
Depois de mais uma muito bem sucedida sessão de apresentação da NOVA ÁGUIA (falarei disso depois na próxima página do “Diário”) e de mais um empate do “Clube de Portugal” (ai de quem se atreva a falar disso…), chego a casa e vejo as últimas notícias do Afeganistão. E, por uma vez, concordo com os comentários do Miguel Sousa Tavares: chegou-se, em absoluto, a um beco sem saída. Politicamente, a democracia afegã tornou-se numa piada de muito mau gosto. Militarmente, assistimos a uma guerra cada vez mais perdida e condenada ao fracasso…
Mais cedo ou mais tarde, apesar da sua insistência, que já começa a ser obsessiva, na “guerra boa” (extraordinário conceito para um Prémio Nobel da Paz…), o Obama vai ter que retirar do Afeganistão. E a América – e o Ocidente em geral – vai ter que aprender, enfim, que não se ganham guerras em território adverso, contra as respectivas populações, por maior poderio militar que se tenha. A única real excepção (há sempre uma excepção a confirmar a regra) foi o Japão: mas o Japão é uma ilha, não tinha aliados na região, e tiveram que usar a bomba atómica…
O mundo não é uma página em branco que se possa redesenhar a nosso gosto, por muito generoso que seja o nosso internacionalismo missionário. O mundo, goste-se ou não disso, tem, de facto, fronteiras: linguísticas, culturais, civilizacionais, religiosas, etc. Não perceber isso é sempre meio caminho andado para o desastre…
Renato Epifânio
6 comentários:
Excelente post. Obrigado.
Não, não falo daquilo. Venho só subscrever o que diz o António.
Forte abraço.
o mundo não é uma página em branco
mas é em branco que muito se assina e assassina em nome do mundo que se desejaria BRANCO sendo que a clareza já é domínio canibalizado.
somos tão pouco generosos na percepção das falhas e falhamos muito no claro.escuro.múltiplo das diferenças.
abraço.
forte e amplo.
Não, Renato, a guerra no Afeganistão não é contra a sua população: é contra uma pequena parte, os extremistas, os talibans.
E deve-se persistir lá, quanto mais não seja por todas as meninas que se arriscam a serem mortas por quererem ir à escola.
Os direitos humanos não têm, não devem ter, fronteiras. A liberdade, a dignidade, estão acima de cultura e religião.
Eu não digo que a guerra esteja a ser feita contra a população afegã. O que eu digo que é a população afegã, na sua generalidade, é contra esta guerra...
Mesmo acreditanto que essa mesma população, na sua generalidade, não queira viver sob um regime taliban...
O problema, como já discutimos no passado, é querer acelerar a história a partir de fora - na maior parte dos casos, o resultado é uma regressão, pela reacção que gera...
Caro Epifânio,a obamania começa a descer a ladeira;confirmaram-se as minhas piores previsões no artigo q/escrevi no ôba-ôba da posse.
Os americanos abriram a caixa de pandora;difícil será escapar da sua maldição.
Abraços fraternos
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