Em Portugal, depois do golpe de estado de 1926, Gomes da Costa, implantou uma ditadura que há muito vinha a ser pedida pela burguesia mais radical Sidonista, cujo líder tinha sido morto em 14 de Dezembro de 1918.
O jornal "A Dictadura" tinha veementemente exigido essa ditadura anos a fio e aí estava ela.
A verdade é que a primeira república tinha sido um fracasso, como revolução burguesa de carácter maçónico, apenas pretendeu substituir uma classe no poder por outra, ou seja substituir a nobreza pela burguesia.
Mesmo na época monárquica já os burgueses compravam os títulos nobiliárquicos, por isso a mudança não foi quase nenhuma, houve sim uma inversão dos símbolos e dos ícones.
O anticlericalismo criou o endeusamento da figura da república, chegando-se a fazer procissões em que a e imagens dos Santos eram substituídas pela imagem da santa república.
O próprio espaço das Igrejas Católicas foi reutilizado, como em Alhos Vedros onde a Igreja Matriz foi usada como garagem para os Bombeiros da Moita. Outras igrejas foram destruídas e também alguns mosteiros. As ordens monásticas foram ilegalizadas e todo esse dinheiro saqueado a saqueadores, foi para onde?
Não foi seguramente para o Povo, pois não havia uma política de segurança social ou de defesa da classe dos trabalhadores por parte do estado.
A entrada de Portugal na I guerra foi um despesismo mais na depauperada economia e também o destroçar de uma geração.
A primeira república nada melhorou para 99% dos Portugueses em relação à monarquia...
Aliás havia muito mais liberdade no final da monarquia do que na I república, basta lembrar o grande Bordallo e as revistas que fez, em sucessão libertária, pois assim que o governo encerrava uma, ele criava outra, essa liberdade só tem paralelo agora na blogosfera, bem hajam os blogues por isso.
Com o golpe de 28 de Maio de 1926, veio depois o estado novo português, que foi beber aos sacramentos do fascismo Italiano, mas, ao invés deste, que era de natureza urbana, e revolucionário o estado novo tinha características rurais e era anti-revolucionário e conservador, acabou por isso com os nacional-sindicalistas de Rolão Preto, esses sim revolucionários e verdadeiramente pró-fascistas.
O que sobrou da direita conservadora Sidonista republicana e antigos monárquicos do Integralismo Lusitano, foi integrada na grande União-Nacional corporativa e conservadora com forte pendor clerical.
O estado novo português teve 2 épocas, a primeira até ao começo da II guerra mundial, a outra após o final da II guerra.
Na minha opinião esta primeira fase conseguiu organizar minimamente o caos, pensou pequeno, tendo um vasto império colonial, ainda.
Estabilizou a economia por baixo, tornando os pobrezinhos asseados e felizinhos, dando-lhes entretenimentos vários que se tornaram muito populares, especialmente os filmes portugueses dessa época, mas também a rádio, os jornais de histórias em quadrinhos, o Futebol, Fátima e o Fado.
Foi, uma época feliz e o sistema corporativo escolhia as empresas a dedo, quase não existindo sistema de mercado, as empresas eram sectoriais, havia a empresa das cervejas, a empresa das massas alimentícias, dos vinhos de mesa e assim sucessivamente...era o tempo do mono, em tudo, até nas cores dos edifícios públicos, tudo era monocolor, era um Portugal a preto e branco.
Apesar do colorido artístico dado pela exposição do Mundo Português...
...se não fossem os artistas.
Esta fase teria de ser aproveitada para redimensionar toda a política colonial, implementando a colonização do interior de Angola e Moçambique, investindo em infra-estruturas, na educação dos povos e na misceginização das populações, assim como deveria ter investido na auto-gestão dos seus habitantes em todos os termos, inclusive políticos, dando autonomia gradual às colónias até que se criasse uma federação de estados lusófonos em que a capital tanto pudesse ser na Europa como em África.
A segunda fase estado novo, passou do preto e branco, para a gama de cinzas, tudo ficou cinzento e triste, a PIDE endureceu, o inimigo ficou bem explícito, porque também tudo ficou mais linear, dum lado o mal, simbolizado pelo PCP, mero bode expiatório que o Salazar pretendeu diabolizar para poder continuar no poder sem nada de relevante ser feito para desenvolver Portugal, do outro o bem simbolizado pela União Nacional, e os pseudo bons costumes e virtudes públicas, cheias de vícios privados.
Enfim um paraíso de servilismo sem criminalidade, a não ser a que estava no poder, à beira-mar plantado, onde realmente era muito bom pertencer à classe dominante que vivia em Lisboa com possibilidade de ir ver as paisagens de vez em quando no resto do país.
A emigração foi reconstruir a Alemanha e França, em vez de ir construir o interior de Angola e Moçambique, só em 1961, depois do ataque da UPA, Salazar esboçou estas ideias, mas aí já era tarde.
