A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

In NOVA ÁGUIA nº 36: III ENCONTRO EÇA DE QUEIROZ, 150 ANOS

 


EÇA DE QUEIROZ MEDIEVALISTA: O CONTO DE SIR GALAHAD

Ana Margarida Chora…66

A ITÁLIA EM EÇA, EÇA EM ITÁLIA

Brunello Natale De Cusatis…72

O FILÓSOFO FRADIQUE MENDES E OS FILÓSOFOS DE FRADIQUE (RECORDANDO ALFREDO CAMPOS MATOS)

César Tomé…76

ALGUNS CONTOS DE EÇA DE QUEIROZ E O CONTO “JOSÉ MATIAS” EM PARTICULAR

Jorge Chichorro Rodrigues…87

A HAGIOGRAFIA QUEIROSIANA À LUZ DE JAIME CORTESÃO

José Almeida…90

EÇA DE QUEIRÓS CRONISTA: ANNABELA RITA E O ESTATUTO LITERÁRIO DA CRÓNICA

Miguel Real…95

EÇA E CONDE DE FICALHO, A AMIZADE DE UMA VIDA

Paula Oleiro…99

domingo, 15 de outubro de 2023

16 de Outubro: 3º Congresso Internacional Eça de Queiroz, 150 Anos

14h00  Abertura
14h15  Painel I
Eça, mais uma vez | Annabela Rita A Itália em Eça. Eça em Itália | Brunello Natale De Cusatis O filósofo Fradique e os filósofos de Fradique (recordando Alfredo Campos Matos) | César Tomé A hagiografia Queirosiana à luz de Jaime Cortesão | José Almeida Eça e Conde de Ficalho: a amizade de uma vida | Paula Oleiro
16h15  Intervalo
16h30  Painel II
Eça de Queiroz medievalista: o conto de Sir Galahad | Ana Margarida Chora A ironia de Eça de Queiroz e Bocage | Daniel Pires "Uma vasta e rica mina d'arte" - reações e críticas a O Crime do Padre Amaro | Irene Fialho Alguns contos, com especial incidência no conto "José Matias" | Jorge Chichorro Rodrigues As crónicas de Eça | Miguel Real
18h30  Apresentação da NOVA ÁGUIA, n.º 32
Com os textos apresentados no «2.º Congresso Internacional. Eça de Queiroz, 150 anos» |
Renato Epifânio
21h30  "Vultos da Cultura Lusófona: Eça de Queiroz" (on-line)

Entrar Zoom Reunião
https://us06web.zoom.us/j/82134158907

ID da reunião: 821 3415 8907

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Sobre Eça de Queiroz, na NOVA ÁGUIA 32...

 

“UM RISO QUE PELEJA”: NOS 150 ANOS D’AS FARPAS DE EÇA E RAMALHO | Álvaro Costa de Matos…18

CONFIGURAÇÕES IDENTITÁRIAS NA FICÇÃO QUEIROSIANA | Annabela Rita…24

A VERTENTE INTIMISTA E A FRATERNIDADE UNIVERSAL NA PROBLEMÁTICA RELIGIOSA DE EÇA DE QUEIROZ | Brunello Natale De Cusatis…27

EÇA DE QUEIRÓS E “O DOM AUGUSTO DE RIR” | Carlos Nogueira…35

A IRONIA COMO FILOSOFIA EM FRADIQUE MENDES | César Tomé…45               

EÇA DE QUEIROZ NA “COLEÇÃO MESTRES DA LÍNGUA PORTUGUESA” | Jorge Chichorro Rodrigues…53

CHARLES BAUDELAIRE EM CARLOS FRADIQUE MENDES | La Salette Loureiro…57

“PANTEÍSMO CRÍSTICO”: O “PANTEÍSMO FANTÁSTICO” COMO REPRESENTAÇÃO DA MATERIALIDADE DE CRISTO | Manuel P. Fernandes…73

O ANTICLERICALISMO COMO UM PANO DE FUNDO NAS CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS | Manuel Gama…80

EÇA DE QUEIROZ NO CHILE: A OBRA DE JOAQUÍN EDWARDS BELLO | Maria do Carmo Cardoso Mendes…92

O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA, UM ROMANCE SINGULAR NA LITERATURA PORTUGUESA | Paula Oleiro…95

A QUESTÃO DE DEUS NA ESPIRITUALIDADE ROMÂNTICA E NATURALISTA DE EÇA DE QUEIROZ | Samuel Dimas…102

domingo, 25 de novembro de 2012

Faria hoje 167 anos...



"Nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá ...vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal".

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

TESTEMUNHOS DE EÇA E GARRETT SOBRE ALEXANDRE HERCULANO





DA MEMÓRIA… JOSÉ LANÇA-COELHO

Tendo como pano de fundo o 2º Centenário do nascimento de Alexandre Herculano (1810-2010), julgamos importante divulgar as opiniões dos seus contemporâneos a seu respeito.

Comecemos, então, por Eça de Queirós (Póvoa do Varzim, 25 de Novembro de 1845-Paris, 16 de Agosto de 1900). Para além de duas passagens, uma em As Farpas, que escreveu de início em parceria com Ramalho Ortigão (Porto, 24 de Outubro de 1836-Lisboa, 27 de Setembro de 1915), e outra na novela Alves & Cª, o nosso cônsul em Paris, dedica-lhe um trecho no seu livro Os Maias.

João da Ega, alter-ego de Eça, explicando a Afonso da Maia, o motivo pelo qual não deseja publicar livros, diz: «Não vale a pena sr. Afonso da Maia. Neste país, no meio desta prodigiosa imbecilidade nacional, o homem de senso e de gosto deve limitar-se a plantar com cuidado os seus legumes. Olhe o Herculano…».

O velho Afonso, também ele um ‘Herculano’, que se desterrou na Beira, abandonando a vida política activa, depois dum exílio em Inglaterra, responde ironicamente que, nem isso, Ega fazia.

Por seu turno, o neto de Afonso, e colega de Ega, Carlos da Maia reforça a ideia ‘vegetariana’ defendida pelo amigo, afirmando: «A única coisa a fazer em Portugal é plantar legumes, enquanto não há uma revolução que faça subir à superfície alguns dos elementos originais, fortes, vivos, que isto ainda encerra lá no fundo.» E se não encerrar absolutamente nada, Carlos, alvitra que nos demitamos do país e «passemos a ser uma fértil e estúpida província espanhola, e plantemos mais legumes».

O irónico diálogo transcrito, encerra os desejos e as frustrações da geração do próprio Eça, equiparando-a aos revolucionários de 1820, aos vencedores de 1834 e ainda aos intelectuais de 1851, diante da tarefa fundamental de «regenerar» um país tiranizado nas suas mais diversas vertentes.

Alexandre Herculano diante desta hérculea tarefa, ensaiara uma reforma cultural, partindo da investigação das fontes historiográficas, combatendo os mitos, - como o exemplo paradigmático do aparecimento de Jesus Cristo a D. Afonso Henriques (Guimarães ou Viseu, 1109?-Coimbra, 6 de Dezembro de 1185) antes da batalha de Ourique, o que lhe valeu graves e profundas diatribes com a igreja Católica -, porém, sem o sucesso esperado, refugiara-se em Vale de Lobos, escrevendo e produzindo azeite.

E a geração de Eça, a de 70, a dos conferencistas do Casino amordaçados pelo marquês de Ávila (8 de Março de 1806-3 de Maio de 1881), que tinham feito? «Os Vencidos da Vida», como os próprios se autointitulavam, tinham simplesmente desistido! Jantavam no hotel Bragança, falavam, fumavam charutos, alguns formavam governo ou emprestavam os seus nomes aos ministérios do rei D. Carlos (Lisboa, 28 de Setembro de 1863-id., 1 de Fevereiro de 1908) e, nem sequer, plantavam legumes!

E já que continuamos na flora vegetal, ouçamos o que diz o companheiro de exílio em França e Inglaterra de Herculano, Almeida Garrett (Porto, 4 de Fevereiro de 1799-Lisboa, 9 de Dezembro de 1854), que desenganado da vida política, não da Regeneração, mas do Cabralismo, escreve nas suas Viagens na Minha Terra (1846): «Plantai batatas, ó geração do vapor e do pó de pedra; macadamizai estradas; fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro (…). Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras (…), comprai, vendei, agiotai.»

