LUSITÂNIA
O lobo chama. A geada cai. A Lua é negra.
Qual sentinela, o dólmen do cume aguarda
A primeira estrela. Que desperte o seu hóspede.
Que por uma noite mais a sua alma dance
Na planura em fogo como o torso de ferro
Na batalha! Outros deuses nasçam.
Todo o lugar é um lugar de crucificação.
A opressão de Impérios escolhe a morte,
Antes é o destino que a executa – o céu é livre.
Invictos os poderios do mundo e de Roma
Não silenciam a alma da pedra!
RUNA
Fogos no céu vestem de luz o elmo antigo
Que a torrente revelou. A terra é a urna,
A grande pedra em que a vida escreve.
Não morreste em vão, nem és sem nome,
Nobre guerreiro que o Inverno acorda.
Os ossos vencidos verão uma vez mais o dia,
O braço segura ainda a trágula, as vírias.*
A montada caiu a teu lado – a glória não.
Mesmo que a lama e a runa fechem.
Lord of Erewhon
* Trágula: dardo muito aguçado com ponta em forma de anzol; uma das armas mais frequentes entre os guerreiros Lusitanos; eram exímios quer em arremessá-la quer em lutar com ela corpo-a-corpo. Víria: bracelete usada pelos Lusitanos; quanto maior fosse o seu número, maior seria o valor do guerreiro na batalha; «Viriato», muito provavelmente, nem será um nome próprio, mas apenas o designativo de um guerreiro muito valoroso, «um chefe»; apraz-me acreditar que assim é… e que só os mortos conhecem o seu nome!
17 comentários:
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Obrigado.
Um nome é apenas um nome... mas a alma, essa, está bem viva e presente.
:)
Beijo*
PS: os nobres "Viriatos" trocaram a espada pela pena. Armas, ambas.
O nome que nos dão no nascimento é imprestável - assim também damos nome aos cães. Nome é aquele que ganhamos, o que se conquista, o que merece o respeito dos outros.
Muito obrigado, por seres uma das pessoas que perfilam a meu lado; as mulheres são sempre audaciosas... Agora estou à esperal do Ariel, do The Poisonous e de outros - que não me falhem, senão, no meio de tanta menina, pareço mais Árabe que Lusitano! :)=
Beijinho!
no meio de tanta menina, pareço mais Árabe que Lusitano
E estás a queixar-te de quê? ;p
Agora a sério: é uma honra.
:) beijo*
Caro Lord of erewhon,
Sei que um guerreiro(a) não pede desculpa entrar "toma de assalto" se a vontade for nobre e a alma sem temor.
Não sou guerreira.Entro devagar, mas saio já.
Venho apenas saudar um bom poema.
São dois.
O corcundinha nunca se queixa das amigas - sabe que é um privilegiado do Nestum com mel! :)
Caramba, você é demais! Essa é sua vertente de poeta clássico em plena era pós moderna!
As fotos estão maravilhosas!
Beijinho na ponta do nariz, minha casquinha de siri.
Faço das palavras de Biazita, minhas!
Você escreve bem demais!
Dia desses irei divulgar seus poemas aos meu alunos e colegas...dá um caldo já que você é tão versátil!
Bom demais!
Beijos.
Os guerreiros têm toda a minha admiração e respeito.
E nunca morrem em vão.
Dois belíssimos poemas ilustrados com fotos também de grande beleza.
Subscrevo o P.S. da Mariazinha.
És um "Viriato" das palavras.
Beijinhos
"a terra é a urna. a grande pedra em que a vida escreve". soberbo! *
Belíssimo!!!!!
Parabéns!
OS mortos da Lux-i-tânia súdam-te de além do espaço e do tempo.
"O nome que nos dão no nascimento é imprestável - assim também damos nome aos cães. Nome é aquele que ganhamos, o que se conquista, o que merece o respeito dos outros."
Posso citar isto no início de um conto que estou a escrever, chamado "um nome impronunciável"? Claro que porei o teu nome como autor desta frase.
"apraz-me acreditar que
assim é... e que só os mortos conhecem o seu nome!"
Nunca tinha pensado nisto. E também me apraz. Tanto!
Belos poemas, Lord. Espanto, não. Porque já te leio há tempos... :)
***
Obrigado, meninas!
Beijinhos para todas.
P. S. Claro que sim, Ana, com a maior honra.
Lindíssimos, ambos.
As tuas palavras encantam-me e depois fico assim, atarantada, maravilhada e...sem saber o que dizer.
Beijinho*
PS: O Ariel já aceitou. Espera-se é o texto...
PPS: "...no meio de tanta menina, pareço mais Árabe que Lusitano!" :)=
Sabes o que é que isso se chama?!
Bendito és tu entre as mulheres!
(risos)
Desculpa. Não resiti.
:)=
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