A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nau Nossa Senhora da Vida II

«Porque nesse tempo antigo da Grécia, se teria jugulado lentamente o mito, - até à sua exaustão, pelos romanos. E aqui [em Portugal], ele renasceria de novo, vivo, noutra vida, então agora unido à razão.

Aqui na Península [Ibérica], o Oriente e o Ocidente, a pré-história e a história, o mito e a razão, como coincidência de coordenadas de espaço, tempo e pensamento, no homem e na terra, se unirão no exacto ponto e momento de 1500. No ano de Pedro Álvares Cabral: esse será o sentido dessa falha ou união entre dois séculos; a descoberta do Brasil foi o fechar do círculo, conclusão do novo mar.

E só unindo saber e terra se pode compreender a forma de conhecimento que nasceu nesta civilização e por ela foi ofertada ao mundo e com ele partilhada. Porque tudo se fez, pelos homens, em união com a Terra.
E agora, um meio milénio passado, num mar agora ultrapassado, transfigurado, o do espírito, ou pelo espírito, ou mar interior, novo feito de novos argonautas, se avizinhará, urgirá avizinhar-se: como penetração e desvendamento e desenho nesse outro mar de suas costas e limites e baías as mais profundas e vaus e linhas de orientação: como repetição do primeiro passo de toda a iniciação, e retomar do apelo de Sócrates, ou de mais atrás, do deus da luz, o que estava escrito ao alto no seu templo de Delfos: «Conhece-te a ti mesmo.» De novo trazendo para as costas atlânticas o princípio regenerador do humanismo mediterrâneo.
Será este o feito futuro, renovado, da nova descoberta. Para novo ciclo histórico da pátria lusíada e do Ocidente.

Vês agora a união da saudade com a água? Com a água e com a morte. Bernardim Ribeiro sabia. Era esse o segredo cantado no canto do rouxinol sobre a corrente.

(...) baptismo na água.

Mas agora outra vinda dos Descobrimentos se fará para os homens e para a Terra num homem e numa terra transcendentes, transfigurados, porque na vinda, baptismo no fogo, do Espírito Santo.
O espaço agora a conquistar será o transcendente interior, seu.
E agora pelo homem pelo Cristo novo, na sua Segunda Vinda, tudo passará de terrestre ao cósmico, transcendente.
Para a nova eleição e serviço duma nação, urge pela primeira vez atentar na sua posição no espaço da terra, por uma geografia sagrada. E na sua vinda no tempo, por uma história que nela também se veja de sentido sagrado. Ver aí a sua eleição e serviço, na intercepção do tempo e do espaço. Porque tudo se fará por uma nova visão de tudo que está dada mostrada já.
Seis séculos após, a verdade dos Descobrimentos se abrirá, se libertará. Como seis décadas após, Portugal se libertou do jugo castelhano. E após outras seis décadas, o anúncio da verdade pela Renascença Portuguesa, virá por fim à luz. Como germinações e eclosões de sementes escondidas.
E também então se revelará a verdade da saudade.

Saudade é a polpa do eu eterno.

Porque a saudade não é conclusa em si, mas seu sentido está no seu ultrapassar. Saudade é tempo de gestação.

E a terra finalmente como Virgem, subirá em Assunção ao céu.

E ver que união, como fusão final de fogo e água, se teria dado aqui nestas margens peninsulares: pelo afundamento do disco rubro do Sol, nas águas de Posídon, como fusão do deus dos povos da velha Atlântida e de Apolo o deus dos povos da Grécia (...).

A terra finalmente unida ao céu, ou Apolo a Gaia, ou a Serpente ao Sol, em enlace último, como promessa dum novo mundo, a nascer.

O ser saudoso é o ser livre na necessidade, o ser da eternidade no tempo. O que traz para a lei da terra a lei do céu. Ou a eternidade para o devir.

Porque a poesia terá a mesma origem que a profecia: as Musas são filhas da Memória.

E assim ao discurso se substituirá essa supra-razão e a unidade do paraíso de novo será atingida.

(...) só, aí, na brancura cintilante e doce (a tal inefável), do seu seio último. Semente do fruto. Trono do mundo. Coração do homem.

A saudade é o segredo de Apolo.»
Dalila Pereira da Costa, A Nova Atlântida

«(...) a força da Saudade, criando vida e afogando o sol nas suas lágrimas (...)»
Teixeira de Pascoaes



(Maria Bethânia e Gal Costa)



«Roubam-me Deus
Outros o diabo
Quem cantarei

Roubam-me a Pátria
e a humanidade
outros ma roubam
Quem cantarei

(...)
E de mim mesmo
Todos me roubam


Quem cantarei
Quem cantarei

Roubam-me a voz
quando me calo
ou o silêncio
mesmo se falo

Aqui d'El Rei»

D'El Rei... Amor!

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