Por seu turno, Alexandre Herculano garante em 29 de Outubro de 1851, portanto já durante a Regeneração, em artigo não assinado saído em «O País», jornal fundado pelo historiador, que a nossa «história política é uma série de desconchavos, de torpezas, de inépcias, de incoerências indesculpáveis, ligadas contudo por um pensamento constante, o de se enriquecerem os chefes de partido! (…). Hoje achá-los-eis progressistas, amanhã reaccionários; hoje conservadores, amanhã reformadores; olhai porém com atenção e encontrá-los-eis sempre nulos”.

Curioso é o facto, de ter sido em casa de Alexandre Herculano que se preparou a revolução que, encabeçada por Saldanha (1790-1876), daria início ao período da História de Portugal conhecido por «Regeneração» (1851 em diante).

Por outro lado, Herculano recusou a pasta do Reino que lhe foi então proposta, vindo algum tempo depois a situar-se mesmo na oposição à sua nova situação política, ao contrário do seu amigo Almeida Garrett que, aceitou a pasta dos Negócios Estrangeiros (1852).

domingo, 20 de dezembro de 2009

Texto que nos chegou...

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EÇA, CAMILO E PESSOA NA REVISTA A ÁGUIA

I - EÇA DE QUEIRÓS

A revista A Águia teve cinco séries, começando a publicar-se a 1 de Dezembro de 1910, cerca de dois meses após a implantação da República.
A Iª série teve 10 números, estendeu-se entre Dezembro de 1910 e Julho do ano seguinte, tendo como director e proprietário, Álvaro Pinto (Barca de Alva, Figueira de Castelo Rodrigo 29.11.1889-Lisboa 25.2.1956). A sua periodicidade era quinzenal e, anunciava-se como “Revista de Literatura e Crítica”.
A IIª série envolveu 120 números, entre Janeiro de 1912 e Outubro de 1921, tendo três directores – o literário, Teixeira de Pascoaes (Amarante 2.11.1877-Gatão, Amarante 14.12.1952); o artístico, António Carneiro (Amarante 16.9.1872-Porto 31.3.1930); o científico, José de Magalhães (Mocâmedes, Angola 7.1.1867-?) – e um secretário, Álvaro Pinto. A sua periodicidade passou a mensal, a revista apresentou-se como “de Literatura, Arte, Ciência, Filosofia e Crítica Social”.
A IIIª série publicou 60 números, entre Julho de 1922 e Dezembro de 1927, tendo como director Leonardo Coimbra (Felgueiras 30.12.1883-Porto 2.1.1936), e passou a intitular-se “Propriedade e Órgão da Renascença Portuguesa”.
A IVª série publicou 12 números, entre Janeiro de 1928 e Dezembro de 1929, apresentando uma comissão directiva constituída por Hernâni Cidade (Redondo 7.2.1887-Évora 2.1.1975) Leonardo Coimbra, José Teixeira Rego (Matosinhos 1881- id. 1934) e António Carneiro, que apenas se manterá até ao nº 7-8 de Janeiro-Março 1929, altura em que saem Hernâni Cidade e José Teixeira Rego, e entram Sant’Anna Dionísio (Porto 23.2.1902-id. 6.5.1991) e Adolfo Casais Monteiro (Porto 4.7.1908-S. Paulo 23.7.1972), este último só ficará até ao nº12.
