A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
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quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Oriente e o Budismo em Antero, Sérgio e Agostinho da Silva




No próximo dia 24 de Junho (quinta-feira), pelas 17h, no Anfiteatro II (2) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Romana Valente Pinho e Amon Pinho darão duas prelecções sobre os seguintes temas: "O Oriente e o legado de Antero de Quental no Pensamento de António Sérgio" e "Da interpretação niilista de O Budismo ao Buda-Dharma e ao universalismo, percursos de Agostinho da Silva". Estas prelecções inserem-se no âmbito do curso de Filosofia e Estudos Orientais. A entrada é livre.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A influência do Budismo e do Daoísmo na Deep Ecology



No próximo dia 27 de Maio, pelas 17h, Ana Cristina Alves, doutorada no pensamento filosófico chinês, dará uma prelecção sobre o tema: "A influência do Daoismo e Budismo na Deep Ecology". A sessão realizar-se-á no Anfiteatro IV da Faculdade de Letras de Lisboa e enquadra-se no curso de Filosofia e Estudos Orientais (entrada livre para esta sessão).

Mais uma iniciativa no espírito ENTRE, o novo paradigma.

arevistaentre.blogspot.com

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hoje, em Braga - Renascimento, Ressurreição ou nem uma coisa nem outra?

XXII Jornadas Teológicas
Faculdade de Teologia – Braga

[Entrada Livre]

Tema
«Ressurreição e Reincarnação-Renascimento»

Programa

Dia 5 de Maio (Quarta-feira)

21h00

–Mesa Redonda:
«E depois da morte? Diálogo entre Budismo e Cristianismo»

Prof. Doutor Paulo Alexandre Esteves Borges – Professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Presidente da União Budista Portuguesa.
Título: "Nem nascimento, nem morte, nem renascimento: vacuidade e bardo (entre-dois) na experiência budista"

Prof. Dr. Carlos Henrique do Carmo Silva – Professor de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.
Título: «Anástasis – Ressurrectio, nem reincarnação mítica, nem renascimento espiritual»

Moderador: Prof. Doutor João Duque – Director-Adjunto da Faculdade de Teologia – Braga, da Universidade Católica Portuguesa

Dia 6 de Maio (Quinta-feira)

21h00
– Momento musical
– Coro Académico do Centro Regional de Braga da UCP
– Conferência –
«Abordagem contemporânea da Ressurreição em registo teológico»
Prof. Doutor Andrès Torres Queiruga – Professor da Universidade de Santiago de Compostela

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ressurreição e Reincarnação-Renascimento

XXII Jornadas Teológicas
Faculdade de Teologia – Braga

4 a 6 de Maio de 2010

[Entrada Livre]

Tema
«Ressurreição e Reincarnação-Renascimento»

Programa

Dia 4 de Maio (Terça-feira)

21h00

– Introdução
«Diferenciação do universo crencial dos que acreditam na ressurreição e na reencarnação»

Doutor Eduardo Jorge Duque;
Professor na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa

– Conferência
«A Ressurreição na perspectiva Bíblica»

D. António José da Rocha Couto, Bispo Auxiliar da Diocese de Braga


Dia 5 de Maio (Quarta-feira)

21h00

–Mesa Redonda:
«E depois da morte? Diálogo entre Budismo e Cristianismo»

Prof. Doutor Paulo Alexandre Esteves Borges – Professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Presidente da União Budista Portuguesa.
Título: Nem nascimento, nem morte, nem renascimento: vacuidade e bardo (entre-dois) na experiência budista

Prof. Dr. Carlos Henrique do Carmo Silva – Professor de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.
Título: «Anástasis – Ressurrectio, nem reincarnação mítica, nem renascimento espiritual»

Moderador: Prof. Doutor João Duque – Director-Adjunto da Faculdade de Teologia – Braga, da Universidade Católica Portuguesa

Dia 6 de Maio (Quinta-feira)

21h00
– Momento musical
– Coro Académico do Centro Regional de Braga da UCP
– Conferência –
«Abordagem contemporânea da Ressurreição em registo teológico»
Prof. Doutor Andrès Torres Queiruga – Professor da Universidade de Santiago de Compostela

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Recepção do Budismo na Cultura Europeia Oitocentista



- Paul-Élie Ranson, "Christ et le Bouddha" (c.1880)

No próximo dia 25 de Fevereiro, pelas 17h, Rui Lopo, investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, dará uma prelecção subordinada ao tema: "A Recepção do Budismo na Cultura Europeia Oitocentista" (Anf.IV, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

Paul-Élie Ranson, "Christ et le Bouddha" (c.1880)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"Ética Global: uma perspectiva intercultural" - a visão budista



Agradeço ao António Moura o filme que fez desta minha intervenção, em representação da União Budista Portuguesa, no painel "Ética Global: uma perspectiva intercultural", nas Conferências Democráticas que ainda decorrem na Sociedade Portuguesa de Geografia, organizadas pela Associação Portuguesa de Ética Empresarial.

Uma bela iniciativa, inspirada nas propostas de Hans Küng e nas Conferências do Casino! Recordo que a nova revista ENTRE publicará a última conferência de Hans Küng, feita em Dezembro de 2009 na Suíça.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chegou a Hora de Agir pelo bem do planeta, do homem e de todos os seres sencientes

Budistas ou não, somos todos filhos da mesma Terra e do mesmo Céu e coabitantes do mesmo planeta. Leiam, assinem e divulguem a Petição «Chegou a Hora de Agir - Uma Declaração Budista sobre as Alterações Climáticas»

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=RIGPA

Pelo bem do planeta, do homem e de todos os seres sencientes!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Uma declaração budista sobre as alterações climáticas

Esta declaração resulta dos contributos de cerca de vinte mestres de todas as tradições budistas que participaram na redacção da obra A Buddhist Response to the Climate Emergency (Uma resposta budista à emergência climática, Wisdom Publications, 2009).

O texto intitulado «Chegou o momento de agir» (tradução da versão original em língua inglesa The Time to Act is Now) de inspiração pan-budista, foi redigido por David Tetsuun Loy (mestre zen) e pelo venerável Bhikkhu Bodhi (mestre da tradição Theravada), contando ainda com a contribuição científica do Dr. John Stanley. Esta declaração tem como seu primeiro subscritor o Dalai Lama. Convidamos todos os membros da comunidade budista internacional preocupados com esta questão a lerem este documento e a juntarem a sua voz, subscrevendo-o.

