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A polícia carregou com contundência sobre um grupo de cidadãos defensores da língua galego-portuguesa que, com palavras de ordem, contestavam a iniciativa “espanholista”.
Cerca de 2000 manifestantes vindos de várias regiões de Espanha, convocados pelo grupo Galicia Bilingue, e apoiados por partidos da direita e extrema-direita, manifestaram-se no passado dia 8, em Santiago de Compostela, contra a legislação que preconiza alguns – muito escassos – direitos da língua galega, que muitos linguistas e filólogos associam à língua portuguesa.
Altos dirigentes do Partido Popular – o maior da oposição em Espanha – deram apoio à iniciativa.
A polícia carregou com contundência sobre um grupo de cidadãos defensores da língua galego-portuguesa que, com palavras de ordem, contestavam a iniciativa “espanholista”.
A polícia anti-distúrbios, que protegia o direito de manifestação dos manifestantes da direita e extrema-direita dispersou os contra-manifestantes independentistas à bastonada. Um pequeno grupo provocou danos no mobiliário urbano e lançou garrafas de vidro à polícia. Esta derrubou e algemou várias pessoas. Um dos independentistas ficou ferido e teve de ser assistido num hospital local.
Os manifestantes anti-galegos, empunhando bandeiras espanholas, reclamaram a defesa dos seus tradicionais privilégios políticos e linguísticos na Galiza com lemas como "Derecho a elegir" e "Libertad".
Na Galiza foi imposto o castelhano a toda a sua população, com especial violência e repressão durante a ditadura franquista. A guerra civil e a política de Franco causaram milhares de refugiados, muitos assassinatos e desaparecidos.
A língua galega é co-oficial com o castelhano só desde 1980. Na teoria, é possível exercer o direito ao uso da língua da Galiza em todos os âmbitos sociais. Mas, de facto, o galego continua excluído em sectores essenciais, como a justiça, e é residual na comunicação social. Por outro lado, o castelhano goza de completa protecção.
Nesta linha, o editor do jornal de maior difusão na Galiza, “La Voz de Galicia”, aderiu às posições dos manifestantes espanholistas num artigo sob o título “Yo protesto”, qualificando a legislação favorável ao galego como uma “imposición”. Contudo, nada disse sobre o desequilíbrio legal e social entre as línguas em uso na Galiza, que provocou a perda de 20 por cento de utentes do português-galego só nas duas últimas décadas.
No seu artigo também se esqueceu de citar que organismos internacionais, como a Unesco, já alertaram para o risco da desaparição do português da Galiza – o galego.
Para o ensino, a actual legislação, que desenvolve a "Lei de Normalización Linguística" aprovada unanimemente por todos os grupos do Parlamento Autónomo (Partido Socialista, Partido Popular e Bloco Nacionalista Galego), dita que deverá leccionar-se, pelo menos, 50 por cento das matérias em galego, mantendo os outros 50 por cento em língua espanhola.
No entanto, o castelhano continua a usufruir, em muitos casos, os mesmos privilégios do regime da ditadura de Franco.
Há casos de escolas primárias em que a maior parte das aulas são leccionadas em espanhol e onde o galego só é usado nas disciplinas da língua galega. E esta situação é tolerada pela inspecção do ensino, sempre conivente com as práticas castelhanizadoras, mas muito atenta a alguns casos de uso "excessivo" da língua da Galiza, na Galiza.
A manifestação galegófoba enquadra-se na pré-campanha das eleições autonómicas. As sondagens publicadas em todos os meios de comunicação indicam que, na Galiza, se repetirá o governo de coligação entre o Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE) e o Bloque Nacionalista Galego (BNG). Ambas as formações políticas manifestaram o seu repúdio à convocatória espanholista, e confirmaram, com maior ou menor intensidade, o seu apoio à promoção da língua da Galiza. Ao nível do PSOE espanhol, no governo de Madrid, o seu Secretário de Organização, José Blanco, mostrou também a sua rejeição aos actos vandálicos e à manifestação de Compostela, que vinculou com “movimentos extremistas”.
Ângelo Cristovão
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Defensores do galego-português espancados em Santiago de Compostela
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1 comentário:
Uma causa do MIL...
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