“SAL NA LÍNGUA” VIAJA PELOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA
"Aproximar as culturas lusófonas" é o objectivo do programa, diz José Fragoso
"É uma viagem saborosa à descoberta de nós, os falantes da língua portuguesa", explicou o santomense João Carlos Silva, autor de Sal na Língua, o novo programa que a RTP vai estrear no dia 29, às 22.30, e que ontem foi apresentado no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa.
"A gastronomia é o pretexto" para um percurso através do património, das paisagens, das artes e das pessoas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com início em São Tomé e Príncipe, arquipélago onde o autor gravou o primeiro de 40 episódios, de cerca de 27 minutos cada.
"Como estão os afectos? E de que esperanças falam os artistas?" São estas algumas das perguntas para as quais João Carlos Silva vai à procura de respostas. Gravado no Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor-Leste e Portugal, o programa apresenta testemunhos e reflexões de personalidades de vários sectores das artes e da cultura dos vários países da CPLP. Conversas que o autor combina com outros ingredientes, na confecção de pratos típicos, sempre preparados com a ajuda de um convidado local.
Mas porque é necessário Sal na Língua? O título do programa, inspirado num poema de Eugénio de Andrade, traduz a necessidade que o autor sente de dotar a língua portuguesa de sal q.b. (quanto baste). Porque está "insossa", afirma João Carlos Silva. "Está insossa no olhar que temos para as comunidades de língua portuguesa", e "na assunção que devíamos ter em relação a esta comunidade de afectos", onde falta "o diálogo e o intercâmbio". E está insossa "porque uma boa parte das criações artísticas que se fazem nesses países são desconhecidas", e "porque há gente com muita esperança nessas latitudes e, normalmente, o que se mostra, inclusive na comunicação social portuguesa, é a desesperança e as tragédias", desabafa João Carlos Silva.
Na opinião do director de Programas da estação de serviço público, José Fragoso, Sal na Língua pretende "aproximar as várias culturas lusófonas", e é a prova de que é possível "fazer televisão com poucos recursos mas com muita imaginação".
Recursos que tiveram o patrocínio da Sociedade Central de Cervejas (SCC). "Quando se fala em lusofonia, as marcas de cerveja tinham de estar presentes", afirmou, durante a apresentação de ontem, Nuno Pinto de Magalhães, em representação da SCC.
Construir a felicidade
"Façam o favor de ser felizes" era a frase com que João Carlos Silva costumava terminar os episódios de Na Roça com os Tachos. Agora, em Sal na Língua, o autor despede-se de outra forma, parecida, mas um pouco diferente. "Façam o favor de construir a vossa felicidade", pede agora aos telespectadores, porque, diz, "é um exercício" que tem de se fazer todos os dias.
A primeira série de 13 episódios tem estreia marcada para dia 29, às 22.30, e terá transmissão pela RTP1, RTP África e RTP Internacional.
Filipe Feio in DN
3 comentários:
Este sim, um Senhor. Espero que o programa seja tão agradável quanto o anterior! Que excelente notícia, caro Álvaro Fernandes!
Inteiramente de acordo, meu caro Miguel Barroso.
Importa que o divulguemos, por acreditar que constituirá "serviço público" divulgando as culturas e afectos lusófonos.
Este Senhor, faz-me fome e simultaneamente dá-me outros prazeres. Gosto da forma, inteiramente nova, como ele se apresenta e desenvolve o programa. Ouvi-lo, na primeira série, despertou-me o gosto por terras de São Tomé. Infelizmente, o arquipélago, confronta-se actualmente com enormes carências.
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