Chegou o momento de agir

Uma declaração budista sobre as alterações climáticas


Vivemos hoje numa época de grave crise, confrontados com os desafios mais sérios que a humanidade alguma vez experimentou: consequências ecológicas do nosso karma colectivo. A constatação unânime dos cientistas é esmagadora: as actividades humanas estão em vias de provocar um desastre ecológico à escala planetária. O aquecimento global, em particular, está a acelerar-se a um ritmo mais rápido do que se previa, sendo hoje patente no Pólo Norte. Durante centenas de milhares de anos, o Oceano Árctico esteve coberto por uma camada de gelo tão vasta como a Austrália que se encontra actualmente em rápido desaparecimento. Em 2007, o Grupo Intergovernamental de Especialistas em Evolução Climática (GIEC) previu que, por volta de 2100, o derretimento estival dos gelos seria total, mas é hoje evidente que corremos o risco de isso vir a suceder dentro de uma ou duas décadas. A vasta extensão de gelo da Gronelândia está também a derreter mais rapidamente do que se previra. O nível do mar vai aumentar pelo menos um metro ao longo deste século, o que provocará a inundação de inúmeras zonas costeiras, assim como de importantes áreas cultivadas de rizicultura de vital importância como o Delta do Mekong, no Vietname. Por todo o mundo, os glaciares diminuem velozmente. Se as políticas económicas actuais não mudarem, os glaciares do planalto tibetano, que alimentam os grandes rios que fornecem água a milhões de pessoas na Ásia, desaparecerão nos próximos trinta anos.
A Austrália e o Norte da China sofrem neste momento graves períodos de seca e uma diminuição das colheitas. Importantes relatórios, como o do GIEC, das Nações Unidas, da União Europeia e da União Internacional para a Conservação da Natureza, concordam em afirmar que, sem uma mudança de orientação colectiva, a diminuição das reservas de água e dos recursos alimentares, poderá provocar, entre outras consequências, situações de fome, conflitos motivados pela disputa dos recursos, assim como migrações maciças até meados do século – porventura, mesmo, até 2030, segundo o primeiro conselheiro científico do governo britânico.

O aquecimento global desempenha um papel essencial em outras crises ecológicas, como o desaparecimento de numerosas espécies vegetais e animais que partilham a Terra connosco. Os oceanógrafos assinalam que metade das emissões de carbono devidas à utilização de combustíveis fósseis já terá sido absorvida pelos oceanos, o que aumentou a sua taxa de actividade em cerca de 30%. Esta acidificação perturba a calcificação das conchas e dos recifes de coral, ameaçando o desenvolvimento do plâncton, base da cadeia alimentar da maioria das espécies que povoam os oceanos.
Os relatórios das Nações Unidas concordam com as tomadas de posição de eminentes biólogos que afirmam que a continuação da actual política de cegueira voluntária levará à extinção de cerca de metade das espécies terrestres actualmente existentes. Estamos a transgredir, colectivamente, o primeiro dos preceitos: “Não prejudicar os seres vivos”, e estamos a fazê-lo na maior escala possível. Somos incapazes de antecipar o impacto biológico sobre a vida humana que será provocado pelo desaparecimento desta infinidade de espécies que, imperceptivelmente, também contribuem para o nosso próprio bem-estar.

Muitos cientistas chegaram já à conclusão de que está hoje em causa a sobrevivência da própria civilização humana. Atingimos um momento crucial da nossa evolução biológica e social. Nunca na história a necessidade do contributo do budismo para o bem de todos os seres se impôs com tamanha urgência. Por intermédio das quatro nobres verdades dispomos de um quadro que permite traçar um diagnóstico sobre a nossa situação actual e, assim, definir as grandes linhas de uma solução: as ameaças e catástrofes que nos assombram provêm em última instância do espírito humano, pelo que exigem uma fundamental mutação do nosso espírito. Se o sofrimento individual nasce da sede e da ignorância (dos três venenos: a avidez, o ódio e a ilusão), o mesmo sucede quanto ao sofrimento que experimentamos à escala colectiva. A urgência ecológica actual confronta-nos com o eterno sofrimento humano, de uma forma desmultiplicada. Nós sofremos como indivíduos mas também como género, de um si que se vê como separado não só dos outros mas também da própria Terra. Como diz Thich Nhat Hanh: «Nós estamos aqui para despertar da ilusão da nossa separação». Devemos acordar e compreender que a Terra é tanto nossa mãe como nossa casa. Desde logo, o cordão umbilical que a ela nos liga não pode ser cortado. Se a terra adoece, nós também adoecemos porque somos parte integrante dela. As nossas actuais relações económicas e tecnológicas com a biosfera não são viáveis. A fim de sobreviver às duras transformações que se avizinham, os nossos modos de vida e as nossas expectativas devem mudar. Isto supõe não só novos comportamentos, mas também novos valores. O ensinamento budista segundo o qual a saúde global das pessoas e da sociedade depende do bem-estar interior, e não apenas de indicadores económicos, permite-nos definir as transformações pessoais e sociais que devemos empreender.
No plano individual, devemos adoptar comportamentos que manifestem a nossa consciência ecológica no quotidiano, reduzindo assim a nossa pegada de carbono. Para aqueles que vivem em economias desenvolvidas, isto implica modernizar e isolar as casas e os lugares de trabalho para obter um melhor rendimento energético; reduzir o aquecimento no Inverno e o ar condicionado no Verão; utilizar lâmpadas e electrodomésticos de baixo consumo; desligar os aparelhos eléctricos que não estão em uso; conduzir viaturas que consumam o menos possível; diminuir o consumo de carne, favorecendo uma alimentação vegetariana, mais saudável e mais respeitadora do ambiente.

Estas iniciativas individuais, todavia, por si sós, não são suficientes para evitar futuras catástrofes. Devemos igualmente empreender transformações institucionais, no plano tecnológico e no plano económico. Logo que possível, devemos “descarbonar” as nossas produções energéticas, substituindo as energias fosseis por fontes de energia renováveis que são ilimitadas, inofensivas e que estão em harmonia com a natureza. Devemos particularmente parar com a construção de novas centrais a carvão, uma vez que esta é, de longe, a fonte mais poluente e mais perigosa de emissões de carbono na atmosfera. Inteligentemente exploradas, as energias eólica, solar, marmotriz e geotérmica poderiam fornecer toda a electricidade de que necessitamos sem prejudicar a biosfera. Cerca de um quarto das emissões de carbono mundiais são devidas à desflorestação, pelo que deveremos inverter o processo de destruição das florestas, em particular a cintura das florestas tropicais onde vive a maior parte das espécies animais e vegetais.

Torna-se hoje evidente que é igualmente necessário proceder a alterações significativas na organização do nosso sistema económico. O aquecimento global encontra-se estreitamente ligado às monstruosas quantidades de energia que as nossas indústrias devoram a fim de dar resposta aos níveis de consumo que correspondem às expectativas de tantos de entre nós. De um ponto de vista budista, uma economia sã e duradoura deve reger-se pelo princípio da suficiência: a chave da felicidade encontra-se na satisfação e não numa multiplicação crescente de bens e produtos. O comportamento compulsivo que leva a um consumo crescente é expressão de sede, aquela disposição que o Buda identificou como sendo a principal causa do sofrimento.
No lugar de uma economia submetida à lei do lucro que requer um crescimento ilimitado para não falhar, devíamos fazer evoluir o mundo em direcção a uma economia que promovesse um nível de vida satisfatório para todos, permitindo-nos assim desenvolver as nossas plenas potencialidades (incluindo as espirituais) em harmonia com a biosfera, que sustenta e nutre todos os seres, onde se incluem também as gerações futuras. Se os dirigentes políticos não são capazes de reconhecer a urgência desta crise mundial ou se ele não estão dispostos a considerar o bem estar a longo prazo da humanidade acima dos benefícios de curto prazo das companhias que exploram os combustíveis fosseis, talvez seja necessário que os contestemos mediante o desencadear de campanhas persistentes de acção cívica.

