
Barro cinzento esculpido
A imagem da mãe e do menino
Em máscaras de gás
Nuvens de poeira.
Sozinha em frente ao mar
Devagar assobio ao vento
Quente do Verão que passa…
A Nostalgia fere-me os sentidos docemente
E apaga-me aos poucos, deixando apenas
No horizonte uma antiga fotografia do pôr-do-sol
E uma melodia sem graça, mas triste.
A saudade caminha comigo ao longo das dunas cinzentas.
Vale deserto onde a luz vai e vem
Nas mãos das nuvens de fumo.
E as gotas da chuva de Verão batem vermelhas contra a janela
Incendeiam-me por dentro como se fossem fogo,
Choro com elas e caio por terra
Todo o meu coração é uma brasa acesa na chuva de Verão
Um lago imenso, com ilhas-rochedo, no fogo-aceso do pôr-do-sol
Espelho de mil cores, azuis violetas vermelhos, fénix
Contra a cinza-memória da rocha e seus esconderijos
De caranguejo. E os cavaleiros de fogo que ainda acreditam num Novo Mundo…
No amor…
Eu já não… e eu sou tudo isto.
Uma memória que fecha os olhos lentamente
E que se prepara com amor para um longo Inverno.
Oh que paixão delicada, por gelo, azul e branco
Estalagmites, montanhas geladas! Vales cobertos de neve…
Vem Outono, vem Inverno,
Leva-me.
Babalith
Atlantic, Moonspell, 2006
2 comentários:
Se o lirismo redimisse há muito que teria chegado o Reino de Deus.
Excelente!
Abraço.
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