Mistério ao Vento, Reynaldo Fonseca, 1971
BARCOS PORTUGUÊSES
Os barcos de proas altas
reviradas e decoradas de figuras de cor
são belos porque os pescadores
querem que sejam assim belos e arcaicos.
Há pescadores aqui que não têm casas.
Suas casas são os barcos,
dormem nos barcos,
cozinham dentro deles suas caldeiradas,
confabulam com deuses, sereias e mães-d’águas.
SAGRES
Sagres
Paisagem terrivelmente magra.
Não se compreende gente comodista nesta ponta de terra áspera
(ela própria cheia de ossos, cheia de espinhos).
Só homens como o Infante
Ascetas doutos quase bruxos com suas capas negras
Árabes
Judeus
Matemáticos
Astrólogos
Geógrafos
olhando o mar com olhos de feiticeiros
ouvindo os ventos com ouvidos de tísicos ou de médicos
estudando os céus
emendando mapas
adivinhando terras
profetizando Índias, Áfricas e Brasis.
Gilberto Freyre
AGOSTINHO DA SILVA: DA MORTE PARA OS PARVOS
.
BARCOS PORTUGUÊSES
Os barcos de proas altas
reviradas e decoradas de figuras de cor
são belos porque os pescadores
querem que sejam assim belos e arcaicos.
Há pescadores aqui que não têm casas.
Suas casas são os barcos,
dormem nos barcos,
cozinham dentro deles suas caldeiradas,
confabulam com deuses, sereias e mães-d’águas.
SAGRES
Sagres
Paisagem terrivelmente magra.
Não se compreende gente comodista nesta ponta de terra áspera
(ela própria cheia de ossos, cheia de espinhos).
Só homens como o Infante
Ascetas doutos quase bruxos com suas capas negras
Árabes
Judeus
Matemáticos
Astrólogos
Geógrafos
olhando o mar com olhos de feiticeiros
ouvindo os ventos com ouvidos de tísicos ou de médicos
estudando os céus
emendando mapas
adivinhando terras
profetizando Índias, Áfricas e Brasis.
Gilberto Freyre
AGOSTINHO DA SILVA: DA MORTE PARA OS PARVOS
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13 comentários:
Eu gosto é da bondade da ironia de Agostinho - e do seu sorriso de menino malandro...
É a um homem destes... que alguns patetas têm a vileza e o desplante de chamar «neo-colonialista» - não devem conseguir ler a alma dos outros no rosto, nos gestos, na palavra e nos actos!
Mas a Gilberto Freyre chamaram bem pior... desde lacaio dos Portugueses a defensor da escravatura!
Ter paciência para a estupidez, a ignorância e a maldade é a maior virtude de um homem de espírito - e defender contra tudo e todos o legado de homens singulares um acto de coragem diário... e a maior prova de amizade filosófica de um discípulo.
Nunca desistiremos: a nossa Causa é nobre.
VIVA A LUSOFONIA!!
Este velhote agostinho também era gótico e deveria ser desenterrado e enviado num caixote para o Brasil, ou para a Ilha de Moçambique - que considerava tão suas pátrias como esta!
P. S. Desculpem lá; já nem pretendo massacrar ninguém - foi apenas entusiasmo! :)
«Não penso nada, porque nunca morri. Não tenho nada que me pronunciar sobre esse assunto... deixa-me morrer... porque depois se houver alguma coisa e eu puder dizer, eu comunico a vocês... sou seu amigo [o sorriso!], porque é que não hei-de comunicar...?»
JAJAJAJAJAJAJAJAJAJAJAJA!!!
A manifesta idiotia dos auto-presumidos cultos e espertos... é também a alegria diária de um homem inteligente! :)
No final do video... fiquei um bocado mal disposto... :) ... vi no campo inferior direito a cara do Herman José - um sabujo que vai a todas! Diverte-me imenso, e não porque tenha graça.
Esse não é gótico... e tem feito imenso pelo País - ele e muitos do género: têm feito, em 34 anos, esta choldra em que estamos!
Gosto de falar contigo, ó Fidalgo, concordamos em muita coisa... :)
«Pode-se concluir de mulheres indígenas, desde esses dias, terem revelado preferências, para contatos sexuais com portugueses, por aqueles motivos priápicos já alegados pelo severo Varnhagen: os portugueses, em confronto com machos indígenas, teriam se revelado mais ardorosamente potentes. Sabe-se por algumas observações antropológicas confiáveis, de homens de culturas primitivas precisarem, em vários casos, para efeitos de procriação tribal, de festas excitantemente sexuais, que os levem a atos procriadores, é claro que acompanhados de gozos.»
Gilberto Freyre, «Bunda - Paixão Nacional» in Revista Playboy nº 113, Dezembro de 1984
«A casa-grande do engenho que o colonizador começou, ainda no século XVI, a levantar no Brasil - grossas paredes de taipa ou de pedra e cal, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais - não foi nenhuma reprodução das casas portuguesas, mas expressão nova do imperialismo português. A casa-grande é brasileirinha da silva.»
«Da cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O asseio pessoal. A higiene do corpo. O milho. O caju. O mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre de pente no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de coco, reflete a influência de tão remotas avós. Ela nos deu, ainda, a rede em que se embalaria o sono ou a volúpia do brasileiro.»
«Os portugueses, além de menos ardentes na ortodoxia que os espanhóis e menos estritos que os ingleses nos preconceitos de cor e de moral cristã, vieram defrontar-se na América com uma das populações mais rasteiras do continente... Uma cultura verde e incipiente, sem o desenvolvimento nem a resistência das grandes semicivilizações americanas, como os Incas e os Astecas.»
«O ambiente em que começou a vida brasileira foi de grande intoxicação sexual. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua. Os próprios padres da Companhia precisavam descer com cuidado, se não atolavam o pé em carne.»
«Pode-se juntar à superioridade técnica e de cultura dos negros sua predisposição como que biológica e psíquica para a vida nos trópicos. Sua maior fertilidade nas regiões quentes. Seu gosto pelo sol. Sua energia sempre fresca e nova quando em contato com a floresta tropical.»
«Não foi só de alegria a vida dos negros escravos dos ioiôs e das iaiás brancas. Houve os que se suicidaram comendo terra, enforcando-se, envenenando-se com ervas e potagens dos mandingueiros. O banzo deu cabo de muitos. O banzo - a saudade da África. Houve os que de tão banzeiros ficaram lesos, idiotas. Não morreram, mas ficaram penando.»
«O problema é que a abolição da escravatura, embora tenha sido fato notável na história da formação brasileira, foi muito incompleta.»
Excerptos de «Casa-Grande e Senzala» de Gilberto Freyre
P. S. Malhem, senhores espertos… adoraria poder responder!
Sinto-me honrado por ter nascido no mesmo dia de Agostinho da Silva.
Excelente post.
Abraço.
Nada é por acaso! - e agora estamos aqui todos, subimos por muitas veredas da vida, não conhecíamos os nossos irmãos, e agora estamos aqui todos!
Um estreito abraço.
Delícia... :D
beijo*
:)
Excelente post!
Agostinho da Silva É grande.
Beijo*
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