Eurico Ribeiro
Plano estratégico a desenvolver
Contudo penso mais uma vez que a real defesa da nossa identidade, terá que passar, nesta conjuntura em que se perfila uma amálgama miscigenada de povos, pelo pragmatismo, seguindo o caminho possível, que é para mim se torna o de sobrevivência à travessia do deserto dos valores espirituais.
Antes de mais importa reflectir um pouco sobre as mudanças sociais do final do séc. XIX início do séc. XX. Vejo na analogia da evolução que levou à imaterialidade das empresas, antigas entidades com personalidade familiar individual muito sólida, como já referi atrás, uma transição equivalente operada na sociedade Portuguesa de então. Mais, a transformação social que derrubou a monarquia – a família dona da nação, e a substituiu pela república é muito semelhante às tranformações que dentro das organizações empresariais, substituiram as administrações familiares – o patrão, pelas administrações representativas da vontade dos accionistas. As nações como organizações sociais, e em especial a Portuguesa eram fortemente governadas pelo paradigma familiar tradicional. Esta era o núcleo mais importante de organização, independentemente do grau de complexidade, fosse ele apenas uma família, uma empresa, uma localidade, região, nação e mais importante ainda de uma nação global – compreende-se que a nossa estrutura cultural organizativa estava em dissonância com as vontades da nova ordem mundial!
Nos finais do séc.XIX começou-se a desenhar a mudança de paradigma que iria alterar por completo todo este núcleo organizativo, passando o poder a estar disseminado igual circunstância (aparentemente em potência) por todos os indivíduos sem desigualdade de previlégios, que as classes sociais tinham definido até aqui. Era o início do primado do indivíduo, levando à emancipação de uma nova classe alicerçada na alta finança. Não fosse a eterna capacidade de alguns se diferenciarem dos demais, agora pela capacidade de conquista financeira, acumulando riqueza e poder, desarticulados dos valores morais e éticos ancestrais na nobreza europeia, não teríamos qualquer diferença entre os regimes de cariz capitalista e marxista onde a acumulação de riquesa neste último, não poderia acontecer por doutrina (a não ser à classe dirigente, a verdadeira gestora dos bens do povo). Estavam estabelecidos os novos planos para a nova ordem mundial e é nesta conjuntura, contendo as duas ideologias em cada um dos pratos da mesma balança social socialista que se dá a passagem do século XIX para o XX, sistematizando-se ao longo deste até ao séc. XXI e na qual Portugal terá que encontrar a melhor estratégia, junto dos seus pares da Lusofonia, para retomar a sua missão, caso contrário a sua sobrevivência estará comprometida a médio prazo.
Porém, a sua missão actual, está longe de ser a do líder do espaço da Lusofonia, porque nela não poderá ser mais o motor que foi, mas sim o gerador da mística e da sabedoria histórica do sentido de missão que a sua vetusta idade lhe permite! Se reflectirmos um pouco, verificamos que já não somos pátria mas mátria, pois de nação activa com projecto autónomo passámos a nação passiva, na estrita obediência de missões estrangeiras! Veja-se que desde a restauração de 1640 por D. João IV, passámos a ter como padroeiro não o S. Gabriel Arcanjo que foi instituido pelo fundador D. Afonso Henriques, mas a Virgem Santa Maria! Com este passo simbólico se dá conta da orfandade paterna do nosso povo, que ainda sofre com o seu estado de menoridade, tal como a viuva e os seus filhos sofrem, quando perdem o chefe da casa e o seu ganha pão! Com a mudança deste paradigma, se verifica a morte do Mestre Cistercense da Ordem do Templo, de Cristo e de Avis: perdemos o Pai pátreo, o Guia e o Líder da missão que por isso fica interrompida!
Voltando ao plano estratégico a desenvolver, no que diz respeito à imagem e aos valores culturais que lhe estão associados, Portugal terá que se adaptar, defendendo-se nesta travessia do deserto dos valores espirituais. Esta será a primeira fase, que pode durar ainda algum tempo, antes de poder retomar junto do seu património luso mundial, da missão interrompida. O retomar dessa missão será oferecido à Lusofonia se esta com Portugal cumprir os desígnios que Vieira tão bem aponta e o seu reinício será seguido de uma forte necessidade mundial...
