HERÓIS DO MAR
A formação dos «Heróis do Mar» data de Março de 1981. Os cinco elementos do grupo, constituído pelo baixista Pedro Ayres Magalhães, pelo guitarrista Paulo Pedro Gonçalves, pelo teclista Carlos Maria Trindade, pelo baterista Tozé Almeida e pelo vocalista Rui Pregal da Cunha, tinham já todos experiência na área musical, em virtude de vários projectos musicais anteriores. Magalhães e Gonçalves pretendiam com esta banda representar Portugal, a sua história e a sua cultura. A escolha do nome do grupo «Heróis do Mar» não foi, portanto, casual, tendo sido retirado do primeiro verso do hino nacional. Também o visual inicial da banda, caracterizado como algo neo-militarista, e as letras, que reflectiam, inicialmente e até certo ponto, a glorificação de um Portugal passado, não agradaram a muita gente. Aquando do lançamento do álbum de estreia, no Outono de 1981, a memória do Estado Novo estava ainda muito fresca e por essa razão a polémica instalou-se em torno do grupo, sendo inclusivamente acusado de fascista e neonazi. Portugal não estava ainda preparado para algumas das bandas que surgiram no início dos anos 80 e os «Heróis do Mar» sofreram por isso. Pedro Ayres Magalhães chegou a queixar-se de durante anos não lhes ter sido permitido actuar a sul de Setúbal, precisamente por serem associados ao antigo regime. Com o tempo esbateu-se a polémica e a qualidade da sua música acabou por ser reconhecida, assim como foi também admirada a coragem pela criação de um grupo rock tão inovador no seio da música portuguesa.
No Verão de 1982 o single «O Amor» torna-se num enorme êxito, tendo obtido o Disco de Platina. Os discos seguintes, no entanto, não conseguiram repetir o êxito já alcançado. «Mãe» foi o álbum lançado em 1983, tendo sido bem recebido pela crítica, mas não pelo público. Do mini-LP de 1984 «O Rapto» somente o single «Só Gosto de Ti» conseguiu ter êxito. Também os singles «Paixão» (1983) e «A Alegria» (1985) resultam em sucessos na rádio.
Nesta altura já o visual ousado (em termos nacionais e históricos) tinha dado lugar a um visual menos polémico, mas ainda bastante arrojado para a época, com muito cabedal e calças de ganga rasgadas.
Os cinco músicos começaram depois a empenhar-se em projectos a solo. Pedro Ayres Magalhães assumiu a direcção da editora Fundação Atlântica, produzindo discos de Né Ladeiras, de Anamar e dos «Delfins». Os «Heróis do Mar» colaboraram no último disco de António Variações «Dar e Receber», no qual Magalhães e Trindade foram responsáveis pela produção e pelos arranjos. Em 1985 surgiram rumores de que o vocalista, Rui Pregal da Cunha, poderia abandonar o grupo, o que não não se verificou. Uma viagem a Macau, aonde a banda se tinha deslocado por dez dias para alguns concertos, resolveu o momento de crise: acabaram por ficar um mês e regressaram com um vigor renovado e novas ideias. Em 1986 é então editado o álbum «Macau», que os críticos receberam com elogios e que veio dar novo fôlego à banda.
Pedro Ayres Magalhães deu, entretanto, início ao projecto «Madredeus» com Rodrigo Leão dos «Sétima Legião». Carlos Maria Trindade continuou o seu trabalho fora da banda e tornou-se muito requisitado como produtor, trabalhando com os «Rádio Macau» e os «Delfins». Tozé Almeida criou uma produtora de televisão.
O grupo acabou por separar-se em 1990, depois de um último álbum lançado em 1988. Os seus elementos, à excepção de Tozé Almeida, continuaram a dedicar-se à música: Pedro Ayres Magalhães está agora nos «Madredeus», tendo elaborado e participado no projecto «Resistência». Após a saída de Rodrigo Leão, Carlos Maria Trindade substituiu-o enquanto teclista dos «Madredeus». Em 1990 Rui Pregal da Cunha e Paulo Pedro Gonçalves formaram os «LX-90» e lançaram o single «Planeta Amor», sem grande sucesso, acabando depois por irem para Londres com os «Kick Out The Jams», projecto que veio também a terminar.
