.
É um ciclo vicioso: um dos motes mais frequentes do nosso discurso mediático é a anemia da nossa sociedade civil. O que, não sendo uma mentira completa, está muito longe de ser verdade. Ainda que por vezes de forma pouco consistente, a nossa sociedade civil vai dando cada vez mais mostras de iniciativa – em todos os planos, inclusive no plano político. Prova mais consistente disso é a candidatura presidencial do Doutor Fernando Nobre – uma candidatura que emerge efectivamente da sociedade civil, a única que se pode intitular, sem mentir, de supra-partidária, pois que está realmente para além dos alinhamentos partidários (não só, de resto, dos alinhamentos partidários, como dos sectarismos ideológicos).
Pois bem, face a isso, qual a reacção do nosso discurso mediático? O silenciamento, o mais ruidoso silenciamento. O que não surpreende: pelo menos assim, podem continuar com a ladainha do costume. Até que chegue o dia em que se prove, aos olhos de todos, a inanidade dessa ladainha, desse discurso: o dia das eleições…
Até esse dia, eis a ladainha, eis o discurso: “em Portugal, no plano político, nada de efectivo se pode fazer à margem da lógica partidária [dizê-lo com um tom de mágoa]”; “por isso, nestas eleições presidenciais, só há dois reais candidatos [dizê-lo com um tom de enfado]”, etc.
Publicado em:
http://mil-hafre.blogspot.com/2010/08/do-silenciamento-mediatico.html
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...

Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
Albufeira, Alcáçovas, Alcochete, Alcoutim, Alhos Vedros, Aljezur, Aljustrel, Allariz (Galiza), Almada, Almodôvar, Alverca, Amadora, Amarante, Angra do Heroísmo, Arraiolos, Assomada (Cabo Verde), Aveiro, Azeitão, Baía (Brasil), Bairro Português de Malaca (Malásia), Barcelos, Batalha, Beja, Belmonte, Belo Horizonte (Brasil), Bissau (Guiné), Bombarral, Braga, Bragança, Brasília (Brasil), Cacém, Caldas da Rainha, Caneças, Campinas (Brasil), Carnide, Cascais, Castro Marim, Castro Verde, Chaves, Cidade Velha (Cabo Verde), Coimbra, Coruche, Díli (Timor), Elvas, Ericeira, Espinho, Estremoz, Évora, Faial, Famalicão, Faro, Felgueiras, Figueira da Foz, Freixo de Espada à Cinta, Fortaleza (Brasil), Guarda, Guimarães, Idanha-a-Nova, João Pessoa (Brasil), Juiz de Fora (Brasil), Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Loulé, Loures, Luanda (Angola), Mafra, Mangualde, Marco de Canavezes, Mem Martins, Messines, Mindelo (Cabo Verde), Mira, Mirandela, Montargil, Montijo, Murtosa, Nazaré, Nova Iorque (EUA), Odivelas, Oeiras, Olhão, Ourense (Galiza), Ovar, Pangim (Goa), Pinhel, Pisa (Itália), Ponte de Sor, Pontevedra (Galiza), Portalegre, Portimão, Porto, Praia (Cabo Verde), Queluz, Recife (Brasil), Redondo, Régua, Rio de Janeiro (Brasil), Rio Maior, Sabugal, Sacavém, Sagres, Santarém, Santiago de Compostela (Galiza), São Brás de Alportel, São João da Madeira, São João d’El Rei (Brasil), São Paulo (Brasil), Seixal, Sesimbra, Setúbal, Silves, Sintra, Tavira, Teresina (Brasil), Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Trofa, Turim (Itália), Viana do Castelo, Vigo (Galiza), Vila do Bispo, Vila Meã, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de São Bento, Vila Real, Vila Real de Santo António e Vila Viçosa.
