
1. As revoluções são, por regra, más e não é por acaso que quem tanto as preza denote um perfil tipicamente adolescente: quem vive em permanente crise de identidade, só pode gostar da “revolução permanente”.
2. Se isso é assim no plano individual, tanto ou mais assim é no plano colectivo. Os povos dados a revoluções denotam, desde logo, a sua falta de maturidade.
3. Desde logo porque as revoluções fomentam o pensamento maniqueísta, o mesmo é dizer, o grau zero de pensamento: numa revolução, o passado é sempre absolutamente negro e algo a renegar por inteiro. Daí a necessária antítese: é preciso fazer tudo ao contrário…
4. Para não recuarmos mais, no século XX em Portugal ocorreram 3 revoluções: em 1910, em 1926 e em 1974. As três revoluções deram-me mais pela implosão dos três regimes depostos – Monarquia, I República e Estado Novo – do que propriamente pela força dos seus opositores, mas, ainda assim, em todas elas, a lógica maniqueísta emergiu em todo o seu esplendor: pela diabolização da Monarquia pela I República, pela diabolização da I República pelo Estado Novo; pela diabolização do Estado Novo pelo 25 de Abril…
5. Quando chegaremos, enfim, à maturidade? Já vai sendo a Hora…
4 comentários:
Parabéns pelo texto. Creio que o seu e o meu se completam. Também creio que já é hora...
É só nesse ponto que concordo, inteiramente, com EPC.
Se formos a ver de forma objectiva, nenhum desses golpes de estado constituiram verdadeiras revolucoes.
Concordo com a Ana Margarida Esteves. Na queda da monarquia em 1910, a burguesia tomou o o poder à nobreza, mas há muito tempo que andava comprando títulos nobiliárquicos, no golpe de estado de 1926, foi mais a queda dum conceito de república, que era essencialmente burguês, de cariz maçonico e anti-clerical, a única revolução de cariz fascista, era proposta pelo Rolão Preto e os nacionais sindicalistas, através do seu jornal, Revolução!
O 25 de Abril, foi um golpe de estado feito por militares devido a problemas corporativos na instituição militar, especialmente de progressão na carreira e das missões ultramarinas não terem dado os resultados esperados mais rápidamente e terem-se prolongado em três frentes, o que foi muito desgastante para a corporação militar.
A revolução estava a ser preparada pelo PCP e grupos de extrema esquerda, mas as divisões entre esses partidos e o grande antagonismo das outras forças de direita contrárias a esse tipo de ditadura pró-sóviética e pró-Albaneza enviabilizaram-na, ainda bem digo eu.
Agora se houver outro golpe de estado de cariz militar será de novo por problemas de carreira e segurança social da corporação militar, a não ser que dentro da corporação militar haja um forte sentido patriótico e esse conceito de Pátria é pelo que temos visto até aqui no MIL, muito diverso e plural.
A Revolução em Portugal ainda não aconteceu...
Luís cruz Guerreiro
Concordo que a verdadeira revolução em Portugal ainda não aconteceu.
Da questão maniqueísta: para ultrapassá-la, o que acredito ser possível, é necessária uma luta que só a revolução das mentalidades, num projecto humano à escala global, pode concretizar.
Ou é uma utopia possível, ou não passaremos de animais como todos os outros.
Abraços para o Renato e para o MIL,
António José Borges
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