A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Portugal – Que missão? (III)


Eurico Ribeiro

O Quinto Império ou a era Quintenária da Imaterialidade

Deste modo Portugal, reúne ainda todas as possibilidades de cumprir a profecia do Quinto Império: estamos a entrar numa nova era, que levará a sociedade à imaterialidade. Este aspecto já é vislumbrado por variadíssimos indícios, se podem resumir em dois paradigmas, um respeitante ao Homem (lembro aqui da 3ª vaga de Alvin Tofler...), e outro ao meio em que vive – o Ecossistema.
No primeiro vem-me à memória as sucessão dos sectores de actividade que nos acompanham desde os primórdios da actividade do homem sobre a Terra: o sector primário com a caça, pesca e agricultura que é já uma actividade de transição ao sector secundário que aparece mecanizado nos finais do século XIX com a revolução industrial. O sector secundário é uma actividade de transformação efectiva da natureza, cuja necessidade proveio inicialmente da conservação dos produtos perecíveis do sector primário e da criação de novas ferramentas e utensílios auxiliares à actividade do Homem. O sector terciário que aparece globalmente só na segunda metade do século XX, foi iniciado pelos portugueses de quinhentos, através dos seus avançados sistemas de logística, montados nas rotas comerciais e de serviços – sim porque as nossas feitorias e frotas marítimas para além de polos comerciais, também forneciam serviços de protecção ao nível da costa aos senhores dessas regiões, tal como Macau, que protegia a China contra a investida da pirataria costeira. Era o que se poderia chamar hoje de uma relação Win-Win.
Voltando aos sectores de actividade, o terciário que se destina aos serviços, como vimos, sendo alavancado pelos dois sectores anteriores, potenciou uma mudança total e completa de paradigma: da produção alicerçada somente nos produtos passou-se a uma produção de aproximação cada vez maior às necessidades e procura de mercado dos indivíduos tornados clientes. Actualmente vivemos no sector quaternário que se caracteriza pela era das tecnologias da informação e conteúdos, que cumprem as necessidades de uma sociedade global. Do futuro espera-se que isto venha a suceder na era quinquenária do “Wellfare” ou do bem-estar. Os impérios da história acompanharam todos estes sectores, e impuseram paradigmaticamente a mudança, como nós portugueses com a implementação do sector terciário.
As organizações seguiram igualmente a tendência da desmaterialização, passando para sobreviverem ao primado das marcas, das ideias, dos conteúdos e da informação. Substituiu-se a materialidade empresarial centrada no produto e nas organizações rígidas do tipo familiar ou estatal, cujos activos (corpo material) se vêem disseminados por um conjunto indefinido de novos donos, accionistas, que por sua vez não são fixos, porque são livres de comprar e vender as participações nessas empresas. A personalidade e identidade, em suma, a alma destas organizações, reside agora só e apenas na marca, cuja mobilidade é tal que pode mudar de corpo, e de donos. A sua desligação acentuada ao plano material, pode no entanto conduzi-las à sua extinção, por perda de influência e de objectivos concretos que alimentam a ideia de identidade...
A internet tem substituído a materialidade dos livros, das bibliotecas, dos suportes multimédia e de algumas empresas. Grande parte do trabalho é hoje executado em suportes imateriais, cada vez mais o trabalho do homem reside nas ideias, na criatividade e na mudança de mentalidades, mais balanceado para o pensar, para o criar e menos para o fazer, ou executar…
No segundo paradigma, o do Ecossistema, tem-se verificado e propagado aos quatro ventos que os três primeiros sectores de actividade, são extremamente lesivos ao equilíbrio dos recursos naturais, daí que a actividade económica tenha que transitar rapidamente ao plano das ideias alavancada pela alta finança, saindo do âmbito do plano físico. Desde que se articulem estratégias sustentáveis de manutenção das necessidades básicas de subsistência das sociedades, a actividade ou o negócio do Homem transitará para o mundo criativo das ideias, suportado através de meios virtuais, que interfiram o mínimo possível com os ecossistemas terrestres, que são o suporte de todas as actividades.
Deste modo, a harmonização dos dois paradigmas prevêem a salvaguarda do equilíbrio Natural e a sustentabilidade das Sociedades do Homem, que sem as obsessões actuais se tornam num cumprimento absoluto das Leis do Equilíbrio Natural – ou Leis Divinas. Devo contudo referir, que mais nefasta que a poluição física dos ecossistemas, é a poluição mental dos Homens, ou melhor a falta de Amor Incondicional, do Amor Verdadeiro e fraterno que é a única Força agregadora e criativa do Universo. Antes de seguir o raciocínio quinto imperista e de o adaptar como o Padre António Vieira, nos soube deixar na sua História do Futuro, importa meditar sobre o seguinte texto:“Considerem agora os Portugueses, e leiam tudo o que daqui por diante formos escrevendo com este pressuposto e importantíssima advertência: que, se alguma cousa lhes