António Braz Teixeira
O ESTADO DA REPÚBLICA
1. O ano em que se celebra o centenário da implantação da República positivista e jacobina, a que a Renascença Portuguesa, a partir de 1912, procurou insuflar um novo sentido espiritual, infelizmente sem sucesso, coincide com um tempo de profunda crise que, sendo também política, económica e social, é, acima de tudo e antes de mais, crise ética e cultural, crise de princípios e de valores, de ausência de um rumo e de um desígnio nacional, de falta de elites ou de um verdadeiro escol, em boa medida fruto da crescente mistificação em que, desde há quatro decénios, se transformou o nosso sistema de ensino, apostado em manter a juventude portuguesa num estado de dócil passividade intelectual e de criminosa ignorância da nossa história, da nossa cultura e do nosso pensamento.
Oportuno será, por isso, tentar identificar as causas políticas imediatas desta crise e avaliar o estado actual da nossa República.
(...)