Christian Coigny, Alekan, s/d
2006, 30 de Março.
Entrei no rio com o vagar do Sol que nasce.
As águas gélidas foram tomando cada centímetro do meu corpo, como quem saúda um amigo esperado.
Deitei-me ao colo do rio e o peso tornou-se leve, e as vozes líquidas. Na eternidade daquele instante senti-me um elo da grande corrente.
Pousada no peito, a minha concha contava-me histórias de errantes que encontraram o caminho de casa. Uns ficaram, outros voltaram a partir. Em todos se acendeu a chama da pertença e a certeza de uma candeia que nunca se apaga.
As águas gélidas foram tomando cada centímetro do meu corpo, como quem saúda um amigo esperado.
Deitei-me ao colo do rio e o peso tornou-se leve, e as vozes líquidas. Na eternidade daquele instante senti-me um elo da grande corrente.
Pousada no peito, a minha concha contava-me histórias de errantes que encontraram o caminho de casa. Uns ficaram, outros voltaram a partir. Em todos se acendeu a chama da pertença e a certeza de uma candeia que nunca se apaga.
~Ü£w^’€>
O final da tarde solarenga encheu as ruas e a esplanada. O empregado de tez morena vagueava entre copos e pires de caracóis. Na mesa do canto, Moema escrevinhava num pequeno caderno de capa preta.
Sem aviso, explodiu o sorriso desdentado do Poeta a salpicar versos por quem não o ouvia. O vizinho de mesa de Moema, o Homem-com-um-tique-na-perna, convidou-o a juntar-se-lhe. Num encontro de loucos, ficaram frente a frente, a partilhar uma linguagem desconhecida.
Traga uma cerveja aqui para este amigo.
Por entre tragos de cerveja soltavam-se grandes nomes da literatura. O Poeta, declamando Baudelaire, como o maior de entre os maiores. O Homem-com-um-tique-na-perna sorria e soltava a voz noutro poema.
Um dos copos continuava cheio.
Os olhos azul-água, do velho Poeta, estavam turvos, da embriaguês de um único trago.
Vá bebendo, amigo, se quiser eu peço outra, que essa já está morta.
O Poeta semicerrou o olhar e, num doce rosnar, desabafou.
Como é que eu posso beber mais um gole, se eu já sou um gole, no copo vazio que é a minha vida?!
Olharam-se e deixaram o silêncio tomar conta do tempo.
Sem aviso, explodiu o sorriso desdentado do Poeta a salpicar versos por quem não o ouvia. O vizinho de mesa de Moema, o Homem-com-um-tique-na-perna, convidou-o a juntar-se-lhe. Num encontro de loucos, ficaram frente a frente, a partilhar uma linguagem desconhecida.
Traga uma cerveja aqui para este amigo.
Por entre tragos de cerveja soltavam-se grandes nomes da literatura. O Poeta, declamando Baudelaire, como o maior de entre os maiores. O Homem-com-um-tique-na-perna sorria e soltava a voz noutro poema.
Um dos copos continuava cheio.
Os olhos azul-água, do velho Poeta, estavam turvos, da embriaguês de um único trago.
Vá bebendo, amigo, se quiser eu peço outra, que essa já está morta.
O Poeta semicerrou o olhar e, num doce rosnar, desabafou.
Como é que eu posso beber mais um gole, se eu já sou um gole, no copo vazio que é a minha vida?!
Olharam-se e deixaram o silêncio tomar conta do tempo.
4 comentários:
Que mais fazer?
Gostei de ler.
Bjs Clarissa.
:)
Gosto dos salpicos de palavras ... por vezes esses salpicos causam verdadeiros terramotos...
Beijo Ruela
Tinha-me passado ao lado, este "Diário de Moema".
Ler as suas páginas foi a coisa mais bonita que me aconteceu hoje.
Obrigado.
As tardes sao ensolaradas.
As manhas tambem.
As noites soh, talvez na laponia e no verao;-)
As casas eh que podem ser solarengas.
Que seca!
Eh isto e trocarem ascendencia com descendencia e viceversa.
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