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O Congresso Nacional poderá autorizar o governo brasileiro a rever o acordo ortográfico firmado com os demais países de língua portuguesa. A sugestão foi apresentada pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), após ouvir diversas críticas feitas ao acordo, durante audiência pública sobre o tema, realizada nesta quarta-feira (4) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
A aprovação de uma lei que autorize o governo a sugerir modificações no texto da reforma ortográfica é uma das alternativas a serem analisadas pela comissão, segundo a senadora, que defendeu o aprofundamento do debate sobre a reforma com a sociedade. O Brasil foi o único país que adotou oficialmente o acordo, assinado em 1990. Segundo o texto, implantação das mudanças na língua deverá estar concluída até 2013.
O presidente de honra da Academia Brasileira de Filologia, Leodegário Amarante de Azevedo Filho, observou que existe grande resistência à adoção da reforma ortográfica estabelecida pelo acordo, principalmente entre escritores portugueses. Em sua opinião, o acordo foi feito para as próximas gerações, que já aprenderão a língua segundo a nova ortografia. Mesmo assim, ele apontou a existência de problemas como a extinção do trema, que tem uma função ao indicar a pronúncia das palavras, e a manutenção de consoantes mudas, como o c na palavra 'actor'.
- Os portugueses não abrem mão das consoantes mudas, que não têm função, enquanto o trema, que tem função, foi eliminado - comparou.
A reação dos portugueses à mudança também foi ressaltada pelo representante da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, Walter Esteves Garcia. Na opinião de escritores de Portugal, relatou, o Brasil está querendo impor uma revisão da língua ao país onde a língua foi criada.
O acordo foi duramente criticado pelo professor Ernani Pimentel, que lançou o movimento Acordar Melhor, destinado a aperfeiçoar a reforma ortográfica. Em primeiro lugar, ele lembrou que as mudanças começaram a ser debatidas em 1975, quando ainda nem existia a internet. Além de anacrônica, observou, a reforma também teria fugido a seus objetivos, quando, por exemplo, eliminou o trema. Em sua opinião, a reforma ortográfica deveria eliminar exceções a regras e duplas grafias, além de padronizar os radicais.
- Não houve uma discussão democrática e aberta - afirmou Pimentel.
Após ouvir os expositores, o senador Flávio Arns (PSDB-PR) disse ter ficado "abismado com o nível de dificuldade que o acordo está trazendo para a vida nacional". Se existem tantas objeções à reforma aprovada, ele perguntou quem estaria a favor do acordo. Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu a revisão do acordo, após perceber a existência das falhas mencionadas pelos expositores.
Fonte: http://www.senado.gov.br/agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=97030&codAplicativo=2
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1 comentário:
Eu sempre fui a favor da eliminação das consoantes mudas. Há casos, no entanto, complicados. Quando várias palavras tem o mesmo radical, fica bem estranho que nuns casos leve a consoante e em outros não. Temos de ser reservados e respeitar as diversas opiniões, nada é tão simples.
Achei muito estranho quando minha mulher brasileira não queria acreditar que a palavra "excepcional" viesse de "exceção". Para ela uma coisa excepcional era algo de fantástico, maravilhoso ou disfuncional. Nunca imaginou que isso tivesse a ver com "exceção", ou seja algo que tenha caracter de exceção.
Afinal minha mulher não é especialista na língua portuguesa, me conformei. Quis o destino que uma vez me deparasse com um conjunto de pessoas professoras universitárias de Português. Falei da minha preocupação... Quando elas começaram a olhar para o lado duvidando que "excepcional" viesse de "exceção", aí eu disse para com os meus botões "ai, ai, ai, ai, ai..."
De facto, facilmente um português reconhece que "excepcional" vem de "excepção".
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