Finalmente, a Vª série só publicou 3 números, entre Janeiro e Julho de 1932, sendo dirigida de início, apenas por Leonardo Coimbra e Sant’Anna Dionísio, a que se juntaram a partir do nº 2-3, Delfim Santos (Porto 6.11.1907-Cascais 26.9.1966) e Aarão de Lacerda (Porto 1890-Curia, Tamengos, Anadia 7.9.1947).
Após uma leitura atenta dos índices de todos os números que constituem a revista «A Águia», são inúmeros, extremamente sugestivos e interessantes, os temas que se podem elencar numa abordagem exaustiva aos conteúdos tratados por esta publicação do princípio do século XX e de uma incipiente República que começava a dar os seus primeiros passos.
De uma vasta gama de assuntos, comecemos então por tratar aquele que diz respeito ao prosador português mais lido – ainda actualmente - de todos os tempos – Eça de Queirós (Póvoa do Varzim 1845-Paris 1900).
Assim, consideremo-lo em duas perspectivas, numa primeira, aquilo que foi escrito acerca da sua vastíssima obra, pelos colaboradores de A Águia e, numa segunda, o próprio material do escritor que, após a sua morte em 1900, chegou às páginas desta revista cultural e filosófica do início do século XX e da República portuguesa, em que participou grande parte do escol da intelectualidade do país.
Comecemos, então, pela primeira das vertentes enunciadas, tendo como preocupação fundamental a citação dos seguintes vectores: a identidade do articulista (por ordem alfabética), o nome do artigo, a série e o número da revista em que está inserido, a data, e as páginas em que o podemos encontrar.
1 – A.M. (Augusto Martins?), «Bibliografia»: Foi Eça de Queirós um Plagiador? de Cláudio Basto, s. III, nº 28-30, Outubro-Dezembro 1924, pp. 157-159.
2 – ALBUQUERQUE, Mateus de, Eça de Queirós, s. II, nº 7, Julho 1912, pp. 32-36.
3 – BASTO, Cláudio (Viana do Castelo 1886-Porto 1945), À Memória de Eça de Queirós, s. III, nº 23-24, Maio-Junho 1924, pp. 173-178.
4 – CABRAL, António (Baião 15.1.1863-Lisboa 11.12.1956), Onde nasceu Eça de Queirós, s. II, nº 41, Maio 1915, pp. 182-188.
5 – FERREIRA, J. Bettencourt (Lisboa 22.3.1866-?), Nosso Pai venerável… Evocação literária do paraíso terrestre segundo o conto de Eça de Queirós: Adão e Eva, s. III, nº 55-57, Janeiro-Março 1927, pp. 23-37.
6 – MONTEIRO, Adolfo CASAES (Porto 4.7.1908-S.Paulo 23.7.1972), Notas biográficas sobre Eça de Queirós, s. IV, nº 6, Novembro-Dezembro 1928, pp. 177-180.
7 - «Bibliografia»: O Egipto – Notas de Viagem de Eça de Queirós, s. III, nº 43-48, Janeiro-Junho 1926, pp. 59-66.
A segunda vertente, constituída pelo material do próprio escritor, apresenta apenas uma entrada:
1 – QUEIRÓS, EÇA de, Últimas páginas – Trecho do S. Frei Gil, s. I, nº 6, 15-2-1911, pp. 6-7.


