Fui cativado por Fernando Pessoa pelos doze/treze anos de
idade. Era então estudante no Seminário Menor de Vila Viçosa. Li alguma coisa
sobre a sua poesia e estética na História
da Literatura Portuguesa do
Padre Arlindo Ribeiro da Cunha. Só cerca de três a quatro anos depois, em Ponte
de Sor, sendo aluno do Externato Camões, pude ler alguns dos seus poemas na
pequena antologia organizada por Adolfo Casais Monteiro e publicada pela
editora Confluência.
Corria o Outono de 1954. Foi uma experiência fascinante,
cujo efeito nunca mais passou. Este pequeno livro é ainda um sinal vivo desse
fascínio. Constato, olhando para trás, para as seis décadas entretanto passadas,
que o Poeta me tem acompanhado quotidianamente como um anjo da guarda — na
linguagem cristã —, ou como um daimon — na linguagem socrática e helénica. Este
livro é, pois — e tão-só —, um testemunho. Tão fiel quanto me é possível prestá-lo.