Com a chancela da Universidade da Beira
Interior, publicou-se em 2022 um monumental volume, de mais de oitocentas
páginas, com o título Miguel Real – 40
anos de Escrita: Literatura, Filosofia e Cultura, que resultou, em grande
medida, do Colóquio Internacional “Miguel Real – Literatura, Filosofia,
Cultura”, realizado, na mesma Universidade, quatro anos antes. É, de facto, um
monumental volume, muito bem organizado – por Carla Luís, Annabela Rita e
Alexandre Luís –, que faz jus a um caminho já com mais de quarenta anos de
escrita, sobretudo nessas três referidas áreas: Literatura, Filosofia e
Cultura.
Não tendo nós competência para avaliar a
marca que Miguel Real deixa na História da nossa Literatura, permitam-nos que
salientemos aqui a marca a nosso ver indelével que Miguel Real deixa na
História da nossa Filosofia e Cultura, mais precisamente, na filosofia da
cultura portuguesa das últimas décadas, marca que procurámos salientar no nosso
ensaio, neste volume publicado, “A visão de Miguel Real sobre Portugal e a
Lusofonia”. Tendo também aqui em conta a sua área ideológica, a visão de Miguel
Real sobre Portugal e a Lusofonia é, de facto, singular e assaz corajosa.
Com efeito, em contra-corrente a um número
cada vez maior de vozes que, sobretudo na sua área ideológica, estigmatizam
toda a nossa história – em particular, a história da nossa expansão marítima –,
Miguel Real não só não o faz como tem uma visão futurante dessa mesma história,
compreendendo que, no século XXI, esse futuro se constrói em torno do conceito
de Lusofonia. A nosso ver, estamos perante o seguinte dilema histórico: ou a
Lusofonia se cumpre e, retrospectivamente, toda a nossa história faz, no
essencial, sentido; ou a Lusofonia não se cumpre, dando assim (aparente) razão
a todos os detractores da nossa história. Perante esse dilema histórico, Miguel
Real está, a nosso ver, do lado certo. Saudamo-lo aqui, fraternal e
efusivamente, por isso.
Renato Epifânio