A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Texto que nos chegou...

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EÇA, CAMILO E PESSOA NA REVISTA A ÁGUIA

I - EÇA DE QUEIRÓS

A revista A Águia teve cinco séries, começando a publicar-se a 1 de Dezembro de 1910, cerca de dois meses após a implantação da República.
A Iª série teve 10 números, estendeu-se entre Dezembro de 1910 e Julho do ano seguinte, tendo como director e proprietário, Álvaro Pinto (Barca de Alva, Figueira de Castelo Rodrigo 29.11.1889-Lisboa 25.2.1956). A sua periodicidade era quinzenal e, anunciava-se como “Revista de Literatura e Crítica”.
A IIª série envolveu 120 números, entre Janeiro de 1912 e Outubro de 1921, tendo três directores – o literário, Teixeira de Pascoaes (Amarante 2.11.1877-Gatão, Amarante 14.12.1952); o artístico, António Carneiro (Amarante 16.9.1872-Porto 31.3.1930); o científico, José de Magalhães (Mocâmedes, Angola 7.1.1867-?) – e um secretário, Álvaro Pinto. A sua periodicidade passou a mensal, a revista apresentou-se como “de Literatura, Arte, Ciência, Filosofia e Crítica Social”.
A IIIª série publicou 60 números, entre Julho de 1922 e Dezembro de 1927, tendo como director Leonardo Coimbra (Felgueiras 30.12.1883-Porto 2.1.1936), e passou a intitular-se “Propriedade e Órgão da Renascença Portuguesa”.
A IVª série publicou 12 números, entre Janeiro de 1928 e Dezembro de 1929, apresentando uma comissão directiva constituída por Hernâni Cidade (Redondo 7.2.1887-Évora 2.1.1975) Leonardo Coimbra, José Teixeira Rego (Matosinhos 1881- id. 1934) e António Carneiro, que apenas se manterá até ao nº 7-8 de Janeiro-Março 1929, altura em que saem Hernâni Cidade e José Teixeira Rego, e entram Sant’Anna Dionísio (Porto 23.2.1902-id. 6.5.1991) e Adolfo Casais Monteiro (Porto 4.7.1908-S. Paulo 23.7.1972), este último só ficará até ao nº12.
Finalmente, a Vª série só publicou 3 números, entre Janeiro e Julho de 1932, sendo dirigida de início, apenas por Leonardo Coimbra e Sant’Anna Dionísio, a que se juntaram a partir do nº 2-3, Delfim Santos (Porto 6.11.1907-Cascais 26.9.1966) e Aarão de Lacerda (Porto 1890-Curia, Tamengos, Anadia 7.9.1947).
Após uma leitura atenta dos índices de todos os números que constituem a revista «A Águia», são inúmeros, extremamente sugestivos e interessantes, os temas que se podem elencar numa abordagem exaustiva aos conteúdos tratados por esta publicação do princípio do século XX e de uma incipiente República que começava a dar os seus primeiros passos.
De uma vasta gama de assuntos, comecemos então por tratar aquele que diz respeito ao prosador português mais lido – ainda actualmente - de todos os tempos – Eça de Queirós (Póvoa do Varzim 1845-Paris 1900).
Assim, consideremo-lo em duas perspectivas, numa primeira, aquilo que foi escrito acerca da sua vastíssima obra, pelos colaboradores de A Águia e, numa segunda, o próprio material do escritor que, após a sua morte em 1900, chegou às páginas desta revista cultural e filosófica do início do século XX e da República portuguesa, em que participou grande parte do escol da intelectualidade do país.
Comecemos, então, pela primeira das vertentes enunciadas, tendo como preocupação fundamental a citação dos seguintes vectores: a identidade do articulista (por ordem alfabética), o nome do artigo, a série e o número da revista em que está inserido, a data, e as páginas em que o podemos encontrar.
1 – A.M. (Augusto Martins?), «Bibliografia»: Foi Eça de Queirós um Plagiador? de Cláudio Basto, s. III, nº 28-30, Outubro-Dezembro 1924, pp. 157-159.
2 – ALBUQUERQUE, Mateus de, Eça de Queirós, s. II, nº 7, Julho 1912, pp. 32-36.
3 – BASTO, Cláudio (Viana do Castelo 1886-Porto 1945), À Memória de Eça de Queirós, s. III, nº 23-24, Maio-Junho 1924, pp. 173-178.
4 – CABRAL, António (Baião 15.1.1863-Lisboa 11.12.1956), Onde nasceu Eça de Queirós, s. II, nº 41, Maio 1915, pp. 182-188.
5 – FERREIRA, J. Bettencourt (Lisboa 22.3.1866-?), Nosso Pai venerável… Evocação literária do paraíso terrestre segundo o conto de Eça de Queirós: Adão e Eva, s. III, nº 55-57, Janeiro-Março 1927, pp. 23-37.
6 – MONTEIRO, Adolfo CASAES (Porto 4.7.1908-S.Paulo 23.7.1972), Notas biográficas sobre Eça de Queirós, s. IV, nº 6, Novembro-Dezembro 1928, pp. 177-180.
7 - «Bibliografia»: O Egipto – Notas de Viagem de Eça de Queirós, s. III, nº 43-48, Janeiro-Junho 1926, pp. 59-66.
A segunda vertente, constituída pelo material do próprio escritor, apresenta apenas uma entrada:
1 – QUEIRÓS, EÇA de, Últimas páginas – Trecho do S. Frei Gil, s. I, nº 6, 15-2-1911, pp. 6-7.


