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Eça de Queirós (1845-1900), que tanto apreciou Oliveira Martins e tinha por Antero a veneração que se revela no seu artigo para o In Memoriam (Um génio que era um santo, in Notas Contemporâneas), não possuía nem uma vasta inteligência, nem uma forte personalidade artística; sendo um lírico, deixou-se desviar pelas leituras de Zola e de Flaubert, tentou-se com o romance de costumes que de nenhum modo lhe convinha e só raras vezes se pôde libertar do que não era Ele próprio (Prosas bárbaras, parte da Ilustre Casa de Ramires, O Mandarim, a Cidade e as Serras, Vidas dos Santos); por outro lado, nos romances de costumes e de crítica social (O Primo Basílio, O Crime do Padre Amaro, A Relíquia, Os Maias), Eça não passou de uma camada muito superficial da sociedade portuguesa; o essencial escapa-lhe; hábil em surpreender o ridículo, era impotente perante o mais profundo e trágico; e um falso conceito da elegância prejudicou uma grande parte da sua obra, mesmo no domínio do estilo, em que se revelou tão cuidadoso, tão fino, tão delicado artista. De resto, o melhor Eça encontra-se talvez nos livros de ensaios — Notas contemporâneas, Cartas de Inglaterra, Cartas Familiares.
In Literatura Portuguesa, Lisboa, Edição do Autor, 1944, p. 21.
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3 comentários:
Tem graça. Acho que 'Os Maias', para quem leia com olhos abertos, vão muito ao fundo. Com um grande fogo de artifício à volta, a escuridão (o trágico) estão lá.
Mas - o que seria o 'essencial' para este Agostinho de 1944?
O Agostinho sempre embirrou com o Eça. Já num texto anterior - significativamente intitulado "As responsabilidades de Eça de Queirós" - o havia acusado de ter "criado um ambiente de desprezo pela pátria" (sic).
Pois... Não sei se não se terá passado com ele o mesmo que com o Miguel Esteves Cardoso (MEC). Insuportável, ao fim de uns anos, por causa da multidão de "mequinhos" imitadores.
(no caso do Eça, lembro-me sempre do Aquilino...)
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