Ao contrário do que se poderia supor, e devido a António Vieira se ter tornado num tão excelso artista da língua portuguesa, esperaríamos que o Jesuíta no Seminário da Baía tivesse sido desde sempre um excelente aluno. Mas tendo aprendido as primeiras letras com a mãe, padeira dos frades de São Francisco, em Lisboa, Vieira nos primeiros tempos do seminário da Baia revelara-se um aluno medíocre em todas as disciplinas, ainda que extremamente devoto. Descontente consigo próprio, passava longas horas orando à Virgem das Maravilhas, suplicando-lhe um melhor desempenho no Seminário. Então, subitamente, terá sentido “estalar” algo no cérebro, e imediatamente sentido uma dor intensa, quase mortal. A partir desse episódio, narrado na biografia de Lúcio de Azevedo, a memória do futuro jesuíta seria extensa e robusta, as suas capacidades de compreensão das matérias leccionadas multiplicaram-se e as suas energias oratórias cresceram e Vieira transformou-se, do dia para a noite (de acordo com a lenda) no melhor aluno do Seminário. Este episódio chegou-nos por via da obra do Padre André de Barros, “A Vida de António Vieira”, que teria escutado este relato de alguém que o teria ouvido da boca do próprio jesuíta.
Além deste espectacular desenvolvimento das capacidades mentais de Vieira, existe um outro episódio “fantástico” na vida de Vieira. Após ter terminado com o citado brilhantismo os estudo preparatórios no Seminário, Vieira foi enviado para a aldeia do Espírito Santo onde os jesuítas tinham agrupado um grupo de indígenas e, certo dia, perdeu-se no caminho entre o Seminário e a aldeia. Pela frente, encontrou o rio Joanes e ameaçado já pela escuridão hesitou sobre se continuaria à busca do caminho para a aldeia ou se voltaria para trás, para a cidade. Então, assustado, o jovem Vieira encomendou-se ao Anjo da Guarda e eis que, de novo, a providência acorre em seu socorro: surje um menino envolvido envolto por luz, o próprio Anjo da Guarda que caminhando silenciosamente à frente de Vieira até à aldeia, desaparecendo assim que foi cumprida a sua missão.
A época de Vieira é uma época de reacção contra a expansão do Protestantismo na Europa, uma batalha onde os Jesuítas se encontravam na linha de frente e onde o recurso a milagres eram useiro para reforçar junto da população mais hesitante a vantagem do catolicismo contra o protestantismo. Para além de um clima que propiciava à aparição de milagres e à promoção de futuros santos, a época era também uma época mentalmente muito diversa da nossa onde existia uma compreensão ainda muito limitada da Natureza e dos fenómenos naturais (Vieira sente-se compelido a designar um novo “imperador do futuro” depois de ver um cometa no Brasil), onde o misticismo e o maravilhoso permeavam toda a visão do mundo e a presença do Homem no mesmo. Estes episódios, aqui narrados, podem ter tido origem na tentativa póstuma de reabilitar a imagem maculada pela Inquisição de Vieira ou terem brotado do mesmo substrato mítico de onde surgiram tantas hagiografias no século XVII. De uma forma ou de outra, estas histórias ou mitos contribuiram para forjar uma aura mística e fantástica em torno de António Vieira que perdura até hoje.
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5 comentários:
Não conhecia a primeiras história/mito/lenda, e olha que até li umas coisitas de António Vieira.
Há quem diga que António Vieira, é “culpado” do sentimento messiânico de Pessoa, sentimento que o levaria a profetizar o advento do «supra Camões» e a escrever exaltado pela sua naturalização recente, isto em 1912 antes de aludir ao Quinto Império.
Abraço.
É RÍDICULO! Nos dias de hoje fazer disto exemplo. É voltar para trás a renegar o pensamento em prol das crendices e a tentar submeter povos à ignorância e à escravidão.
Em vez de usarem tudo isto normalmente e de uma forma correcta, e porque é verdade que a inteligência se poderá manifestar muito tardiamente, não!
Entram nestas crendices, parece que estamos na Idade Média.
E se Agostinho da Silva por cá passasse e visse o que andam a fazer com o nome e tivesse armas, dava um tiro a esta gente toda que o estão a usar de forma tão ignóbil.
Quem fala, sob anonimato, "por Agostinho da Silva", nunca poderá falar por ele... Falar sob anonimato é um exemplo máximo de cobardia intelectual. Ora, Agostinho foi e é o exemplo oposto...
Até estou a ver o mestre Agostinho, de pistola à cinta, gritando; Quantos são, quantos são?…
Estes sem nome…
Confesso que não resisto a aplaudir quer o texto quer os comentários ao anónimo comentador.
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