Assim, e até se cumprirem os desígnios que as Leis Naturais irão ditar, e seguindo as alterações de paradigma social, Portugal terá que rápidamente se tornar uma marca registada pelo seu escudo e pela sua bandeira com as suas cores. A sua personalidade agora em estado volátil terá que passar a conteúdo ou identidade caracterizada pela portugalidade (cultura, língua, história, gastronomia e vitivinicultura com zonas demarcadas, artesanato, monumentos e paisagem). Com isto terá que se tornar num alfobre de produtos e serviços que a possa garantir como identidade própria numa sociedade actual caracterizada pelo mercado livre global. Terá que para ser conhecido, e por isso garantir a sua sobrevivência, saber-se vender nesse mercado, porque agora vender é existir... Terá que encetar actividades estratégicas que o dirijam nessa direcção, como por exemplo a utilização da CPLP como bolsa das marcas-nação da lusofonia. Se os corpos “estados” estão presos aos interesses e contingências dos acordos dos espaços económicos em que se encontram, o mesmo não se pode passar com as marcas-personalidade, que podem e devem resguardar a sua essência, levando-a até com mais facilidade aos quatro cantos do mundo, seguindo as mesmas Leis de Mercado. O mundo tem que voltar a conhecer Portugal, não como realidade menor, mas como identidade actual e passível de ser seguido.
Como actividades estratégicas vejo as Tecnologias de Informação, como actividade a investir porque irão alavancar tudo o resto que se irá passar no dealbar do século XXI. A era das telecomunicações como meio de ligação entre pessoas e povos afastados geográficamente é um dado adquirido cujo boom pertence ao século passado. Trabalhou-se no final do século XX numa evolução das redes de telecomunicações, que funcionando sob protocolos de transmissão IP permitiu uma convergência dos meios antes rigidamente associados aos serviços de voz e dados, num único meio. Esta evolução teve como consequência a hegemonia e normalização das redes, permitindo-lhes suportar uma infinidade de serviços em contínua evolução substancialmente em capacidade e rapidez. A arte da técnica terá que acompanhar as necessidades que se forem criando, arranjando soluções que as tornem possíveis. Por esse motivo a área das telecomunicações, não mais liderará estratégicamente o futuro. Ela normalizou-se e é hoje uma autoestrada já pronta a ser percorrida pelos multiserviços. Daí que as tecnologias da informação estão a ser o passo actual para a interligação de todos os serviços de apoio das sociedades: negócios, conhecimento, cultura, relações pessoais e serviços de variada ordem. As tecnologias da informação colocam à disposição dos indivíduos veículos que obedecendo às “regras de transito” das autoestradas das telecomunicações podem usar os muitos serviços de apoio à circulação, com o fim de beneficiar de tudo o que é e será aí possivel de circular no futuro. Portugal como posição estratégica única e fazendo uso dos seus melhores recursos, pode e deve dar cartas porque é paradigmáticamente um novo mundo a explorar e a dar!
Nas Biotecnologias e novas áreas da medicina com alguns portugueses já na linha da frente ao nível mundial que não é de admirar, mesmo com os parcos recursos de um país geográficamente pequeno em comparação com os EUA ou a Inglaterra ou a Alemanha, mas porque possui uma raça extremamente grande.
Os serviços de diplomacia mundial, são para nós inatos, dado que fomos o primeiro povo globalizador, cuja manutanção dos territórios se devia não só à prestação de serviços aos líderes locais, através da bravura e estratégia, ou às actividades comerciais e de logística, mas em especial da diplomacia, que nos tinha que ser natural, para minorar os eventuais conflitos de interesse, porque não havia nem modelos nem os estudos em sociologia e psicologia comportamental que hoje enchem as bibliotecas. Vemos a força natural que accionamos como povo e que se amplificou pelos grupos de interesses e lobies internacionais, que culminaram na autodeterminação do povo Maubere de Timor Lorosae. Mais, para além dessa “empresa” para a qual não tínhamos qualquer poder económico ou militar em função da nossa diminuta condição geográfica em relação à Indonésia – um dos tigres asiáticos, Timor decidiu escolher a língua portuguesa como sua, contra todas as espectativas. O povo português mais uma vez se agigantou e foi determinante a sua acção pela sua força de coesão.