Diversos climatologistas, como o Dr. James Hansen, da NASA, definiram recentemente objectivos precisos a fim de evitar que o aquecimento global atinja um limiar crítico catastrófico. Para que a civilização humana seja viável, a taxa aceitável de dióxido de carbono na atmosfera deve ser inferior a 350 ppm (partes por milhão). O cumprimento deste objectivo é recomendado e apoiado pelo Dalai Lama, assim como por outras personalidades agraciadas com o Prémio Nobel e por prestigiados cientistas. Na situação actual encontramo-nos nos 387 ppm, nível que aumenta ao valor de 2 ppm por ano.

É assim necessário não só reduzir as emissões de carbono mas também eliminar a excessiva quantidade de dióxido de carbono já presente na atmosfera.
Enquanto signatários desta declaração de princípios budista, nós reconhecemos o desafio urgente que o aquecimento global coloca. Juntamo-nos ao Dalai Lama para apoiar o objectivo dos 350 ppm. De acordo com os ensinamentos budistas, e conscientes da nossa responsabilidade individual e colectiva, comprometemo-nos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para atingir esse objectivo, nomeadamente (mas não só) através das acções individuais e sociais aqui sucintamente indicadas.
Dispomos apenas de um curto espaço de tempo para agir, para preservar a humanidade de uma catástrofe iminente e para assegurar a sobrevivência das diversas e belas formas de vida terrestres. As futuras gerações e as outras espécies que partilham a nossa biosfera, não têm voz para nos pedir que demonstremos a nossa compaixão, sabedoria e poder de cisão. Devemos escutar o seu silêncio. E devemos também ser a sua voz e agir em seu nome.

Para subscrever a declaração:

http://www.ecobuddhism.org/350_target/350_target/buddhist_declaration_on_climate_change___french/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Nirvana (ensaio psicopatológico dum dogma) de Manuel Laranjeira e as relações do Budismo com a Cultura Portuguesa

Duarte Drumond Braga
Centro de Estudos
Comparatistas/CLEPUL,
Universidade de Lisboa
REVISTA LUSÓFONA DE CIÊNCIA DAS RELIGIÕES – Ano VI, 2007 / n. 11 – 145-152


MANUEL LARANJEIRA, no seu ensaio O Nirvana: (interpretação psicopatológica dum dogma), saído a lume no periódico O Porto Médico (1905-1906), propõe a seguinte tese: o Nirvana é um estado mental de cariz patológico. Sendo uma leitura assumidamente naturalista, de cariz médico e psicopatológico, recusa qualquer orientação metafísica, desprezando a metafísica budista por “verbalismo” sem conteúdo.1 Nesta análise etiológica do autor de Comigo, o Nirvana não é mais do que a “expressão nosográfica dum estado hipnótico (catalepsia? letargia? Sonambulismo inactivo – ou antes êxtase sonambúlico?)”2 que, surpreendentemente, é depois “elevado à suma categoria de dogma.”3 Ou seja, uma espécie de torpor mental que, principiado na mente do próprio Buda Sakiamuni, fertilizada pelo “solo doentio” da Índia – na expressão de Laranjeira –, se estende a uma comunidade de seguidores tal como uma doença: a “doença da santidade” (título da sua tese de doutoramento), sedando-a no estupor nirvânico4, e progressivamente ganhando contornos de religião autónoma. Tudo começa por uma hipnose auto-induzida, que Laranjeira vê como também sendo a base do êxtase do místico cristão. É esta a tese central do texto, igualmente formulada, e de forma lapidar, em A Doença da Santidade:

E, muitos séculos antes de Charcot apresentar à Academia das Ciências de Paris a revelação desse curioso estado “com caracteres somáticos fixos, não simuláveis”, já nas florestas indianas o iogui sabia obtê-lo, e um monge, que, diz a lenda, trocara a vida faustosa de príncipe pela penitência rude, áspera, do ascetismo, andava a prega-lo como sendo o meio único de conseguir a “libertação da dor”. O Nirvana, através dos tempos e das gerações, que lhe chamaram, ora beatitude, ora acalmia da alma, ora comunhão com a divindade, ora matrimónio espiritual com Deus, ora liquefacção da alma no divino esposo, aflorou em pleno século XIX, e a ciência médica chamou-lhe hipnose.5

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Introdução ao Budismo - Jigme Khyentse Rinpoche no Porto e em Lisboa, 29 de Setembro e 1 de Outubro

Aconselho vivamente as introduções ao Budismo que Jigme Khyentse Rinpoche fará no Porto e em Lisboa, organizadas pela Fundação Kangyur Rinpoche com o apoio da União Budista Portuguesa.

Porto - 29 de Setembro, 3ª feira, às 19h, no hotel Tiara Park Atlantic (Av. Boavista, 1466).

Lisboa - 1 de Outubro, 5ª feira, às 19h, no hotel Marriott (Av. Combatentes, 45).

Para quem não saiba, e quase ninguém sabe, o diálogo teológico-filosófico da cultura portuguesa com a cultura budista foi o primeiro e um dos mais importantes da Europa. As provas estão em muitos manuscritos esquecidos nas bibliotecas portuguesas e noutras, como em Goa. Investigadores pacientes em breve as tornarão públicas.

