The Card Players, Fernand Léger, 1917
Pound, Marinetti, Crowley e Mussolini jogam poker em Rapallo, são um quarteto de explosivos obsoletos, que condenam a usura e cantam um futuro rápido e mecânico. Nenhum deles é bom cavaleiro e, quando sobem a um cavalo, parecem sempre aqueles pobres turistas apatetados que saíram para um passeio. Detalhe a que os historiadores futuros não darão importância.
Pound, como todo o bom intelectual universitário Norte-americano, despreza o poker, é para ele inaceitável que a economia se jogue num afã lúdico de ratazanas e considera o bluff coisa de poltrões. Crowley adora o poker, mas confunde sempre as cartas que o mundo lhe coloca nas mãos com os baralhos do tarot. Olha ferozmente para os restantes convivas, move as mãos com tiques de prestidigitador, bebe vodka em sucessivos copos de cristal azul e sorri para a esbelta moça que os serve. É o pior jogador dos quatro. Marinetti tem a mão mais rápida, mil motores lhe movem a mente ambiciosa e excêntrica, e é eloquente no bluff, mas é, de todos, o único que já estava vencido, porque só aceitou a partida para que Mussolini ganhasse. Mussolini não precisa de jogar, o jogo está ganho porque ele é Il Duce e porque sabe que quanto mais megalómanos são os homens inteligentes, mais depressa vendem a alma aos tiranos.
Klatuu Niktos
Pound, Marinetti, Crowley e Mussolini jogam poker em Rapallo, são um quarteto de explosivos obsoletos, que condenam a usura e cantam um futuro rápido e mecânico. Nenhum deles é bom cavaleiro e, quando sobem a um cavalo, parecem sempre aqueles pobres turistas apatetados que saíram para um passeio. Detalhe a que os historiadores futuros não darão importância.
Pound, como todo o bom intelectual universitário Norte-americano, despreza o poker, é para ele inaceitável que a economia se jogue num afã lúdico de ratazanas e considera o bluff coisa de poltrões. Crowley adora o poker, mas confunde sempre as cartas que o mundo lhe coloca nas mãos com os baralhos do tarot. Olha ferozmente para os restantes convivas, move as mãos com tiques de prestidigitador, bebe vodka em sucessivos copos de cristal azul e sorri para a esbelta moça que os serve. É o pior jogador dos quatro. Marinetti tem a mão mais rápida, mil motores lhe movem a mente ambiciosa e excêntrica, e é eloquente no bluff, mas é, de todos, o único que já estava vencido, porque só aceitou a partida para que Mussolini ganhasse. Mussolini não precisa de jogar, o jogo está ganho porque ele é Il Duce e porque sabe que quanto mais megalómanos são os homens inteligentes, mais depressa vendem a alma aos tiranos.
Klatuu Niktos
7 comentários:
Poker Futurista...
Mas vidente... não... :)
Isto, em relação ao Pound principalmente, dá bem para recordar aquele velho conselho das avós: «Escolhe bem os teus amigos.»
"...quanto mais megalómanos são os homens inteligentes, mais depressa vendem a alma aos tiranos."
A megalomania é perigosa.
Quanto às avós, elas têm quase sempre razão...
:)
Erza pound...esse cara quer me conhecer, e eu ainda só o conheço de vista!
Marineti e Mussolini eu sei quen são...não fui apresentada a esse tal de Crowley e nem faço a mínima idéia de quem seja, portanto, o entendimento da parábola está capenga pra mim.
Megalomania...com certeza, ela corrompe as pessoas!
Aleister Crowley.
P. S. No terceiro link de «Pã» o Lord colocou poema dele em tradução de Fernando Pessoa, que foi seu correspondente e o conheceu pessoalmente, tendo, com esse propósito, Aleister vindo a Portugal.
P. P. S. Se teu maninho fosse satanista... há muito teria bombardeado tua mente com o senhor Crowley...
Procura na Wikipedia todos eles... Pound e Crowley estiveram na Itália à época (Pound residindo, e para lá voltando após ter sido libertado pelos USA da prisão em manicómio; Crowley temporariamente, abriu templos, e acabou por ser expulso de Itália devido à morte de um rapaz de boas famílias...).
Sagaz!
O Duce ganha por distração de Crowley, que não soube observar bem os arcanos menores... ^^
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