A língua como última fronteira, num mundo global deverá ser protegida. Longe de ser una deverá ser plural, porque historicamente o português é e terá que ser um cidadão do mundo. Vejo a unificação do português escrito um erro grave, que mais uma vez facilitando o curto prazo, irá trazer consequências nefastas no futuro. A unificação é contrária ao princípio da biodiversidade, que por analogia significa a capaciade de adaptação e multiplicação que é sinónimo de riqueza cultural e garantia única de sobrevivência... Cada povo que faz uso do português como língua materna, deve ser livre de o escrever e de o falar modulando-o à sua cultura, à sua forma de pensar e às suas necessidades locais. A unificação castradora e monocromática deveria ser contrariada, porque a protecção não é feita num qualquer organismo por mais competente que seja na CPLP mas pelo mais humilde daqueles que a usam desde o berço e que junto com os seus semelhantes, a amplificam e lhe dão a voz de todo um povo. Vem-me à ideia o exemplo do povo de Moçambique que tendo aderido à Commonwealth se tornou num dos melhores defensores da língua portuguesa do que qualquer organismo centralizado para esse efeito no interior da CPLP, em especial numa conjuntura geográfica do “Corno de África” adversa onde o Inglês impera como língua oficial de vários países vizinhos. Como ele lembro-me igualmente de Timor Lorosae.
No domínio dos conteúdos, realço o aspecto da educação e formação – sendo a primeira de base e a segunda contínua ao longo da vida do indivíduo. Os conteúdos que nos chegam pelos variadíssimos meios de telecomunicações e sistemas de informação, serão formalmente num futuro próximo a educação e a formação per si. Caberá às instituições de ensino produzir esses conteúdos e reconhecer as competências dos indivíduos, que os posicionarão no lugar correspondente da pirâmide social. Longe estamos do tempo em que as Universidades eram intituições fechadas, de clausura (i.e. claustro – cloister – close) desde os Templos Egípcios, as Escolas dos Gregos, os mosteiros medievais, onde um reduzido número de eleitos eram iniciados tecnica e comportamentalmente, e graduados consoante as suas capacidades para se tornarem condutores das sociedades de então. A democratização e a massificação do ensino vocacionado para o operativo, não acabou é certo com o paradigma ancestral do ensino da excelência, que advém da tradição. O nome da Instituição associada ao preço da propina e ao processo cirúrgico de admissão, mais baseado na entrevista comportamental do que em exames técnicos, tem e fará toda a diferença. A quem é admitido, espera-se uma entrega total num rigor selectivo que irá potenciar ao máximo as suas qualidade técnicas, criativas e comportamentais intrínsecas e extrínsecas, dentro de um método em tudo semelhante com o praticado nos mosteiros medievais, nas Escolas dos Gregos e dos Templos Egípcios, para dar somente alguns exemplos históricos.
Para os que não têm lugar nestas instituições, terão o ensino das “artes de ofício” que actualizadas aos nossos tempos, se referem ao ensino técnico das áreas do saber prático, a fim de se tornarem profissionalmente bons executores ou executivos, das tendências estratégicas emanadas pelos primeiros.
Num terceiro nível, ficarão essencialmente aqueles que não pertencerão a nenhum dos níveis anteriores, e cuja formação será mais curta e terá que ser extremamente especializada e operacional.
Portugal terá que criar ao nível da CPLP, excelência neste capítulo. É importante a criação de instituições de ensino em língua portuguesa de altíssima qualidade, instituições que possam formar as futuras elites da lusofonia, à escala do que existiu até 1535, tal como se referiu atrás. Elites no sentido de terem a capacidade de pensar estratégicamente a “longo prazo”, ao contrário do que se observa hoje, onde se vêem apesar de tudo muitos bons técnicos, mas com um altíssimo índice de miopia reflectiva. A falta de sentido crítico, mesmo nas melhores práticas e tecnicas que nos entram pelas instituições de ensino ou espaço empresarial, leva-os a seguir caminhos que embora se possam apresentar sedutoras no curto prazo, servirão inexorávelmente a médio longo prazo os interesses de quem os desenhou e divulgou mais acima, na grande maioria dos casos em clara oposição daqueles que cegamente os implementam. Deverá ser feita quantitativamente e qualitativamente uma clara separação desde a infância entre as competências de natureza estratégica da executiva, de modo que o português possa ter um espaço estratégico e criativo. Temos a obrigação já de subir do patamar executivo em que nos encontramos para o estratégico e criativo, porque temos capacidades e antiguidade como povo para estabelecer novos caminhos...