sábado, 22 de agosto de 2009

Cadernos de Agostinho da Silva (excertos): entre Cristo e Buda

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"se se considerar religioso o que falar em Deus ou mostrar veneração por um lugar de ritos, certamente que Jesus tem de ser contado entre os religiosos; se, porém, se tomar como atitude religiosa a de uma forte consciência moral em face de todos os problemas universais, a de quem procura uma solução do problema essencial da existência, isto é, do problema do bem e do mal, com todas as suas implicações, procurando ir até aos limites da questão e não recuando perante o que aparece como resultado, o que fez, por exemplo, um Buda, então Cristo não pode apontar-se como um grande mestre religioso; nem uma única vez ele põe a dificuldade e toda a sua força espiritual parece empregar-se no sentido de que se organize a terra de modo que a vida material aos homens não pese sobre eles e as almas possam dedicar-se ao que é verdadeiramente humano; Buda fala dos problemas que existiriam, mesmo para o homem que tivesse toda a parte material da sua existência perfeita­mente resolvida: ele próprio é um príncipe que tem tudo quanto quer e que tudo abandona porque sente o trágico da vida, de uma vida que é trágica exactamente porque é vida; a acção, por conse­quência, aparece como um mal para o Buda; o que encontramos em Cristo é bem diferente: Jesus vem dos pobres, é um deles, e interes­sam-no pouco as questões metafísicas, como o interessam pouco as questões morais que não signifiquem uma ajuda para o estabeleci­mento do Reino; a piedade, o amor do próximo, são em Buda uma consequência da vanidade e da dor de viver: deve-se ser bom para tudo o que existe, porque tudo sofre de existir; a piedade de Jesus, o amor que ele reclama são uma força revolucionária, neste sentido de que hão-de apressar a vinda do mundo divinizado: se o rico amasse o seu irmão, pensa Jesus, as riquezas igualmente distribuídas dariam para todos e o mundo seria feliz; mas Buda, ao abandonar a riqueza, não o faz por amor aos outros: sendo pobre sofre menos, porque vive com menos intensidade. Exactamente porque não anseia por ne­nhum modelo do mundo, mas quer abolir o mundo, exactamente porque não tem de apontar aos homens um padrão de existência e uma esperança de protecção, mas o Nada, Buda não precisa de Deus; em Jesus ele aparece continuamente e tão presente em tudo, nos céus, na terra, nas plantas e nos meninos, que quase poderíamos falar num panteísmo, se, por outro lado, Jesus não mantivesse firme a ideia de um mundo absolutamente distinto de Deus; o que é certo, no entanto, é que o Deus de Cristo não aparece definido com clare­za; a ele, que vem pregar uma transformação social, basta-lhe a ideia de um Pai, Senhor do mundo, Criador dos homens, extremamente bondoso e extremamente justo, que ajudará seus filhos a possuírem o Reino e castigará os que se opuserem à vitória dos pobres; quanto ao resto, Deus é a um tempo pessoal e impessoal, transcendente e imanente, e ficam por resolver, até, nalguns casos, por tocar, proble­mas ligados ao de Deus e tão importantes como o das relações entre o homem e o espírito divino, o do bem e do mal, o do livre arbítrio e do fatalismo, o da conciliação de uma suprema bondade com uma suprema justiça."

In O Cristianismo, Lisboa, Edição do Autor, 1942, pp. 14-15.

terça-feira, 28 de julho de 2009

“A prática do Budismo não implica que a pessoa abdique da sua cultura”

Entrevista com Paulo Borges, publicada no Boletim Informativo nº70, de Maio de 2009, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, pp.18-19.

Segundo Paulo Borges, presidente da União Budista Portuguesa, a aproximação dos portugueses ao Budismo pode assumir muitas formas. Alguns interessam-se por aspectos específicos como a meditação, outros aprofundam os seus conhecimentos e tornam-se budistas praticantes.

Desde quando existem budistas em Portugal?

As primeiras actividades organizadas surgem nos anos 70, mas antes disso houve certamente quem se considerasse budista. Registe-se que desde a Idade Média conhecemos uma vida cristianizada do Buda – a lenda dos santos Barlaão e Josaphat (de Bodhisattva) – e tivemos contactos pioneiros com as culturas budistas, a começar pelos missionários, que mantiveram diálogos teológico-filosóficos muito interessantes com os budistas, ainda hoje esquecidos em manuscritos inéditos. Antero de Quental aprendeu sânscrito para ler textos budistas e o Budismo interessou e marcou Wenceslau de Moraes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, entre muitos outros. Assim o mostra o livro que organizei, com Duarte Braga, intitulado O Buda e o Budismo no Ocidente e na Cultura Portuguesa.

Quem são os budistas portugueses? É possível caracterizá-los?

Somos uma comunidade constituída sobretudo por nacionais, embora exista um número importante de chineses. Não é fácil caracterizar os budistas portugueses. É uma comunidade que abrange várias faixas etárias e pessoas com diferentes actividades e estatutos sociais. Maioritariamente, a comunidade budista está entre os 18 e os 50 anos. Há bastantes pessoas com formação académica, alguns ligados ao meio universitário, mas também muitos com outro tipo de actividades e formações.
Calculamos que possam existir cerca de quinze mil budistas em Portugal. O que é evidente é que o número de adesões aumenta, acompanhando o grande crescimento do Budismo no Ocidente. Temos também a noção de existirem muitas mais pessoas interessadas no Budismo. Temos testemunhos de pessoas que pertencem a uma religião, nomeadamente a Católica, mas se revêem no Budismo em certos aspectos da sua visão do mundo, como por exemplo numa ética não limitada ao homem, respeitadora de todas as formas de vida, e numa maior importância dada à experiência pessoal, em detrimento do dogma. Existe algo de singular que é o Budismo ser quase que uma segunda religião para muitas pessoas, que se reconhecem na atitude e na abertura budista, embora não adiram propriamente a todos os pontos da sua filosofia.
Temos uma difusão nacional, mas a maioria dos budistas praticantes localizam-se no Porto, em Lisboa e arredores e também no Algarve.

Que tipo de percurso têm as pessoas que aderem ao Budismo?

Há muitos percursos diversos, mas em geral as pessoas começam a interessar-se pela meditação, não por desejarem ser budistas, mas por lhes trazer a paz e serenidade que procuram. A partir daí, começam a interessar-se pelos seus fundamentos filosóficos. No decurso desse processo, encontram mestres das várias escolas budistas que convidamos para ensinar em Portugal, como aconteceu com S. S. o Dalai Lama, cujas visitas se traduziram por um grande crescimento da nossa comunidade e actividades.
Há quem também comece por contactar a literatura budista, que conta com vários livros de qualidade, em português. Nesses casos, é a partir da teoria que surge o interesse pela prática da ética e da meditação. Contactando um centro budista, as pessoas participam em actividades comunitárias como a meditação em grupo, a oração e a recitação de mantras, a par da integração disso na sua vida pessoal e quotidiana.

O que procuram essas pessoas?

Como referi, a maior parte das pessoas não procura imediatamente o Budismo, mas antes reduzir a sua ansiedade e stress, gerir melhor dificuldades na vida e praticar meditação. Ora esta é um contacto com uma dimensão mais profunda de nós mesmos, que suscita o desejo de saber mais acerca dos princípios e da visão do mundo que a fundamentam. É aí que as pessoas se começam a interessar pelo Budismo como busca de orientação para as suas vidas, procurando entender qual o sentido e quais as potencialidades da existência humana, em termos de desenvolvimento espiritual e ético.
O que oferecemos na União Budista Portuguesa respeita essas duas grandes motivações. Para as pessoas que visam melhorar a sua qualidade de vida mediante a estabilidade emocional e mental, oferecemos cursos mensais de introdução à meditação. É uma actividade muito procurada, com cerca de trinta ou quarenta pessoas em cada curso. Para quem, além disso, procura conhecer os princípios do Budismo, como orientação espiritual e ética para a vida, oferecemos cursos de introdução ao Budismo e seminários sobre temas específicos da filosofia budista. Convidamos também mestres budistas credenciados, que vêm do Oriente ou residem na Europa, para proporcionar um contacto mais directo com os representantes vivos desta tradição milenar.

O que significa ser português e budista?