2 – CAMILO CASTELO BRANCO

Continuando a elencar os nomes dos intelectuais tratados pela revista de cultura A Águia, debruçamo-nos agora sobre o escritor de S. Miguel de Seide, o autor português mais profícuo, que, terá pago tal atributo, com a cegueira.
Seguindo a mesma metodologia utilizada para Eça de Queirós, iremos, por um lado, registar todos os autores que trataram na revista “A Águia”, Camilo Castelo Branco (Lisboa 1825-S. Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão 1890) e, por outro, citar as incursões que a obra deste autor teve na própria revista.
Assim, abordemos a primeira vertente referida:
ARAÚJO, Veloso de, A visita de Vieira de Castro a S. Miguel de Seide, s. III, nº 25-27, Julho-Setembro, 1924, pp. 72-85.
BASTO, Cláudio (Viana do Castelo 1886-Porto 1945), Obras de Camilo – A ‘Colecção do Centenário’, s. III, nº 21-22, Março-Abril, 1924, pp. 107-112.
CORTESÃO, Jaime (Ançã, Cantanhede 1884-Lisboa 1960), Camilo no Panteão dos Jerónimos, s. II, nº 23, Novembro 1913, p. 129.
______ A paisagem na obra de Camilo, s. II, nº 35, Novembro 1914, pp. 129-132.
FIGUEIREDO, Antero de (Lourosa, Viseu 1866-Porto 1953), Mulheres de Camilo, s. II, nº 8, Agosto 1912, pp. 42-44.
______ A prosa de Camilo, s. II, nº 12, Dezembro 1912, pp. 193-194.
LIMA, António Augusto Pires de, Uma nota para o estudo psicológico de Camilo, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 20-22.
LIMA, Augusto César Pires de (Sto. Tirso 1888-ib. 1959), A linguagem de Camilo, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 10-18.
MARTINS, Augusto, Para a história do monumento a Camilo, s. III, nº 21-22, Março-Abril 1924, pp. 126-129.
______ Para a história do monumento a Camilo, s. III, nº 23-24, Maio-Junho 1924, pp. 182-183.
MORAIS, Álvaro de, Camilo, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 5-6.
______ Camilo, id., id., id., p. 11 [versos].
«Bibliografia»: Camilo Castelo Branco – Sua Vida e sua Obra, de Oldemiro César, s. II, nº 36, Dezembro 1914, pp. 182-192.
______ A Primeira Mulher de Camilo, Alberto Pimentel, s. II, nº 58-60, Outubro-Dezembro 1916, pp. 186-195.
______ Camilo Castelo Branco na cadeia da Relação do Porto, de Alberto Teles, id., id., id., pp. 231-235.
VILA-MOURA, Visconde de [Bento de Oliveira C. C. Carvalho Lobo], ______Camilo inédito (Prefácio do livro), s. II, nº13, Janeiro 1913, pp. 1-3.
______Camilo inédito (sobre uma crítica de Júlio Dantas), id., id., id., pp. 92-93.
______ Fanny Owen e Camilo, id., nº 61-63, Janeiro-Março 1916, pp. 5-23.
______ As Cinzas de Camilo (da revista Estúdio), id., nº 75-76, Março-Abril, 1918, pp. 122-126.
______ Camilo e Manuel Negrão, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 8-9.
No concernente à segunda vertente, diremos que a colaboração póstuma de Camilo em «A Águia», é constituída em grande parte por cartas inéditas, relativas, sobretudo, aos anos de 1911, 1912 e 1914. Na s. III, nº 55-57, Janeiro-Março, 1927, p. 39 existe ainda uma carta de Camilo a seu sobrinho António de Azevedo Castelo Branco, relativa à morte de seu pai.

3 - FERNANDO PESSOA

Na passagem do 75º aniversário da publicação da Mensagem do génio Fernando Pessoa (Lisboa 13.6.1888-id. 30.11.1935), achámos por bem indicar a bibliografia activa e passiva do poeta dos heterónimos, na segunda série da revista A Águia, que por esta época, entre Janeiro de 1912 e Outubro de 1921, tinha como director literário, Teixeira de Pascoaes (Amarante 2.11.1877-Gatão, Amarante 14.12.1952), director artístico, António Carneiro (16.9.1872-31.3.1930), director científico, José de Magalhães (7.1.1867-?), e como secretário, Álvaro Pinto (29.11.1889-25.2.1956), que foi director e proprietário da primeira série.
No que diz respeito à bibliografia activa, registemos então as contribuições de Fernando Pessoa, nas páginas de A Águia:
“A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada”, nº 4, Abril 1912, pp. 101-107.
“Reincidindo”, nº 5, Maio 1912, pp. 137-144.
“A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico”, nº 9, Setembro 1912, pp. 86-94.
“A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico – II”, nº 11, Novembro 1912, pp. 153-157.
“A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico – conclusão”, nº 12, Dezembro 1912, pp. 188-192.
“As caricaturas de Almada Negreiros”, nº 16, Abril 1913, pp. 134-135.
“Na Floresta do Alheamento”, nº 20, Agosto 1913, pp. 38-42.
Como podemos constatar pelos sete títulos dos artigos acima enunciados, a contribuição de Fernando Pessoa para o conteúdo da revista A Águia, dirigiu-se, sobretudo, à poesia portuguesa, considerada em duas matrizes fundamentais, a sociológica e a psicológica.
Ao lado dos poetas, há também uma referência aos aspectos estéticos das caricaturas do seu colega modernista, Almada Negreiros (ilha de S. Tomé 7.4.1893-Lisboa 15.6.1970).
A bibliografia passiva do autor de O Banqueiro Anarquista nas páginas da revista A Águia é extremamente escassa, pois apenas um autor, António Cobeira, se referiu a ele, dedicando-lhe uns versos, intitulados “Elegia da Alma”, publicados na IIª série, nº 8, Agosto 1912, p. 59.


