Texto que nos chegou...

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PÁTRIA MÃE OU MADRASTA?
FILHOS OU BASTARDOS?
(A propósito de uma redação premiada pela UNESCO)

José Jorge Peralta

1. Problemas, todos os países têm; como toda a gente.
A crise universal, pela qual passaram todos os países do mundo, dito civilizado, é apenas a ponta de um icebergue.
A crise é antes de tudo ética. É crise de princípios. É crise de educação.
Os países do primeiro mundo atacam as mazelas, desgovernos e carências de moral e princípios dos países emergentes, principalmente do Brasil.O Brasil está sempre na linha do tiro. Por quê? Por que não outros países?!
O Brasil é, para muitos, como o bode expiatório judaico. O bode era expulso, com golpes de vara, para o deserto, como símbolo da própria libertação dos crimes/pecados do povo.

No Brasil há inúmeras carências, sim, senhor. Há escassez de ética, escassez de vergonha e excesso de malandragem, de corrupção, de falcatrua e de maracutais, além de injustiças calamitosas e desperdício incrível de dinheiro público. Mas só no Brasil?!
No Brasil há muita negatividade?! Onde não é assim? Apontar o agreiro no olho do outro tira a trave do seu?! A hipocrisia campeia à solta por certos arraiais. Há pessoas que desdenham do Brasil, num tom lastimável que as apequena.
O Brasil merece mais respeito. Só quem não o conhece dele desdenha, por ignorância ou mau caráter.
Entretanto no Brasil há muito mais de positividade. Mas isto não conta. Então não existe.
Há nuvens no Brasil, mas há muito mais sol e flores por toda a parte. Os míopes só vêem as nuvens (!). Há aqui obras fantásticas, geniais.
Vê-se o 5% negativo e não se leva em conta os 65% regular e os 30% de ótimo.

De antemão esclareço que não tenho procuração para defender pais nenhum. Sou apenas um cidadão que rejeita a injustiça e a baixaria, intencional ou não, a discriminação e a intolerância.
É intolerável a campanha de difamação que corre contra o Brasil. Uma mentira sete vezes repetida, vira verdade para todos os efeitos legais e sociais.

2. O Brasil é sobretudo uma grande potência emergente que vai desabrochando e se impondo há muitos anos,e prosseguirá, qualquer que seja o inquilino ocasional do poder central, no Palácio da Alvorada de Brasília ou em outras sedes do governo.
O Brasil já nasceu com alto destino. Os Bandeirantes fizeram trabalho de gigantes. Os colonizadores também.
Na década de trinta, Stefen Zweig proclamava, ufano, o PAÍS DO FUTURO.

Contra o brilho do Brasil, no contexto das nações, muita gente trabalha, nos atuais centros do poder, a Norte e a Leste, sem pudor. Muitos querem manter o país fornecedor de matéria prima, sustentáculo da primazia e do bem-estar de outras potências.
O País vai, aqui e ali, caindo em maracutais muito bem articuladas, enquanto traça caminhos.

Apontar os muitos problemas do Brasil, trombetear escândalos, dar manchete no mundo todo, para que o país perca a credibilidade, não é ação honesta e digna..
Aliás, essas potências têm seus agentes duplos, aqui mesmo, propagando maledicências medíocres, às vezes verdadeiras, mas internas...

No entanto, todas as maledicências ditas do Brasil, poderiam ser ditas, em parâmetros diferentes, mas com menor gravidade, dos EUA, da Inglaterra, da França, da Espanha, da Itália, de Portugal, da Argentina, da Venezuela, da Bolívia, etc, etc: da maioria dos países ocidentais.

A crise de ética e de vergonha é geral; a corrupção também.
Um erro não justifica o outro. Mas, por que só atacar o Brasil? Para que tanta intervenção indébita num país soberano e que tem direito à própria auto-determinação? Divulgar escândalos ajuda a solucioná-los?

3. É por tudo isto que estranhei o destaque dado à redação “PÁTRIA MADRASTA VIL” de estudante brasileira, premiada na UNESCO. Esta redação está fazendo, inconscientemente, o trabalho sujo que outros não têm coragem de fazer. É um texto panfletário, ao sair de seu espaço escolar.
Não passa de uma ingênua redação escolar (?), que tem o seu valor, a meu ver, no seu contexto. É um trabalho cheio de negatividade, sem perspectivas. Não foi feito o contraditório. Então não merece este destaque e esta publicidade.
A UNESCO errou contra o Brasil. A quem aproveitam essas denúncias vazias, inoportunas e sem saída? Quem paga o veneno de uma maledicência e o descrédito que provoca, mundo afora?
Os problemas do Brasil cabe ao Brasil resolvê-los. É ingerência indébita.
A quem interessa jogar lama sobre o país, esquecendo todas as vantagens positivas da nação?
Isto, como está, não passa de um panfleto, patrocinado também pelo Brasil, para denegrir a imagem do país.
A estudante não tem culpa de terem jogado sua redação contra o seu país. As autoridades de plantão, na UNESCO, deveriam responder por isso. A estudante, se for de fato brasileira, deveria solicitar a exclusão de seu texto da Biblioteca Virtual da UNESCO.

4. E não se diga que é Democracia. Esculhambar com um país tem outro nome.
Por que não divulgam o lado positivo do país? Não faltam elementos exemplares a serem divulgados. Ou, ao menos, ponham o positivo ao lado do negativo, em contraponto.
Devem ter havido redações nessa perspectiva, positiva, que não interessaram à UNESCO.
Por que não divulgam as mazelas dos países ditos países centrais? Ou esses não tem mazelas?! Faltou equanimidade. Onde há equanimidade, não há democracia. Há tirania.
Onde está a igualdade no tratamento dos povos? Todos os povos tem igual direito ao respeito e à dignidade de tratamento.
Antes de olhar o agreiro no olho alheio, tiremos a trave que obscurece a nossa visão.
A UNESCO feriu, gravemente, alguns de seus princípios essenciais e a sua própria razão de ser. Feriu todas as suas convenções internacionais. A si mesmo se feriu ao dar publicidade mundial a esta redação que ofende um país que não merece tal tratamento.
A UNESCO não está eximida da obrigação de cumprir as normas que propõe ao mundo.
Cabe ao Brasil pedir indenização por prejuízos morais.

Nota: Neste texto refiro-me a uma redação de uma universitária de 26 anos, sob o título: Pátria Madrasta Vil, premiado pela UNESCO e publicado no blogue do Nova Águia, em 21/09/2009. Está publicado na Biblioteca Virtual da UNESCO.