A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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domingo, 25 de maio de 2008
BRASIL, POR PÊRO VAZ DE CAMINHA
As naus aproadas, Senhor, tive medo,
O meu coração, as minhas mãos, a alma
Tremiam-me, a minha coragem é a da pena
Não a das armas e do cordame. Um longe,
Primeiro, acima das vagas, e depois
Todas as maravilhas do mundo, o verde
Puro e alto, com o azul celeste, aberto,
Confundidos no calvário infernal do ar e
Aves, ou anjos, de amarelo forte alucinado
No assombro da visão rasgada. Toda a sede,
Toda a fome, toda a dor, se nos calou,
Senhor, naquele instante. Os batéis
Descidos à pressa, calma, homens mais
Não somos, chegados suplicantes, cristos
De carne e sal, vindos do sem pátria
Do terror das águas, a benção do fogo
Sobre nós caía, luz tanta, que do néscio
Nascia eloquência e virtude e levados
Fomos ao paraíso terreno, ao mais santo
Dos chãos. Desta praia, o que Vos damos,
Majestade, do penhor sereis Vós o reino,
O que Deus conservou só podem os reis
Servir, os homens amar, o engenho e a pena
Defender. Em boa razão Vos digo, Meu Rey,
Escrevo estas palavras no imo do eterno e
Do império da morte foi minhalma salva.
Se meus olhos a essa luz nossa, nem à terra
Regressarem, fui de Portugal filho, longe
Posso morrer, que o amor me é mortalha.
Lord of Erewhon,
aos 25 de Maio de 2008 deste Reino de Portugal
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21 comentários:
Algum tempo atrás, fiz um comentário num blog de poesia. Hoje fui lá buscá-lo para to deixar aqui.
Eu não sou poeta, mas sou sonhador. Um poeta tem que ser sonhador...um sonhador pode não ser poeta, logo, o sonho abrange os dois "ramos": quem é poeta e quem não o é... e, sem perder o sentido da realidade, é nesta relatividade de conceitos que se estabelecem analogias comportamentais que, por osmose, nos transportam a projectos, umas vezes de inquietação outras de felicidade. Ora, é neste sentido, para alguns absurdo, mas no respeito pela pluralidade das formas de sentir, que vivo a poesia e sou grato a todos que têm a capacidade, não só de sentir, como de nos oferecer a beleza de um poema.
O meu agradecimento e um grande abraço, Lord.
PS: Hoje, aqui frui.
Esplendoroso! Este poema é arte na mais pura acepção da palavra!
Do mais belo que alguma vez li.
Não há palavras que consigam exprimir a minha emoção...
Parabéns e obrigada, Lord, por este momento sublime que proporcionas a todos os leitores deste cantinho.
Beijo grato
Já disse António Vieira que ser Português é ter Portugal para nascer e o mundo inteiro para morrer.
Esta expressão, dita de forma tão sentida e bela num filme Manoel de Oliveira numa cena em que só apareciam ondas do alto mar, é comovente até às lágrimas.
Excelente poema, parabéns.
A circunstância em que este poema me surgiu, completo e sem necessitar emendas, foi estranhíssima, mas não vou maçar ninguém com o meu misticismo.
Muito obrigado, amigas e amigo.
Viva o Rei!
Viva Portugal!
Viva o Senhor Pêro Vaz de Caminha!
Que a sua Alma, de nós, os vivos, não se esqueça, mas descanse.
Ana Margarida,
embora conhecesse a frase, dela me não lembrava. Esta, enche-nos o peito.
Lendo essa tua poesia me veio a sensação de que você nasceu com as mãos
repletas de sementes de poesieiras e que você tem plantado todas elas com
delicadeza em terreno fértil.
Bjuxx, maninho!
Muito belo.
As almas dos Grandes Homens são seletivas e exigentes quanto aos mortais em que escolhem descer...
:)*
«repletas de sementes de poesieiras»
Bia, este verso é muito belo. Ainda nos orgulharás a todos, um dia. A mim já.
Temos as vielas nocturnas repletas de vozes antigas, Mariazinha, é na noite que brilham os mortos.
Beijos, para ambas.
Lendo em cima e aqui concluo que voce é que nem o Vieira padre de cima mas gosto mais do teu "estalo".
Mylord, tens lugar à mesa da Távola do rei, de pleno direito, depois disto.
