Em uma tarde de dezembro passado, o chefe de polícia de Passau, na Baviera, Alois Mannichi, saía de sua casa no subúrbio, quando foi esfaqueado. A lâmina por pouco não lhe atingiu o coração. No hospital, relatou que o atacante lhe dissera que ele nunca mais iria profanar o túmulo de seus camaradas. Semanas antes, o policial mandara retirar da tumba do dirigente neonazista do NPD, Friedhelm Busse, uma cruz gamada, símbolo proibido na Alemanha de hoje. Em outra tarde, a da última segunda-feira, a brasileira Paula Oliveira chegava ao subúrbio de Dubendorf, em Zurique. Desceu do trem e se dirigiu à cabine telefônica, a fim de falar com a mãe no Brasil. Ao ouvir a língua estrangeira, três homens jovens a cercaram, agarraram-na, levaram-na a um canto, e com uma lâmina de barbear riscaram seu ventre e suas pernas, com as letras SDP, sigla do partido neonazista da Suíça. Nos dois casos, tão semelhantes e tão diferentes, as autoridades, encarregadas de investigá-los, tentam desmoralizar as vítimas e a elas atribuir a culpa do ocorrido. O policial alemão é conhecido pela luta contra os neonazistas no land da Baviera, e havia a ordem para a abertura da cova de um de seus líderes e o confisco da cruz gamada que adornava o cadáver. Apesar de tantas evidências, não podendo dizer que o próprio policial se esfaqueara, os investigadores alegam que se tratou de "um drama familiar". No caso da brasileira Paula de Oliveira, as autoridades suíças insinuam que a moça se autoflagelou. Ela se encontrava bem, vivendo legalmente no país, com o namorado, cidadão suíço – que confirmou sua versão, incluída a da gravidez. Advogada, ali trabalhava em sua profissão, e não em atividades mal remuneradas e humilhantes. Não havia razões para que assim agisse. Desde o primeiro momento, a polícia suíça desdenhou o depoimento da jovem. Outra versão, de sexta-feira, era a de que o aborto se dera "antes" da agressão e não "depois". É difícil crer que uma jovem que acaba de sofrer um aborto, em sórdido banheiro de estação ferroviária, vá telefonar para o Brasil, antes de buscar socorro médico. Como diziam os racionais padre Brown, de Chesterton, e Sherlock Holmes, de Conan Doyle, é necessário começar pela lógica. O crime não deixou de ser crime se, no momento em que se deu, a moça estava ou não grávida. O fato é que, corretas ou não as versões sobre os dois episódios, o nazismo e o racismo se encontram de volta à Europa, se é que a deixaram algum dia. Também é fato que os governos europeus estão sendo coniventes com esses criminosos. Em seu conhecido ensaio, Repressive tolerance, Marcuse mostra que a tolerância para com os intolerantes é atitude de conivência e cumplicidade. Se a República de Weimar houvesse cortado, com a força do Estado, o avanço de Hitler e seus sequazes, o mundo não teria sofrido o que sofreu nos campos de batalha e de extermínio. Não estaríamos hoje discutindo sobre o Holocausto que, como registra a História, não vitimou apenas os judeus. Vale lembrar o campo especial de Natzweiller-Struthof, no qual os nazistas submeteram ciganos a experiências com bactérias, incluídas as do tifo, e, também, aos efeitos dos gases que empregariam mais tarde no extermínio dos "seres inferiores". Houve tempo suficiente para entender o que queriam os nazistas, que não escondiam seu propósito, mas a população estava de acordo com a eliminação dos "inúteis". É o que parece ocorrer na Europa de nossos dias. Na Suíça alemã (onde o racismo é mais agudo) essa política procura justificar-se no sentimento de Befremdung. O vocábulo significa espanto diante de qualquer coisa estranha, que deve ser eliminada, como são os pobres do resto do mundo, estejam ou não entre eles. Trata-se de cínica torção ontológica, para desculpar o propósito da ampliada Endlösung, a solução final dos nazistas de 1942. Nesse clima, vale registrar a atitude do governo britânico, ao impedir a entrada no país do deputado direitista holandês Geert Wilders, que iria apresentar seu filme anti-islâmico Fitna. De vez em quando a velha Inglaterra surpreende com seu pragmatismo. Em A Guerra das salamandras, excelente romance antitotalitário – em que as salamandras representam os nazistas, naquela época em ascensão – o tcheco Karol Capek atribui ao Foreign Office uma frase magistral: "O governo de sua majestade britânica tem todo o respeito pelos animais, mas não pode dialogar com eles".
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
A Suiça mostra sua verdadeira face
É chocante saber que o Neonazismo prolifera na Suiça, e que até mesmo, autoridades locais cooperam, direta ou indiretamente, para a mesma. O fato da brasileira violentada numa estação de metrô, está sendo tido como farsa por alguns setores locais da mídia. ´´A polícia da cidade de Zurique afirmou que as circunstâncias exatas não estão claras em relação ao caso da jovem brasileira machucada e encontrada em uma estação de trem. A mídia brasileira sugere que houve uma agressão racista contra a mulher", afirmou o suíço "Nzz Online". Como?