A estagnação continuou, até que Portugal entrou em guerra nas três frentes africanas, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, com a Europa, os EUA e a URSS a apoiarem os movimentos (in)dependentistas e Portugal orgulhosamente só a fazer frente ao mundo inteiro. De louvar as forças armadas que conseguiram fazer frente tantos anos a esses movimentos, mas de lamentar que tenha sido necessário a eclosão desses movimentos para Salazar finalmente ter reparado que existiam essas colónias.
Com a guerra perdida na Guiné-Bissau, aliado a uma oposição interna anti-guerra colonial e a diáspora dos portugueses pelo mundo, mesmo com possibilidades de vencer os movimentos nas colónias de Angola e Moçambique mas num futuro distante e num cenário de um Portugal decadente e extenuado e completamente isolado, as forças armadas saturadas de tanta guerra sem fim à vista, fizeram o golpe de estado de 25 de Abril de 1974, trazendo Portugal para o seu cantinho europeu e adiando 30 anos a restauração da nossa missão atlântica e mundial que antes com o regime Salazarista já tinha perdido quase 50 anos de desenvolvimento.
Ainda anteriormente, a possibilidade de se formarem novos Brasis em Angola e Moçambique no final do século XIX, apenas colonizadas então em alguns portos de mar, investindo na colonização dos seus interiores nessa altura, foi uma opção logo destruída pela ideia insensata de expansão territorial com a ligação destas duas colónias.
A quantidade ao invés da qualidade foi o apanágio dessa época de imperialismos que estavam na moda e Portugal foi ficando adiado, depois veio a república e adiou-se mais uns anos, com o Salazarismo idem, agora com esta pseudo-democracia, mais 30 anos de adiamento...mas o que é isso para uma nação como Portugal que tem 1000 anos de história !
Nada nos resta senão o futuro e esse começou agora, o MIL pode ser a pedrada no charco deste adiamento consecutivo da missão de Portugal e da missão do Mundo Lusófono em que nos inserimos. Luís Cruz Guerreiro
O jornal "A Dictadura" tinha veementemente exigido essa ditadura anos a fio e aí estava ela.
A verdade é que a primeira república tinha sido um fracasso, como revolução burguesa de carácter maçónico, apenas pretendeu substituir uma classe no poder por outra, ou seja substituir a nobreza pela burguesia.
Mesmo na época monárquica já os burgueses compravam os títulos nobiliárquicos, por isso a mudança não foi quase nenhuma, houve sim uma inversão dos símbolos e dos ícones.
O anticlericalismo criou o endeusamento da figura da república, chegando-se a fazer procissões em que a e imagens dos Santos eram substituídas pela imagem da santa república.
O próprio espaço das Igrejas Católicas foi reutilizado, como em Alhos Vedros onde a Igreja Matriz foi usada como garagem para os Bombeiros da Moita. Outras igrejas foram destruídas e também alguns mosteiros. As ordens monásticas foram ilegalizadas e todo esse dinheiro saqueado a saqueadores, foi para onde?
Não foi seguramente para o Povo, pois não havia uma política de segurança social ou de defesa da classe dos trabalhadores por parte do estado.
A entrada de Portugal na I guerra foi um despesismo mais na depauperada economia e também o destroçar de uma geração.
A primeira república nada melhorou para 99% dos Portugueses em relação à monarquia...
Aliás havia muito mais liberdade no final da monarquia do que na I república, basta lembrar o grande Bordallo e as revistas que fez, em sucessão libertária, pois assim que o governo encerrava uma, ele criava outra, essa liberdade só tem paralelo agora na blogosfera, bem hajam os blogues por isso.
Com o golpe de 28 de Maio de 1926, veio depois o estado novo português, que foi beber aos sacramentos do fascismo Italiano, mas, ao invés deste, que era de natureza urbana, e revolucionário o estado novo tinha características rurais e era anti-revolucionário e conservador, acabou por isso com os nacional-sindicalistas de Rolão Preto, esses sim revolucionários e verdadeiramente pró-fascistas.
O que sobrou da direita conservadora Sidonista republicana e antigos monárquicos do Integralismo Lusitano, foi integrada na grande União-Nacional corporativa e conservadora com forte pendor clerical.
O estado novo português teve 2 épocas, a primeira até ao começo da II guerra mundial, a outra após o final da II guerra.
Na minha opinião esta primeira fase conseguiu organizar minimamente o caos, pensou pequeno, tendo um vasto império colonial, ainda.
Estabilizou a economia por baixo, tornando os pobrezinhos asseados e felizinhos, dando-lhes entretenimentos vários que se tornaram muito populares, especialmente os filmes portugueses dessa época, mas também a rádio, os jornais de histórias em quadrinhos, o Futebol, Fátima e o Fado.