A formação das massas – executivos e operacionais – terá que seguir, neste paradigma existencial, o método de mercado: criação de uma necessidade, apresentação de uma solução e prestação do serviço. Para as escolas funcionarem, desde o 1º ciclo até à universidade, terão que saber criar a sua necessidade junto dos alunos – a necessidade adaptada aos tempos, longe que estamos dos tempos da revolução industrial – terão que saber implementar soluções técnicas e comportamentais estratégicamente inovadoras que estimulem os interessados. Por último, essas soluções terão que se dirigir às necessidades dos próprios alunos, prestando-lhes um serviço com alto nível de qualidade prática. Mesmo aqui será de todo o interesse que a base educativa parta da razão de ser e de estar da portugalidade, até porque é das únicas que melhor se adapta a todas as outras, mantendo o português como indivíduo em vantagem no mercado global. Deste modo só com elites formadas na portugalidade se pode ter na base práticas e metodologias consentâneas. Lembro-me ainda que as forças armadas, poderão ter ainda uma palavra a dizer na formação das novas gerações, abolida que foi o serviço militar obrigatório. Refiro-me por exemplo ao Colégio Militar e à Escola de Fuzileiros Navais, que poderão levar a cabo metodologias mais ou menos intensivas com programas destinados a vários níveis etários que ensinem e reforcem os princípios morais, éticos e cultuem a liderança, o princípio do reconhecimento do valor e da responsabilidade individual, dentro dos parâmetros da portugalidade e da missão da nossa história.
Como conteúdo de diversão (que não deixa de ser outra veículo potencialmente educativo), vejo o Futebol a par com outras actividades desportivas ao nível da selecção ou dos clubes, uma forma de não só aumentar a força de coesão nacional, que é a identificação com um corpo de que fazemos parte, num legado oitocentista, mas de assegurar a ideia, o sentir, o vibrar, o lutar desportivamente e o viver Portugal. É uma actividade que emociona e toca de modo especial todo um povo, por isso é hoje mais do que nunca uma potente arma de defesa da nação Portuguesa.
Vejo a aposta na indústria do turismo, a possibilidade de salvaguardar os locais patrimoniais de referência, da nossa história, bem como os usos e costumes. O turismo de habitação pode alavancar o redescobrimento das aldeias históricas e das vilas acasteladas, da agricultura biológica (com as práticas de subsistência ancestrais) e esta da nossa restauração típica e tradicional, bem como dos produtos regionais demarcados com embalagens biodegradáveis. A indústria pesada já não faz sentido porque é onerosa e extremamente poluente, em especial como vimos, numa época paradigmática das tecnologias de informação, que tende a evoluir para o “Wellfare”, mas a agricultura biológica, apesar de ser do primeiro sector, fará sempre parte do futuro (quanto mais não seja pela necessidade básica) caso seja sustentável e não lesiva ao ecossistema, tal como eram os métodos tradicionais utilizados pelos nossos antepassados. Penso deste modo que o caminho de defesa da nossa identidade poderá ser perfeitamente consubstanciado com os paradigmas da sucessão dos sectores de actividade que vimos atrás em harmonia com o ecossistema, em que Portugal ideia de nação se transmuta conceptualmente para PortugalÒ – Marca Registada, porque o queremos no domínio dos vivo e não do estudo dos paleontólogos. Os dinossauros foram seres fantásticos, mas como não souberam acompanhar a evolução do meio natural, desapareceram do mundo dos vivos, destino que espero não ver repetir no “organismo” Portugal.
