NO 120.° ANO DO NASCIMENTO DE AMORIM DE CARVALHO
Júlio Amorim de Carvalho
Morte no exílio. Exílio voluntário. Não por razões
de contingência política. Exílio voluntário e definitivo: supremo exílio[1],
motivado na profunda incompatibilidade de Amorim de Carvalho com o ambiente
mental do seu país, que lhe fôra persistentemente hostil, de que resultou a
marginalização do homem, o silenciamento organizado e sistemático da sua obra ‒
proveniente duma incompatibilidade genética ou incompatibilidade de raiz
psico-sociolόgica entre, por um lado, o espírito elítico amoriniano e, por
outro, a pesada mentalidade-massa acrítica da pseudo-intelectualidade
portuguesa.
[1] Amorim de Carvalho usou a expressão supremos exilados referindo-se àqueles
que, como ele, da pátria já nada esperam
(poema A comédia da morte, soneto Cruel o exílio dos que a dúbia estrela).
(excerto)