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AS RESPONSABILIDADES DE EÇA DE QUEIROZ
Poderosamente auxiliado pela cativante elegância, pelo humorismo deliciosamente delicado dos seus escritos, foi Eça de Queiroz um dos mais perigosos demolidores da célebre e nefasta geração de 75.
Enquanto Oliveira Martins estilizava com verdadeiro e indiscutível talento de prosador as velhas crónicas portuguesas e as inter¬pretava a seu sabor e modo, através da sua psicologia de homem culto do século XIX, não se integrando na época que historiava, não criando dentro de si um estado de espírito idêntico ao dos guerreiros e navegadores — cujas façanhas eram para ele pouco menos de assaltos de bandidos e viagens de piratas sanguinários — e envenenava deste modo a História Nacional; enquanto Ramalho Ortigão troçava com ar superior dos seus compatriotas porque estes não possuíam a segura, firme e desempenada marcha peculiar aos povos de raça saxónica e se não encontrava a cada canto um sábio ou artista; enquanto Guerra Junqueiro atacava impiedosamente com as suas sátiras, verdadeiramente juvenalescas pelo vigor da linguagem e pela brutalidade do sarcasmo aliadas a uma trovejante indignação, o Trono e a Religião, contribuindo assim de uma maneira poderosa para a anárquica situação em que hoje nos encontramos; Eça de Queiroz, com o seu indispensável e temível monóculo engastado na órbita, ia miudamente observando, para depois as fazer desfilar nos seus romances, todas as persongens más que encontrava, todos os ignorantes, todos os perversos, todos os cínicos. Todos os acontecimentos mais ou menos ridículos ele retalhava com o seu escalpelo de finíssimo analista e eram esses exactamente os únicos que ele apresentava aos olhos dos leitores.
Criava deste modo Eça de Queiroz um ambiente de desprezo pela pátria; talvez não fosse esta realmente — estou mesmo em crê-lo que o não era — a intenção do romancista, mas as consequências eram inevitavelmente — dada a propensão inata que tem todo o português para dizer mal do que é seu — uma antipatia cada vez mais pronunciada por tudo quanto existia e a esperança, dia a dia em aumento, de que uma mudança das instituições viria limpar de vez e aniquilar para todo o sempre aqueles que Eça de Queiroz tão bem retratava, ou melhor, caricaturava nos seus romances.
(...)
In Acção Académica, Porto, 15 de Outubro de 1925, ano I, nº 3, p. 3
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