Painel de azulejos do Palácio Galveias (Câmara Municipal de Lisboa)
QUE TEM GOA, QUE MAGOA
Que tem Goa, que magoa
meu coração português?...
(– Índia sonhada em Lisboa,
diz-me segredos de Goa,
diz-mos baixinho de vez...)
Que tem Goa, que destoa
do mundo que à volta sei?...
(– Índia das noites à toa,
canta-me a voz do Pessoa,
conta-me a volta do Rei...)
Que tem Goa, qu'inda ecoa
nas águas mortas do mar?
(– Índia, vem... moro em Lisboa...
deixei meus barcos em Goa,
preciso de navegar...)
MARINHEIRO DO MAR MORTO
– Marinheiro do mar morto,
porque andas a navegar?
– Nasci num barco sem porto,
quero só morrer no mar.
– Marinheiro do mar alto,
fazes-me falta no mar...
– Já não sou eu que te falto,
falta-te só embarcar.
– Marinheiro do mar fundo,
ensina-me a ser assim...
– Quando a morte for teu mundo
é que hás-de chegar a mim.
Casimiro Ceivães (1912-1931)
* Em homenagem ao nosso Confrade, Casimiro Ceivães, dois poemas do seu tio-avô.
QUE TEM GOA, QUE MAGOA
Que tem Goa, que magoa
meu coração português?...
(– Índia sonhada em Lisboa,
diz-me segredos de Goa,
diz-mos baixinho de vez...)
Que tem Goa, que destoa
do mundo que à volta sei?...
(– Índia das noites à toa,
canta-me a voz do Pessoa,
conta-me a volta do Rei...)
Que tem Goa, qu'inda ecoa
nas águas mortas do mar?
(– Índia, vem... moro em Lisboa...
deixei meus barcos em Goa,
preciso de navegar...)
MARINHEIRO DO MAR MORTO
– Marinheiro do mar morto,
porque andas a navegar?
– Nasci num barco sem porto,
quero só morrer no mar.
– Marinheiro do mar alto,
fazes-me falta no mar...
– Já não sou eu que te falto,
falta-te só embarcar.
– Marinheiro do mar fundo,
ensina-me a ser assim...
– Quando a morte for teu mundo
é que hás-de chegar a mim.
Casimiro Ceivães (1912-1931)
* Em homenagem ao nosso Confrade, Casimiro Ceivães, dois poemas do seu tio-avô.
4 comentários:
São muito bonitos ambos poemas, tão bonitos quanto o mar!
Beijos.*
Belos. Um adolescente a escrever assim... Amado pelos Deuses, como dizia Pessoa, decerto, para deixar tão cedo a companhia dos mortais.
uma respeitosa vénia.
Dois belíssimos poemas.
Acabo por me repetir, mas a culpa não é minha, é de quem escreve:)
"Quando a morte for teu mundo
é que hás-de chegar a mim."
Isto é LINDO!
Biazinha, "tanto mar"...
Mariazinha, todos somos adolescentes quando escrevemos. E a companhia não se deixa nunca: eu creio na comunhão dos santos.
Andorinha, não sei que diga... obrigado.
E, Milorde Erewhon. Depois de Abril em Maio, Dezembro em Junho...
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