Embora o Budismo surja associado a culturas para nós exóticas, a sua prática, para além das vestes culturais que historicamente assumiu, não implica de modo algum que a pessoa abdique da sua cultura e adopte uma outra. O Budismo é apenas uma via para a mente se libertar de ser causa de sofrimento para si e para os outros, realizando, ao mesmo tempo, todas as suas potencialidades cognitivas e afectivas. Se alguns portugueses que aderem ao Budismo incorporam elementos de uma cultura que não é a sua, passado esse primeiro período de fascínio por uma cultura diversa, e com um maior amadurecimento do praticante, o que fica é apenas a busca do desenvolvimento pessoal ao serviço do bem comum. À medida que se evolui na prática e na tomada de consciência do que é ser budista, fica somente o essencial. Aconselho um livro que traduzi, fundamental para nos libertar das ficções acerca do que é ser budista: O que não faz de ti um budista, de Dzongsar Jamyang Khyentse.

Existem alguns preceitos difíceis de seguir numa sociedade ocidental?

Contrariamente ao que por vezes se pensa, os preceitos budistas não são fáceis, pois são exigentes em termos éticos e de disciplina mental. E não apenas nas sociedades ocidentais, pois, para quem os queira seguir de forma minimamente rigorosa, são sempre difíceis de seguir em qualquer sociedade, inclusive nas orientais. Mesmo aí encontramos uma prática popular do Budismo que não corresponde necessariamente a uma prática rigorosa. Mestres budistas provenientes dessas culturas têm reconhecido que o Budismo também aí é muitas vezes “praticado” apenas por hábito social, sem grande esclarecimento, como acontece em geral com todas as religiões. Dito isto, certos preceitos budistas, como a não-violência, o amor e a compaixão universais, a abstenção de tudo o que contribua, directa ou indirectamente, para o sofrimento de qualquer ser vivo, com o que isso por exemplo implica de convite a uma mudança de regime alimentar, chocam com muitos hábitos enraizados na tradição ocidental (apesar do vegetarianismo ser um ideal e não uma condição à partida indispensável para se ser budista). A própria prática quotidiana da meditação choca com os hábitos ocidentais de indisciplina mental e ética, confundindo-se ser livre com pensar, dizer e fazer o que se quer, como se todos os pensamentos, palavras e acções não tivessem efeitos positivos ou negativos para nós e o mundo. Para já não falar da visão central do Budismo, a da vacuidade, a de que nada existe em si e por si, mas em total interdependência, sem características intrínsecas. E ainda transcender a percepção dualista, a separação eu-outro, o apego e a aversão egocêntricos. Tudo isso é difícil, mas não especificamente para um ocidental ou para um português. É difícil para um ser humano que esteja demasiado preso a perspectivas, preconceitos e hábitos social e culturalmente herdados e que não tenha a flexibilidade mental para reflectir sobre o seu fundamento.

Como se relacionam os budistas com as restantes comunidades religiosas em Portugal?

Temos relações de grande cordialidade com todas as comunidades religiosas. Destacamos a participação numa iniciativa da Comunidade Mundial de Meditação Cristã, um encontro inter-religioso mensal que procura congregar pessoas de todas as comunidades religiosas para fazerem meditação em silêncio, cada um segundo a sua tradição, após a leitura de textos sagrados de cada religião, à qual se pode seguir um diálogo. O silêncio inter e trans-religioso é a condição indispensável para um diálogo inter-religioso mais profundo. Quanto a este, assumimos o compromisso com S. S. o Dalai Lama de tudo fazer em Portugal para o promover e temos participado em ou organizado vários encontros inter-religiosos, que têm sido bastante fecundos, na medida em que o facto de representantes de várias religiões se encontrarem e dialogarem é, só por si, um exemplo positivo para as suas comunidades. Todavia, ainda se fica um pouco aquém do que seria um debate mais profundo, não só daquilo que nos aproxima, mas também daquilo que nos diferencia. Se o diálogo inter-religioso em Portugal, compreensivelmente, se tem focado mais nos pontos de convergência, penso que, para maior conhecimento e aceitação mútuos, seria conveniente investigarmos também aquilo que nos divide e a sua razão. Como tenho defendido, creio ainda nas vantagens de que este diálogo se alargasse a agnósticos e ateus, em prol de uma cidadania mais aberta e tolerante.
Devo dizer que lamento não termos sido ainda convidados para a Comissão de Liberdade Religiosa, apesar de sermos a comunidade com maior crescimento nacional e de acordo com o princípio de igualdade consagrado na Lei da Liberdade Religiosa. Segundo o mesmo princípio, também me parece extremamente injusto, grave e discriminatório, além de contrário ao mais elementar espírito científico, continuar a não existir nos Censos a possibilidade dos cidadãos se declararem budistas, hindus ou bahá’is.

União Budista Portuguesa

A União Budista Portuguesa é uma federação das principais escolas budistas portuguesas. Nasceu em Junho de 1997, procurando estabelecer em Portugal uma entidade que represente oficialmente o Budismo e que averigue da autenticidade das escolas budistas, reconhecendo-as como autênticas e aceitando-as como seus membros.
Por outro lado, a União Budista Portuguesa pretende também ser um espaço de diálogo e de intercâmbio, não só entre a comunidade budista, a sociedade portuguesa, as outras religiões e o Estado português, mas também de diálogo interno entre as várias escolas budistas existentes em Portugal, representantes do Budismo Tibetano, do Budismo Chan, do Budismo Zen e outras.

www.uniaobudista.pt

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Tenga Rinpoche em Lisboa - Conhecer a natureza da mente

Caros Amigos,

É com enorme satisfação que vos informamos da presença em Lisboa de Kyabje Tenga Rinpoche.

Tenga Rinpoche nasceu em 1932 em Kham, no Tibete oriental. A sua educação decorreu inicialmente nos Mosteiros de Benchen e Palpung, sob orientação do 9º Sangye Nyempa Rinpoche (irmão de Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche), e dos anteriores Situ Rinpoche e de Jamgon Rinpoche. Posteriormente, estudou com muitos outros Mestres e completou os seus estudos com um retiro de 3 anos. Foi também discípulo de Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche e de Kyabje Dudjom Rinpoche.

Após deixar o Tibete, em 1959, instalou-se em Sikkim no Mosteiro de Rumtek. Aí, Tenga Rinpoche serviu durante 17 anos S. S. o XVI Karmapa. Desde 1976, Tenga Rinpoche vive no Nepal, onde estabeleceu o Mosteiro Benchen Phuntsok Dargyeling e um Centro de Retiros em Pharping (http://www.benchen.org/home). É também o fundador de Centros na Polónia, em Itália e na Alemanha.

Kyabje Tenga Rinpoche é um dos poucos Mestres detentores da linhagem não interrompida da tradição Karma Kagyu do Budismo Tibetano. A sua visita a Portugal constitui uma oportunidade rara e preciosa para contactar com um grande Mestre da actualidade.

Programa:

21 de Junho de 2009 (Domingo) – 16h00
Desenvolver a calma mental

22 de Junho de 2009 (2ª feira) – 17h00
Visão profunda da paz mental

23 de Junho de 2009 (3ª feira) – 17h00
Meios para transformar a mente e revelar a sua pureza original

Local: Hotel Marriott, Av. dos Combatentes, Lisboa

Custo de participação: 20 euros por dia; 50 euros os 3 dias

Esperamos vê-los !