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domingo, 1 de agosto de 2010
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Pressinto que seremos muito bem recebidos…

Já se sabe como agem os “media”: como galinhas acéfalas (passe a redundância) em pose de toiros enraivecidos (passe mais uma redundância), investindo, por ondas (as ditas "ondas mediáticas"), sem se preocuparem com os estragos que causam…
Um dos últimos alvos tem sido o Colégio Militar. Com o pretexto de alguns casos de maus-tratos (obviamente lamentáveis), tem-se querido pôr em causa toda a instituição. Um dos (poucos) locais, onde, reconhecidamente, se ministra (ainda) um ensino de qualidade. Deve ser por isso. Já se sabe que a mediocridade reinante tem horror a todos os nichos de excelência…
Não por isso, nem sequer por solidariedade (o Colégio Militar não precisa disso), iremos lá fazer uma apresentação da NOVA ÁGUIA: no dia 11 de Novembro, ao princípio da tarde. Pressinto que seremos muito bem recebidos…
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Duas meras coincidências…

Raramente via e, quando vi, em geral não gostava (mesmo das bocas do Vasco Pulido Valente, que é tão bom escritor quanto mau orador). Refiro-me ao telejornal das sextas da TVI, apresentado pela Manuela Moura Guedes, que tanto brado deu no passado. Pois bem. Um programa que era líder de audiências foi cancelado “por razões financeiras”. Isto numa semana em que, como se pode ler na edição do Público de hoje, “estava preparada um peça com dados novos e documentados sobre o caso Freeport”. Mera coincidência, é claro.
Outra mera coincidência, lida também no Público de hoje, referida pelo Luís Campos e Cunha (ex-Ministro das Finanças): “Quando ministro, Correia de Campos (ex-Ministro da Saúde) iniciou um conjunto de reformas importantes e necessárias mas desapareceu, vítima dos partos nas ambulâncias. Todos os dias havia um caso. Facto interessante, esses casos desapareceram dos jornais (…), mas os partos nas ambulâncias continuam”. Interessante, de facto.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Nem vale a pena comentar…

Se há conflito irresolúvel é o conflito israelo-palestiniano. Que, paradoxalmente, só poderá começar a deixar de o ser quando se começar a reconhecer isto mesmo…
Não trago pois nenhuma solução mágica. Nem é de resto sobre o conflito, em toda a sua infinita complexidade, que pretendo agora falar.
Antes de uma notícia, daquelas pequenas grandes notícias que, muitas vezes, passam despercebidas nos jornais e que nas televisões nem sequer passam (por isso, apesar de tudo, continuo a ler jornais).
A notícia é a seguinte e saiu, em primeiro lugar, no jornal mais lido na Suécia: “na recente incursão pela Faixa de Gaza, o Exército Israelita teria aproveitado para retirar órgãos de palestinianos para futuro tráfico”.
O Estado israelita já protestou energicamente junto do Estado sueco, mas este último recusou intervir, em nome da liberdade de imprensa. Quanto ao jornal em causa, defendeu que cabia ao Exército israelita provar a falsidade da acusação.
Nem vale a pena comentar…
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Notícias...
Notícia de 17-4-2009 do site da RTP:
*40% dos portugueses sofrem de perturbações mentais*
Resultado de uma das últimas sondagens divulgada na comunicação social:
*PS recolhe 40% da intenção de voto dos Portugueses*
E ainda há quem não acredite em sondagens...
*40% dos portugueses sofrem de perturbações mentais*
Resultado de uma das últimas sondagens divulgada na comunicação social:
*PS recolhe 40% da intenção de voto dos Portugueses*
E ainda há quem não acredite em sondagens...
quinta-feira, 14 de maio de 2009
PERCA 20 SEGUNDOS DO SEU TEMPO E ASSINE A PETIÇÃO MIL EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UM ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO NA GUINÉ-BISSAU...