JOSÉ LANÇA-COELHO

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Do Agostinho sobre o Eça (II)

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AS RESPONSABILIDADES DE EÇA DE QUEIROZ

Poderosamente auxiliado pela cativante elegância, pelo humorismo deliciosamente delicado dos seus escritos, foi Eça de Queiroz um dos mais perigosos demolidores da célebre e nefasta geração de 75.
Enquanto Oliveira Martins estilizava com verdadeiro e indiscutível talento de prosador as velhas crónicas portuguesas e as inter¬pretava a seu sabor e modo, através da sua psicologia de homem culto do século XIX, não se integrando na época que historiava, não criando dentro de si um estado de espírito idêntico ao dos guerreiros e navegadores — cujas façanhas eram para ele pouco menos de assaltos de bandidos e viagens de piratas sanguinários — e envenenava deste modo a História Nacional; enquanto Ramalho Ortigão troçava com ar superior dos seus compatriotas porque estes não possuíam a segura, firme e desempenada marcha peculiar aos povos de raça saxónica e se não encontrava a cada canto um sábio ou artista; enquanto Guerra Junqueiro atacava impiedosamente com as suas sátiras, verdadeiramente juvenalescas pelo vigor da linguagem e pela brutalidade do sarcasmo aliadas a uma trovejante indignação, o Trono e a Religião, contribuindo assim de uma maneira poderosa para a anárquica situação em que hoje nos encontramos; Eça de Queiroz, com o seu indispensável e temível monóculo engastado na órbita, ia miudamente observando, para depois as fazer desfilar nos seus romances, todas as persongens más que encontrava, todos os ignorantes, todos os perversos, todos os cínicos. Todos os acontecimentos mais ou menos ridículos ele retalhava com o seu escalpelo de finíssimo analista e eram esses exactamente os únicos que ele apresentava aos olhos dos leitores.
Criava deste modo Eça de Queiroz um ambiente de desprezo pela pátria; talvez não fosse esta realmente — estou mesmo em crê-lo que o não era — a intenção do romancista, mas as consequências eram inevitavelmente — dada a propensão inata que tem todo o português para dizer mal do que é seu — uma antipatia cada vez mais pronunciada por tudo quanto existia e a esperança, dia a dia em aumento, de que uma mudança das instituições viria limpar de vez e aniquilar para todo o sempre aqueles que Eça de Queiroz tão bem retratava, ou melhor, caricaturava nos seus romances.

(...)

In Acção Académica, Porto, 15 de Outubro de 1925, ano I, nº 3, p. 3

Agostinho da Silva sobre Eça de Queirós

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Eça de Queirós (1845-1900), que tanto apreciou Oliveira Martins e tinha por Antero a veneração que se revela no seu artigo para o
In Memoriam (Um génio que era um santo, in Notas Contemporâneas), não possuía nem uma vasta inteligência, nem uma forte personalidade artística; sendo um lírico, deixou-se desviar pelas leituras de Zola e de Flaubert, tentou-se com o romance de costumes que de nenhum modo lhe convinha e só raras vezes se pôde libertar do que não era Ele próprio (Prosas bárbaras, parte da Ilustre Casa de Ramires, O Mandarim, a Cidade e as Serras, Vidas dos Santos); por outro lado, nos romances de costumes e de crítica social (O Primo Basílio, O Crime do Padre Amaro, A Relíquia, Os Maias), Eça não passou de uma camada muito superficial da sociedade portuguesa; o essencial escapa-lhe; hábil em surpreender o ridículo, era impotente perante o mais profundo e trágico; e um falso conceito da elegância prejudicou uma grande parte da sua obra, mesmo no domínio do estilo, em que se revelou tão cuidadoso, tão fino, tão delicado artista. De resto, o melhor Eça encontra-se talvez nos livros de ensaios — Notas contemporâneas, Cartas de Inglaterra, Cartas Familiares.