Fundação Kangyur Rinpoche

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Serenos Sobressaltos - "Basta pôr fim às visões falsas"

"Não é necessário procurar a verdade. Basta pôr fim às visões falsas"

- Sin-sin-ming, 3º Patriarca do Ch'an.

Que serão as "visões falsas"? Diria: as visões.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Seminário sobre a lei de causalidade/lei do karma e Mesa-Redonda Inter-Religiosa

Seminário "A lei da causalidade ou lei do karma"
Sábado, 21 de Fevereiro, entre as 15h e as 19 h
Local: Sede da União Budista Portuguesa - Calçada da Ajuda, 246 - 1º dtº
Inscrições: 213634363 (da parte da tarde)
http://www.uniaobudista.pt/

Por Paulo Borges

O seminário visa esclarecer a perspectiva budista sobre a lei da causalidade, mais conhecida como lei do karma (palavra com a mesma raiz de "criação"). Dissipando as mistificações a seu respeito, em que muitas vezes é confundida com uma predeterminação ou destino exterior ao indivíduo, trata-se de compreender a potencialidade criadora de todos os nossos pensamentos, palavras e acções, levando-nos a assumir a responsabilidade por tudo o que somos e nos acontece, bem como pelo que acontece no mundo, na medida em que a chamada realidade é inseparável da construção da nossa forma individual e colectiva de a percepcionar e de sobre ela (re)agir.

O seminário destina-se a todos os que queiram aprofundar o seu conhecimento dos fundamentos da via e da ética budista ou simplesmente tomar consciência dos motivos profundos pelos quais nem sempre nos acontece o que desejamos e muitas vezes o que não desejamos.

Contribuição: 20 euros (Estudantes: 15 euros; Sócios da UBP: 15 euros)
Nota: Uma real indisponibilidade financeira não será impeditiva da participação na actividade

EM MARÇO:

A Comunidade Mundial de Meditação Cristã tem o prazer de anunciar:
Domingo, 1 de Março de 2009 – pelas 15,00h.
Mesa-Redonda Inter-Religiosa
Com o tema:"Mudar o Mundo, Mudar-se a si Próprio: A Contemplação Hoje"

Intervenientes: Prof. Paulo Borges, Sheikh David Munir, Dom Laurence Freeman OSB

Seminário de Nossa Senhora de Fátima –Alfragide
Entrada gratuita

Para mais informações:mcristinags@netcabo.pt
tel:919264907/218488259
mailto:mjsalema@gmail.pt;%20tel:%20937030533/2144868407
http://meditacaocrista.weebly.com/index.html

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Considerações politicamente incorrectas de um mestre budista

Durante a batalha em Bodh Gaya, Mara [o símbolo da ilusão e da negatividade]manifestou múltiplas armas contra Siddhartha. Tinha, em particular, uma colecção de flechas especiais. Cada flecha possuía poderes ruinosos: a flecha que causa desejo, a flecha que causa obtusidade mental, a flecha que causa orgulho, a flecha que causa conflito, a flecha que causa arrogância, a flecha que causa obsessão cega e a flecha que causa a ausência de consciência, para nomear algumas. Nos sutras budistas lemos que Mara permanece sem ser derrotado em cada um de nós: ele envia-nos constantemente as suas flechas envenenadas. Quando somos atingidos pelas flechas de Mara, tornamo-nos inicialmente entorpecidos, mas o veneno espalha-se então por todo o nosso ser, destruindo-nos lentamente. Quando perdemos a consciência e nos apegamos ao eu, é o veneno entorpecedor de Mara. Lenta, seguramente, seguem-se as emoções destruidoras, vertendo-se no nosso ser.
Quando atingidos pela flecha do desejo, todo o nosso senso comum, sobriedade e sanidade saem pela janela, enquanto a falsa dignidade, a decadência e a imoralidade escorrem para dentro. Envenenados, nada nos detém para obter o que queremos. Alguém ferido pela paixão pode até achar sexy uma prostituta-hipopótamo, enquanto uma bela rapariga o espera em casa. Tal como mariposas atraídas pela chama e peixes por iscas em anzóis, muitos nesta terra foram apanhados numa armadilha pelo seu desejo de comida, fama, louvor, dinheiro, beleza e veneração.
A paixão pode também manifestar-se como concupiscência pelo poder. Tomados por uma tal paixão, os líderes são completamente indiferentes a como a sua ânsia de poder destrói o planeta. Se não fosse a cobiça de riqueza de algumas pessoas, as auto-estradas estariam cheias de carros movidos pelo sol e ninguém morreria de fome. Tais progressos são tecnológica e fisicamente possíveis, mas aparentemente não são emocionalmente possíveis. E entretanto murmuramos acerca da injustiça e censuramos pessoas como George W. Bush. Atingidos nós próprios pelas flechas da ganância, não vemos que é o nosso próprio desejo – ter comodidades como aparelhos electrónicos de importação barata e luxos como Humvees – que na realidade sustenta as guerras que estão a devastar o mundo. Todos os dias, durante a hora de ponta em Los Angeles, a via reservada aos veículos com duas ou mais pessoas está vazia enquanto milhares de carros atravancam o resto da estrada, cada um com apenas um ocupante. Mesmo aqueles que desfilam nos protestos “Não ao Sangue por Petróleo” contam com o petróleo para importar os kiwis para os seus batidos.
As flechas de Mara criam um conflito infindável. Ao longo da história, figuras religiosas, aquelas que supostamente estão acima do desejo, os nossos modelos de integridade e correcção, mostraram estar igualmente esfomeadas de poder. Manipulam os seus seguidores com ameaças de inferno e promessas de céu. Vemos hoje políticos a manipular eleições e campanhas ao ponto de não terem escrúpulos de bombardear um país inocente com mísseis Tomahawk se isso inclinar a opinião pública a seu favor. Quem se importa que ganhemos a guerra desde que ganhemos a eleição? Outros políticos ostentam hipocritamente religiosidade, fazem-se alvejar a si mesmos, manufacturam heróis e encenam catástrofes, tudo para satisfazer o seu desejo de poder.
Quando o eu está inchado de orgulho, manifesta-se de modos incontáveis: estreiteza de espírito, racismo, fragilidade, medo de rejeição, medo de ser ferido, insensibilidade, para nomear uns poucos. Por orgulho masculino, os homens sufocaram a energia e as contribuições de cerca de metade da raça humana: as mulheres. Durante o namoro, cada um dos lados deixa o orgulho atravessar-se no caminho, avaliando constantemente se a outra pessoa é suficiente boa para eles ou se eles são suficientemente bons para a outra pessoa. Famílias orgulhosas gastam fortunas numa cerimónia de casamento de um dia para um matrimónio que pode ou não durar, enquanto no mesmo dia, na mesma povoação, as pessoas morrem de fome. Um turista faz alarde de dar uma gorjeta de dez dólares ao porteiro por empurrar uma porta giratória e no minuto seguinte regateia uma T-shirt de cinco dólares a uma vendedora que tenta sustentar o seu bebé e família.
O orgulho e a piedade estão intimamente relacionados. Crer que a nossa vida é mais dura e triste do que a de todos é pura e simplesmente uma manifestação de apego ao eu. Quando o eu desenvolve auto-piedade, elimina qualquer espaço que os outros possam ter para se sentir compassivo em relação a eles. Neste mundo imperfeito tantas pessoas sofreram e sofrem ainda, mas o sofrimento de algumas pessoas foi categorizado como um sofrimento mais “especial”. Se bem que não estejam disponíveis estatísticas reais, parece seguro dizer que o número de nativos americanos chacinados quando os europeus colonizaram a América do Norte é pelo menos igual ao de outros genocídios reconhecidos. E todavia não existe nenhum termo largamente usado – tal como anti-semitismo ou o Holocausto – para esta chacina inconcebível.
Os assassínios em massa levados a cabo por Estaline e Mao Tse-tung também não possuem etiquetas reconhecidas, nem são objecto de museus prestigiados, acções judiciais por retaliação e infindáveis documentários e filmes de longa-metragem. Os muçulmanos clamam serem perseguidos, esquecendo a destruição a que deram curso os seus antepassados mogols, quando conquistaram vastas partes da Ásia como missionários. É ainda visível a evidência da sua devastação: as escalavradas ruínas de monumentos e templos outrora criados por amor a um diferente deus.
Existe também o orgulho de pertencer a uma certa escola de pensamento ou religião. Cristãos, judeus e muçulmanos crêem todos no mesmo Deus e num sentido são irmãos. Contudo, por causa do orgulho de cada uma destas religiões e por pensarem que estão “certas”, a religião causou mais mortes do que as duas guerras mundiais reunidas.
O racismo pinga da flecha envenenada do orgulho. Muitos asiáticos e africanos acusam os brancos ocidentais de serem racistas, mas o racismo é também uma instituição na Ásia. Pelo menos no Ocidente existem leis contra o racismo e ele é publicamente condenado. Uma rapariga de Singapura não pode trazer o seu marido belga para casa para conhecer a família. As etnias chinesas e indianas na Malásia não podem ter o estatuto de bhumiputra [filho da terra], mesmo após muitas gerações. Muitos coreanos de segunda geração no Japão não estão ainda naturalizados. Se bem que muitas pessoas brancas adoptem crianças de cor, é improvável que uma abastada família asiática adopte uma criança branca. Muitos asiáticos acham detestável tal mistura cultural e racial. Perguntamo-nos como se sentiriam os asiáticos se as posições estivessem invertidas: se as pessoas brancas tivessem de emigrar aos milhões para a China, Coreia, Japão, Malásia, Arábia Saudita e Índia. O que aconteceria se estabelecessem as suas próprias comunidades, ficassem com empregos locais, importassem noivas, falassem durante gerações a sua própria língua, recusando-se a falar a língua da nação anfitriã e, além disso, sustentassem o extremismo religioso no seu país de origem ?
A inveja é outra das setas de Mara. É uma das emoções do grande perdedor. Manifesta-se irracionalmente e engendra histórias fantásticas para nos distrair. Pode ferir subitamente nos momentos mais inesperados, porventura mesmo enquanto nos deleitamos com uma sinfonia. Mesmo que não tenhamos a intenção de nos tornarmos um violoncelista, e que não tenhamos jamais tocado sequer um violoncelo, podemos tornar-nos ciumentos de uma inocente tocadora de violoncelo que nunca encontrámos sequer. O simples facto de ela ser talentosa é suficiente para envenenar a nossa mente.
Grande parte do mundo tem ciúmes dos Estados Unidos. Muitos dos fanáticos políticos e religiosos que ridicularizam e criticam os Estados Unidos, chamando aos americanos “satânicos” e “imperialistas”, colocar-se-iam de pernas para o ar para obter o cartão verde do título de estadia, se já não o têm. Por pura inveja, a sociedade – frequentemente conduzida pelos media – quase sempre faz tombar alguém ou algo que experimente o sucesso, seja financeiro, físico ou intelectual. Alguns jornalistas pretendem defender os fracos e os oprimidos, mas frequentemente receiam mostrar que alguns “oprimidos” são realmente fanáticos. Estes jornalistas recusam-se a expor qualquer dos seus delitos e os poucos que falam com franqueza correm o risco de ser estigmatizados como extremistas.
Devido ao desejo egoísta de Mara ter mais discípulos, ele prega com esperteza a liberdade, mas, se alguém exerce realmente a liberdade, Mara não gosta necessariamente disso. Fundamentalmente gostamos de ter liberdade apenas para nós mesmos, mas não para os outros. Não é de admirar que, se nós ou alguém exercemos realmente todas as nossas liberdades, não sejamos convidados para todas as festas. Esta assim chamada liberdade e democracia é apenas outro instrumento de controle de Mara.