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http://www.gopetition.com/online/26953.html
Ainda ontem comentava com o Eurico. A Guiné desapareceu completamente do espaço mediático, apesar da situação continuar muito precária e nalguns aspectos se ter mesmo agravado. Para os nossos “media”, a Guiné é apenas mais um país africano. E falar de espaço lusófono é decerto, para o rebanho politicamente correcto, suspeito…
http://www.gopetition.com/online/26953.html
Ainda ontem comentava com o Eurico. A Guiné desapareceu completamente do espaço mediático, apesar da situação continuar muito precária e nalguns aspectos se ter mesmo agravado. Para os nossos “media”, a Guiné é apenas mais um país africano. E falar de espaço lusófono é decerto, para o rebanho politicamente correcto, suspeito…
quarta-feira, 6 de maio de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
sexta-feira, 3 de abril de 2009
quarta-feira, 1 de abril de 2009
terça-feira, 31 de março de 2009
Mais destaques do Colóquio de Sexta...
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http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=380595&page=0
http://jornaldigital.com/noticias.php?noticia=17888
http://quiosque.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ae.stories/16950
http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Agostinho-da-Silva-em-debate-15-anos-apos-a-sua-morte.rtp&article=211361&visual=3&layout=10&tm=4
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1371814
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=380595&page=0
http://jornaldigital.com/noticias.php?noticia=17888
http://quiosque.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ae.stories/16950
http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Agostinho-da-Silva-em-debate-15-anos-apos-a-sua-morte.rtp&article=211361&visual=3&layout=10&tm=4
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1371814
segunda-feira, 30 de março de 2009
Destaque do Colóquio de Sexta...
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http://www.agendalx.pt/cgi-bin/iportal_agendalx/area.html?area=Cursos%2fEncontros&tabela=cursos
P.S.: Em breve, a Agência Lusa publicará uma nota sobre o mesmo.
http://www.agendalx.pt/cgi-bin/iportal_agendalx/area.html?area=Cursos%2fEncontros&tabela=cursos
P.S.: Em breve, a Agência Lusa publicará uma nota sobre o mesmo.
domingo, 15 de março de 2009
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Entrevista da NOVA ÁGUIA à AGÊNCIA LUSA
1 – Por que é que a direcção da revista decidiu dedicar um número ao Padre António Vieira?
A NOVA ÁGUIA é uma revista que, de forma assumida e descomplexada, procura valorizar as figuras maiores da nossa Cultura. Daí o ter dedicado o seu segundo número a António Vieira – já que em 2008 se celebraram os quatrocentos anos do seu nascimento –, daí dedicar os próximos dois números a outras duas figuras tão grandes quanto Vieira: Agostinho da Silva e Teixeira de Pascoaes.
2 – Que temas ou artigos desta edição da Nova Águia destacaria e porquê?
O número dedicado a “António Vieira e o Futuro da Lusofonia” reúne artigos de alguns dos maiores especialistas, portugueses e brasileiros, da obra vieirina. Mas não se esgota na abordagem dessa tema. Tem outros textos de autores muito relevantes do nosso pensamento – nomeadamente, Adriano Moreira, António Telmo, Joaquim Domingues, Manuel Ferreira Patrício, Miguel Real e Pinharanda Gomes. E termina com um inédito de Jean-Yves Leloup, um dos autores mais traduzidos à escala global.
3 – Qual é a importância, e qual a actualidade, do Padre António Vieira?
António Vieira foi, no seu tempo, um precursor da consciência/ cidadania lusófona. Ora, dado que a NOVA ÁGUIA e o movimento cultural e cívico que entretanto gerou (MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO, já com quase um milhar de aderentes) têm precisamente como uma das suas grandes causas a promoção dessa consciência/ cidadania lusófona, consideramos que António Vieira é um autor da maior importância. E da maior actualidade – cada vez mais, a nosso ver, Portugal só faz sentido no quadro dessa consciência/ cidadania lusófona.
