"País de suicidas, diria Unamuno, ao registar também
que era o único povo, que, perante as adversidades, dizia – isto dá vontade de
morrer.
E todavia, pequeno e pobre, imaginou o V Império, com
raízes Bíblicas, tendo no Padre António Vieira o grande inspirador de um
Império mundial do Espírito guiado pelo Papa, e tendo o Rei de Portugal,
renascido este para a independência, D. João de Bragança, o poder temporal. Ao
primeiro exame surpreende que um povo com a gesta dos Lusíadas tenha como
referência de esperança um Rei vencido, e não um Rei triunfador. Com a última
versão em Agostinho da Silva, que parecia antever a subida de Portugal ao
Calvário, para renascer nas comunidades unidas pela língua portuguesa e pela
maneira de Portugal estar no mundo.
Mas atrevo-me a leitura diferente, e tomar de guia
Bartolomeu Dias, que por três vezes embarcou para descobrir a rota da Índia,
incluindo ter vencido o Adamastor, e morreu no mar sem ter conseguido o
propósito: morreu tentando, não morreu desistindo. E essa é a virtude do
português de sempre: – se necessário, morrer tentando, mas não morrer
desistindo."
(excerto)