Conclusão
O povo Português para sobreviver como identidade própria, tem que conhecer exactamente a sua história e perceber sem reactividades nem vinganças, de que a sua raça, a "milenar raça portuguesa" foi condenada desde 1535 à lenta extinção, pela ignorância, castração e amnésia. Paradoxalmente, todos esses movimentos têm, ao contrário do que se possa pensar, tido início dentro do próprio país, desde 1139 pelos descendentes daqueles que não acreditam num Portugal livre e independente. A crise que levou à 1ª união ibérica de 1580 a 1640 e ao império dos Habsburgo, não foi provocada por nenhuma invasão espanhola, nem devido ao facto muitas vezes adiantado pelos nossos historiadores submetidos às idiossincrasias políticas, de que não havia pretendentes ao trono vago, após a morte de D. Sebastião, rei que afinal morre encarcerado nos Limoges em França, cujos ecos ficam gravados no Sebastianismo do colectivo nacional! A decisão foi consentida pelos iberistas da época, que oportunamente se aproveitaram da crise política, emergindo o país numa crise financeira a fim de justificarem ao povo a união ibérica com Espanha. Desta feita preferiam o rei Filipe II de Espanha (futuro Filipe I de Portugal) a D. António I, neto de D. Manuel I ou a D. Catarina da Casa de Bragança, cujo neto D. João II futuro el Rei D. João IV viria curiosamente a restaurar a independência. Mais, todos os inícios dinásticos das Reais Casas portuguesas se deram através de filhos ilegítimos: na Casa de Borgonha, suspeitando-se que D. Afonso Henriques possa ter sido filho de D. Egas Moniz perfilhado pelo Conde D. Henrique por incapacidade física do filho natural, a Casa de Avis aparece com D. João I, filho ilegítimo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, e por sua vez a Casa de Bragança com o 1º Duque Afonso, filho ilegítimo de D. João I e de Inês Pereira. Desta feita qualquer argumentação sobre a legitimidade das sucessões, cai por terra, num país que desde o início 1139 até 1910 teve uma monarquia muito própria, cuja sucessão era baseada não só com base na hereditariedade mas no princípio da aclamação popular e das cortes.
Assim, a destruição da nossa paidéia por dentro, por uma classe de portugueses “sem berço” ou por descendentes de ideologistas da ibéria, foi consumada através da Espanha que trouxe com ela a Igreja e a inquisição, pela França de Napoleão que trouxe o racionalismo redutor, pela Inglaterra que se tentou aproveitar do estatuado da “Oldest Ally” e da circunstância da ingovernabilidade do país no período que se seguiu, a consanguinidade e miscigenação estratégica das casas reais europeias que toldaram a nossa missão, enfraquecendo e condenando posteriormente os Braganças (Casa Real periférica e com perigo de afirmação contrária aos interesses mundiais que levaram aos dois grandes conflitos 1ª e 2ª Grande Guerra), as forças ocultas e desestabilizadoras por detrás da 1ª república – movimento que não reflectia os desejos do povo português na sua maioria alheio a tudo isso, os poderes mundiais materializados pelos EUA e URSS na instabilidade forçada que levou à independência antes do tempo das nossas colónias e finalmente a CEE/CE/EU numa sucessão ideológica subreptícia, culminando no perigo que mais uma vez se avizinha da dissolução total da identidade e independência de um povo milenar. Mais uma vez a sombra da perda de soberania nacional é consentida pela classe governativa seguidora do iberismo tranferido por conveniência ao europeísmo.
Atrevo-me a pensar em suma que as forças destruturantes que se acercaram do nosso país desde 1535, se deveram ao facto da missão portuguesa se encontrar muito à frente da capacidade e mentalidade do mundo nessa época e averso ao materialismo capitalista que se desenvolve alguns séculos depois. Era necessário travar os Portugueses, e a sua ideia do mundo unido, era necessário que depois de D. Manuel I (que apercebendo-se do fim, se apressa a registar para épocas mais propícias a missão portuguesa nos sólidos livros de pedra do manuelino), a missão nunca mais fosse restaurada, era necessário matá-la de vez, impedindo que D. Sebastião regressasse a casa… Era necessário em suma que o projecto Templário planeado pelo visionário São Bernardo de Claraval – o Porto do Graal – soçobrasse de vez!
Deste modo é de todo necessário que as condições mundiais se deteriorem de tal modo que Portugal emerja da sua hibernação e volte a ser o centro do mundo material, porque se encontra no centro do “mapa mundi” (posição estratégica) e em esperança espiritual porque é o único país verdadeiramente universalista reflectido no seu povo amistoso e nas armas da sua bandeira: a propagação do Quinto Império Espiritual sobre o Mundo!
P.S.: O texto, aqui publicado em quatro partes, será publicado, em contínuo, no próximo número da Revista NOVA ÁGUIA.
10 comentários:
Um dos factores mais nefastos da história de Portugal foi a cláusula do Tratado de Metuen que ofertava protecção militar Britânica a Portugal em troco do pagamento de um montante anual exorbitante à velha e pérfida Albion. Assim se escoou para os cofres da "city" o Ouro de Minas Gerais, os dividendos do tráfego de especiarias, as pedras preciosas de Angola ...
A própria Albion exauriu os cofres Brasileiros mesmo após a independência do Brasil, inclusivé ao arrastar o Brasil para uma guerra contra a Argentina pela incorporação do Uruguay no território Brasileiro e depois ao recusar a sua incorporação depois de o Brasil ter ganho a guerra, isto para evitar a criação de um estado de grandes dimensões que abrangesse das Pampas até à Antártida.
A subserviência arrasta-se até hoje, sendo notória na subserviência dos Portugueses a interesses económicos Britânicos e até á própria pessoa dos Britânicos, como se vê por exemplo no caso McCann, ou em situações menos surrealistas, como na humilhação diária de barmen e empregados de restaurante no Algarve.
Não está na hora de revermos alguns princípios da nossa política externa? Por exemplo, pondo em causa a amizade entre dois povos mais falsa e exploradora que já existiu na Europa?
Cara Ana Margarida: O Tratado de Methuen não visava essencialmente "protecção militar britânica". E o ouro teria chegado e sobrado se não fosse o terramoto, como o demonstrou o reinado de João V... aliás, na altura em que foi celebrado, a potência dominante em Portugal era a França: desde o casamento de Maria Francisca de Sabóia (francesa apesar do nome) e Sofia de Neuburg (o mesmo) com Afonso VI e Pedro II.
De resto, de acordo com muito do que ficou dito.
Caro Eurico Ribeiro: O arcanjo S. Gabriel não foi nunca padroeiro de Portugal (quererá dizer S. Miguel?) e não foi "substituido" por Maria: os cristãos têm fama de ter um deus ciumento, mas sempre viveram bem com uma pluralidade de padroeiros ("eu sou o Anjo de Portugal", disse ele em Fátima em 1916).
Ana, aproveita a tua estadia no Brasil para te enteirares melhor da História, daí e de cá.
Klatuu, não preciso de lembretes.
Aliás, é sabido que o tratado de Metuen não visava ESSENCIALMENTE a protecção militar Britânica. No entanto, esta cláusula estava lá.
Se insistirem, envio-vos a referência quando voltar a ter tempo de escrever aqui. Estou com muito trabalho.
Ana, o meu afã em responder, só tem gerado equívocos e aborrecimentos para mim. Tu mesma estás fornecida do que é necessário para concluires que o que afirmas é uma leitura errada. E dispenso-me de te indicar referências.
P. S. O que afirmas em relação às relações políticas Portugal/Reino Unido é só muito discutível, mas em relação ao papel do Reino Unido na «Grande Guerra» é um erro - O Reino Unido e a França cedo retiraram o seu apoio e envolvimento, aliás, exíguo e que nada decidiu ou determinou.
P. P. S. O link para a wikipedia não é para ti, mas para quem desconheça, em absoluto, a matéria e queira ter alguma noção do que se fala.
... Ou é disto que falas?
Guerra da Cisplatina.
Menor sentido, então.
NOTA: O Brasil perdeu a «Guerra da Cisplatina»... e a «Grande Guerra» não foi contra a Argentina.
Em ambas lutaram Britânicos dos dois lados, mas na da «Cisplatina» havia mais Britânicos do lado de lá... E nesta a posição oficial do Reino Unido foi muito ambígua.
ana margarida
concordo com tudo o que disse
OK, vais para «sim-sim».
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