P.S.: A NOVA ÁGUIA é uma revista semestral que se pode encontrar nas melhores livrarias do país. Até ao final de Março, este número da NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI contará já com mais de meia centena de sessões de apresentação – em Portugal e em alguns outros locais do espaço lusófono (nomeadamente, na Galiza e no Brasil). Tem a sua sede de redacção na Associação Agostinho da Silva e é editada pela Zéfiro. Para mais informações: www.novaaguia.blogspot.com
A NOVA ÁGUIA é uma revista que, de forma assumida e descomplexada, procura valorizar as figuras maiores da nossa Cultura. Daí o ter dedicado o seu segundo número a António Vieira – já que em 2008 se celebraram os quatrocentos anos do seu nascimento –, daí dedicar os próximos dois números a outras duas figuras tão grandes quanto Vieira: Agostinho da Silva e Teixeira de Pascoaes.
2 – Que temas ou artigos desta edição da Nova Águia destacaria e porquê?
O número dedicado a “António Vieira e o Futuro da Lusofonia” reúne artigos de alguns dos maiores especialistas, portugueses e brasileiros, da obra vieirina. Mas não se esgota na abordagem dessa tema. Tem outros textos de autores muito relevantes do nosso pensamento – nomeadamente, Adriano Moreira, António Telmo, Joaquim Domingues, Manuel Ferreira Patrício, Miguel Real e Pinharanda Gomes. E termina com um inédito de Jean-Yves Leloup, um dos autores mais traduzidos à escala global.
3 – Qual é a importância, e qual a actualidade, do Padre António Vieira?
António Vieira foi, no seu tempo, um precursor da consciência/ cidadania lusófona. Ora, dado que a NOVA ÁGUIA e o movimento cultural e cívico que entretanto gerou (MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO, já com quase um milhar de aderentes) têm precisamente como uma das suas grandes causas a promoção dessa consciência/ cidadania lusófona, consideramos que António Vieira é um autor da maior importância. E da maior actualidade – cada vez mais, a nosso ver, Portugal só faz sentido no quadro dessa consciência/ cidadania lusófona.
P.S.: A NOVA ÁGUIA é uma revista semestral que se pode encontrar nas melhores livrarias do país. Até ao final de Março, este número da NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI contará já com mais de meia centena de sessões de apresentação – em Portugal e em alguns outros locais do espaço lusófono (nomeadamente, na Galiza e no Brasil). Tem a sua sede de redacção na Associação Agostinho da Silva e é editada pela Zéfiro. Para mais informações: www.novaaguia.blogspot.com
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
domingo, 11 de janeiro de 2009
Livro de estilo para referir Israel, por Helena Matos


PÚBLICO
08.01.2009 - 15h14 Helena Matos
No dia em que escrevo, quarta-feira, confirma-se que mais uma vez uma cadeia de televisão europeia, a France 2, transmitiu imagens falsas numa reportagem que dedicou ao ataque israelita a Gaza.
Crianças mortas e uma casa destruída ilustravam os efeitos dramáticos entre os civis palestinianos dos bombardeamentos efectuados pelo exército de Israel.
Poucas horas após a emissão da reportagem concluía-se que destas imagens apenas os cadáveres e o prédio destruído não foram ficcionados. Aquelas pessoas morreram, mas não morreram a 5 de Janeiro de 2009, como afirma o jornalista da France 2, mas sim a 23 de Setembro de 2005. Também não morreram na sequência de um ataque israelita mas sim no resultado da explosão acidental de um camião que transportava rockets do Hamas dentro do campo de refugiados de Jabalya.