- Dzongsar Jamyang Khyentse, O que não faz de ti um budista, tradução de Paulo Borges, Lisboa, Lua de Papel, 2009 [no prelo].

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CURSO DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E À CULTURA BUDISTA 2008-2009

Atendendo ao crescente interesse e às solicitações do público em geral, e pensando também em criar as bases de formação para uma possível docência do Budismo nas escolas, conforme previsto na legislação em vigor, a União Budista Portuguesa, de forma semelhante a anos anteriores, vai realizar um Curso de Introdução à Filosofia e à Cultura Budista, aberto a todos os interessados. O curso, que se inicia neste Sábado, dia 25, decorrerá num total de 12 sessões, de 4 h, durante o ano lectivo de 2008-2009.
O objectivo é apresentar os temas fundamentais desta tradição multissecular, nos seus aspectos religiosos, éticos e filosóficos. Cada sessão terá uma componente teórica e prática, podendo incluir, além das exposições dos orientadores, questões, debate, períodos facultativos de vivência meditativa, a leitura conjunta de textos e/ou a apreciação de material áudio - visual. Em cada sessão serão fornecidas indicações bibliográficas específicas.
Os participantes podem optar pela inscrição na totalidade do curso ou, caso existam vagas, nas sessões individuais que desejarem, que terão uma unidade própria. A União Budista Portuguesa emitirá no final certificados comprovativos de frequência a quem haja assistido a um mínimo de 8 sessões.
Os orientadores - Tsering Paldrön , Paulo Borges e António Teixeira – são praticantes há mais de duas ou três décadas, integram a actual Direcção da União Budista Portuguesa, têm sido instrutores de yoga e/ou de meditação e responsáveis por múltiplas actividades de divulgação do Dharma do Buda (conferências, seminários, traduções, livros). Tsering Paldrön tomou votos religiosos, em 1999, com Kyabje Trulshik Rinpoche.

