"Francisco Machado de Faria e Maia, Roberto de Mesquita e o seu tempo", coord. de Berta Pimentel, Manuel Cândido Pimentel e Renato Epifânio
MIL/ CEHu/ IFLB/ DG Edições, 2024, 154 pp.
ISBN: 978-989-35748-5-0
ÍNDICE
NOTA DE
APRESENTAÇÃO
Berta Pimentel
O aconchego próprio da pertença a uma comunidade e a
uma cultura traz consigo a exigência, amiúde negligenciada, de avivar e de
cultivar memórias e heranças espirituais. Tem sido esse o propósito do projecto
Colóquios do Atlântico: rasgar a névoa de esquecimento que teimosamente envolve
obras e autores ligados ao pensamento e à cultura nos Açores, como é o caso da Filosofia
do Direito de Francisco Machado de Faria e Maia (1841-1923) e da obra poética
de Roberto de Mesquita (1871-1923).
Nascidos nos extremos do arquipélago dos Açores, Faria
e Maia em Ponta Delgada e Roberto de Mesquita em Santa Cruz das Flores, estes
dois vultos maiores da açorianidade têm trajectórias e interesses de vida
diferentes – o pensador micaelense faz da ilha a sua morada, mas viaja
frequentemente para Portugal continental e pela Europa, ora imiscuindo-se ora
afastando-se do bulício político regional e nacional, enquanto Roberto de
Mesquita vive a ilha como casa de onde raramente sai, abrindo janelas de mundo
com a cadência muito própria do seu verso –, mas o destino juntou-os no ano da
sua morte: 1923 – Faria e Maia na Primavera e Roberto de Mesquita no último dia
do ano.
Os Açores e o destino são, sem dúvida, importantes na
vida e na obra de Faria e Maia e de Roberto de Mesquita, aproximando-os, porém,
ficam relegados para segundo plano quando comparados com um novo e fundamental
ponto de encontro por eles marcado: Antero de Quental. A presença de Antero na
vida e na obra de Francisco Machado de Faria e Maia e de Roberto de Mesquita é
sobejamente comentada nos ensaios que compõem esta publicação, seja como
polémico e arguto interlocutor do diálogo filosófico no campo da metafísica,
seja como fonte de cativeiros e de liberdade.
A presente obra reúne um conjunto de catorze ensaios
fruto dos trabalhos desenvolvidos em Lisboa, Ponta Delgada e Santa Cruz das
Flores entre Dezembro de 2023 e Maio de 2024 no âmbito do VII Colóquio do
Atlântico. Está organizada em duas partes, sendo a primeira dedicada ao estudo
da filosofia de Francisco Machado de Faria e Maia, com destaque para a sua
reflexão sobre a ideia e a natureza do Direito, bem como sobre os fundamentos
da nova metafísica, também com alguns registos de feição biográfica, e a
segunda parte dedicada a Roberto de Mesquita e às múltiplas leituras da sua
poética, pelas sendas da saudade, do isolamento, da lavra do mar ou da fluidez
lávica da ilha.
I – FRANCISCO MACHADO DE FARIA E MAIA: METAFÍSICA E DIREITO
António Braz
Teixeira
SITUAÇÃO DE FRANCISCO MACHADO DE FARIA E MAIA NA REFLEXÃO FILOSÓFICO-JURÍDICA LUSO-BRASILEIRA
Berta Pimentel
FRANCISCO MACHADO DE FARIA E MAIA: DOS ESCRITOS À PARTICIPAÇÃO CÍVICA
Emanuel Oliveira
Medeiros
EDUCAÇÃO FILOSÓFICA E FILOSOFIA DO DIREITO EM FRANCISCO MACHADO DE FARIA E MAIA: DIMENSÕES DA FORMAÇÃO HUMANA
José Luís
Brandão da Luz
Francisco Machado de Faria e Maia e as categorias biológicas do seu pensamento metafísico
Maria Manuela
Tavares Ribeiro
FRANCISCO MACHADO DE FARIA E MAIA – A VIVÊNCIA COIMBRÃ
Rui Sampaio
Silva
FRANCISCO MACHADO DE FARIA E MAIA E O PENSAMENTO ALEMÃO
II – ROBERTO DE MESQUITA: SIMBOLISMO E METAFÍSICA
António Braz
Teixeira
ROBERTO DE MESQUITA, POETA DA SAUDADE
Manuel Cândido
Pimentel
ROBERTO DE MESQUITA E A PRESENÇA DE ANTERO
Maria do Céu
Fraga
A POESIA DO MAR: ROBERTO DE MESQUITA
Renato Epifânio
A PROPÓSITO DE ROBERTO DE MESQUITA: DO SITUADO AO VERDADEIRAMENTE UNIVERSAL
Rosa Maria Goulart
ROBERTO DE MESQUITA: TRAÇOS DE UMA POÉTICA
Rui Tavares de Faria
ROBERTO DE MESQUITA: UM SIMBOLISTA ISOLADO?
Samuel Dimas
A SAUDADE MÍSTICA DA BELEZA ESSENCIAL NA ESTÉTICA SIMBÓLICA DE ROBERTO DE MESQUITA
Urbano Bettencourt
ROBERTO DE MESQUITA: O SPLEEN ATLÂNTICO