Nuno Benavente, In Utero, 2002
O comboio desliza sobre o Tejo, tão próximo, numa distância cortante.
Os meus olhos cansados repousam nas águas, olhos atentos às estrelas artesanais, dependuradas em mastros de ferrugem temporal, colocados em cada margem, para sinalizar o fim do sonho.
O Tejo, também destinado a ser espelho de dois abismos nas trevas do mundo, faz destas estrelas ilusórias, dançarinas divinas, no baile silencioso do seu reino nocturno.
O Tejo… o Tejo é saudade de partidas lacrimosas e chegadas honrosas de velha glória.
O Tejo é amor, melancolia de novelos de água em entrançados de lua salgada.
Na noite, tudo é Uno. O rio e o céu são um só, como um espelho... como um ovo.
4 comentários:
O Tejo, o Douro... duas veias sagradas da Ibéria, que percorrem muitos quilómetros para se ofertar à grandeza Atlântica... Depois ainda temos as veias que são só nossas, como o Sado, que vem a correr das terras dos Cónios para se transformar em luz celeste em Setúbal, porto de Lusitanos.
Os rios, os rios, o seu choro e o seu canto, a sua mágoa e a sua glória... aprendi a ouvi-los. O silêncio da solidão pede outra fala - e prefiro a voz das águas à dos homens; os rios não mentem e nada no mundo ama mais a terra.
Belo texto, miúda:)
"Na noite, tudo é Uno. O rio e o céu são um só, como um espelho... como um ovo."
Não preciso de dizer mais nada; o resto o Klatuu já o disse...:)
Não vais acreditar menina mas, mal li o título, apostei que seria da tua autoria.
E não me enganei.
Nem as minhas expectativas saíram frustradas quanto à beleza do texto que se lhe seguiria...
Um beijo...e uma vénia, pois claro!*
Gostei muito. O resto que podia dizer já foi dito, e um dia destes digo-to a ti.
:)
beijo*
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