Programa

2008

I - Os Fundamentos da Via de Buda

25 de OUTUBRO – O Buda histórico e a Natureza de Buda. A vida e a Iluminação do Príncipe Siddhartha Gautama. O Sermão de Benares e as Quatro Nobres Verdades: o sofrimento, sua origem, sua extinção e a via que aí conduz ( o Óctuplo Caminho). Ética, meditação e sabedoria. Os Três Cestos: Vinaya , Sutra e Abhidharma. O sentido terapêutico, experimental e não dogmático da Via e do Ensinamento do Buda.
8 de NOVEMBRO – A natureza primordial da mente, a ignorância e o ego. As duas verdades: absoluta e relativa. Ilusão e Libertação. Samsara e Nirvana. Os quatro selos.
22 de NOVEMBRO – Os três ciclos de Ensinamento e os três níveis da Via: Hinayana, Mahayana e Vajrayana. Arahats, Bodhisattvas, Mahasiddhas e Budas. As principais escolas filosóficas budistas. O budismo perante as diferentes tradições religiosas e filosóficas indianas. A história oriental do Budismo e a sua actual expansão no Ocidente.
13 de DEZEMBRO – Vacuidade e interdependência: os doze factores da coprodução condicionada. Impermanência e insubstancialidade do eu. A Via do Meio entre eternalismo e niilismo – I

2009
10 de JANEIRO - Vacuidade e interdependência: os doze factores da coprodução condicionada. Impermanência e insubstancialidade do eu e dos fenómenos. A Via do Meio entre eternalismo e niilismo – II.Os Sutras da Prajnaparamita. O Sutra do Coração.

II - A Essência e a Prática da Via de Buda

24 de JANEIRO - O sentido do yoga e das técnicas de meditação. Calma mental (samatha) e visão penetrante (vipashyana).
7 de FEVEREIRO – As quatro meditações fundamentais: 1 - o valor da preciosa existência humana, rara e difícil de obter; 2 - a impermanência e a morte; 3 - a acção (karma) e a lei da causalidade; 4 - os sofrimentos dos seis mundos do ciclo da existência (samsara).
28 de FEVEREIRO – O Refúgio nas Três Jóias, Buda, Dharma e Sangha, e seus benefícios presentes e futuros. O Bodhicitta, ou espírito de Iluminação, relativo – em aspiração e em acção – e absoluto. As quatro meditações ilimitadas: amor, compaixão, alegria e equanimidade. A “troca” e outros exercícios de meditação.
14 de MARÇO – As seis paramitas, virtudes ou perfeições transcendentes: generosidade, ética, paciência, diligência, concentração e sabedoria.
28 de MARÇO – Os Sutras da Prajnaparamita: o Sutra de Diamante.
18 de ABRIL – Os Tantras Budistas: exposição da Visão, dos Métodos e do Resultado da Via de Diamante (Vajrayana).A necessidade de adequada preparação do mestre e do aluno. Tantras externos e internos. A Grande Perfeição.
9 de MAIO - Vida, morte, estado intermediário e renascimento. Como viver melhor a aproximação e o momento da morte e a experiência pós-morte.

O curso terá uma comparticipação total de 220 €uros, a pagar no acto da inscrição.
Cada sessão terá uma comparticipação individual de 25 €uros.
Metade do curso (50%) terá uma comparticipação de 135 €uros.

Horário: Sábados, 15-19 horas

O presente programa pode estar sujeito a alterações e há limite de inscrições.

UNIÃO BUDISTA PORTUGUESA
Calçada da Ajuda, 246, 1º Dtº, Lisboa
telefone: 21 363 43 63 (a partir das 15h)
www.uniaobudista.pt

domingo, 7 de setembro de 2008

Resposta a Casimiro Ceivães e aos demais


Caro Casimiro Ceivães, perdoe-me a sinceridade, mas esperava bem mais da sua inteligência, bem como da de muitas outras pessoas que prezo... Na verdade, pergunto-lhe, e aos outros, onde é que digo que "o mundo não é senão a ilusão e o nada", onde é que falo de atingir o "não-ser" ou o "vazio" como "Pátria" comum, onde é que falo de ondas, Oceanos ou Abdicação!?... E onde é que falo de querer converter alguém a uma religião, ao budismo ou ao vegetarianismo!? Se soubessem alguma coisa de budismo saberiam que é um dos seus princípios fundamentais não fazer proselitismo e aconselhar as pessoas, pelo contrário, e em princípio, a aprofundarem a sua própria tradição religiosa.
O problema, creio, é que vocês sabem que sou budista e, como não percebem nada de budismo, continuam a repetir os lugares-comuns dos intérpretes ocidentais do séc.XIX, que identificam budismo com niilismo... Ora é o próprio budismo que formulou a mais antiga crítica e denúncia do niilismo como um erro paralelo ao essencialismo!
Mas eu não falei de budismo no meu texto, falei apenas da convergência de milenares tradições sapienciais, que recorrem à introspecção meditativa - como ainda Descartes, por exemplo, o pai do racionalismo moderno - , e da microfísica contemporânea, para nos darem um quadro do mundo onde a noção de relação prima sobre a de substância e a de interdependência prima sobre a de existência em si e por si. Parti daí para aplicar isto à questão das identidades nacionais e lembrar que os povos, as culturas, as nações e as pátrias não podem ser abstractamente pensados como entidades ou coisas independentes, mas antes como processos inscritos na trama de interdependências que é a história e o próprio universo.
E para quê ? Apenas para recordar o que está presente na Declaração de Princípios e Objectivos do MIL, ou seja, que Portugal e a Lusofonia não são um fim em si, mas que o melhor da sua tradição cultural visa pô-los ao serviço do desenvolvimento da consciência e do bem comum de todos os homens e de todos os seres, ou seja, do universo. Isto, também, para contrapor a um nacionalismo ou patriotismo autocentrado a ideia de um novo patriotismo, que defini como trans-patriótico e universalista.
Se falei de meditação, não foi de meditação budista, mas do indispensável exercício de observação introspectiva e de auto-conhecimento que se requer quando queremos superar as nossas tendências egocêntricas e colocar as nossas energias ao serviço não só dos amigos, dos compatriotas ou de grupos restritos, mas de projectos generosos e universais, como pretendo que seja o do MIL. Esta auto-observação da mente foi praticada por todas as escolas de filosofia gregas - chamavam-lhe "meleté" - , foi praticada na tradição cristã (por Vieira, por exemplo, segundo as instruções de Inácio de Loyola) e, comum a religiões e irreligiões, é hoje redescoberta em todo o mundo e alvo da pesquisa de vanguarda no domínio das neurociências, estando a ser proposta nos EUA para substituir o consumo de Prozac.
Ao falar da sua relação com a política - onde não invento nada, porque já há em todo o mundo quem fale disto há muito tempo - , poderia ir muito longe, mas basta-me dar um exemplo da sua grande utilidade: se a maioria dos actuais políticos, em todo o mundo, praticassem sinceramente esta introspecção meditativa, verificando sinceramente se iam para a política por engodo da fama, da riqueza e do poder, ou para servir o bem comum, decerto tinham desistido, para seu bem e nosso!...
Espero que estas reacções à flor da pele, ao falar-se de política e meditação, não indiquem haver no MIL quem queira, por recusa de observar a própria mente, ir no mesmo caminho de sempre...
Aprendi muito ao ler os vossos comentários e fico-vos imensamente grato por isso. Mas também algo céptico, relativamente à possibilidade de se cumprir verdadeiramente a Declaração de Princípios e Objectivos do MIL: vejo em vocês muita coisa, menos aspiração à compreensão de ideias novas e diferentes e ao bem universal...
Ainda bem que vos incomodo!