A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

IDENTIDADE E SABEDORIA




Uma das manifestações superiores mais fortes da identidade dos povos é o seu pensamento filosófico. Se passar a fronteira – conceito que nos nossos dias nem já um traçado abstracto num mapa é – encontro no Espanhol médio um inegável pendor filosófico e interrogativo; tal coisa quase não existe no Português médio. Em Espanha há, e houve, filósofos; em Portugal sempre foram raros, mas abundam os mitósofos, cabeças delirantes que largam teorias excêntricas assim que acordam. Porque será isto? Se os Portugueses são um povo inteligente, com uma poderosa habilidade intelectual prática, capazes de bons sucessos face a situações imprevistas e adversas, e com uma consistente sabedoria tradicional?
Em Portugal não se exige cidadania, mas sim rebanho. Aqui, num País a que Eça chamou um sítio, qualquer labrosta, qualquer coirão de pinhal, sobe na vida se tiver os amigos certos, ou um sonante nome de família no BI. O valor, atributo individual, é em Portugal preterido pelo amigalhanço, e isto em todos os sectores da vida pública, profissional e cultural. É-se «bom» porque se é porreiro ou simpático – aquela falsa virtude de empregado de balcão –, porque se é do Partido X ou Y, porque se tem esmero nas artes de alcova, porque se é gay ou católico.
A inépcia filosófica dos Portugueses fá-los pagar um débito com juros gigantescos, que se manifesta na sua deficientíssima cultura cívica e política. Em Portugal não há políticos nem Política, porque a Política, tal como a Filosofia, exige indivíduos, esclarecidos, críticos, livres, e os políticos portugueses mais não são que dentes gulosos, afiados e podres de uma engrenagem viciosa e vil chamada: Partidos.
Nesta Lusitânia de bordel quase não há Filosofia porque não há crítica. A passividade de carneiro, ou de vaca, da população é alimentada e mantida por um bando de politiqueiros medíocres e corruptos e por uma corja de empresários perdulários e banqueiros usurários, que usufruem de lucros fabulosos, a pagar impostos mínimos como se fossem empresas públicas, a escapar-lhes e que não geram riqueza directa, fazem dinheiro do dinheiro, condicionando a economia nacional e o decréscimo do bem estar dos Portugueses com as suas operações financeiras, saques bolsistas e assaltos a empresas.
Nesta Lusitânia de mercado de maltrapilhos a maioria dos intelectuais estão abaixo do nível de empregadas domésticas diligentes, são cabeçorras de esterco, que vomitam articulados linguísticos abstrusos e alienígenas, pretensamente cultos, porque nesta infeliz Pátria ser culto é proferir frases incompreensíveis num perpétuo vácuo semântico; não sabem ver nem ouvir, nem têm gosto, e a coragem abandona-os depois do almoço com o primeiro arroto digestivo.
Falta de Filosofia, claro. Porque pensar não se enquadra em garantias a priori de status e classe, e sim num projecto de indivíduo construtor de si mesmo, em que a Civilização investe com igual denodo no que nasceu escravo e no que nasceu príncipe – nesta terra povoada de piolhos educa-se (domestica-se) para a obediência bovina e não para a revolta.
Para termos filósofos e Filosofia neste País (e Política, Civismo, Cultura, Justiça, Progresso e Liberdade) precisamos, primeiro, de ter indivíduos – e para que haja indivíduos é necessária uma maior distribuição da riqueza e, para isso, quando se ensina a Língua Portuguesa e a História de Portugal e as ciências aos meninos e às meninas é imperioso que se ensine também: que a Revolução é o único acto filosófico colectivo urgente.


Klatuu Niktos

10 comentários:

Ana Beatriz Frusca disse...

"Aqui, num País a que Eça chamou um sítio, qualquer labrosta, qualquer coirão de pinhal, sobe na vida se tiver os amigos certos, ou um sonante nome de família no BI".

No Brasil não é tão diferente disso, e já conversamos muitas vezes sobre este assunto.Quanto à política aqui o quadro é bem semelhanteao que descreves neste texto.
Bom texto!
Beijos.

Unknown disse...

O Poeta-Homem não é capaz de viver através de ideias que não se convertam no seu corpo real, assim, para que isso aconteça, estas têm de ser por ele recebidas através da sua boca-mente, dadas genuinamente pela -sua- natureza e não por imaginação de outros homens desnaturados, de modo a que o seu corpo as reconheça como suas e as possa integrar adequadamente na sua realidade, nascendo de si próprio, recriando-se vivo. Por outras palavras, o Homem só pode continuar vivo nutrindo-se directamente dos alimentos que chegam à sua boca, não bastando que outros se alimentem por ele!
Só podendo reconquistar a identidade através da sabedoria, do saborear próprio.

Romeu disse...

Se Gonçalves Dias vivo estivesse hoje,com certeza diria:"As aves que aqui gorjeiam
Gorjeiam como lá!"
Que pena! Também nós(brasileiros)temos muito de MITÓSOFOS, embora tenhamos tido grandes filósofos e pensadores.
Contudo, parece que a MITOSOFIA é amálgama a alicerçar o nosso espírito!Parabéns pela coragem e lucidez de seu artigo.
Fraterno abraço.

Casimiro Ceivães disse...

... e a literatura é o único acto revolucionário individual.

Paulo Borges disse...

Qual o problema de haver mitósofos, se entendidos como os que sabem/saboreiam o mito!? Não será isso antes uma vantagem? Será a filosofia um valor em si ou, na melhor das hipóteses, a saudade de alguma coisa que matou ao nascer, que matou para nascer? Agostinho da Silva, por exemplo, valorizava a inexistência entre nós de filosofia, no sentido clássico... Não concordo em absoluto com ele, pois entre nós a há, somente ignorada. Mas creio que cometemos um erro ao avaliar o valor da nossa cultura por padrões clássicos e eurocêntricos... Aqui, como em muitas outras coisas, somos felizmente excêntricos, periféricos, finistérricos...

Isto não põe em causa a justiça do restante diagnóstico geral da nossa condição social, política e mental.

andorinha disse...

Excelente texto!
Subscrevo na íntegra.

"...nesta terra povoada de piolhos educa-se (domestica-se) para a obediência bovina e não para a revolta."

Infelizmente assim é. E a tendência para a domesticação tem-se vindo a acentuar nos últimos tempos.
E cada vez é mais difícil remar contra a maré...

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=B_1bPjoWOTM&feature=related

Flávio Gonçalves disse...

Macacos me mordam, começo a simpatizar consigo (mas deve ser Sol de pouca dura).

Diferenças pessoais à parte, excelente texto.

Klatuu o embuçado disse...

Paulo, desde que não se queira fazer passar mitosofia por filosofia... nada tenho contra os mitósofos.

P. S. Obrigado a todos por terem comentado.

P. P. S. O texto é uma republicação, foi escrito em Setembro de 2006.

Klatuu o embuçado disse...

NOTA

Vale a pena ler os comentários em 2006... por mais do que uma razão.