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O Verão fazia-se anunciar em dias como aquele, dias que pediam passeios longos pelas calçadas de Lisboa, um almoço leve e uma tarde numa qualquer esplanada com vista para o rio.
Escolhera Santa Catarina pelas memórias que guardava na serenidade do tempo e pelo misto de culturas que ali atracavam. Ainda que com um ar tosco, a esplanada despertava outros sonhos, sonhos que enfrentavam o medo do desconhecido feito de pedra.
Rapidamente se deixou consumir pelo que os sentidos lhe ofereciam. O calor anestesiante, o odor do pecado, o azul do rio e o branco das velas, a contemporaneidade das flautas e dos tambores. E tudo isto o envolvia para além do espaço e do tempo, como uma dança de culturas.
Já não queria produzir um discurso articulado em resposta à voz humana. Queria-se alheio ao mundo e deixar-se contagiar até a luz do dia se extinguir, abrindo as portas para uma noite adormecida.
4 comentários:
Bela estreia, Bruno... Um pedaço do chão pátrio, tocado pela alma, com «o azul do rio e o branco das velas».
Abraço!
P. S. O resto continuo num grito para dentro... para não assustar os pombos.
Belo texto!
Bem-vindo!
E ao fim ao cabo, além da dor, a boa esperança.
Deu vontade de apanhar já o Alfa e rumar a Lisboa, a Branca Bela.
Muito bonito.
beijo*
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