Foi, uma época feliz e o sistema corporativo escolhia as empresas a dedo, quase não existindo sistema de mercado, as empresas eram sectoriais, havia a empresa das cervejas, a empresa das massas alimentícias, dos vinhos de mesa e assim sucessivamente...era o tempo do mono, em tudo, até nas cores dos edifícios públicos, tudo era monocolor, era um Portugal a preto e branco.
Apesar do colorido artístico dado pela exposição do Mundo Português...
...se não fossem os artistas.
Esta fase teria de ser aproveitada para redimensionar toda a política colonial, implementando a colonização do interior de Angola e Moçambique, investindo em infra-estruturas, na educação dos povos e na misceginização das populações, assim como deveria ter investido na auto-gestão dos seus habitantes em todos os termos, inclusive políticos, dando autonomia gradual às colónias até que se criasse uma federação de estados lusófonos em que a capital tanto pudesse ser na Europa como em África.
A segunda fase estado novo, passou do preto e branco, para a gama de cinzas, tudo ficou cinzento e triste, a PIDE endureceu, o inimigo ficou bem explícito, porque também tudo ficou mais linear, dum lado o mal, simbolizado pelo PCP, mero bode expiatório que o Salazar pretendeu diabolizar para poder continuar no poder sem nada de relevante ser feito para desenvolver Portugal, do outro o bem simbolizado pela União Nacional, e os pseudo bons costumes e virtudes públicas, cheias de vícios privados.
Enfim um paraíso de servilismo sem criminalidade, a não ser a que estava no poder, à beira-mar plantado, onde realmente era muito bom pertencer à classe dominante que vivia em Lisboa com possibilidade de ir ver as paisagens de vez em quando no resto do país.
A emigração foi reconstruir a Alemanha e França, em vez de ir construir o interior de Angola e Moçambique, só em 1961, depois do ataque da UPA, Salazar esboçou estas ideias, mas aí já era tarde.
A estagnação continuou, até que Portugal entrou em guerra nas três frentes africanas, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, com a Europa, os EUA e a URSS a apoiarem os movimentos (in)dependentistas e Portugal orgulhosamente só a fazer frente ao mundo inteiro. De louvar as forças armadas que conseguiram fazer frente tantos anos a esses movimentos, mas de lamentar que tenha sido necessário a eclosão desses movimentos para Salazar finalmente ter reparado que existiam essas colónias.
Com a guerra perdida na Guiné-Bissau, aliado a uma oposição interna anti-guerra colonial e a diáspora dos portugueses pelo mundo, mesmo com possibilidades de vencer os movimentos nas colónias de Angola e Moçambique mas num futuro distante e num cenário de um Portugal decadente e extenuado e completamente isolado, as forças armadas saturadas de tanta guerra sem fim à vista, fizeram o golpe de estado de 25 de Abril de 1974, trazendo Portugal para o seu cantinho europeu e adiando 30 anos a restauração da nossa missão atlântica e mundial que antes com o regime Salazarista já tinha perdido quase 50 anos de desenvolvimento.
Ainda anteriormente, a possibilidade de se formarem novos Brasis em Angola e Moçambique no final do século XIX, apenas colonizadas então em alguns portos de mar, investindo na colonização dos seus interiores nessa altura, foi uma opção logo destruída pela ideia insensata de expansão territorial com a ligação destas duas colónias.
A quantidade ao invés da qualidade foi o apanágio dessa época de imperialismos que estavam na moda e Portugal foi ficando adiado, depois veio a república e adiou-se mais uns anos, com o Salazarismo idem, agora com esta pseudo-democracia, mais 30 anos de adiamento...mas o que é isso para uma nação como Portugal que tem 1000 anos de história !
Nada nos resta senão o futuro e esse começou agora, o MIL pode ser a pedrada no charco deste adiamento consecutivo da missão de Portugal e da missão do Mundo Lusófono em que nos inserimos. Luís Cruz Guerreiro
7 comentários:
Muito obrigado, Luiz...
Excelente texto, Luís!
Abraço MIL
Obrigado a ambos, agora falta fazer o texto sobre o estado novo Brasileiro.
L+G
Caro Luís
Tomei a liberdade de publicar o seu texto no site do MIL
Abraço MIL
Esteja à vontade...
Sou MILitante mesmo.
Confesso que tenho uma certa saudade dos comentários agressivos dos Lord of ... davam-me uma grande vontade de ripostar, acho que agora isto está demasiado calmo, é tempo do camarada voltar, nem que seja para me ofender.
Proponho o fim do degredo.
L+G
Também gostei do texto, no geral, embora possa dar a ideia de que todos os nossos males vêm da primeira República. Não penso assim: não há causas que não sejam também efeitos e a verdade é que a monarquia bragantina era desde há muito uma instituição decadente. Os nossos males vêm de muito antes: alguns da própria fundação... Mas isso não o posso desenvolver aqui e agora.
"Os nossos males vêm de muito antes: alguns da própria fundação..."
Concordo consigo Paulo, e gostaria que aprofundasse o tema.
Saudações de Luís Cruz Guerreiro
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