2 – CAMILO CASTELO BRANCO

Continuando a elencar os nomes dos intelectuais tratados pela revista de cultura A Águia, debruçamo-nos agora sobre o escritor de S. Miguel de Seide, o autor português mais profícuo, que, terá pago tal atributo, com a cegueira.
Seguindo a mesma metodologia utilizada para Eça de Queirós, iremos, por um lado, registar todos os autores que trataram na revista “A Águia”, Camilo Castelo Branco (Lisboa 1825-S. Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão 1890) e, por outro, citar as incursões que a obra deste autor teve na própria revista.
Assim, abordemos a primeira vertente referida:
ARAÚJO, Veloso de, A visita de Vieira de Castro a S. Miguel de Seide, s. III, nº 25-27, Julho-Setembro, 1924, pp. 72-85.
BASTO, Cláudio (Viana do Castelo 1886-Porto 1945), Obras de Camilo – A ‘Colecção do Centenário’, s. III, nº 21-22, Março-Abril, 1924, pp. 107-112.
CORTESÃO, Jaime (Ançã, Cantanhede 1884-Lisboa 1960), Camilo no Panteão dos Jerónimos, s. II, nº 23, Novembro 1913, p. 129.
______ A paisagem na obra de Camilo, s. II, nº 35, Novembro 1914, pp. 129-132.
FIGUEIREDO, Antero de (Lourosa, Viseu 1866-Porto 1953), Mulheres de Camilo, s. II, nº 8, Agosto 1912, pp. 42-44.
______ A prosa de Camilo, s. II, nº 12, Dezembro 1912, pp. 193-194.
LIMA, António Augusto Pires de, Uma nota para o estudo psicológico de Camilo, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 20-22.
LIMA, Augusto César Pires de (Sto. Tirso 1888-ib. 1959), A linguagem de Camilo, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 10-18.
MARTINS, Augusto, Para a história do monumento a Camilo, s. III, nº 21-22, Março-Abril 1924, pp. 126-129.
______ Para a história do monumento a Camilo, s. III, nº 23-24, Maio-Junho 1924, pp. 182-183.
MORAIS, Álvaro de, Camilo, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 5-6.
______ Camilo, id., id., id., p. 11 [versos].
«Bibliografia»: Camilo Castelo Branco – Sua Vida e sua Obra, de Oldemiro César, s. II, nº 36, Dezembro 1914, pp. 182-192.
______ A Primeira Mulher de Camilo, Alberto Pimentel, s. II, nº 58-60, Outubro-Dezembro 1916, pp. 186-195.
______ Camilo Castelo Branco na cadeia da Relação do Porto, de Alberto Teles, id., id., id., pp. 231-235.
VILA-MOURA, Visconde de [Bento de Oliveira C. C. Carvalho Lobo], ______Camilo inédito (Prefácio do livro), s. II, nº13, Janeiro 1913, pp. 1-3.
______Camilo inédito (sobre uma crítica de Júlio Dantas), id., id., id., pp. 92-93.
______ Fanny Owen e Camilo, id., nº 61-63, Janeiro-Março 1916, pp. 5-23.
______ As Cinzas de Camilo (da revista Estúdio), id., nº 75-76, Março-Abril, 1918, pp. 122-126.
______ Camilo e Manuel Negrão, s. III, nº 31-33, Janeiro-Março 1925, pp. 8-9.
No concernente à segunda vertente, diremos que a colaboração póstuma de Camilo em «A Águia», é constituída em grande parte por cartas inéditas, relativas, sobretudo, aos anos de 1911, 1912 e 1914. Na s. III, nº 55-57, Janeiro-Março, 1927, p. 39 existe ainda uma carta de Camilo a seu sobrinho António de Azevedo Castelo Branco, relativa à morte de seu pai.

3 - FERNANDO PESSOA

Na passagem do 75º aniversário da publicação da Mensagem do génio Fernando Pessoa (Lisboa 13.6.1888-id. 30.11.1935), achámos por bem indicar a bibliografia activa e passiva do poeta dos heterónimos, na segunda série da revista A Águia, que por esta época, entre Janeiro de 1912 e Outubro de 1921, tinha como director literário, Teixeira de Pascoaes (Amarante 2.11.1877-Gatão, Amarante 14.12.1952), director artístico, António Carneiro (16.9.1872-31.3.1930), director científico, José de Magalhães (7.1.1867-?), e como secretário, Álvaro Pinto (29.11.1889-25.2.1956), que foi director e proprietário da primeira série.
No que diz respeito à bibliografia activa, registemos então as contribuições de Fernando Pessoa, nas páginas de A Águia:
“A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada”, nº 4, Abril 1912, pp. 101-107.
“Reincidindo”, nº 5, Maio 1912, pp. 137-144.
“A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico”, nº 9, Setembro 1912, pp. 86-94.
“A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico – II”, nº 11, Novembro 1912, pp. 153-157.
“A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico – conclusão”, nº 12, Dezembro 1912, pp. 188-192.
“As caricaturas de Almada Negreiros”, nº 16, Abril 1913, pp. 134-135.
“Na Floresta do Alheamento”, nº 20, Agosto 1913, pp. 38-42.
Como podemos constatar pelos sete títulos dos artigos acima enunciados, a contribuição de Fernando Pessoa para o conteúdo da revista A Águia, dirigiu-se, sobretudo, à poesia portuguesa, considerada em duas matrizes fundamentais, a sociológica e a psicológica.
Ao lado dos poetas, há também uma referência aos aspectos estéticos das caricaturas do seu colega modernista, Almada Negreiros (ilha de S. Tomé 7.4.1893-Lisboa 15.6.1970).
A bibliografia passiva do autor de O Banqueiro Anarquista nas páginas da revista A Águia é extremamente escassa, pois apenas um autor, António Cobeira, se referiu a ele, dedicando-lhe uns versos, intitulados “Elegia da Alma”, publicados na IIª série, nº 8, Agosto 1912, p. 59.


JOSÉ LANÇA-COELHO