.
"Vale de Lobos não foi um refúgio, a tebaida de um proscrito do mundo, mas uma base melhor de combate, porque, não o impedindo de escrever, lhe dava mais fundo conhecimento do povo actual, lhe permitia ensiná-lo na actividade agrícola que sempre olhara como primordial, e o afastava do meio corrompido, inútil e enfraquecedor da capital; Herculano não acredita nem no escol da nação nem na populaça sempre pronta a seguir o político mais hábil em palavras e mais fértil em empregos: mas acredita no povo, na gente tenaz, sóbria, calma, generosa, optimista, cheia de inteligência prática e de bom senso, que formara outrora um país modelar e era capaz, se encontrasse bons chefes, de voltar ao nível de vida dos tempos antigos.
Na quinta adquirida com o produto do seu trabalho e melhorada no cultivo dedicou-se Herculano a fabricar azeite que rapidamente se impôs como o melhor que aparecia no mercado; o homem que recusara as condecorações que se davam aos titulares de fresca data e aos afilhados de ministros, orgulhava-se da medalha que recebera numa exposição agrícola; e, pacientemente, mas sempre com o seu jeito de certa rudeza, ia instruindo os camponeses, dando-lhes o exemplo do seu trabalho, defendendo todo o direito que tinham, e ninguém reconhecia, de se alimentarem, se vestirem, se instruírem como homens; a quem lhe pergunta pelos meios de evitar a emigração, replica que se melhorem as condições do trabalhador português, que feliz na pátria, não precisará de a abandonar. Em 75 escreve novos estudos históricos com os artigos sobre o Feudalismo em Portugal, em que defendia a inexistência do regime na nossa Idade-Média; dois anos depois recebe a visita de D. Pedro, imperador do Brasil, e, na vinda a Lisboa em Setembro, um golpe de frio fez que se declarasse uma pneumonia; ainda voltou a Vale de Lobos, mas nunca mais se levantou: faleceu a 13, à noitinha, depois de ter pedido que lhe abrissem as janelas, para ver pela última vez as suas oliveiras."
In Alexandre Herculano, Lisboa, Edição do Autor, 1942, pp. 21-22.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário