Caros amigos,
Com o acordo, a convergência não fica mais próxima, fica mais distante.
Quem se apercebeu das conversas das autoridades moçambicanas com o presidente Cavaco e a sua esposa perceberá muito bem a questão. Salvo erro foi o Ministro da Cultura que deu o remoque quanto ao seu desagrado de se referir Moçambique como de língua oficial portuguesa, Acha ele -- e eu também,porque conheço bem os moçambicanos -- que poderá dizer-se de exressão portuguesa, mas que na verdade do que se trata é de língua moçambicana de unificação política, dado que línguas nacionais têm várias. Este pequeno azedume sem grande importância é já um sinal, um alerta para o que virá depois do acordo.
O general Tito também quis ium «acordo de ortografia política», chamou-lhe Jugoslávia, que quer dizer «terra dos eslavos do sul», mas como havia por ali croatas, albaneses, montenegrinos, macedónios, etc. -- e não apenas eslavos -- o resultado foi o que se sabe. Uniformizar o que a natureza das coisas faz diferente dá o que dá.
Quem ouviu o Dr. Vitorino, no último Notas Soltas, feito a partir do Maputo, que aliás usou argumentos que eu já usei no blog da Nova Águia, terá necessariamente de reflectir. Aquilo que muitas vezes parece uma boa ideia é as mais das vezes o seu contrário. É-o sobretudo quando há demasiadas projecções ilusórias e o desejo se sobrepõe à razão.
Para reflectir se pede também uma consulta ao dicionário de português que a Texto Editora, na sua pressa mercantil, acaba de impingr ao mercado. Como é possível falar-se em acordo ortográfico quando ao percorrerem-se as entradas se verifica a anarquia e o desconchavo. Por exemplo, cada um pode optar por escrever económico ou econômico
Meu Deus, se isto não é um desastre, é o quê?
Sou pela unidade cultural da lusa convivência, não pela uniformidade, seja esta no vestir -- não temos de andar fardados --, seja no falar -- não somos retransmissores -- seja no escrever -- não somos plagiadores. Eu detestaria ter os dedos da mão todos iguais e não aceitaria escolher se todos eram polegares ou se indicadores.
Igualizar é dissolver, diminuir, empobrecer. Só se pode unificar o que acrescenta, não o que diminui.
Pax Profundis!
Abdul Cadre,
Caro Abdul Cadre
O exemplo que deu, se me permite, volta-se contra a sua posição.
Moçambique e os demais países africanos de língua oficial portuguesa (PALOPs, na expressão institucional) são os principais interessados na difusão da língua portuguesa.
Ela é o principal garante da coesão nacional de cada um desses países. Ao invés, as ditas "línguas nacionais" são factores de desagregação tribal.
O resto é serôdia retórica anti-colonialista, para desviar as atenções dos fracassos internos.
Aliás, com o Acordo, talvez até possamos começar a falar de uma Língua Lusa, não já apenas portuguesa...
Abraço MIL
Renato Epifânio
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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3 comentários:
Caro Renato,...não assinei a petição porque sou contra o acordo ! e porquê ?? porque não estou disposto a escrever econômico, isso pode ser muito bom para os brasileiros e para as editoras, mas acho um destempero termos que usar expressões do Brasil só para satisfazer interesses...!! aliás eu já sabia que os outros países não iriam aderir, e por vários motivos, um deles é político ! repare que no Brasil imensos brasileiros dizem que nunca vão deixar de escrever como o têm feito até aqui.....a questão não é pacífica e francamente acho que só os interesses justificam o acordo! É óbviamente a minha sincera opinião ! um abraço!
Caro Jorge:
Para mim o fundamental é a Convergência Lusófona, não o Acordo Ortográfico...
Abraço MIL
Não julgo nada acertada esta escolha do mil pela defesa do dito "acordo". Julgo mesmo que ela constituir-se-á, a médio prazo, mais como obstáculo, do que o desejável instrumento.
Faço notar, junto de outros, e sem sobrepassar o que na segunda década do sec. XX se jogou em Portugal, a íntima relação que a grafia estabelece com uma estruturação interior do pensamento, mas, mais importante, do que ao pensamento se dá em questão. As escolhas deste "acordo", e a facilidade e pouca adequação ao real, e à história, das suas soluções, podem constituir-se como mais um passo em direcção a uma grafia, se comercial e politicamente valiosa, mais funda, e paradoxalmente, opaca, e razão de importantes e decisivos desvios.
Saudação à Águia.
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