
O despojo, um crânio sobre pneus,
Confunde a esfinge e o seu escriba
Sentado. (O búzio
Perdeu a ressonância,
Não canta por si,
É preciso soprá-lo.)
O deserto derrete as páginas.

Ecos, cópias, luzes falsas.

Lucrécio atormenta-se em casa,
Trancado com o Universo… enigmas
Prenhes de enigmas prenhes
De enigmas... Lucrécio não tem fundo.
E, de noite, o deus
Fá-lo cantar.

Imundície, pestes, mentiras.

(Quem comanda os meus passos?
As vielas, o tear de túneis,
Mergulham no Hades.)

Telémaco no bordel.
Penélope no secador.

As parcas douradas que tecem as ruas
Tecem o labirinto. Os sinais. Os corvos
De Zeus devoraram-se
No ar. Ulisses,
Não encontra o caminho de volta.
As vagas e os campos
São martelados pela tempestade.

As tochas dançam sem faunos,
Nem música. A nudez,
A beleza, etc, são agora crime.
Os lagos foram abandonados.
A populaça em fúria
Persegue o Minotauro,
Os cegos, o rapaz
De braços de gafanhoto que nasceu
Com seios, o chiador,
Os disformes; mongolóides, anões.
Os centauros são abatidos nas praças.

Teseu de ariana espada vem para nós
A 120 km/h da hidra subterrânea.

(Livros, rosas, seios, não sei,
Faltam-me as palavras.
A guerra – em breve
Os poetas serão um luxo.)