Defende-se a France 2 dizendo que foi enganada pela propaganda palestiniana. Nestas coisas da comunicação, os palestinianos têm de facto as costas demasiado largas, pois aquilo a que temos assistido nos últimos anos é à participação voluntária e entusiástica de vários órgãos de comunicação ocidental na diabolização de Israel, através da divulgação de imagens e notícias sem qualquer tipo de confirmação das fontes ou até mesmo com a promoção de imagens e notícias falsas. Foi assim com o relato da morte de Muhammad al-Durrah, o menino que, em Setembro de 2000, segundo uma reportagem da mesma France 2, teria sido baleado por soldados israelitas junto ao seu pai, acabando os dois assassinados. A imagem da criança tentando proteger-se sob o cadáver do pai emocionou o mundo e legitimou a segunda intifada. Infelizmente, os mesmos jornalistas que tão rapidamente espalharam esta imagem não se deram ao trabalho de divulgar as investigações que provavam a sua manipulação. Maior silêncio ainda caiu sobre os responsáveis pela morte da família de Huda Ghaliya, a menina que o mundo inteiro viu chorando sobre os cadáveres de toda a sua família, numa praia de Gaza, em 2006. Os jornais ocidentais, com a mesma diligência com que a promoveram o novo ícone palestiniano, também o esqueceram quando se soube que a sua família não morrera vítima de um ataque israelita mas sim de armas palestinianas.
Os exemplos desta fábrica mediática de mártires para ocidente consumir levam-nos invariavelmente à constatação de que existe no ocidente uma espécie de "insurgentes de sofá". Tal como os treinadores de bancada raramente praticam qualquer desporto, também estes "insurgentes de sofá" jamais pegariam numa arma ou fariam um atentado. E não o fariam porque moralmente não seriam capazes e também porque este mundo ocidental do qual dizem tanto mal lhes tem proporcionado invejáveis padrões de vida. Israel torna-se assim no "lugar ideológico" que lhes permite acharem-se ideologicamente coerentes enquanto usufruem o que de melhor a democracia a que dantes chamavam burguesa tem para oferecer.
Claro que há algumas décadas outros povos acompanhavam os palestinianos como objecto da sua solidariedade. Eram então os vietnamitas, os cambodjanos, o então designado "povo mártir da Coreia do Sul", os angolanos, os moçambicanos, os rodesianos... enfim todos aqueles povos cujos problemas pudessem ser de alguma forma imputáveis a países que alinhassem no chamado bloco ocidental. No preciso dia em que a culpa deixou de poder ser assacada a portugueses, norte-americanos, ingleses... esses povos deixaram de gerar piedade e desapareceram os activistas. Os massacres no Ruanda, a fome no Zimbabwe, as epidemias no Congo e a corrupção em Angola não só deixaram o paradigma das notícias que causam indignação como passaram a ser apresentados sob as vestes da fatalidade histórica.
De igual modo, quando os palestinianos se matam entre si, por exemplo quando o Hamas chacinou os membros da Fatah, o facto é ignorado. Se Israel - ou seja, o país do nosso mundo - não é passível de ser responsabilizado então mal existem notícias e muito menos indignação. Donde também nunca ouvirmos falar da situação dos palestinianos no Líbano e no Egipto ou das medidas tomadas pela Jordânia para controlar os movimentos que os representam.
Estaria contudo a faltar à verdade caso se não reconhecesse que tem existido alguma evolução sobre Israel nos chamados defensores da causa palestiniana. Já admitem que o Estado de Israel vai continuar a existir mas não prescindem de uma espécie de livro de estilo para se lhe referir. Desse livro fazem parte alguns dogmas. A saber:
a) Entre os palestinianos só existem civis
Israel tem um exército e serviços secretos. Os palestinianos têm líderes espirituais ou de facção, activistas, militantes e figuras religiosas. O que de mais belicoso se concede ao seu estatuto é designá-los como combatentes. Mas nunca como militares. Não são apenas os membros do Hamas que cobardemente se misturam com a população, que usam as escolas, os hospitais, as mesquitas e as ambulâncias para fins militares. A linguagem usada por boa parte da imprensa ocidental transforma-os também em civis. Ou civis inocentes como é hábito dizer. Inversamente Israel tem militares. Ou seja, culpados, logo à partida.
b) Entre palestinianos, o estatuto de refugiado é eterno e transmissível
O que quer dizer exactamente a expressão "campo de refugiados palestinianos em Gaza"? Quer dizer que em território palestiniano, Gaza, existem palestinianos que saíram, há décadas, de localidades que fazem hoje parte de Israel (e também da Jordânia e do Egipto pois parte do território do Estado Palestiniano criado em 1948, ao mesmo tempo que o Estado de Israel, e recusado pelos países árabes, acabou por ser integrado naqueles dois países). Estes palestinianos mantêm-se com o estatuto de refugiados nos territórios palestianianos que eles mesmos administram. O que de mais equivalente com esta situação se pode conceber seria os retornados portugueses terem sido mantidos em campos, em alguns casos com direitos diferentes dos outros cidadãos da então metrópole, e ainda hoje eles, os seus filhos, netos, bisnetos e demais descendência serem todos considerados refugiados e Portugal continuar a exigir o direito do seu regresso às localidades donde fugiram nos anos 70.
Esta condição de refugiado crónico condenou os palestinianos à exclusão que nenhum país democrático aceita para os seus cidadãos. Por isso os retornados são hoje simplesmente portugueses tal como milhares de judeus que após a criação do Estado de Israel tiveram de fugir dos países árabes como Marrocos, Egipto, Iraque, Líbia, Síria, Argélia, Tunísia e Iemen são simplesmente israelitas.
c) Toda e qualquer iniciativa de defesa levada a cabo por Israel está condenada ao fracasso. Se triunfa é porque é desproporcionada
Se de todo em todo se admite que Israel poderá reagir, logo se avisa que a estratégia escolhida está errada. (A propósito, qual é o balanço do tão vilipendiado muro?) Como, apesar de tanta opinião em contrário, Israel sobreviveu e mantém uma vitalidade política invejável, então temos o problema da desproporção da resposta. A não ser para aqueles que desejam o desaparecimento de Israel, dificilmente se entrevê um cenário mais terrível do que aquele que resultaria caso a situação fosse inversa - o Hamas ou a Fatah terem mais capacidade militar do que o exército israelita - ou terem forças equivalentes. A óbvia superioridade militar de Israel impede uma escalada da violência para níveis certamente inimagináveis.
d) As informações do médico norueguês, do padre católico e da activista da ONG são absolutamente verdadeiras
Estas fontes emudecem quando os ataques ocorrem entre os palestinianos e são possuídas por uma apreciável verborreia quando Israel intervém. Mas o seu papel mais grave nem é tanto o que de falso por vezes dizem mas sobretudo o facto de pouparem os líderes palestinianos a prestarem declarações. O discurso destes últimos, sobretudo se forem os integristas do Hamas com as suas promessas de extermínio de Israel e muita retórica do martírio religioso, gera anticorpos nas sociedades ocidentais. O médico norueguês, o padre católico e a activista da ONG não só são ocidentais como falam como ocidentais para ocidentais. De cada vez que eles falam, Israel torna-se no responsável por tudo o que acontece. Quando fala o Hamas, Israel ganha senão simpatia pelo menos compreensão.
Jornalista
terça-feira, 11 de novembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
«EM PLAYBACK, EM PLAYBACK» , Jogos Olímpicos de Pequim – 2008, um RPG com os olhos em bico
Ilusionismo digital e playback na abertura dos Jogos Olímpicos
A abertura dos Jogos Olímpicos na passada sexta-feira teve direito a encenação tecnológica e a playback. A sequência do fogo-de-artifício que antecedeu o começo da abertura foi preparada previamente através de efeitos digitais. A história apareceu pela primeira vez no "The Beijing Times".
Apesar de terem existido fogos-de-artifício verdadeiros à volta do estádio do Ninho, o que se viu nos televisores por todo o mundo foi uma sequência de 55 segundos digitalmente inserida. As imagens, sincronizadas ao milímetro, foram trabalhadas durante quase um ano.