Os «Heróis do Mar» surgiram numa época em que o país ainda não estava preparado para tanta inovação e, como acontece a todos que surgem antes do seu tempo, sofreram as consequências, tendo passado por grandes dificuldades, em termos artísticos, financeiros e outros. Foi-se a banda, mas ficou a música: muitos dos seus êxitos são ainda hoje passados na rádio e recentemente foi estreada uma série num dos canais de televisão portuguesa que tem por título e como música de abertura uma das canções mais conhecidas dos «Heróis do Mar»: «Só gosto de ti».
Autoria: Isabel Margarida Fernandes
A formação dos «Heróis do Mar» data de Março de 1981. Os cinco elementos do grupo, constituído pelo baixista Pedro Ayres Magalhães, pelo guitarrista Paulo Pedro Gonçalves, pelo teclista Carlos Maria Trindade, pelo baterista Tozé Almeida e pelo vocalista Rui Pregal da Cunha, tinham já todos experiência na área musical, em virtude de vários projectos musicais anteriores. Magalhães e Gonçalves pretendiam com esta banda representar Portugal, a sua história e a sua cultura. A escolha do nome do grupo «Heróis do Mar» não foi, portanto, casual, tendo sido retirado do primeiro verso do hino nacional. Também o visual inicial da banda, caracterizado como algo neo-militarista, e as letras, que reflectiam, inicialmente e até certo ponto, a glorificação de um Portugal passado, não agradaram a muita gente. Aquando do lançamento do álbum de estreia, no Outono de 1981, a memória do Estado Novo estava ainda muito fresca e por essa razão a polémica instalou-se em torno do grupo, sendo inclusivamente acusado de fascista e neonazi. Portugal não estava ainda preparado para algumas das bandas que surgiram no início dos anos 80 e os «Heróis do Mar» sofreram por isso. Pedro Ayres Magalhães chegou a queixar-se de durante anos não lhes ter sido permitido actuar a sul de Setúbal, precisamente por serem associados ao antigo regime. Com o tempo esbateu-se a polémica e a qualidade da sua música acabou por ser reconhecida, assim como foi também admirada a coragem pela criação de um grupo rock tão inovador no seio da música portuguesa.
No Verão de 1982 o single «O Amor» torna-se num enorme êxito, tendo obtido o Disco de Platina. Os discos seguintes, no entanto, não conseguiram repetir o êxito já alcançado. «Mãe» foi o álbum lançado em 1983, tendo sido bem recebido pela crítica, mas não pelo público. Do mini-LP de 1984 «O Rapto» somente o single «Só Gosto de Ti» conseguiu ter êxito. Também os singles «Paixão» (1983) e «A Alegria» (1985) resultam em sucessos na rádio.
Nesta altura já o visual ousado (em termos nacionais e históricos) tinha dado lugar a um visual menos polémico, mas ainda bastante arrojado para a época, com muito cabedal e calças de ganga rasgadas.
Os cinco músicos começaram depois a empenhar-se em projectos a solo. Pedro Ayres Magalhães assumiu a direcção da editora Fundação Atlântica, produzindo discos de Né Ladeiras, de Anamar e dos «Delfins». Os «Heróis do Mar» colaboraram no último disco de António Variações «Dar e Receber», no qual Magalhães e Trindade foram responsáveis pela produção e pelos arranjos. Em 1985 surgiram rumores de que o vocalista, Rui Pregal da Cunha, poderia abandonar o grupo, o que não não se verificou. Uma viagem a Macau, aonde a banda se tinha deslocado por dez dias para alguns concertos, resolveu o momento de crise: acabaram por ficar um mês e regressaram com um vigor renovado e novas ideias. Em 1986 é então editado o álbum «Macau», que os críticos receberam com elogios e que veio dar novo fôlego à banda.
Pedro Ayres Magalhães deu, entretanto, início ao projecto «Madredeus» com Rodrigo Leão dos «Sétima Legião». Carlos Maria Trindade continuou o seu trabalho fora da banda e tornou-se muito requisitado como produtor, trabalhando com os «Rádio Macau» e os «Delfins». Tozé Almeida criou uma produtora de televisão.
O grupo acabou por separar-se em 1990, depois de um último álbum lançado em 1988. Os seus elementos, à excepção de Tozé Almeida, continuaram a dedicar-se à música: Pedro Ayres Magalhães está agora nos «Madredeus», tendo elaborado e participado no projecto «Resistência». Após a saída de Rodrigo Leão, Carlos Maria Trindade substituiu-o enquanto teclista dos «Madredeus». Em 1990 Rui Pregal da Cunha e Paulo Pedro Gonçalves formaram os «LX-90» e lançaram o single «Planeta Amor», sem grande sucesso, acabando depois por irem para Londres com os «Kick Out The Jams», projecto que veio também a terminar.
Os «Heróis do Mar» surgiram numa época em que o país ainda não estava preparado para tanta inovação e, como acontece a todos que surgem antes do seu tempo, sofreram as consequências, tendo passado por grandes dificuldades, em termos artísticos, financeiros e outros. Foi-se a banda, mas ficou a música: muitos dos seus êxitos são ainda hoje passados na rádio e recentemente foi estreada uma série num dos canais de televisão portuguesa que tem por título e como música de abertura uma das canções mais conhecidas dos «Heróis do Mar»: «Só gosto de ti».
Autoria: Isabel Margarida Fernandes
14 comentários:
Grande Rui! Viva o Porto!
Klatuu, bem que Biazinha diz que você é um simbolo do patriorismo!
Beijos.
:) grande, grande banda.
Viva!
*
Grande banda mesmo, Biazinha tem tudo deles...com quem será que ela conseguiu? rsrsrs.
Errata:..patriotismo.
Claro que foi o Klattu que passou pra ela o arquivo de MP3...hahaha!
Biazinha hoje escreveu um texto tão gó! De quem será a influência? rsrss.
Gosto de Heróis do Mar, afinal, sou filha de italiano com brasileiro, mas neta de português... com certeza, grande banda!
O que mais me impressiona é o respeito que Bia tem por vc, respeito e admiração, e está rendendo bons frutos!
Beijos.
Grande Rui! (Gosto muito dos "Heróis" mas refiro-me, agora ao RR).
Aposto que tu o conheces. Chamas-lhe "Braga" ou Rui? :)
Gostava de estar com os dois numa daquelas noitadas portuenses que duram até ser dia e os vampiros recolhem de óculos escuros. Já muitas vezes me ocorreu que tu e ele são dois conversadores polémicos e interessantes.
Dark kiss.
Grande banda, com grandes temas.
Sempre os apreciei.
É um prazer renovado ouvi-los.
Enganas-te. Não o conheço pessoalmente.
P. S. Demora muito a beleza e sabedoria do teu contributo?
Lúcia, honestamente te digo, nunca o patriotismo em música foi tão belo e tão lusófono!
Basta ouvir a funda africanidade, sem complexos, que sempre esteve presente no tear dos Heróis do Mar.
Beijinho.
Obrigado, Bianca, também gosto muito da pipoquinha.
Beijinho.
P. S. Beijinhos, amiga Andorinha, bem-revinda das mini-férias... ;)
Heróis do Mar, «Salmo» (mp3).
Pois eu gostava que o conhecesses, porque há diálogos que, por não acontecerem, deixam uma espécie de buraco. Mesmo que jamais registados, os vossos diálogos, fariam o mundo mais rico. Creio na força do que emanamos... é por isso que digo estas coisas :)
A beleza e sabedoria do meu contributo... Estou a hesitar, a achar "que sim mas que não".
Posso contribuir com uma canção?
Sabes, eu editei um CD que, na altura (90s), foi considerado pela crítica um bom exemplo de portugalidade. Aliás recebeu uma excelente crítica, unânime ainda por cima, e quase ganhou um Sete de Ouro. A voz é minha, as letras também. Já me lembrei de meter aqui uma das canções!
É que a escrever acho-me... tão umbiguista e doida! :)))
Deixe-se de coisas imperatriz da morcegada...:)
Publica o que entenderes, a cantar, a falar, o que queiras. E venha a poesia, a prosa - a tua escrita única!
Beijocas.
P. S. Além disso não esqueças as tuas responsabilidades: as crianças precisam de modelos! :)
Esse é o meu maninho...hehehe!
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