In
Literatura Portuguesa, Lisboa, Edição do Autor, 1944, p. 21.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

UM ESTADO DA NAÇÃO (EÇA DE QUEIROZ E UMA CONVERSA DE CAFÉ)












«Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição.
Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom-senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patronato, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos, saídos do mundo anónimo da miséria: escritores, dramaturgos, proprietários, poetas, soldados, todos os filhos do acaso e da vadiagem literária querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.
De modo que a governação cai nas mãos inexperientes e frívolas daqueles que nem têm a experiência, nem a filosofia, nem a prática, nem a sabedoria, nem os sistemas, nem os estudos necessários para encetar, com proveitosos resultados, um caminho político de ideias e de concepções. Em Portugal os homens de estado não se criam, decretam-se: a carta constitucional dá ao rei a faculdade de, com uma assinatura, elevar um homem qualquer, ignorante e nulo, àquela ciência, àquela superioridade de espírito, àquela altura intelectual que pedem as regências públicas.
Um homem, inteligência do acaso, saído das obscuridades da pequena literatura ou do pequeno jornalismo, talento de álbum, filósofo de almanaque, coleccionador de poesias eróticas, com o cérebro cheio de pequenas futilidades de retórica, é de um momento para o outro, em virtude de um decreto, por graça do imperante e protecção da Carta, considerado como hábil e superior para dirigir o movimento político, para levar a nação no caminho do bem social à conquista das felicidades, da florescência, da grandeza, da independência e da riqueza.
Este homem não conhece a política do seu país, não conhece a história contemporânea, não conhece os métodos políticos, não conhece a marcha das ideias, as necessidades da sociedade moderna, a influência dos princípios, os limites morais da legalidade, as prescrições salutares da justiça; não conhece a diplomacia, não conhece o trabalho íntimo e latente da reconstituição europeia, não conhece as condições das classes, o estado da indústria, a prosperidade do país; não conhece a filosofia social, os princípios morais da governação, a influência do passado, a vantagem das alianças, a possibilidade latente do futuro, não conhece nada, nem ideias nem factos; mas que importa que não conheça nada? Foi considerado superior por um decreto régio e isto porque intrigou, porque pediu, porque se vendeu, porque se rojou, porque se curvou, porque abdicou sentimentos, dignidade, consciência, independência, e ficou uma matéria vil à qual um influente qualquer da camarilha pode fazer tomar todas as formas possíveis, como se fosse um pouco de barro, e em virtude desta nulidade, é considerado grande homem, por decreto do rei. Outros então alcançam o valimento e depois manifestam a altivez, tornam-se dominadores, encobrem a ignorância com a vaidade, a nulidade com o aparato, a falta de ideia com a abundância de vexação.
É uma das coisas mais dolorosamente cómicas do nosso sistema, este direito que têm os poderosos da camarilha de decretar grandes homens de Estado.» […]



Eça de Queiroz, publicado in O Distrito de Évora, 2 de Junho de 1867 (nº42).



Lembrei-me deste artigo de Eça de Queiroz, de que transcrevo a primeira parte, na sequência de uma conversa com o Lord of Erewhon, de que vou também tentar transcrever o que me fez partir para este post:

«[…] a iniquidade da República Portuguesa que veio substituir Portugal não está numa enfermidade da substância do regime republicano, mas no facto de não ter dado solução a nenhum dos defeitos que criticava na monarquia, de só os ter engrandecido e fomentado uma sociedade que se sustenta na corrupção; com a agravante de ser uma corrupção múltipla, de obreiros vários, como na Roma tardia, sazonalmente assolada por tribos barbáricas de costumes diversos, que a atacavam por fora; e por dentro minada por «homens de bem» com promessas de salvação, salvaguardados pelas vestes do sacerdócio, a prometer uma cidade de Deus superior à dos homens. E hoje não podemos falar de prostrados ao sofrimento na cruz, mas de vendidos ao deus dinheiro e de tribos de políticos: o capitalismo e os partidos […]»

Saliento que a haver «pouca escrita» nas palavras do Lord, a falha é minha, porque quem o conhece sabe que as suas conversas são textos perfeitos.