«Pediram-se conselhos aos serviços meteorológicos de Pequim, para recriar o efeito do smog em Pequim à noite, e fizeram tremer a câmara para simular uma filmagem feita de helicóptero», explicou ao "Daily Telegraph" Gao Xiaolong, o director dos efeitos visuais da equipa que concebeu a cerimónia.
Os organizadores defendem que seria perigoso um helicóptero filmar as explosões e que a poluição e o nevoeiro de Pequim não iriam permitir uma visualização perfeita da cerimónia.
A abertura foi vista por cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo. A única televisão que podia transmitir o evento foi a "Beijing Olympic Broadcasting", por isso todas as televisões mostraram as mesmas imagens.
As pessoas que estavam dentro do Ninho viram a mesma sequência de imagens nos televisores do estádio e foram testemunhas da segunda ilusão da noite. Lin Miaoke, a menina de nove anos que encantou o público ao cantar durante a cerimónia, não estava realmente a cantar mas fazia playback.
A canção que se ouvia era a gravação de uma cantora ainda mais nova chamada Yang Peiyi. A rapariga com sete anos tinha a voz perfeita para cantar o "Ode to the Motherland" mas não era suficientemente bonita para representar a China.
«A razão para isto é que temos que pôr o interesse do nosso país em primeiro lugar», explicou à Rádio Pequim o director musical da cerimónia, Chen Qigang. «A rapariga que aparece na imagem tem que ser perfeita na expressão facial e na emoção que transmite às pessoas», disse Chen.
Em apenas quatro dias, Lin Miaoke que estava vestida na cerimónia com um bonito vestido vermelho, já tem fãs por todo o mundo.
PÚBLICO, notícias.
Link.
A abertura dos Jogos Olímpicos na passada sexta-feira teve direito a encenação tecnológica e a playback. A sequência do fogo-de-artifício que antecedeu o começo da abertura foi preparada previamente através de efeitos digitais. A história apareceu pela primeira vez no "The Beijing Times".
Apesar de terem existido fogos-de-artifício verdadeiros à volta do estádio do Ninho, o que se viu nos televisores por todo o mundo foi uma sequência de 55 segundos digitalmente inserida. As imagens, sincronizadas ao milímetro, foram trabalhadas durante quase um ano.
«Pediram-se conselhos aos serviços meteorológicos de Pequim, para recriar o efeito do smog em Pequim à noite, e fizeram tremer a câmara para simular uma filmagem feita de helicóptero», explicou ao "Daily Telegraph" Gao Xiaolong, o director dos efeitos visuais da equipa que concebeu a cerimónia.
Os organizadores defendem que seria perigoso um helicóptero filmar as explosões e que a poluição e o nevoeiro de Pequim não iriam permitir uma visualização perfeita da cerimónia.
A abertura foi vista por cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo. A única televisão que podia transmitir o evento foi a "Beijing Olympic Broadcasting", por isso todas as televisões mostraram as mesmas imagens.
As pessoas que estavam dentro do Ninho viram a mesma sequência de imagens nos televisores do estádio e foram testemunhas da segunda ilusão da noite. Lin Miaoke, a menina de nove anos que encantou o público ao cantar durante a cerimónia, não estava realmente a cantar mas fazia playback.
A canção que se ouvia era a gravação de uma cantora ainda mais nova chamada Yang Peiyi. A rapariga com sete anos tinha a voz perfeita para cantar o "Ode to the Motherland" mas não era suficientemente bonita para representar a China.
«A razão para isto é que temos que pôr o interesse do nosso país em primeiro lugar», explicou à Rádio Pequim o director musical da cerimónia, Chen Qigang. «A rapariga que aparece na imagem tem que ser perfeita na expressão facial e na emoção que transmite às pessoas», disse Chen.
Em apenas quatro dias, Lin Miaoke que estava vestida na cerimónia com um bonito vestido vermelho, já tem fãs por todo o mundo.
PÚBLICO, notícias.
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