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"...a ela levava-a acima de tudo um desejo de batalha contra o mal e tinha a certeza de que a sua vida seria a mais feliz de todas, mesmo entre tudo que para os outros pareceria uma desgraça, se estivesse realizando qualquer tarefa, grande ou pequena, em que pudesse verdadeiramente melhorar o mundo; não tinha melancolias duradouras, nem renúncia perante o poder adversário; cada vez mais forte o desejo de intervir, cada vez mais robustas, pela meditação e pelo estudo, as energias que a impeliam para o alvo que indistintamente se marcara. Pensou em escrever, mas não a satisfazia nem a glória, nem a acção do autor: no escrever sentiria sempre um meio inferior ao de agir no mundo e só ficaria satisfeita com um livro quando ele fosse um reforço da acção; cria que só se escreve quando se não pode viver, que um livro é também de certo modo uma concessão que o escritor faz ao seu próprio gosto da comodidade e do sonho; ora o sonho só lhe parecia defensável quando é um projecto, jamais quando se apresenta como uma evasão, como um paraíso artificial em que se refugiam os fracos; sonhar, para ela, era pensar fazer, não criar uma outra vida ao lado daquela que nos fugiu ou que tememos; depois, as energias que se empregaram para escrever um livro, que nunca se sabe que resultados poderá dar, foram energias que se perderam para realizar na vida aquilo que na vida poderia ter sido indiscutivelmente bom."
A Vida de Florence Nightingale, Lisboa, Edição do Autor, 1942, pp. 6-7.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
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4 comentários:
O que diria Walt Whitman, quando afirmou "Isto não é um livro, é um homem."?
Contudo, concordo, sim, há quem escreva porque tem medo de existir.
Abraço.
... e "todos os livros do mundo não valem uma vida."?
escrever, depreende-se daqui, é anestesiar a acção.
Vale mais uma boa rasteira no adversário do que toda a literatura de Maquiavel, se entendi bem
abraço
Digamos, caro Platero, que os livros têm que ter consequência...
Estaremos em Évora no dia 13. Esperamos encontrá-lo...
Abraço MIL
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