Jesus Carlos
AGOSTINHO DA SILVA
Eu, Agostinho, a quem dizem sábio,
Devagar ao fim da minha vida chegado,
De conluio entre o cadáver e o menino,
Por herança vos deixo a pomba e a espada.
Cada um somos o monge e o cavaleiro –
Os mansos fazem a guerra; o fogo, a paz.
O erro acerta, a verdade é ilusão.
Com pátios e palmares, ilhas e terraços
Abram o meu sudário toalha em mesa posta.
Esperem-me na última alba, por vir,
Toda luz estendida de filigrana de asas,
Azul pura como no mundo dos azulejos.
Vosso, servidor, nunca servo, livre.
AGOSTINHO DA SILVA
Eu, Agostinho, a quem dizem sábio,
Devagar ao fim da minha vida chegado,
De conluio entre o cadáver e o menino,
Por herança vos deixo a pomba e a espada.
Cada um somos o monge e o cavaleiro –
Os mansos fazem a guerra; o fogo, a paz.
O erro acerta, a verdade é ilusão.
Com pátios e palmares, ilhas e terraços
Abram o meu sudário toalha em mesa posta.
Esperem-me na última alba, por vir,
Toda luz estendida de filigrana de asas,
Azul pura como no mundo dos azulejos.
Vosso, servidor, nunca servo, livre.
In NOVA ÁGUIA, nº 3, 1º Semestre de 2009, p. 100.