A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Ainda em diálogo com António Quadros: sobre "filosofias nacionais"

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(...) não pretendemos pois aqui refutar nenhuma filosofia, nem, muito menos, afirmar a nossa pretensa “superioridade”. Pretendemos aqui apenas afirmar a nossa “diferença”, a “diferença” que, a nosso ver, é intrínseca a todas as filosofias. Não cremos, aliás, que existam filosofias falsas – todas as filosofias são expressão da “verdade”, da relativa verdade, da sua “situação”. Nessa medida, defendemos pois aqui a relativa verdade de todas as filosofias . E isto sem defendermos, propriamente, a relativização da Verdade. A este respeito, fazemos questão de transcrever as seguintes palavras de António Quadros, que subscrevemos na íntegra: “A verdade é só uma? Talvez. Mas cada homem – e mais largamente cada país, está colocado em situação diferente em relação à verdade, relação da parte para o todo, entenda-se. A verdade é só uma, mas desabrocha em infinita variedade e plasticidade. Reduzir todos os planos da paisagem a uma só, ontem o plano de Florença ou Roma, hoje o plano de Paris, amanhã o plano de qualquer outra cultura igualmente totalitária e exigente, é empobrecer as possibilidades de alargamento de compreensão universal. Pelo contrário, possibilitar o desenvolvimento de tantas estéticas quantos os países, de tantos prismas de observação e de conhecimento quantas as resultantes de um determinado circunstancialismo geográfico, étnico, psicológico, político, social e filosófico, é aumentar em número proporcional as ‘tomadas de contacto’ com a verdade.” .

E por isso acompanhamos ainda António Quadros quando este defende que “ainda bem que os caminhos e os caminhantes são múltiplos e diferentes”. Se o não fossem, como nos diz ainda, “teríamos todos um único horizonte, um único modo de ver e de contemplar – marcharíamos todos como carneiros, quem sabe se para o abismo?”. Eis porque, com efeito, ainda bem que os caminhos e os caminhantes são múltiplos e diferentes, eis porque, efectivamente, ainda bem que múltiplas e diferentes são as culturas e as filosofias – ainda nas palavras de António Quadros: “A multiplicação das culturas, a heterogeneidade dos pensadores, pelo contrário, aumenta proporcionalmente as tomadas de contacto com o Ser. A existência das filosofias nacionais garante o enriquecimento e a vivacidade das possibilidades de conhecimento dos humanos.” . Isto, como é óbvio, na premissa de que cada “filosofia nacional”, de que cada “filosofia situada”, traz, efectivamente, algo de novo, de único, isto, como é óbvio, na premissa de que cada cultura, de que cada comunidade, de que cada homem, traz, de facto, algo de singular. Mas essa é, explicitamente, a premissa de que parte António Quadros – daí ainda, a título de exemplo, estas suas palavras: “Pede-se à criatura – humana ou artística – que não se restrinja a repetir, que não aliene a sua singularidade e, mais do que isso, que acrescente à ordem de que herdou a vida: que traga mais verdade, mais justiça, mais beleza – que invente, numa palavra.” . É, aliás, por isso, precisamente, que, para este pensador, a própria “identidade portuguesa” está, ainda e sempre, em aberto – à espera que cada um de nós contribua para o seu “acabamento” .

*Excerto de Fundamentos e Firmamentos do Pensamento Português Contemporâneo (no prelo)

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