um viveiro d'amores...
Eu sei o que é amor! estes conselhos
Amor tos dá - deixa falar os velhos!

Deixa, deixa-os dizer, os velhos sábios,
Que só sabem chorar!
Mulher bela, se Deus te pôs nos lábios
Botão de flor sem par,
Flor de luz e ventura... é por que o riso
A abra e transforme em flor do Paraíso!»
Antero de Quental, Primaveras Românticas

«Mete-se a mão no coração e fala-se - são palavras de vida as que assim se proferem. Que importa a tradição, o caminho trilhado, a ordem velha? Longe, nas últimas brumas, se perdem as extremas orlas do antigo continente. Incerto crepúsculo! e nenhuma carta diz o rumo que indicam as estranhas constelações desse hemisfério, pela vez primeira avistadas! Mas, lá para o Oriente, vê-se um brilho pálido no céu, como reflexo de luzes à distância. Para lá se inclina a alma. Para esse lado, o lado da luz, há (...) um novo mundo a descobrir!»
Antero de Quental, Prosas da Época de Coimbra

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