A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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domingo, 22 de junho de 2008

HEROÍNAS NO ESQUECIMENTO

Migrant Mother, Dorothea Lange, 1936

A História dos povos é a história do quotidiano dos homens, repleta de feitos heróicos e de comezinhas rotinas que raramente acham lugar entre as páginas dos livros, persistem na memória de uns quantos até o tempo as engolir no esquecimento. Não encontro, nas páginas das enciclopédias, o nome dos meus avós, criaram seis filhas em tempo de guerra, passaram fome, viveram, morreram e só eu os recordo. Há um tributo por conceder: honrar o cidadão anónimo, as mulheres que se cruzam comigo e das quais, muitas vezes, só lhes conheço o rosto pelos olhares cabisbaixos dos filhos que escondem a fome. São elas que inventam sopas de batata e massa, até o fardo do orgulho vergar ao vazio da despensa. São elas que choram caladas, entre portas, e soltam o riso no meio da multidão, alheia à sua dor. São elas que fazem anéis de missangas e comida para fora e colares e se levantam todos os dias para o emprego onde trocam o seu silêncio por conversas de circunstância.
São essas mulheres que eu quero honrar.
São essas mulheres que eu não posso esquecer.

11 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

Não sou de elogios fáceis e também não venho para elogiar a qualidade da escrita ou algo de género - venho dizer que muito pouco do que aqui se tem publicado considero tão pertinente e sincero como este texto!

As pessoas vêm até aqui por diversos motivos - que não vou classificar.

Neste texto tudo o que adivinho é de uma elevada dimensão ética e política... e não mais uma auto-coçadela ao ego.

Bem hajas pela tua coragem.

Ana Beatriz Frusca disse...

Nosso cotidiano é repleto de heróis que se perpetuam através de gerações, porém anônimos na História ainda que agentes desta, mas sempre vivos em nossa história.
Beijos, Anabela.

Anabela.R disse...

Klatuu, percebeste-me bem.

Um abraço

Anabela.R disse...

Biazinha, a questão é que também têm que ter lugar na nossa memória, pois a História não é só feita de grandes vultos mas também de grandes homens que suaram as estopinhas.Houve mais Fernandos para além do Pessoa e mais pessoas para além deste Fernando. Ser culto e patriota é também reconhecer no cidadão anónimo esse herói.

Um beijo

andorinha disse...

Anabela,
Leio e vem-me à memória a história da minha própria família e de tantas outras.
Não nos podemos esquecer dessas mulheres, sem dúvida. À sua maneira são de uma heroicidade tremenda, raramente reconhecida.

"Ser culto e patriota é também reconhecer no cidadão anónimo esse herói."

Subscrevo totalmente.

Beijinhos

P.S. Aprecio imenso o que escreves e faço minhas também as palavras do Klatuu no que respeita à pertinência e sinceridade do texto.
A sinceridade "cheira-se" à distância:)

Jo disse...

Junto-me à homenagem.

Uma vénia.

Casimiro Ceivães disse...

De certa forma ninguém morre completamente enquanto é recordado; mas ninguém está inteiramente vivo enquanto não sabe olhar os outros - todos os outros - olhos nos olhos, até ao fundo e até ao fim.

Sim, de tão poucos heróis falam as enciclopédias. De tão poucas almas.

Um abraço, Anabela.

Anabela.R disse...

Andorinha, Mariazinha e Casimiro, e assim querendo estar vivos, olhamos os outros, «- todos os outros - olhos nos olhos, até ao fundo e até ao fim»,como bem lembra o Casimiro.

Um abraço a cada um

Anónimo disse...

Parabéns pela clareza do seu pensamento. Subscrevo. Homens e mulheres corajosos e anónimos maioria silenciosa. Ele,tu e eu, essa gente humilde e honesta, somos nós os pouco ou nada remediados. Mas não aceitemos o estatuto de coitadinhos, atentemos antes na responsabilidade de sermos quem somos: o "demo" da "cracia".

Lord of Erewhon disse...

Posso ser útil? O meu Senhor agora não pode, pouco admira o que inventa, é sóbrio e, ao contrário do que se diz, nada vaidoso.

Eu sabia que a donzela de fulvos cabelos irrequietos faria sombra aos pirilampos...

Anabela.R disse...

Lord, a donzela agradece com um beijo.