Um abraço
Ah, agora sim, desfez-se o nevoeiro! Aos místicos do clero, se algum êxtase os transporta, o voo nunca passa os telhados dos mosteiros - nem dão boleias em vassouras e tapetes voadores... :)
Os que demandam dormem em estábulos e nem encontram descanso no mundo! Não conhecem outra Lei, senão a que erguem com os punhos, mas puro é o coração que será merecedor de chegar.
O menino tem-lhe muita estima e consideração.
Ora que belo poema. Está tudo dito pelos comentadores. Só peço "bis".
Abraço.
PS - Quanto ao maçar ninguém com o misticismo, não maça mas nem é preciso. Quem escreve por vezes completo e sem necessitar emendas compreende bem e sorrindo identifica-se.
«Não somos, chegados suplicantes,/cristos/De carne e sal, vindos do sem pátria/Do terror das águas, a benção do fogo/Sobre nós caía, luz tanta, que do néscio/
Nascia eloquência e virtude e levados/Fomos ao paraíso terreno, ao mais santo/Dos chãos.»
Belíssimo...
Aqueles que temem o Desconhecido e não vacilam, aqueles que são humilhados, desprezados e torturados e não vacilam, esses anónimos da História que morreram em nome da audácia, da coragem, da liberdade, ou de uma outra causa verdadeiramente nobre, honrando não só um povo mas toda a Humanidade, são esses cujos feitos merecem ser cantados.
Tu vestes as palavras de nevoeiro, mas simultaneamente conferes-lhes a identidade e a força de um grito silencioso. É como se as palavras brotassem do céu já salgadas pela terra e só conseguíssem encontrar repouso no horizonte.
Neste escrito escutei três vozes, a voz do homem que a História não esqueceu, a voz da Palavra e a tua, vôvô.
És um dos melhores escritores que já tive o privilégio de ler e o que cuja escrita mais me toca.
Beijinhos grandes afô*
O menino camponês, rude e iletrado, que segura sem medo o pique em Aljubarrota, não é menos nobre que o cavaleiro montado acima dele... e mais rijo é Portugal nele, porque todo o seu anseio está mais próximo do chão.
Nem menor é o valor daqueles que enfrentaram os horrores do mar desconhecido, apenas armados de idealismo e do esgrimir da pena.
Beijinhos, Sally the Kid... ;)
P. S. Agora é que vieste baralhar por completo estes Amigos... no mínimo, vão pensar que sou Dom António Prior do Crato, furibundo e renascido! :)
muito provavelmente e por vias de eflúvios vários comentar "aqui" pode "virar" relâmpagos furiosos, logo desde já que me desculpe o Poeta K.
registo apenas o prazer de O ler.
_________________________
redundante seria tentar acrescentar algo ao já acima escrito.
_________________________.
ressalvo a claridade. do pensamento.
___________
bom dia.
Ler a Carta a El Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil (mamas, história, apontamentos pícaros, arqueologia, arquitectura,lolitas, condecorações, pintura, F.C. e black metal).
____________@&%$#?#!____________
Belíssima! A "coragem da pena" a mim encantou e aqui ainda temos quase todas as maravilhas do mundo e algumas das desgraças também.
Foi um deleite ler a carta de Caminha, aqui Lord!
Beijos
Compare a seguir com o trecho da Carta original mais divulgao por aqui:
(...)Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.
Beijo as mãos de Vossa Alteza."
Beijos meus.
Muito bom.
abraço.
"O que Deus conservou só podem os reis
Servir, os homens amar, o engenho e a pena
Defender. Em boa razão Vos digo, Meu Rey,
Escrevo estas palavras no imo do eterno e
Do império da morte foi minhalma salva.
Se meus olhos a essa luz nossa, nem à terra
Regressarem, fui de Portugal filho, longe
Posso morrer, que o amor me é mortalha."
Brilhante! Lindo de morrer... (porque será que não fiquei surpreendida?;))
Muito e muito obrigada pelo teu convite a esta humilde leitora.
Uma beijoquINHA muito grande, my Lord.
Viva El Rey
Viva Portugal!
P.S.(r)Vou já tratar de encomendar.;)
Viva El Rey!
Viva Portugal!
Viva a Lusofonia!
Muito obrigado, querida Amiga.
P. S. Obrigado a todos.
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