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12 comentários:
Errata: A sigla do partido suiço não é SDP. O correto é SVP.
Encarar a "Patria" como uma entidade transcendente, mistica, feita de sangue, solo e um "espirito" meta-historico leva muitas vezes a estas coisas.
Especialmente em circunstancias de mudanca, inseguranca e auto-estima instavel.
Comeca-se por exaltar supostas virtudes proprias em detrimento das alheias.
Depois segue-se o achincalhar dos elementos da "Patria" que trazem ideias e outras influencias do exterior. Sao chamados de "estrangeirados", "aves migratorias" e outras coisas piores.
Acompanhado de um apontar o dedo a manifestacoes culturais alheias tidas como "barbaras" e esquecer que dentro do solo da "Patria" ha manifestacoes muito parecidas.
Segue-se uma embriagues de auto-importancia que leva ao desprezo de toda a etica humanista e respeito pelo proximo, autorizando inclusive a agressao fisica a "estrangeiros", "estrangeirados" e "promotores dos seus interesses", pois o caracter transcendente desse ser mistico que e a "Patria", tal "Senhora" dos trovadores medievais, permite tudo isso em nome do amor por ela e seu engrandecimento.
Inclusiva a silenciosa corrupcao de orgaos do Estado, a comecar pela policia e os tribunais, com a conivencia dos media.
Nao ha patriotismo sao sem um boa dose de auto-critica constante.
Senao, hoje a Suica e amanha nos ...
Ja se comeca a ver indicios do mesmo veneno a envenenar as cabecas Lusofonas, a comecar pelos Portugueses ...
Pessoalmente, nada tenho contra "aves migratórias". Apenas com aves que voam à toa, misturando alhos com bogalhos. Meras questões estéticas, não éticas...
Quando há comentários tão sem sentido como o texto, algo deve estar bem.
O seu post reune propaganda, pouco mais. Vou-lhe deixar pistas para fazer um texto com sentido.
a. A brasileira era branca.
b. Advogada.
c. Foi espancada durante 20 m.
d. Abortou (gémeos) em consequência da agressão.
e. Era de classe média-alta, o pai é um político brasileiro.
f. O SVP é um partido com que o nacionalismo português não se identifica.
g. A Suíça ainda é uma pátria porque é preciso um lugar onde guardar dinheiro roubado.
Alguns deveriam poupar seu tempo e palavras com comentários, tão sem conteúdo e infelizes. Meu texto, traz relatos de outra história, fontes verdadeiras, uma aula de história em si, cito nomes e créditos de outros livros, enfim, se lê-lo por inteiro antes de comentar e não apenas um trecho, me poupará de ler bizarrices em minhas postagens. Comente, crítico, fale, mas com QUALIDADE!
Sr. Ariana, a brasileira poderia ser filha do Presidente Lula, bilionária igual ao Eike Batista, tão popular quanto o Caetano Veloso, que nem mesmo assim justificaria ser tratada como foi. Aliás, ninguém deve ser tratado daquela maneira em nenhum lugar. E o mesmo post reune propaganda de quê? Da Votorantim ou da Vale? hum??? ...
Não sei ao certo do que aqui se está falando, mas se a pessoa em foco fosse a apontada pelo JudsOnline certamente não seria tocada, se é que esta moça foi.
Se foi, precisamos reagir.
Mas se não foi, como parce não ter sido, o mico é feio.
Não disse que justificaria. Espancar nunca pode ter, e quem espanca uma mulher grávida só pode ser criminoso que não merece clemência. O seu post é propaganda porque se preocupa mais em denunciar crimes raciais com frases feitas do que a dar a notícia, a que falta informação objectiva.
Limitei-me a fornecer-lhe alguns dos dados objectivos da notícia. Tratar-se de alguém da classe média-alta, advogada, branca, integrada, que vive maritalmente com um Suíço são dados muito importantes, que provam que o nacionalismo do norte da Europa é um arianismo para o qual tanto os não caucasianos como os caucasianos que não sejam do sub-tipo nórdico são considerados raças inferiores.
Não compreendi muito bem o teor do artigo, confundiram-me actos ocorridos em países diferentes... acerca do acto em si, li notícias contraditórias acerca de autoflagelação e de falsa gravidez, umas a favor e outras contra.
Creio que o melhor seria consultar a comunicação social suíça, quem se quiser ocupar com estas coisas.
Existem actos de violência diariamente em todo o lado, daí eu não me preocupar com este ou aquele só porque a vítima era estrangeira ou os agressores eram desta ou daquela ideologia.
Repúdio a violência em si e sempre.
A notícia da falsa gravidez é da Globo:
http://tinyurl.com/cjwqzy
"havia a ordem para a abertura da cova de um de seus líderes e o confisco da cruz gamada que adornava o cadáver"
De facto, estes arianos suiços são uns bárbaros. Mesmo a Inquisição hesitaria numa coisa destas.
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