poderia retardar o cumprimento destas promessas, seria só o esquecimento ou desconhecimento do soberano Autor delas, quando por nossa desgraça fôssemos tão injuriosamente ingratos a Deus, que ou referíssemos os benefícios passados, ou esperássemos os futuros de outra mão que a sua. Prometeu Deus de livrar os filhos de Israel do cativeiro do Egipto, como tinha jurado aos seus maiores, e de os levar e meter de posse da terra da Promissão; (…) se buscarmos no Texto Sagrado as causas deste desvio e dilação (a qual durou quarenta anos inteiros, sendo a distancia do caminho breve, e que se podia vencer em poucos dias) acharemos que foram, três. Agora nos servem as duas, depois diremos a terceira. A primeira causa foi atribuírem a liberdade do cativeiro a Moisés; (…) A segunda, e ainda mais ignorante (sobre ímpia e blasfema), foi atribuírem a mesma liberdade ao ídolo que de seu ouro tinham fundido no deserto. (…) Basta, povo descortês, ingrato e blasfemo! Que Moisés e o vosso ídolo foram os que vos livraram do cativeiro do Egipto?! (…)Mas antes que passemos às outras utilidades, que ficarão para os capítulos seguintes, justo será que fechemos este com a terceira causa do castigo que ponderávamos, a qual refere o Texto Sagrado no cap. XIV dos Números, e pode ser de grande exemplo para outra casta de gente, que são os que a Escritura chama filhos da desconfiança.”(Padre António Vieira em História do Futuro, Cap. II vol. I)
Segundo o P. António Vieira existem três aspectos que podem impedir que a profecia se cumpra: a destruição da concepção do Princípio Divino que é o desrespeito às Leis Naturais, a anulação do ideal da aristocracia natural transferíndo-a a ídolos com pés de barro e a perda de fé do indivíduo em sim mesmo.
No primeiro pode haver o risco das novas gerações perderem a noção da dependência das Leis Naturais (Lex Natura), pela ignorância ou pela arrogância. O falso conhecimento pode levar ao caminho divergente da verdadeira Luz com adoração a falsos profetas e deuses menores da ciência, da política, da finança e dos “media”.
Na segunda, a criação e adoração de "bezerros de ouro": os bens materiais que conduzem ao hedonismo numa sociedade virada somente ao prazer e à futilidade. A procura do ter, mais e melhor do que o outro, a ostentação de sinais externos de riqueza, o sentimento de que a sociedade do Homem tem ferramentas prontas a resolver todos os problemas e o autismo com que os privilegiados encaram a sua vida e viram a cara à miséria dos excluídos, sem direitos aos frutos da prosperidade.
Na terceira, o eterno recalcamento depressivo a que o português é sujeito desde a infância, levando-o ao complexo de inferioridade pelo nascimento, a desacreditar em si próprio, a pensar que é menos capaz que todos os outros, que é atrasado e que nunca chegará à linha dos povos da frente. O sentimento desde o berço de que nasceu num país pobre e pequeno, e que é filho de um povo atrasado e medíocre. Bombardeado pelos “media”, passando pelo estabelecimento de ensino, à empresa onde trabalha e às conversas de circunstancia, não lhe é permitido que o seu espírito germine e que erga a cabeça. Para isso tem que imigrar, para um sítio onde não seja identificado e anatematizado por ser tão só Português! Para que Portugal dos portugueses possa liderar, por direito próprio, num futuro próximo, o avanço da Humanidade como o fez desde o século XII ao XVI, terá que saber transmutar os agentes internos que se mantêm presos a ideologias e interesses que o aprisionam nestes três aspectos.
No primeiro, penso que terá que se mudar o paradigma, criando em todo o português um ideal superior, místico, uma missão, um Leitmotiv, uma Paidéia segundo Camões, Padre António Vieira, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, António Quadros bem como muitos outros! Terá que seguir uma estratégia de vida que obedeça às Leis Naturais ou Divinas. A natureza é por definição a nossa melhor professora e a analogia a melhor das ferramentas de observação dos fenómenos.
Na segunda, a educação não para a igualdade castradora, taylorista, mas para a natural separação de indivíduos por capacidades e potencialidades, de tal forma que os que se encontram à frente se tornem nos ideais a projectar nos que estão mais a trás, os líderes naturais pelo abnegável exemplo, pelos princípios e em suma pelo valor e não pela falsa imagem que leva os indivíduos das classes inferiores a questionarem os das classes mais privilegiadas. Temos que colocar líderes naturais equilibrados pela Lei Natural e pela mais valia técnica e humana, a fim de servirem de força de tracção a toda a sociedade pelo seu trabalho operativo e pelo seu exemplo como seres humanos.
Na terceira, perceber e mostrar que o povo Português é naturalmente igual ou superior aos outros povos e se não se consegue avançar pelo caminho que os outros o querem dirigir e confinar é porque ele não nasceu para o fazer, como já referi. Ele nasceu para criar os seus próprios caminhos para lá do impossível, tornando-se no vanguardista, no descobridor, no navegador que dá novos mundos ao mundo!

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