A CRIAÇÃO DA REALIDADE NA VOCAÇÃO
POÉTICA DE MÁRIO CESARINY
António José Borges
Mário Cesariny (1923-2006), evocado aqui no centenário do seu nascimento, foi um poeta e pintor, com incursões pela dramaturgia, entre outros géneros como a ficção, a tradução e a crítica e o ensaio, de destaque na segunda metade do século XX em Portugal.
Considerado o principal representante
do surrealismo português,
deve ser realçado também o seu trabalho de antologista, compilador e
historiador controverso das atividades surrealistas em Portugal. É o exemplo de
um autor que não ostenta excesso de prémios e condecorações, pelo que referimos
aqui os únicos e que bastam para o definir: o Grande Prémio Vida Literária APE/CGD 2005,
pelo conjunto da obra; a
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal
(2005), atribuída pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, pela defesa
dos valores da civilização e da causa da liberdade, em prol da dignificação da
pessoa humana.
Frequentou o Liceu Gil Vicente, em
Lisboa, e ao fim de um ano, com o intuito de dar continuidade ao negócio da
família, mudou-se para um curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António
Arroio, onde viria a conhecer Cruzeiro Seixas. Desde o final da
adolescência, Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de
Lisboa e descobrem o neorrealismo e depois o surrealismo...
(excerto)