A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 16 de janeiro de 2010

O contributo d’ A Águia para a educação integral

Samuel Dimas

«A educação dá a medida da liberdade humana» .
Esta é a primeira frase do artigo de Leonardo Coimbra editado no primeiro número da revista quinzenal A Águia. No voo atlântico da águia, pelos horizontes infinitos do Universo, o arguto olhar do filósofo português penetra as cavernosas resistências do logos da abstracção com a luz do verbo da Vida. Eleva aos planaltos celestiais da Alegria e da Graça, na afectiva e inesperada incomensurabilidade da verdade do Amor, as saudosas e dolorosas veredas do pensamento chão, que na exterioridade da realidade fenoménica, se amesquinha nas determinações mensuráveis da certeza e se encastela na arrogância da instrução e do endoutrinamento.
A liberdade salvífica, que se revela na docilidade à integral experiência do ser, pela gratuita presença da sua excessiva e exuberante acção criadora, arranca-nos das petrificadas seguranças da ignorância que o passado biológico e a necessitante herança sociológica nos armadilham. O impulso da inquieta interrogação e da inconformada visão, lança-nos para o abismo desconcertante do Mistério do ser que se revela e oculta no arco-íris cultural da língua, da ciência, da filosofia, da arte e da religião.
A educação doa-nos a riqueza da cultural tradição histórica e desenha o alcance da nossa liberdade na irreverência criadora do bem comum e do progresso. Na família, na escola e na rua, vai-se constituindo a educação, que para se efectivar como experiência libertadora, implica uma filosófica escolha dos elementos essenciais da cultura, para que a verdade não seja desvirtuada pelo pragmatismo dos interesses económicos e políticos. A educação não pode ser reduzida à instrução utilitária e instrumental, assente num princípio de acumulação de saber e centrada no saber-fazer, mas deve ser promotora de uma dinâmica atitude capaz de actualizar, aprofundar e enriquecer os conhecimentos adquiridos num mundo sempre em mudança. A educação deve atender à realização integral da pessoa no dinâmico desenvolvimento das suas diversas dimensões de espírito e corpo, inteligência e sensibilidade, liberdade e responsabilidade.
Desta forma, a pedagogia deve fundamentar-se em quatro dimensões estruturantes. Em primeiro lugar, no aprender a conhecer. Num mundo de múltiplos saberes que evoluem infinitamente, mais importante que adquirir conhecimento, é adquirir a capacidade de dominar os instrumentos de conhecimento, exercitando a atenção, a memória selectiva e o pensamento, na sua criadora e dialéctica dinâmica de actividade intuitiva e dedutiva, emotiva e racional. Em segundo lugar, no aprender a fazer, isto é, aprender a aplicar os conhecimentos no desenvolvimento da vida profissional, para tarefas de gestão, concepção, comando e manutenção de máquinas. Em terceiro lugar, no aprender a viver em comunidade, pelo saudável exercício da cidadania. Uma educação capaz de promover os valores da tolerância, da multicultural idade, zelando pela defesa dos direitos humanos; capaz de promover a solidariedade, pelo desenvolvimento das acções humanitárias; capaz de promover a defesa do meio ambiente, pela criativa e equilibrada exploração dos recursos naturais. Em quarto lugar, aprender a ser. Este aspecto assume todos os outros anteriores, sublinhando a necessidade de o ser humano aprender-se naquilo que o constitui ontologicamente, enquanto ser, que se desvela nas suas dimensões biológica, psicológica, inteligente e espiritual. Um ser aberto à amplitude transcendental do Amor divino, como resposta última para o sentido da vida, do sofrimento, do mal e da morte.
Crescer no auto-conhecimento de si mesmo, exercitando também a imaginação e a criatividade, significa, consequentemente, adquirir a capacidade de elaborar pensamentos autónomos e críticos. Significa adquirir a capacidade de formular os seus próprios juízos de valor para poder decidir por si mesmo e para saber a maneira mais adequada de agir nas diferentes circunstâncias da vida. Conhecer-se a si mesmo e ao mundo que o rodeia de uma maneira intelectualmente e emocionalmente esforçada e honesta é a única forma de o homem poder comportar-se nesse mundo como actor responsável e justo. A educação deve dar o homem a si mesmo.
Pela educação o homem liberta-se da escravatura da ignorância, rasgada nas trevas do preconceito ilegítimo e dos ritos mágicos. Pela educação o homem voa para o imponderável azul da sua própria lonjura. Uma educação que não seja estritamente científica, desprezando a realidade espiritual em nome de formulas abstractas e estéreis, mas que mergulhe no oceano da Vida. Na literatura vivem os sentimentos e os sonhos: por ela esvoaça a vida real na aragem dos sorrisos e na dureza das lágrimas.
Como diz Leonardo Coimbra, que pobre é a alegria de saber classificar uma planta se não se puder sentir a sua beleza e adivinhar o seu oculto sentido . O abraço do Universo no voo da águia consuma-se a partir do encontro do homem consigo mesmo.
A liberdade de voar pelo azul das reflexões e das emoções, ao encontro do conhecimento pessoal, da identidade nacional e da Alegria original do Paraíso Celestial, também se proporciona na ousadia de movimentos culturais como o da Renascença Portuguesa. Através da colaboração na revista A Águia muitos espíritos ilustres, como Leonardo Coimbra, contribuíram para a educação integral do homem. Que a nossa colaboração na revista Nova Águia seja digna desta nobre herança, voando para os horizontes infinitos da divina sabedoria, cuja verdade do bem e da beleza se revela no silêncio saudoso da Vida.