O
pensamento estético de Lima de Freitas insere-se, desde o seu juvenil início,
na mais rica e significativa linha especulativa da nossa contemporaneidade, a
de uma estética de cariz simbólico,
iniciada por Aarão de Lacerda (1890-1947), na década de 1910, prosseguida pelos
seus discípulos José Marinho (1904-1975) e Álvaro Ribeiro (1905-1981) e por
dois discípulos destes, Afonso Botelho (1919-1996) e António Quadros
(1923-1993), e na qual se integra, igualmente, a meditação sobre a arte levada
a cabo por Almada Negreiros (1893-1970), Vergílio Ferreira (1916-1996) e Dalila
Pereira da Costa (1918-2012).
É este concepção simbólica da estética de Lima de Freitas que fundamenta e explica não só toda a sua criação plástica como também a sua permanente atitude crítica relativamente à arte abstracta (nisso se contrapondo, implicitamente, às posições estéticas de Eduardo Lourenço[1]), bem como a sua compreensiva valorização do surrealismo, sem prejuízo de reconhecer e assinalar as suas limitações ou insuficiências, bem como o sentido da sua crítica valorativa de alguns pintores portugueses contemporâneos (cf. PI e II).
[1] Cf. A. Braz Teixeira, “O pensamento estético de Eduardo Lourenço”, in NOVA ÁGUIA, nº 24.